Economista, Especialista em Economia e Meio Ambiente pela Universidade Federal do Paraná e Graduando em Estatística, também, pela Universidade Federal do Paraná.

segunda-feira, 10 de junho de 2013

Questões polêmicas deixadas de lado na visita de líder chinês aos EUA

As negociações de alto nível entre os Estados Unidos e a China que começam em quatro semanas serão o primeiro teste real da compreensão mútua e da química pessoal entre seus líderes que ambos os lados afirmaram ter forjado durante um encontro extraordinariamente informal entre o presidente Barack Obama e Xi Jinping, o novo presidente chinês.
Autoridades da China e dos EUA celebraram o encontro, concluído no sábado na casa de campo de Sunnylands, em Rancho Mirage, na Califórnia, como um momento histórico que ajudará a evitar conflitos futuros, dizendo que os dois líderes chegaram a um acordo em questões que vão da Coreia do Norte às mudanças climáticas e se comprometeram a dialogar sobre suas diferenças com mais frequência, inclusive durante uma cúpula informal semelhante na China, em data não especificada.

Mas não houve qualquer indicação de progressos substanciais durante o encontro sobre questões mais polêmicas do relacionamento das duas potências, como a espionagem cibernética chinesa, o programa nuclear da Coreia do Norte e as disputas marítimas da China na Ásia. A cúpula incluiu oito horas de negociações, um jantar privado e uma caminhada de 50 minutos pela propriedade na qual os dois líderes foram acompanhados apenas de seus tradutores.

Ontem, especialistas chineses e a imprensa estatal da China retrataram o encontro, o primeiro com Obama desde que Xi assumiu a presidência, em março, como uma vitória para a política externa adotada pelo líder chinês: uma proposta para formar um "novo tipo de relacionamento de grande poder" com os EUA, como forma de evitar conflitos entre uma potência em ascensão e outra já estabelecida.

Analistas americanos e outros observadores estrangeiros estão mais céticos, vendo com bons olhos a tentativa de recalibrar o relacionamento, mas advertindo que os resultados só se tornarão claros durante negociações mais detalhadas, como a próxima rodada da cúpula Diálogo Estratégico e Econômico entre EUA e China, agendada para início de julho e que deve incluir pela primeira vez negociações sobre segurança cibernética.

"Há um monte de declarações genéricas e fortes esperanças, mas o perigo está sempre nos detalhes", diz Stephanie T. Kleine-Ahlbrandt, diretora de projetos no nordeste da Ásia e assessora sobre a China do International Crisis Group. "Temos que ver o que sairá do diálogo estratégico e econômico e quais mudanças veremos na prática no que se refere ao relacionamento da China com a Coreia do Norte."

Um acordo específico esperado da reunião entre os dois presidentes foi o compromisso de trabalhar em conjunto para eliminar os potentes gases de efeito estufa usados em refrigeradores e aparelhos de ar condicionado.

Representantes dos governos de ambos os países reduziram a expectativa de que a reunião resultasse em medidas concretas, mas disseram que esperavam que um encontro tão informal, algo bastante incomum para um líder chinês, permitiria que os dois homens fossem além dos tópicos da agenda tradicional de discussão normalmente recitados durante uma visita de Estado cheia de protocolos.

Uma prioridade do governo de Obama foi pressionar Xi para usar a influência econômica da China como o maior fornecedor de ajuda, maior investidor estrangeiro e maior parceiro comercial da Coreia do Norte para persuadir o regime do país a interromper o seu programa de armas nucleares e deixar de fazer ameaças de atacar os EUA e a Coreia do Sul, como fez após seu mais recente teste nuclear em fevereiro.

Autoridades dos EUA haviam dito antes da cúpula que Xi tinha dado sinais de ser menos tolerante com as ações da Coreia do Norte, apontando para como o governo chinês apoiou as sanções da ONU contra o país e recentemente ordenou um dos maiores bancos estatais chineses a fechar a conta do principal banco de divisas da Coreia do Norte.

Tom Donilon, Conselheiro de Segurança Nacional dos EUA, disse que foram feitos progressos particularmente no tema da Coreia do Norte, dizendo que os líderes tiveram uma discussão longa e significativa sobre o assunto durante o jantar privado na sexta-feira.

"Os presidentes concordaram ontem à noite que esta é uma área chave para cooperação ampliada entre os EUA e a China. Eles concordaram que a Coreia do Norte tem que se desnuclearizar, que nenhum país irá aceitar a Coreia do Norte como um Estado com armas nucleares e que iríamos trabalhar juntos para aprofundar a cooperação entre a China e os EUA e o diálogo para alcançar essa desnuclearização", disse. "Acredito que nos movemos para um alinhamento na questão da Coreia [do Norte]." A descrição da posição da China feita por Donilon vai muito além das declarações de autoridades chinesas, que nunca disseram explicitamente que Pequim não aceitava a Coreia do Norte como um Estado com armas nucleares.

Mas essa caracterização não foi ecoada pelo conselheiro de Estado Yang Jiechi, que participou da cúpula como principal autoridade de relações exteriores da China. "A China e os EUA têm o mesmo objetivo em termos de suas principais metas na península coreana", disse Yang em uma coletiva com a imprensa no sábado. "A necessidade premente agora é retomar o diálogo o mais breve possível. A China está disposta a manter um estreito o diálogo e a cooperação com os EUA a esse respeito."

Especialistas chineses disseram que não houve uma mudança na posição de longa data da China de apoio à desnuclearização da península coreana, mas acreditam que a questão deve ser resolvida por meio de negociações envolvendo seis partes: Coreia do Sul, Coreia do Norte, China, EUA, Rússia e Japão. Os EUA já disseram que só vão retomar as negociações se a Coreia do Norte der passos significativos para desmantelar seu programa nuclear.

Analistas chineses disseram que Pequim não parece ter mudado também sua posição geral sobre segurança cibernética, embora Donilon tenha sugerido que foi feito progresso nessa área, que, segundo ele, agora está no centro da relação dos dois países. Ele disse que Obama levantou a questão no contexto dos debates sobre temas econômicos na manhã de sábado e que ela tinha dominado a maior parte dessas conversas.

Fonte: Tha Wall Street Journal

Nenhum comentário:

Postar um comentário