Economista, Especialista em Economia e Meio Ambiente pela Universidade Federal do Paraná e Graduando em Estatística, também, pela Universidade Federal do Paraná.

sexta-feira, 31 de janeiro de 2014

Bovespa tem pior janeiro em quase 20 anos

Ameaças de rebaixamento da nota de risco do Brasil desanimaram investidores estrangeiros; no primeiro mês de 2014, Ibovespa voltou a níveis registrados em julho do ano passado.

A Bovespa largou muito mal em 2014, depois de já ter levado um tombo em 2013. Janeiro deste ano foi na contramão da tradicional performance positiva da renda variável brasileira no primeiro mês do ano, e acumulou perdas de 8,28% até a quinta-feira, 30, no pior desempenho para o mês desde de 1995, quando caiu 10,77%, segundo levantamento da Economatica, a pedido do Broadcast, serviço de informações da Agência Estado. E, diante do sinal negativo que prevalece nesta manhã nos mercados internacionais e com uma postura defensiva dos investidores em relação aos países emergentes, dificilmente haverá uma melhora considerável nestasexta-feira, 31.
A surpresa com o mau desempenho de janeiro ocorre pelo fato de o mês ser marcado por alocação de recursos nos ativos de risco, mas, neste ano, a Bovespa não foi agraciada. "Nunca antes na história desse País se entregou um resultado tão ruim da Bolsa em janeiro", ironizou o sócio-diretor da Titulo Easynvest Corretora, Márcio Cardoso, referindo-se à frase do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva para falar das conquistas durante o seu governo.

O primeiro mês de 2014 foi marcado por um fraco ingresso de capital externo, diante das ameaças de rebaixamento no rating soberano do Brasil, e por uma crescente aversão ao risco dos países emergentes, em meio à desaceleração econômica na China e à retirada dos estímulos monetários nos Estados Unidos. Por isso, qualquer perspectiva de melhora da Bolsa doméstica passa por uma mudança em um desses cenários - se não todos. Mas o ambiente não parece muito promissor.

O analista sênior do BB Investimentos, Hamilton Alves, destaca que o principal problema para a Bovespa continua sendo a "espada na cabeça" do País em relação à nota de risco de crédito. Segundo ele, a possibilidade de rebaixamento do rating e de revisão na perspectiva da avaliação pelas agências de classificação segura o fluxo de capital, principalmente o estrangeiro. "O investidor externo não tem confiança no avanço da economia", pondera.

Uma das razões para isso é a questão fiscal. O governo conseguiu melhorar consideravelmente o superávit primário consolidado de 2013, mas com recursos extraordinários, como o leilão do Campo de Libra, no pré-sal brasileiro. Mas a meta para 2014 ainda não foi conhecida e, muito mais do que um número em si, o mercado financeiro quer saber se o governo fará novamente uso de uma contabilidade criativa para cumprir o que promete.

Nesse cenário incerto, o receio do investidor estrangeiro com o Brasil é natural e pode ser refletido no saldo de investimento, com as saídas superando as entradas de recursos externos em R$ 732 milhões neste mês até o dia 28. Trata-se do pior resultado para um início de ano desde janeiro de 2010, quando o fluxo de capital estrangeiro fechou o primeiro mês negativo em pouco mais de R$ 2 bilhões.

Amassado
Os especialistas consultados destacam que o cenário doméstico desagradável é apenas uma continuidade do que foi observado ao longo do ano passado, que culminou em perdas de 15% do Ibovespa. Tanta perda acumulada, no entanto, pode ter um viés positivo, já que o frágil desempenho da Bolsa neste início de ano deve se acomodar, com a percepção de que o "fundo do poço" está cada vez mais próximo - e dali o caminho é o de alta.

Na avaliação do analista da Empiricus Research, Rodolfo Amstalden, a Bolsa brasileira pode ainda piorar mais, antes de melhorar. Em janeiro, o Ibovespa voltou a níveis de julho do ano passado e, o mais provável, é que caia abaixo dos 47 mil pontos em breve, rumo à mínima do ano passado, ao redor dos 45 mil pontos. Ainda assim, a trajetória de baixa poderia seguir até a faixa dos 41 mil pontos, para então, iniciar uma retomada.

Com o ambiente interno hostil para posições de longo prazo na Bolsa qualquer retomada fica a reboque de uma recuperação das economias internacionais. Na visão do economista da Órama Investimentos, Álvaro Bandeira, se a Bolsa conseguir pegar carona no exterior, isso pode significar que a deterioração interna pode ser menor, diante da retomada econômica em várias outras partes do mundo. "Pode haver uma leitura inicial ruim, mas há uma situação mais positiva no futuro", observou Bandeira.

Contudo, Alves, do BB Investimentos, lembra que à medida que os investidores começarem a deslocar as atenções das reduções mensais no programa de compra de bônus nos EUA para o aperto monetário das taxas de juros norte-americanas a renda variável brasileira pode entrar em uma nova espiral descendente. Afinal, um ciclo de alta dos juros não é favorável às ações, principalmente na maior economia do mundo. Essa alta dos Fed Funds, no entanto, não deve acontecer no curtíssimo prazo, mas pode ser antecipada entre os agentes financeiros.

Até lá, se o governo realmente entregar as refeitas promessas de austeridade fiscal e de controle inflacionário, o resultado pode ser o retorno desse importante capital externo aos negócios domésticos com ações, impulsionando a Bolsa. "O mercado pode enxergar no processo de alta de juros do Banco Central brasileiro comprometimento do governo depois de maus passos. E isso pode, sim, deixar a renda variável com olhos mais belos aos investidores", resumiu um operador da mesa de operações, que falou sob a condição de não ser identificado.

Fonte: O Estado de S. Paulo

Ibovepsa fecha no azul, mas tem 3a queda mensal consecutiva

SÃO PAULO, 31 Jan (Reuters) - A Bovespa encerrou em alta nesta sexta-feira, impulsionada por ações do setor financeiro, mas teve em janeiro a terceira perda mensal seguida, prejudicada pelo cenário global de aversão ao risco e pela desconfiança de investidores em relação ao Brasil

Segundo dados preliminares, o Ibovespa subiu 0,78 por cento, a 47.613 pontos. O giro financeiro do pregão foi de 5,8 bilhões de reais. No mês, o índice caiu cerca de 7,56 por cento.

Fonte: Reuters Brasil

Com pior primário em 4 anos, Brasil não cumpre meta e aumenta desafios

BRASÍLIA, 31 Jan (Reuters) - O setor público brasileiro fechou 2013 com o pior superávit primário em quatro anos, não cumprindo a meta ajustada para o período e deixando ainda mais evidente a dificuldade que o governo terá para recuperar a credibilidade das contas públicas junto a agentes econômicos neste ano.

Alguns especialistas acreditam até mesmo que em 2014 o governo terá de estender o contingenciamento para investimentos menos prioritários.

Em dezembro, o setor público consolidado --governo central, Estados, municípios e estatais-- teve superávit primário de 10,407 bilhões de reais, fechando 2013 com resultado positivo de 91,306 bilhões de reais, o pior desde 2009 (64,769 bilhões de reais), informou o Banco Central nesta sexta-feira.

O resultado em dezembro ficou abaixo das estimativas de analistas consultados pela Reuters, que previam saldo positivo no mês de 11,90 bilhões de reais.

No ano passado, a economia feita para pagamento de juros foi equivalente a 1,90 por cento do Produto Interno Bruto (PIB), pior resultado histórico.

A meta do primário para o setor público consolidado em 2013 foi ajustada para 110,9 bilhões de reais, ou 2,3 por cento do PIB, levando em consideração o abatimento de 45 bilhões de reais previstos em desonerações e investimentos. Pela lei, esse abatimento poderia chegar a até 65 bilhões de reais no ano passado.

O governo tem sido alvo frequente de críticas do mercado pela condução da sua política fiscal, com gastos elevados e pouca transparência nas contas. Nos últimos anos, recorreu a algumas manobras contábeis para melhorar os números e, em 2013, contou com receitas extraordinárias em valor recorde.

Esse cenário tornou real o risco de rebaixamento do rating brasileiro pelas principais agências de classificação de risco e levou a própria presidente Dilma Rousseff vir a publico dizer que, para 2014, a política fiscal será "consistente com essa tendência de redução do endividamento público".

Para tanto, especialistas avaliam que os gastos públicos terão de ser mais controlados, mesmo num ano eleitoral. O governo anunciará em fevereiro o contingenciamento para 2014 e, por enquanto, a meta de primário estipulada é equivalente a 2,1 por cento do PIB.

"Vai ter que prejudicar investimentos, não vai ter jeito, não tem espaço. No passado, a gente já viu isso", afirmou o economista Cristiano Souza, do Santander.

Para o BC, primários maiores são importantes para a condução da política monetária, justamente num momento de inflação elevada.

"A regra geral é quanto mais fiscal, melhor", disse o chefe do departamento Econômico do BC, Tulio Maciel, na linha de avaliações já feitas pelo presidente do BC, Alexandre Tombini.

DÍVIDA CAI COM CÂMBIO

O resultado ruim do superávit primário em 2013 foi influenciado pelo desempenho fiscal dos governos regionais. De acordo com o BC, Estados e municípios conseguiram economizar apenas 16,337 bilhões de reais em 2013, 25 por cento a menos do que no ano anterior.

Já o governo central (governo federal, BC e Previdência) registrou economia de 75,3 bilhões de reais, enquanto as estatais apresentaram déficit primário no ano passado de 322 milhões de reais.

O BC informou ainda que os gastos com o pagamento de juros da dívida pública somaram 248,856 bilhões de reais em 2013, ou 5,18 por cento do PIB, acima dos 4,87 por cento do PIB em 2012.

Isso acabou gerando déficit nominal --receitas menos despesas, incluindo pagamento de juros-- de 157,550 bilhões de reais no ano passado. Só em dezembro, o saldo negativo foi de 13,605 bilhões de reais.

Mesmo com os maus resultados nas contas, a dívida pública líquida representou 33,8 por cento do PIB em 2013, abaixo dos 35,3 por cento em 2012. A queda, no entanto, ocorreu pela valorização do dólar ante o real no ano passado, de cerca de 15 por cento, e pelo fato de o Brasil ser credor em dólares.

Segundo o BC, o câmbio garantiu queda de 2 pontos percentuais na relação ente dívida líquida e PIB em 2013. Para janeiro, a autoridade monetária acredita que ela recue a 33,6 por cento.

Para 2014 todo, o BC fez duas contas. Com o superávit primário de 1,4 por cento do PIB, como está na pesquisa Focus, a dívida fecharia o ano a 34,5 por cento. Com primário de 2,2 por cento do PIB, essa relação ficaria em 33,8 por cento.

"Ativismo fiscal e quase fiscal durante os últimos anos minou a eficácia da política monetária e está contribuindo decisivamente para o ambiente atual de alta inflação e moeda ainda excessivamente apreciada", afirmou o diretor de pesquisa econômica para América Latina do Goldman Sachs, Alberto Ramos, em relatório.

Fonte: Reuters Brasil

Produção da Petrobras cai 2,5% em 2013, mas sinaliza reação em 2014

RIO DE JANEIRO/SÃO PAULO, 31 Jan (Reuters) - Com redução de 2,5 por cento na extração de petróleo em relação a 2012, a Petrobras não alcançou a meta de produção no Brasil no ano passado, mas a chegada de novas plataformas e os sucessivos recordes no pré-sal sinalizam crescimento em 2014.

A estatal informou nesta sexta-feira que atingiu média de 1,93 milhão de barris de petróleo por dia (bpd) em 2013, registrando a sua segunda queda anual consecutiva. A produção no ano passado também ficou levemente abaixo da meta de pelo menos 1,94 milhão de barris.

O fraco desempenho no primeiro semestre, com vários atrasos na entrada de novos sistemas produtivos e paradas para manutenção, já mostrava a forte probabilidade de uma queda no desempenho anual. O mercado esperava que a meta não fosse cumprida.

"A redução do volume produzido em 2013 decorreu, principalmente, do atraso na entrada em operação do campo de Papa-Terra, na Bacia de Campos, cuja sequência de interligação de poços à plataforma P-63 precisou ser revista em função da presença de corais no leito oceânico", informou a estatal.

Outros atrasos prejudicaram o desempenho da empresa, como a chegada tardia ao Brasil e dificuldades de instalação de equipamentos que permitiriam a interligação de novos poços nos campos de Sapinhoá e Lula NE, na Bacia de Santos.

Também ficou para depois do previsto o início da produção das plataformas P-55 e P-58, no campo de Roncador e no Parque das Baleias, respectivamente, na Bacia de Campos.

REAÇÃO

"Com a interligação de novos poços nessas unidades de produção, assim como nas plataformas P-62, no Módulo 4 do campo de Roncador, e P-61, no de Papa-Terra, ambas previstas para começar a produzir no primeiro semestre, a Petrobras terá estabelecido as condições necessárias para aumentar a produção ao longo de 2014", diz a estatal.

Nos últimos meses de 2013 a produção reagiu, com entrada de novos sistemas produtores, em movimento que deverá continuar ao longo deste ano.

A produção de petróleo em dezembro atingiu média de 1,964 milhão de barris diários, 0,4 por cento maior que a de novembro.

Contribuíram para o aumento da produção em dezembro, principalmente, a entrada em produção de novos poços nas plataformas P-26, no campo de Marlim, e P-56, no campo de Marlim Sul, ambos na Bacia de Campos.

"Esses novos poços em produção compensaram o desvio associado à parada programada da plataforma P-53, iniciada no final de novembro e concluída em dezembro, e a parada de produção da P-20, no campo de Marlim", informou a estatal.

A produção da P-20 foi interrompida no dia 27 de dezembro, para reparar danos causados por um incêndio. A unidade produzia 22 mil barris diários e deverá ser retomada neste trimestre, segundo a Petrobras.

As ações preferenciais da Petrobras exibiam alta de 2 por cento às 15h, a 15 reais, após operarem perto de uma estabilidade pela manhã.

NOVOS POÇOS

No dia 31 de dezembro, entrou em produção o Módulo 3 do campo de Roncador por meio da P-55. Ao longo do ano novos poços serão interligados a essa plataforma "contribuindo significativamente para o aumento da produção de 2014".

Está prevista para o primeiro trimestre de 2014 a entrada em produção da plataforma P-58, que está em fase final de instalação no Parque das Baleias, no pré-sal da Bacia de Campos.

Além da P-58, outras duas plataformas deverão começar a operar, ainda no primeiro semestre de 2014, no pós-sal da Bacia de Campos: a P-62, no módulo 4 do campo de Roncador; e a P-61, no campo de Papa-Terra. Ambas já chegaram à locação definitiva e estão em fase de instalação.

Mas os números de 2013 foram considerados fracos por analistas do Credit Suisse.

"A aceleração (na produção) está dolorosamente menor que o esperado, sem aumentos de produção nos últimos três meses (...) Precisaremos ver a produção começar a crescer para mostrar algumas melhoras até março, no máximo", disseram os analistas do Credit Suisse em nota a clientes.

Fonte: Reuters Brasil

País gasta mais de R$ 1 tri em cinco anos com juros da dívida pública

O Brasil gastou mais de R$ 1 trilhão nos últimos cinco anos com pagamento de juros da dívida pública, mostram dados do Banco Central divulgados nesta sexta-feira, 31.

No total, o setor público brasileiro teve uma despesa de R$ 249 bilhões em 2013 com juros. É o maior valor anual desde pelo menos 2002, quando o BC iniciou o registro desses dados pela metodologia atual. Se atualizarmos pela inflação, no entanto, o maior valor da série é o de 2011 (R$ 265 bilhões).

De 2009 a 2013, os gastos com juros somaram R$ 1,065 trilhão. Corrigido pela inflação, esse valor equivale hoje a R$ 1,190 trilhão.

Em média, cada um dos 94 milhões de brasileiros com ocupação remunerada gastou, indiretamente, R$ 11 mil no período para pagar os credores do governo, o que dá mais de R$ 2 mil por ano por pessoa.
gastos com juros - legenda
Parte do dinheiro usado para pagar juros vem da arrecadação dos governos federal, estaduais e municipais com impostos e itens extraordinários (como receita de privatizações e concessões).

Outra parte é obtida por meio da rolagem da dívida – processo em que o governo toma dinheiro emprestado para pagar juros.

No ano passado, União, Estados e municípios destinaram R$ 91 bilhões do seu orçamento para a dívida. Esse esforço fiscal é chamado de superavit primário.

Como os juros somaram R$ 249 bilhões em 2013, ficaram faltando R$ 158 bilhões para pagar os credores. Este último valor, chamado de deficit nominal, ou necessidade de financiamento nominal, corresponde ao que o governo precisou tomar emprestado para honrar seus compromissos.

GASTOS DO SETOR PÚBLICO COM JUROS

Item2013 (R$ bi)2009 a 2013, em valores da época (R$ bi)2009 a 2013, em valores atuais (R$ bi)
Parte da arrecadação do governo usada para pagar juros91,3491,4550,0
Dinheiro que o governo tomou emprestado para pagar juros157,5574,3640,1
Total de gastos com juros248,91.065,81.190,1
  • Fonte: Banco Central

Opinião: gasto alto, mas necessário

Como se pode ver, a maior parte dos juros tem sido paga por meio da rolagem, ou seja, por meio da criação de novas dívidas. O governo toma dinheiro emprestado de uns para pagar outros.

De 2009 a 2013, os juros somaram R$ 1,1 trilhão, como foi dito, mas apenas R$ 491 bilhões foram pagos com dinheiro arrecadado com impostos e outras fontes. Os demais R$ 574 bilhões vieram de novas dívidas.

É verdade que R$ 491 bilhões não são uma quantia desprezível, ao contrário. Há, inclusive, quem argumente que o governo deveria usar parte desse valor para investimentos, programas sociais ou corte de impostos.

O problema é que. se o setor público aumenta a dependência de rolagem da dívida – e isso tem ocorrido nos últimos anos –, o risco de emprestar dinheiro ao governo também sobe. Consequentemente, a taxa de juros que os investidores cobram tende a aumentar também, criando um ciclo vicioso.

Dito de outra forma, a tendência é de que, quanto menos dinheiro de impostos o governo gastar hoje com dívida, mais terá que gastar no futuro. Além disso, existem as consequências de curto prazo. Se os investidores notam que o controle da dívida (e outras responsabilidades do governo) não está sendo levado a sério, eles investem menos no setor produtivo, o que contribui para frear o PIB (produto interno bruto).

Ainda se poderia dizer que a dívida líquida do governo tem diminuído como proporção do PIB, o que é verdade. Mas o problema, neste momento, não é a dívida líquida, e sim a bruta.

A dívida líquida se refere a tudo o que o governo está devendo menos tudo o que estão devendo ao governo. A bruta é só o que o governo deve.

A dívida bruta tem aumentado porque o governo toma dinheiro emprestado, a juros de mercado, e empresta para empresas, a juros mais baixos, por meio do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social).

Quando faz essa operação, a dívida líquida não aumenta, pois o mesmo montante que o governo toma emprestado é registrado como uma quantia que o BNDES (ou seja, o próprio governo) tem a receber.

Já a dívida bruta aumenta. Pode parecer que não há problema, mas há. A dívida que o governo contrai precisa ser paga em um prazo menor do que aquela que as empresas contraíram junto ao BNDES. Além disso, os juros que o governo paga são maiores do que os que ele recebe.

Fonte: UOL Economia

FMI vê vizinhos da Argentina preparados contra instabilidade no país

A instabilidade econômica na Argentina não terá tanta facilidade para cruzar a fronteira e atingir os países vizinhos como no passado, segundo o Fundo Monetário Internacional (FMI). A diversificação de parceiros comerciais de Brasil, Uruguai e Paraguai dificulta o alastramento da crise, de acordo com o fundo.
"Nos últimos anos a dependência mútua entre Brasil e Argentina diminuiu muito. A exportação de matérias-primas para a Ásia deixou em segundo plano as relações comerciais entre as duas grandes do Mercosul", disse diretor do FMI para o Hemisfério Ocidental, Alejandro Werner.
A instabilidade econômica na Argentina, agravada nesta semana pela desvalorização do peso e pelo anúncio de novas medidas monetárias no país, dominou o briefing do economista mexicano.
Werner disse que mesmo economias menores, como Uruguai e Paraguai, com estreita ligação com a Argentina, devem passar ao largo da crise no país vizinho, sem grandes solavancos.
"Esses dois países diversificaram suas economias e construíram mecanismos (de política econômica)" ao longo dos últimos anos que os deixaram mais resistentes, disse Werner. "As reservas uruguaias são uma das maiores da região se fizermos a comparação com o tamanho do seu PIB."

Crescimento
Werner afirmou que a América Latina vê um "processo gradual de recuperação" econômica, mas alerta para um ano de "volatilidade" na região, com a retirada dos estímulos econômicos nos Estados Unidos.
Segundo o FMI, a América Latina deve crescer em média 3% em 2014, pouco mais que a expansão registrada em 2013 (2,6%). Para o Brasil, a previsão é de 2,3% para 2014.
"O aumento da demanda mundial é um fator importante nessa ligeira recuperação do crescimento", disse Werner, lembrando que a região é grande exportadora de commodities, sobretudo para a China.
"Mas a volatilidade será um fator relevante nas economias desenvolvidas e emergentes", disse o economista mexicano, em um encontro com jornalistas em Washington.
Parte dessa volatilidade, sentida sobretudo entre os emergentes, é creditada à retirada gradual de estímulos à economia americana por parte do Federal Reserve (o Fed, o Banco Central americano).
Na última semana, a Turquia aumentou a taxa de juros de 4,5% para 10%. Brasil, África do Sul e Índia também viram sua moedas desvalorizarem, mas o caso mais crônico é o da Argentina, onde o governo anunciou uma grande desvalorização do peso.
Werner disse que "há um processo gradual de recuperação" econômica na América Latina, que viu seu índice de crescimento baixar o ritmo nos anos pós-crise, depois de uma década de bonança.
"Se os EUA começam um processo de recuperação, estão em condições de puxar o crescimento", disse. "A zona do euro também começa a crescer em 2014."
"Mas parte do mundo terá alguma incerteza com a política monetária dos EUA, com a retirada gradual dos estímulos. E por outro lado, na China, também vemos alguma desaceleração", alerta Werner.

Fonte: BBC Brasil

Brasil examinará lei agrícola dos EUA ‘com lupa’ antes de adotar sanções por algodão

Plantação de algodão, em foto de arquivo (Reuters)
Brasil critica subsídios ao algodão dado pelos EUA a produtores
O governo brasileiro vai examinar "com lupa" a lei agrícola aprovada na Câmara dos Representantes dos EUA para avaliar se a legislação desmantela os subsídios ao algodão - conforme reivindicações de produtores brasileiros do setor, amparadas pela Organização Mundial do Comércio (OMC).
A manutenção de mecanismos que distorçam o comércio mundial do algodão pode levar a retaliações do lado brasileiro que já foram autorizadas em 2010 pela OMC. As medidas só não entraram em vigor porque os dois países concordaram em não agir unilateralmente enquanto nova legislação não fosse aprovada pelo Congresso americano.
"A retaliação está sobre a mesa, ela é uma possibilidade real", disse o ministro das Relações Exteriores, Luiz Alberto Figueiredo, após se reunir em Washington com o representante dos EUA para o Comércio, Michael Froman.
"Vamos ver (a legislação) com muito cuidado, com lupa, para ter certeza de que as nossas preocupações foram atendidas", afirmou.

Insatisfação
Figueiredo disse que as autoridades indicaram para o governo brasileiro que a nova legislação deve atender às reivindicações brasileiras no sentido de desmantelar os subsídios ao algodão.
Porém, entidades como a Coalizão das Indústrias Brasileiras, que representa os interesses do setor privado brasileiro nos EUA, insistem que a legislação extingue alguns subsídios, mas contempla outros, o que no frigir dos ovos pode resultar em distorções até maiores do mercado.
A nova lei elimina os chamados pagamentos diretos aos produtores – pagos independentemente de eles produzirem ou não –, porém destina parte dos US$ 5 bilhões economizados anualmente para uma nova categoria de seguros de safras.
O projeto passou na Câmara na quarta-feira. Espera-se que seja votado no Senado na semana que vem.

Contencioso na OMC
Por causa dos subsídios americanos ao algodão, a OMC autorizou o Brasil a retaliar comercialmente os EUA, não apenas no campo agrícola, mas em qualquer setor econômico – mesmo em áreas sensíveis, como direitos autorais.
O valor autorizado da retaliação, US$ 829 milhões, foi o segundo maior da história, segundo a Câmara de Comércio Exterior (Camex), do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior.
Para evitar a ação, os EUA vinham pagando, em parcelas mensais, um total anual de US$ 147,3 milhões a um fundo de apoio aos produtores brasileiros. Porém, o valor mensal foi pago apenas parcialmente em setembro e está suspenso desde outubro.
A Camex estabeleceu então um processo de consulta pública e criou um grupo técnico para "viabilizar a decisão sobre a adoção de medidas" até o fim de fevereiro.
Como parte do processo, os técnicos brasileiros devem submeter a nova lei americana a um rigoroso processo de avaliação, para o qual o encontro entre o chanceler Figueiredo e o embaixador Froman em Washington fornecerá subsídios.
O chanceler disse que não pretende "antecipar a decisão da Camex" em relação ao contencioso.
"Essa é uma decisão colegiada no governo, da própria Camex", disse o ministro.
"Vamos analisar, vamos aprimorar o diálogo com os americanos para esclarecer as consequências dessa nova lei, até que nós, no Brasil, estejamos plenamente convencidos de que a lei faz o que eles dizem que ela faz, que é atender as preocupações brasileiras e eliminar os subsídios de maneira importante."

Fonte: BBC Brasil

Por que Venezuela e Argentina têm tantos problemas com o dólar?

Casa de câmbio (Reuters)
Pressão do dólar tem um impacto maior no peso argentino e no bolívar
Nos últimos sete meses, a pressão cambial sobre as moedas na América Latina disparou. O fenômeno é regional, mas afetou dois países com mais intensidade: Argentina e Venezuela.
Na semana passada, o peso argentino (pela taxa oficial) caiu mais de 11% em relação ao dólar em um só dia e se transformou em um dos estopins de uma crise das moedas dos mercados emergentes, do Brasil até Turquia, passando por Índia, Indonésia e Rússia. A depreciação acumulada do peso argentino em 2013 foi de 24,23%.
Na mesma semana, o governo da Venezuela promoveu ajustes no sistema de controle de câmbio - mantido há mais de uma década - e anunciou um sistema de cotização que, na prática, implica em uma forte desvalorização do bolívar de quase 100% para muitos produtos e serviços.
Outras moedas latino-americanas também sofreram em 2013: o real se desvalorizou 12,96% em relação ao dólar; o peso chileno caiu 8,97% e o colombiano, 8,63%. O novo sol peruano caiu 9,21% - em uma tendência que se acentuou em janeiro. No entanto, os casos venezuelano e argentino são especiais.
Segundo o economista mexicano Oscar Ugarteche, autor do livro A arquitetura financeira internacional e coordenador do Observatório Latino-Americano, a maior pressão sobre Argentina e Venezuela se deve à inflação.
"A pressão sobre as moedas latino-americanas agora é global por conta das mudanças na política monetária dos Estados Unidos", disse o economista, em entrevista à BBC Mundo.
"Mas esse panorama internacional complicado se soma à alta inflação na Argentina e na Venezuela. Quando há inflação alta, os agentes econômicos têm de buscar refúgio onde podem. E em muitos países da região, o refúgio tradicional é o dólar."

A febre inflacionária
A inflação na Venezuela superou os 20 pontos percentuais nos últimos cinco anos: em 2011 alcançou 29%; em 2012, 20% e em 2013, 58%.
Já na Argentina há variações entre o desacreditado índice oficial – que registrou um aumento de 10,9% nos preços em 2013 – e nos cálculos incertos de diferentes consultorias, que registraram taxas variando em torno de 28%.
Supermercado venezuelano (Reuters)
Inflação e escassez de produtos são problemas agravados pelo dólar na Venezuela
Apesar do aumento da inflação nos últimos sete anos, o poder aquisitivo da maioria dos argentinos se manteve, via negociações salariais e aumentos financiados pelo Estado nos setores mais vulneráveis.
E isso parece não ter minado a economia, já que, segundo a Cepal, o crescimento do PIB foi de 4,5% no ano passado.
Na Venezuela, a situação foi agravada por um crescente desabastecimento de produtos básicos ou importados.
"A questão está nos agentes econômicos de peso como investidores, fundos de hedge, grandes bancos comerciais, empresas exportadoras, produtoras e distribuidoras e a própria população representando uma ação conjunta de seus cidadãos. O que fazem diante da inflação? O dólar não é o único refúgio. O leite, outros produtos básicos ou eletrodomésticos, por exemplo, podem servir para essa função de manter o valor", afirma Ugarteche.
"Por isso há grandes níveis de escassez na Venezuela. Os agentes passam do mercado monetário para o de bens. Estoques inteiros de objetos são comprados e guardados para esperar que o preço suba, com o objetivo de superar a inflação. E isso acaba distorcendo a economia."
E se na Venezuela isso se traduz em desabastecimento, na Argentina o fenômeno está vinculado à liquidez de dólares.
Segundo estimativas privadas, os poderosos exportadores de soja têm cerca de US$ 4 bilhões em soja não vendida (cerca de 8 milhões de toneladas), porque estão esperando um câmbio mais favorável.

Controle
A fuga de capital e o refúgio no dólar é algo regional. A diferença é que a Argentina e a Venezuela tentaram combatê-los com medidas de controle de divisas.
Em 2003, o então presidente Hugo Chávez criou uma comissão para deter a fuga de capitais, evitar a depreciação da moeda e limitar a redução de reservas.
E a Argentina seguiu um caminho similar no fim de 2011, pouco depois da reeleição de Cristina Kirchner, impondo crescentes restrições à compra de divisas estrangeiras, fosse por pessoas ou por empresas.
Em ambos os casos, o controle terminou com um mercado desdobrado, com um dólar oficial e um mercado paralelo. Na Argentina a diferença tem sido de até 100%, enquanto na Venezuela o valor da moeda no oficial é sete vezes maior.

Futuro
Os dois países têm ao seu favor o fato de sua dívida externa em dólar não ser alta. No caso venezuelano também tem de se levar em conta o ingresso de dólares por conta do petróleo.
"Creio que nesse aspecto a Venezuela seja diferente da Argentina porque tem uma forte entrada de dólares pelo petróleo e tem acesso a mercados de capitais", disse à BBC Mundo Marc Weibrost, co-diretor do Center for Economic Policy and Research, de Washington.
Não é essa a situação da Argentina, que tem virtualmente fechada a opção de financiamento no exterior, desde que declarou calote à divida externa em 2001.
O governo de Cristina adotou medidas, que vinha evitando há bastante tempo, para lidar com o vendaval desatado na semana passada, quando deixou de intervir no mercado de divisas para controlar o dólar.
Agora, há uma nova autorização – com limites – para comprar dólares.
Segundo o ex-ministro da Fazendo do Brasil, Luis Carlos Bresser-Pereira, o governo está no caminho certo.
"O problema no governo argentino é que tentou combater a inflação deixando que a moeda se valorizasse. Com uma moeda sobrevalorizada, o resultado acaba sendo esse tipo de situação", disse o ex-ministro, em entrevista à BBC Mundo.
"Acredito que com as medidas do novo ministro da Economia, o peso está recuperando seu valor competitivo. Se reconquistar a confiança das empresas, a Argentina irá recuperar o superavit da conta corrente, com o que pode sair da crise. Mas terá de resolver o problema da inflação."

Fonte: BBC Brasil

Inflação da zona do euro desacelera inesperadamente em janeiro

BRUXELAS, 31 Jan (Reuters) - A alta dos preços ao consumidor na zona do euro desacelerou em janeiro, ante expectativa do mercado de aceleração, devido principalmente à forte queda dos custos de energia, complicando a tarefa do Banco Central Europeu de sustentar a frágil economia do bloco.

A alta dos preços ao consumidor nos países que compartilham o euro desacelerou para 0,7 por cento no primeiro mês de 2014 na comparação anual, ante 0,8 por cento em dezembro, mostraram dados da Eurostat nesta sexta-feira.

A última vez que a inflação atingiu o nível de 0,7 por cento foi em outubro, a leitura mais baixa em quase quatro anos.

Economistas consultados pela Reuters esperavam que a inflação ao consumidor acelerasse levemente para 0,9 por cento em janeiro, nível que ainda fica abaixo da meta do BCE de perto mas abaixo de 2 por cento.

A desaceleração em janeiro foi provocada por uma queda de 1,2 por cento no volátil preço da energia, que havia ficado estável no mês anterior. O custo de alimentos, álcool e tabaco avançou 1,7 por cento na comparação anual.

Embora o presidente do BC, Mario Draghi, tenha dito em janeiro que a deflação não está ameaçando a zona do euro, vários países já sofrem com ela e o Fundo Monetário Internacional alertou que a deflação é um risco potencial.

Em outro relatório, a Eurostat informou que a taxa de desemprego na zona do euro permaneceu perto da máxima recorde, em 12 por cento, pelo terceiro mês seguido. A expectativa é que ela diminua apenas muito pouco nos próximos trimestres.

Fonte: Reuters Brasil

Governo sobe o tom da austeridade fiscal

O secretário do Tesouro, Arno Augustin antecipa resultado positivo no período de novembro a janeiro

Brasília - Austeridade fiscal é a palavra de ordem do governo no momento, pelo menos no discurso de seus principais porta-vozes. Depois de a presidenta Dilma Rousseff afirmar em seu discurso em Davos que a responsabilidade fiscal é um "princípio basilar" do desenvolvimento econômico do país e de o ministro Guido Mantega declarar, na última terça-feira, que o governo manterá "a solidez fiscal e a estabilidade da dívida pública brasileira", ontem foi a vez do secretário do Tesouro, Arno Augustin.

Ele antecipou que o resultado primário acumulado de novembro, dezembro e janeiro será o melhor da história. "Isso tem um significado econômico importante", disse ele. "É um grupo de meses relevante e significa um esforço em termos de melhoria dos indicadores fiscais". As declarações foram dadas durante o anúncio do superávit primário (receitas subtraídas das despesas sem considerar impactos com juros) do governo central (que inclui as contas do Tesouro Nacional, Previdência Social e Banco Central) em 2013, de R$ 77,072 bilhões, equivalente a 1,6% do Produto Interno Bruto (PIB).

O resultado foi 12,7% menor que o registrado em 2012 e o menor desde 2009. Em dezembro, o superávit primário do governo central foi de R$ 14,532 bilhões.

Além de ressaltar a melhoria recente no comportamento das contas do governo federal, o secretário deixou claro que o Tesouro manterá um comportamento cuidadoso em relação aos gastos dos estados, cuja contribuição para a realização do superávit do setor público como um todo caiu ao longo de 2013.

Segundo ele, o Tesouro manterá o comportamento de 2013, de ir "mais devagar" e "com mais cuidados" em temas que envolvam a liberação de limites de financiamento aos estados. "Em 2014, teremos o mesmo cuidado no sentido de evitar situações de mais endividamento", disse.

Augustin também afirmou que a divulgação detalhada dos resultados fiscais dos estados e municípios - medida em estudo mencionada por Dilma em Davos no contexto de reforço da credibilidade das contas públicas - ajuda a deixar "mais claro para a sociedade" o comportamento fiscal dos entes da federação. Com a medida, o governo espera reforçar o controle social sobre os gastos e dificultar comportamentos irresponsáveis. Por conta desse conjunto de fatores, ele espera que os estados deem uma contribuição maior para o resultado fiscal, apesar de ser um ano eleitoral.

Ele também procurou rebater previsões de que as eleições levarão a uma elevação dos gastos por parte dos estados. "No ano final do mandato, há uma série de exigências na Lei de Responsabilidade Fiscal. A meu ver é um elemento de inflexão e reforça o fiscal ao longo do ano", declarou, referindo-se à exigência de que governantes em final de mandato deixem em caixa recursos suficientes para cobrir as despesas assumidas nos dois últimos quadrimestres.

Arno foi enfático ao ser perguntado se o Tesouro Nacional teria contribuído para a inflação com uma atuação expansionista: "Eu tenho absoluta convicção de que as políticas fiscal e monetária ocorrem de forma coordenada e ambas trabalham para um cenário do menor crescimento de preços possível e de maior crescimento econômico possível".

Arno avaliou que o resultado de 2013 é importante e "veio de forma positiva", acrescentando que ele auxilia "o conjunto macroeconômico" e "o controle da inflação". Mas evitou avançar sobre o tamanho dos cortes e superávits que o governo planeja para 2014. "A tônica do ano vamos informar quando fizermos o nosso decreto de programação orçamentária", afirmou. O decreto de programação, a ser divulgado até o final de fevereiro, trará o volume de recursos a serem liberados para cada órgão do governo ao longo do ano e o resultado primário a ser alcançado. Segundo ele, o governo trabalha na reunião de informações.

SUPERÁVIT

R$ 77,072 bi
Superávit de 2013, equivalente a 1,60% do Produto Interno Bruto (PIB). O menor desde 2009

11,2%
Crescimento das receitas do governo central em comparação a 2012, que somaram R$ 991,1 bilhões.

13,6%
Crescimento das despesas em comparação a 2013, que somaram 914,0 bilhões.

Fonte: Brasil Econômico

Gargalos de oferta elevam inflação no Brasil, diz FMI

Os países da América do Sul precisarão lidar com questões internas para garantir o crescimento de suas economias, avaliou ontem (29) o Fundo Monetário Internacional (FMI). Em um artigo no blog oficial do organismo intitulado Perspectivas para a América Latina e Caribe em 2014 e assinado pelo diretor para o hemisfério ocidental do FMI, Alejandro Werner, o Brasil é citado como exemplo de país que lida com problemas domésticos. “O Brasil enfrenta gargalos de oferta que estão limitando o produto e elevando a inflação”, diz o documento. Por esse motivo, o FMI reafirma a previsão de crescimento de 2,3% para o país em 2014, semelhante ao do ano passado.
O comunicado prevê que a alta da demanda mundial por commodities exportadas por países como Brasil, Chile, Colômbia, Peru e Uruguai terá como contrapartida diminuição de preços desses produtos, e condições financeiras ligeiramente mais restritivas. Na visão do FMI, para alguns países da região, o panorama é menos favorável do que para o Brasil. “Na Argentina e Venezuela, em 2013, começaram a surgir pressões sobre a inflação, a balança de pagamentos e os mercados de câmbio. Essas pressões estão afetando negativamente a confiança e a oferta agregada”, diz o texto.

Para a região da América Latina e Caribe como um todo, o organismo projeta crescimento de 3%, um pouco mais acelerado que os 2,6% estimados para 2013. Mas, de acordo com o FMI, “se bem que o crescimento vá se acelerar, cabe esperar mais turbulência”. O comunicado recomenda que as autoridades econômicas continuem recompondo as margens de política fiscal e utilizando a política monetária e o câmbio flexível para absorver choques.

O FMI diz que será essencial prestar atenção aos sistemas financeiros. Por fim, o organismo internacional defende reformas estruturais na educação, infraestrutura e mercados de trabalho e produtos. Segundo o órgão, as últimas medidas são aplicáveis inclusive aos Estados Unidos.

Fonte: Agência Brasil

Disparo no custo de grandes projetos atormenta petrolíferas

O custo de um projeto da Exxon, Shell e outras empresas no Mar Cáspio saltou de US$ 10 bilhões para US$ 40 bilhões NCOC/Associated Press
A Chevron Corp. CVX +0.39%  , Exxon Mobil Corp. XOM -1.18%  e Royal Dutch Shell RDSB.LN -0.49%  PLC gastaram mais de US$ 120 bilhões no ano passado para aumentar sua produção de petróleo e gás — praticamente o mesmo custo de enviar um homem à lua hoje.

Até agora, no entanto, as três gigantes do petróleo têm poucos resultados para mostrar. A produção de petróleo e gás caiu apesar dos investimentos de meio trilhão de dólares que as três fizeram nos últimos cinco anos.

Ontem, a Shell informou que seu lucro no quarto trimestre do ano passado despencou 71% ante o mesmo período de 2012, para US$ 2,2 bilhões. O lucro em todo o ano de 2013 foi de US$ 16,7 bilhões, menor que os US$ 27,2 bilhões de 2012.

Já o lucro da Exxon no quarto trimestre, também divulgado ontem, caiu 16%, para US$ 8,35 bilhões. A Chevron divulgará seus resultados hoje.

Um dos principais problemas que estão prejudicando o desempenho dessas empresas é o custo de muitos dos novos "megaprojetos" necessários para substituir os campos cujas reservas estão se exaurindo.

Um projeto para produzir petróleo em cinco ilhas artificiais no Mar Cáspio vai custar cerca de US$ 40 bilhões a um consórcio de empresas que inclui Exxon e Shell, bem mais que os US$ 10 bilhões orçados inicialmente. O custo previsto de um projeto de gás na Austrália chamado Gorgon, que pertence à Chevron, Exxon e Shell, saltou 45%, para US$ 54 bilhões. A Shell está gastando ao menos US$ 10 bilhões numa tecnologia ainda não comprovada para equipar um supernavio com uma unidade de processamento de gás natural e assim poder explorar campos remotos, segundo pessoas que já trabalharam no projeto.

A procura por novas reservas sempre foi arriscada e levou as petrolíferas a perfurar poços abaixo do nível do mar e em regiões instáveis da África, Ásia e Oriente Médio. Agora, essa busca está mais complicada e cara do que nunca. O petróleo que era mais fácil de ser extraído se esgotou há muito tempo e os campos mais produtivos são geralmente controlados por estatais em países como Venezuela e Arábia Saudita.

Isso está colocando em risco as margens de lucro das empresas. A Exxon está ampliando seu endividamento, usando cada vez mais seus próprios recursos e recomprando menos ações para ajudar a cobrir seus gastos de capital. Ela informou que esses custos atingiriam cerca de US$ 41 bilhões no ano passado, 51% a mais que em 2009.

O foco em megaprojetos fez com que as três petrolíferas chegassem tarde ao boom do gás de xisto na América do Norte, perdendo lucros que acabaram nos bolsos de empresas menores, mais ágeis e pioneiras na extração de petróleo e gás das formações pouco permeáveis de xisto.

Mas as americanas Exxon e Chevron estão confiantes que seus grandes projetos elevarão a produção em três anos. "Antes de fazermos o primeiro corte com uma serra, medimos cinco vezes em vez de uma", diz Ken Cohen, vice-presidente de Relações Governamentais da Exxon.

Em 2017, a Exxon vai extrair um milhão de novos barris de petróleo por dia e o equivalente em gás natural, segundo executivos. Sua produção começou a se recuperar no fim de 2013, após dois anos de queda, ajudada pelo petróleo de um projeto de areias betuminosas no Canadá, avaliado em US$ 13 bilhões. O custo do projeto subiu US$ 2 bilhões desde 2011 devido a exigências regulatórias e de licenciamento.

A Shell, por sua vez, está reconsiderando alguns investimentos em megaprojetos. Depois de ter feito seu primeiro alerta de resultados em dez anos e prometido se concentrar mais em lucratividade que em ampliar a produção, a companhia anunciou ontem que estava suspendendo seu projeto de exploração no Ártico americano devido a obstáculos jurídicos. (Um tribunal de recursos determinou semana passada que o governo dos Estados Unidos se baseou em "informações inadequadas" no processo de concessão de licenças para o projeto.)

Os gastos líquidos de capital da Shell em 2013 somaram US$ 44,3 bilhões, quase 50% a mais que em 2012.

Especialistas da indústria dizem que será difícil para as gigantes do setor gastarem menos porque elas precisam repor o petróleo e o gás que estão extraindo para se manter competitivas mundialmente. "Se você não gastar, acaba encolhendo", diz Dan Pickering, alto executivo do Tudor, Pickering Holt & Co., banco de investimento americano especializado no setor de energia.

Ainda assim, a Shell informou que deve reduzir seus gastos de capital este ano para perto de US$ 37 bilhões.

A Chevron tem sido particularmente agressiva, prometendo um incremento de 25% na sua produção de petróleo e gás até 2017. No ano passado, ela injetou US$ 42 bilhões em projetos de óleo e gás, mais que o dobro do total de 2010, apesar de a receita anual da Chevron ser metade das receitas da Exxon e da Shell. A Chevron planeja gastar mais US$ 40 bilhões este ano.

Os projetos mais gigantescos da Chevron não geraram ainda nenhum centavo — e isso não deve ocorrer até o próximo ano. Analistas estimam que a companhia divulgará uma queda de 20% no lucro de 2013 ante 2012, para US$ 21 bilhões.

O projeto de gás natural Gorgon é um dos exemplos mais extremos do descontrole de custos que assombram a Chevron, a Exxon e a Shell. As três se uniram em 2009 para construir instalações de processamento numa ilha, uma reserva ecológica a cerca de 65 quilômetros da costa da Austrália, para explorar reservas estimadas em 1,1 trilhão de metros cúbicos. Gorgon poderia ser produtivo por décadas e atender a demanda do Japão, da Coreia do Sul e da China.

A Chevron colocou mais de US$ 18 bilhões do próprio dinheiro no projeto, do qual tem uma fatia de 50% e é a operadora. A Exxon e a Shell têm 25% cada.

O projeto apresenta desafios particularmente difíceis. O gás produzido deve ser transportado por cerca de 130 quilômetros no fundo do mar até a Ilha Barrow, onde tem que ser purificado, resfriado, condensado e transformado em estado líquido para poder ser enviado aos tanques.

Os custos logo se mostraram maiores que o previsto. Em dezembro de 2002, com cerca de 50% do projeto concluído, a Chevron estimou os custos em US$ 52 bilhões, ou 40% acima do orçamento inicial. No mês passado, a Chevron adicionou mais US$ 2 bilhões a este total. Segundo ela, o Gorgon está 75% pronto.

Fonte: The Wall Street Journal

Gás de xisto, o grande propulsor do crescimento da economia americana

A redução do déficit comercial americano, graças à maior produção interna de petróleo, tem acelerado a recuperação econômica Bloomberg
O Produto Interno Bruto dos Estados Unidos cresceu a uma taxa anualizada de 3,2% no quarto trimestre, informou ontem o Departamento do Comércio, fortalecendo as evidências de que a economia do país passou a avançar num ritmo mais acelerado. Se não fosse pela paralisação do governo federal ocorrida em outubro, a alta teria sido de 3,5%.

Mas o crescimento do PIB poderia ter sido 1,3 ponto percentual menor se não fosse pela redução de 11,8% do déficit comercial, ajustada pela inflação. A última vez que a diferença na balança comercial caiu tanto foi no primeiro semestre de 2009, quando o comércio despencou devido ao esfriamento da economia global.

Esse não é o caso agora. As exportações estão crescendo firmemente, enquanto o crescimento das importações perdeu força, graças a oito meses consecutivos de declínio na quantidade de petróleo que chega aos EUA de outros países — um dividendo econômico que é fruto do aumento da produção doméstica de petróleo e gás de xisto.

Os economistas do UBS calculam que o impulso gerado pela redução das importações no setor de energia vai continuar, com a diminuição do déficit comercial desse setor em relação ao resto da economia com 0,4 ponto percentual do PIB este ano.

Obviamente, há sempre quem seja mais pessimista. Como apontado em um novo estudo publicado pelo Conselho de Relações Exteriores, a teoria econômica dita que a queda na importação do setor de energia deve, por fim, estimular o crescimento das importações de outros produtos e serviços. Ela também pode impulsionar o valor do dólar, tornando as exportações americanas menos competitivas.

Além disso, um boom de investimento no setor de petróleo aumenta o custo de capital e mão de obra em outros setores. Isso está ocorrendo na Austrália, onde esse efeito está prejudicando outras partes da economia, como o turismo.

Mas os investidores não devem ignorar os benefícios. Por um lado, o dólar provavelmente não vai se comportar de forma tão submissa quanto o dólar australiano em relação às mudanças no ritmo das exportações. E os obstáculos que a manufatura e outras indústrias enfrentem devido às turbulências no câmbio podem ser minimizados pelos custos mais baixos de energia.

No curto prazo, como observa um novo livro publicado pelo Instituto Peterson, chamado "Fueling Up", (algo como "Combustível em alta", em tradução livre), o cenário econômico atual é um ponto vital a ser considerado. A concorrência por recursos e mão de obra na produção doméstica de energia reduz as perspectivas de crescimento para outros setores quando a economia já está seguindo em ritmo acelerado.

Mas ao contrário da Austrália, onde a taxa de desemprego não supera a marca de 6% desde 2003, os EUA têm uma grande quantidade de mão de obra e capital disponível. Então, investimentos em lugares como o Estado da Dakota do Norte podem estimular o crescimento econômico geral sem gerar nenhum efeito colateral pelos próximos anos.

O Instituto Peterson estima que, junto com os custos menores de energia, isso pode elevar a taxa de crescimento do PIB anual em algo em torno de 0,09 e 0,19 ponto percentual até 2020 — equivalente à Lei de Reinvestimento e Recuperação dos EUA entre 2009 e 2013.

A obsessão atual do mercado é saber até quando o crescimento da economia dos EUA — e de outros lugares — depende da máquina de estímulo do Federal Reserve, o banco central americano. Os investidores não devem permitir que isso os impeça de ver outras forças que atuam, literalmente, no subsolo.

Fonte: The Wall Street Journal

quinta-feira, 30 de janeiro de 2014

Brasil, de tijolo a frágil

Por Clóvis Rossi

Era uma vez um país que parecia ter a solidez de um tijolo, tanto que fazia parte de um acrônimo (Brics) que soa exatamente como "brick", a palavra inglesa para tijolo.

Pena que, agora, esse país (o B dos Brics, também chamado de Brasil) tenha passado a fazer parte dos "Cinco Frágeis", expressão cunhada por um desses empórios financeiros, tal como, aliás, haviam sido os Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul).

Índia e África do Sul, aliás, acompanham o Brasil também nos "cinco frágeis", juntamente com a Indonésia e a Turquia.

São frágeis, segundo balanço sobre a crise do Council on Foreign Relations, "devido à crescente pressão sobre suas moedas".

Curioso é que a Argentina não tenha sido incluída nos "frágeis". Talvez se pense que ela já joga na segunda divisão, tal o tamanho da encrenca que o governo Cristina Kirchner armou para si próprio com uma série de artificialismos.

Quanto ao Brasil, há um certo exagero em colocá-lo em situação de fragilidade.

"As vulnerabilidades externas do Brasil estão sobrestimadas", escrevem, por exemplo, Sebastián Brown, Bruno Rovai e Marcelo Salomon, pesquisadores de mercados emergentes para o banco Barclays.

Prosseguem: "Mesmo que a incerteza fiscal mantenha o real sob pressão e leve a um rebaixamento da nota da dívida, fundamentos financeiros externos fortes e o programa de intervenções do Banco Central no mercado cambial devem limitar as fases de excessivo enfraquecimento do real".

De fato, com reservas na impressionante altura de US$ 360 bilhões, o país parece perfeitamente equipado para enfrentar eventuais surtos especulativos.

Martin Wolf, o principal colunista do "Financial Times", adverte, por sua vez, para o erro de se misturar todos os emergentes no mesmo saco. "Qualquer crise deveria ser vinculada às fraquezas específicas de cada país. Não deveria haver outra pandemia".

Como as fraquezas do Brasil não podem nem remotamente ser comparadas às da Argentina ou às de outros emergentes, convém, portanto, ser cuidadoso ao imaginar o reaparecimento do chamado "efeito Orloff" (eu, Brasil, sou você, Argentina, amanhã).

Feitas essas ressalvas, porém, é preciso deixar claro que o Brasil precisa enfrentar suas fraquezas. Entre elas a deterioração da conta corrente, que mede todas as transações com o exterior: o deficit aumentou mais de 50% entre 2010 e 2013, passando de 2,2% do PIB para 3,7%.

Mais: está na hora, ou já passou da hora, de iniciar uma nova fase da política econômica, de resto anunciada por Dilma Rousseff em Davos, no meio de um caudaloso discurso, com ênfase em produtividade, infraestrutura, educação.

Não deixam de ter razão Eduardo Campos e Marina Silva quando dizem que o modelo atual já deu o que tinha que dar (de bom e de ruim, aliás).

Campanha eleitoral é uma oportunidade de ouro para lançar projetos. Afinal, está na hora de ouvir o sábio José Simão e entender que quem fica parado é poste.

Fonte: Folha de S. Paulo