Economista, Especialista em Economia e Meio Ambiente pela Universidade Federal do Paraná e Graduando em Estatística, também, pela Universidade Federal do Paraná.

sábado, 22 de junho de 2013

Temores sobre Fed e China derrubam mercados globais

Os receios dos investidores quanto ao crescimento econômico da China e uma redução das medidas de estímulo do Federal Reserve, o banco central americano, sacudiram os mercados globais pelo segundo dia consecutivo, fazendo as ações dos Estados Unidos sofrerem sua maior perda este ano, atingindo o preço dos títulos de renda fixa e de muitas commodities.
A Média Industrial Dow Jones caiu 353,87 pontos, ou 2,34%, para 14.758,32, seu primeiro declínio de 200 pontos ou mais em dois dias consecutivos desde 1o de novembro de 2011. O volume de negociação atingiu 9,27 bilhões de ações, seu nível mais alto em 19 meses. Os futuros do ouro caíram 6,4% e os juros do Tesouro dos EUA atingiram seu nível mais alto desde agosto de 2011. As ações das construtoras caíram, refletindo os temores de que o aumento do juro da hipoteca poderia acabar com a recuperação imobiliária do país, considerada por muitos economistas como essencial para qualquer recuperação econômica mais ampla.

A turbulência ressalta as preocupações persistentes sobre a saúde da economia global num momento em que o crescimento da China está desacelerando e os EUA e a Europa lutam com altas taxas de desemprego. O declínio ocorreu um dia depois que Ben Bernanke, presidente do banco central, disse que a compra mensal de títulos por parte do Fed poderia acabar no ano que vem. A perspectiva de que o Fed reduza a injeção de crédito na economia num momento em que o ritmo de crescimento econômico dos EUA é modesto e a inflação está abaixo da meta do banco central sacudiu os mercados ao redor do mundo.

Ao mesmo tempo, muitos investidores acreditam que a turbulência indica uma mudança em direção a taxas de juros mais elevadas e um crescimento mais sustentável e saudável dos EUA, depois de um longo período de taxas de juros ultrabaixas que ajudaram a empurrar fundos de investimentos a injetar dinheiro em ativos de rendimentos mais altos, como a dívida de empresas de baixa qualificação de crédito e títulos lastreados em hipotecas. Esses investimentos caíram drasticamente nas últimas semanas, à medida que o mercado começava a se preparar para taxas em níveis mais normais.
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Poucos analistas preveem oscilações tão violentas como a dos últimos dois dias, mas muitos investidores dizem que devem se preparar para uma maior volatilidade do que a vista nos últimos 12 meses. Isso. em parte, porque o mercado está tentando determinar até que ponto os ganhos recentes em ações, títulos e commodities foram impulsionados pelas medidas de estímulo dos bancos centrais.

Aumentando a agitação dos mercados houve um aperto de liquidez na China, que está tentando fechar a torneira do crédito para desacelerar sua economia sem causar problemas, e ainda um relatório informando que um financiamento para a Grécia, que luta com a falta de dinheiro, pode estar em perigo.

O FMI afirmou que vai continuar a financiar a Grécia, desde que consiga terminar um exame da situação grega até fim de julho, como esperado. O Índice iShares MSCI de Mercados Emergentes caiu 4,5% e o preço do petróleo, um termômetro da saúde econômica global, registrou sua maior queda de um dia em sete meses.

O dólar subiu, com o índice do dólar elaborado pelo Wall Street Journal ganhando 1,6% desde o fechamento de terça. O Índice de Volatilidade CBOE, conhecido como "índice do medo" do mercado, subiu 23%, para seu maior nível desde 28 de dezembro.

Alguns dos principais mercados latino-americanos também sofreram pesadas perdas. O índice IPC do México caiu 3,91%, o IPSA da Bolsa de Santiago perdeu 3,06%. O Ibovespa caiu cerca de 4%, mas se recuperou na última hora e terminou com alta de 0,67%. A Bolsa de Valores de Buenos Aires estava fechada devido a um feriado.

A movimentação mostrou que os investidores continuam digerindo o impacto de uma possível redução das compras mensais do Fed de títulos, de US$ 85 bilhões.

As reações do mercado foram um choque potencial para o Fed. Autoridades do banco central vinham falando em público há semanas sobre a possibilidade de encerrar o programa de compra de títulos. Em teoria, isso deveria ter preparado os investidores para a reunião de quarta-feira. Além disso, Bernanke procurou enfatizar que o banco desistiria das medidas se a economia americana enfraquecer.

Mas os mercados não estão muito convencidos. "Agora que o Fed começa a discutir como acabar com as suas políticas de estímulo, não só caem os preços dos ativos, mas também aumenta a volatilidade", diz Eric Stein, gerente de portfólio da Eaton Vance EV +0.03% Macro Absolute Return Fund Global.

A incerteza sobre o Fed, coincide com o aumento de preocupações sobre a economia global, especialmente na Europa e na China. "Talvez estamos indo de uma complacência exagerada para uma preocupação exagerada [...] mas é evidente que há problemas em muitas partes do mundo", disse Stein.

Fonte: The Wall Street Journal

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