Economista, Especialista em Economia e Meio Ambiente pela Universidade Federal do Paraná e Graduando em Estatística, também, pela Universidade Federal do Paraná.

terça-feira, 31 de janeiro de 2012

'Crise é oportunidade para propostas', diz Ignacy Sachs

Para o economista e sociólogo polonês, investir na economia verde significa apostar numa dimensão socioambiental do desenvolvimento

Ignacy Sachs foi o precursor do conceito de ecodesenvolvimento - que, na década de 1970, designava um modelo mais equânime e ambientalmente correto de produção, distribuição e consumo de bens. Posteriormente, a ideia preconizada por ele ganhou outros contornos e passou a ser conhecida por desenvolvimento sustentável.
O economista e sociólogo polonês viveu no Brasil e estudou no Rio de Janeiro. Trabalhou na organização da Primeira Conferência de Meio Ambiente e Desenvolvimento da ONU, a Estocolmo-72, realizada na Suécia, e na Cúpula da Terra, mais conhecida como Rio-92.
Sachs falou ao Estado sobre a Rio+20 e o novo conceito de economia verde que a conferência irá abordar.
Economia verde remete a um conceito conciliador, apontando para as oportunidades de negócios que se abrem com as questões climáticas, em vez de pontuar as dificuldades e o custo que a transição pode (e deve) acarretar. O senhor acredita que esse conceito tem mais chances de trazer para a mesa de negociações climática os países que estão pouco interessados na chamada transição?
Para mim, o termo economia verde remete à dimensão ambiental que não pode ser dissociada da dimensão social. Devemos buscar estratégias de desenvolvimento capazes de responder simultaneamente às urgências sociais e ambientais.
Muitas nações emergentes devem estar temendo que a ideia de economia verde sirva de justificativa para o protecionismo e a imposição de barreiras comerciais e econômicas não tarifárias. O senhor crê que isso pode acontecer?
Não se pode abrir mão da dimensão ambiental (ou social) do desenvolvimento só porque poderia ser invocada para justificar o protecionismo. Por outro lado, não penso que o protecionismo seja uma palavra feia. Os países ex-coloniais e menos desenvolvidos devem, em certas circunstâncias, usar o protecionismo como um instrumento de política econômica.
Economia verde parece ser um dos muitos filhotes do seu conceito pioneiro de ecodesenvolvimento. O que separa ambos os conceitos?
O ecodesenvolvimento se refere a um desenvolvimento socialmente includente e ambientalmente sustentável. A economia verde não inclui explicitamente a dimensão social.
De acordo com o relatório A caminho da Economia Verde, lançado no ano passado pelo Pnuma, o conceito diz respeito a uma economia de baixo carbono, eficiente no uso de recursos naturais e que promova a inclusão social. Pela sua experiência, quanto tempo acha que a humanidade tem pela frente até que boa parte do mundo esteja apta a essa transição e convencida de sua necessidade?
O relatório incorpora corretamente a questão da inclusão social no conceito da economia verde. Quanto à questão se seremos capazes de efetuar a transição ainda na primeira metade do século 21, é praticamente impossível responder por antecipação. Pessoalmente, acho que o presidente Obama tem razão quando diz "yes we can". Eu apenas acrescentaria "yes, we still can". Ainda podemos, à condição de não perdermos tempo.
A transição para estratégias menos destrutivas da natureza e mais equitativas na partilha do produto não pode ser protelada indefinidamente. A Rio+20 oferecerá uma boa oportunidade para alertar a opinião pública mundial sobre a necessidade urgente de mudar rapidamente de rumo, se não queremos enfrentar mais algumas décadas crises, cuja superação vai acarretar uma altíssimo custo social.
A questão energética é especialmente delicada tanto para emergentes como o Brasil, tido como um exemplo de uso de fontes limpas e renováveis, quanto para países desenvolvidos que têm matrizes mais intensivas em emissões. Qual é sua opinião acerca da transformação da Amazônia na nova fronteira energética do Brasil?
O Brasil não pode renunciar à utilização do potencial hidrelétrico dos rios amazônicos. Em cada projeto novo, convém, no entanto, analisar com a maior atenção os seus impactos sobre a floresta, com vistas à sua diminuição mediante a escolha das tecnologias empregadas e a compensação eventual por reflorestamento em outras áreas.
O Brasil planeja mais quatro usinas nucleares (duas nas margens do Rio São Francisco e mais duas na Região Sudeste). O senhor crê que, para um país como o nosso, a produção de energia nuclear seja uma solução? Ou devemos aproveitar nosso potencial hidrelétrico ao máximo, antes de pensar na alternativa nuclear?
Pessoalmente, acredito que o Brasil tem à sua disposição um elenco suficientemente abrangente de tecnologias de produção de energia para não privilegiar neste momento a energia nuclear. A probabilidade de acidente é extremamente reduzida, porém as consequências podem ser desastrosas, como o mostram os exemplos de Chernobyl e Fukushima.
Dois especialistas franceses do assunto, Benjamin Dessus e Bernard Laponche, acabam de publicar um estudo, cujo título é todo um programa: Acabar com o Nuclear - Por Que e Como. (Éditions du Seuil, Paris, 2011.) A Alemanha, a Suíça e a Bélgica já decidiram uma saída a termo do nuclear, a Itália se pronunciou num referendo contra o retorno ao nuclear.
O desperdício é um dos grandes desafios brasileiros, em todos os setores. Nossa média de desperdício de água é altíssima e o mesmo acontece com a energia. O relatório A caminho da Economia Verde aponta a eficiência no uso dos recursos como uma das áreas prioritárias para a transição para a economia verde. Como analisa essa cultura do desperdício?
Concordo em grau e gênero com todos aqueles que enfatizam a importância de atuar no sentido da redução dos desperdícios de recursos naturais.
O conhecido economista polonês Michael Kalecki trabalhava com a seguinte equação: R = I / K - A + U, na qual R é a taxa de crescimento da economia, I é o coeficiente de investimento, K a relação capital/produto, A a taxa de amortecimento e U a taxa de utilização mais eficiente dos recursos.
Não é fácil inculcar uma cultura de manejo eficiente dos recursos. Porém, trata-se de uma reserva importante para aumentar a taxa de crescimento da economia sem aumentar os investimentos.
O rascunho zero da Rio+20, lançado na semana passada, fala em erradicação da pobreza, mas não menciona redistribuição de riqueza. O senhor acha possível alcançarmos um modelo mais justo de desenvolvimento apenas pela via da melhora tecnológica?
A luta contra a pobreza passa por dois canais: a geração de oportunidades de trabalho decente e melhor remunerado para todos e a redistribuição da renda, financiando programas sociais de saúde, educação, acesso à moradia, etc.
O progresso tecnológico por si só não resolve os problemas da disparidade social. Ao contrário, muitas vezes provoca o seu agravamento, na medida em que os seus frutos são apropriados por uma minoria.
O senhor crê que a crise econômica pode atrapalhar a Rio+20 - no sentido de impedir acordos com metas, ainda que voluntárias - ou acha que a crise pode estar sendo usada para justificar a posição reticente de determinadas nações quanto a negociações sobre clima, emissões e padrões de consumo?
Penso, ao contrário, que a crise é uma oportunidade para apresentar propostas de saída voltadas à solução simultânea dos problemas sociais e ambientais que se agudizaram por meio das formas tradicionais de (mau) desenvolvimento.
Se não mudarmos de rumo, corremos o risco de graves problemas ambientais e de polarização ainda maior entre as minorias abastadas e as maiorias condenadas a lutar pela sobrevivência.
Quais seriam, em sua opinião, as maiores implicações da transição para uma economia verde em países emergentes como o Brasil ou a Índia? E quais seriam as implicações para países desenvolvidos, mas com uma dívida interna enorme, como os EUA?
Repito que, para mim, o tema central é a transição para uma economia socialmente includente e mais justa e ambientalmente sustentável. Por que chamá-la só de verde? A minha bandeira é verde e vermelha (espero que os portugueses me perdoem por essa apropriação).
O Brasil e a Índia são os dois abre-alas do bloco dos emergentes, com vários séculos de cooperação avant la lettre que começaram na época colonial. São os candidatos naturais para organizar o bloco de maneira a induzir as Nações Unidas a se empenharem na elaboração e implementação de um plano mundial de desenvolvimento includente e sustentável baseado numa maior cooperação científica e técnica entre países que possuem biomas similares (floresta tropical úmida, semiárido, savana, etc) e cofinanciado por um Fundo das Nações Unidas de desenvolvimento includente e sustentável, composto por uma contribuição de 1% do PIB dos países ricos, a taxa Tobin sobre as especulações financeiras, um imposto sobre as emissões de carbono a ser estabelecido e pedágios sobre ares e mares cobrados das aeronaves e navios pertencentes a países desenvolvidos.
Esperemos que os países mais ricos do planeta entendam a importância da cooperação Sul-Sul e a apoiem.
Economista polonês, naturalizado francês, Ignacy Sachs viveu no Brasil durante sua juventude, para onde veio como refugiado da 2ª Guerra. Estudou no Liceu Pasteur, em São Paulo, e cursou a Faculdade de Ciências Políticas e Econômicas do Rio de Janeiro.

Fonte: Estadão

segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

Economia verde busca avanço na Rio+20

Meta é diminuir impacto de produção e locomoção: agricultura, transportes, energia, lixo, indústria e água são estratégicos

Um dos temas eleitos pela ONU para a Rio+20 é a economia verde, conceito que designa um modelo de desenvolvimento baseado em baixa queima de carbono, eficiência no uso dos recursos e inclusão social. Grosso modo, a ideia é “esverdear” a economia, estudando soluções de investimento nos setores verdes - e em outros originalmente não tão amigos do ambiente.
Plantadeira deita sementes sobre a palha: método é a aposta da agricultura brasileira - Epitacio Pessoa/AE
Epitacio Pessoa/AE
Plantadeira deita sementes sobre a palha: método é a aposta da agricultura brasileira
O desafio parece imenso - e é. O tema é abordado pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma) desde 2008, quando foi lançada a Iniciativa pela Economia Verde. Em 2011, o Pnuma lançou o relatório A caminho da Economia Verde. Diante da complexidade do tema, a abordagem foi dividida em duas grandes áreas: capital natural (que inclui agricultura, pesca, água e florestas) e energia e eficiência no uso de recursos (energias renováveis, indústria, construções, transporte, turismo e cidades).
“Seja pelo crescimento das energias renováveis na Alemanha, na China ou na Índia, pela propagação acelerada da agricultura orgânica e sustentável em Uganda e Argentina ou pelas políticas de transporte sustentáveis de cidades como Curitiba, há muitos exemplos sinalizando que a transição está em andamento”, diz o porta-voz do Pnuma, Nick Nuttall. Para ele, a Rio+20 é uma oportunidade de dar escala e acelerar a incorporação dessas transições.
Agropecuária. No Brasil, que vem se destacando na produção de alimentos - somos o maior exportador de carne do mundo e o cultivo de grãos cresce em média 4% ao ano -, o setor agrícola merece atenção. “Trata-se de inverter o olhar e transformar uma agenda negativa, de custos adicionais, em oportunidades de negócio. Especialmente pela capacidade que temos de produzir sem degradar e sem comprometer o futuro”, diz o agrônomo e chefe da Embrapa Meio Ambiente, Celso Vainer Manzatto.
A aposta da agricultura brasileira é nos sistemas integrados de produção (agrossilvopastoris), na minimização de danos e emissões de gases-estufa pela incorporação de práticas como plantio direto (sem revolver o solo ou fazer queimadas), na recuperação de áreas degradadas e na redução do uso de insumos tradicionais e aumento do uso de insumos biológicos (como o rizóbio, bactéria que capta o nitrogênio do ar e o fixa no solo).
Para reduzir as emissões dos gases carbônico, metano e do óxido nitroso, o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) lançou há dois anos o programa Agricultura de Baixo Carbono (ABC). “O ABC incentiva práticas que a agricultura brasileira tem há décadas. Mas exige reciclagem das equipes técnicas e dos produtores rurais. E também um tempo para que a aprendizagem do novo sistema seja internalizada”, afirma Derly Dossa, chefe da assessoria de gestão estratégica do Mapa. Ele afirma que o Brasil tem hoje 27 milhões de hectares cultivados no sistema de plantio direto. “A meta é melhorar e aumentar mais 8 milhões de hectares em dez anos.”
Manzatto, da Embrapa, lembra que a participação da agricultura nas emissões é grande. “Das metas de redução voluntárias do Brasil, da ordem de 36%, 29% têm de ser reduzidas na agricultura”, diz. Dossa afirma que a meta do ABC é abranger 30 milhões de hectares (o equivalente ao território da Itália) nos próximos dez anos, prioritariamente no Cerrado. “Mas Paraná e Rio Grande do Sul estão se mexendo muito rapidamente, por conta do aumento do preço das terras e a degradação que já sofreram.”
Transportes. Outro tema que merece olhar atento são os transportes, que respondem por boa parte das emissões em países como os EUA e vêm aumentando sua participação nos países em desenvolvimento. A frota brasileira cresceu de menos de 10 milhões de veículos, em 1980, para quase 40 milhões em 2009. Levando-se em consideração apenas o CO2, foram emitidas 170 milhões de toneladas em 2009, 38% originadas de automóveis.
Desde 1986, o governo brasileiro mantém o Programa de Controle de Poluição do Ar por Veículos Automotores (Proconve). Os veículos são divididos em pesados, leves, motocicletas e máquinas agrícolas e rodoviárias. O programa regula monóxido de carbono, hidrocarbonetos, óxidos de nitrogênio e material particulado. “Uma fase do Proconve é sempre a combinação de uma data com um novo limite de emissão”, diz Rudolf Noronha, gerente de Qualidade do Ar do MMA. “Avançamos muito em tecnologia. Em 1985, um carro emitia o equivalente a 56 autos de hoje. O problema é a somatória das emissões”, afirma.
Há duas semanas, o Proconve entrou em sua sétima fase para veículos pesados, com a adoção do diesel S-50, que tem 50 partes por milhão de enxofre (atualmente ainda usamos, em muitos locais, um diesel com 1,8 mil ppm de enxofre).
Noronha chama a atenção para a emissão das motos. “Até pouco tempo atrás, uma moto emitia por quatro carros. Hoje uma moto equivale a um veículo leve. Mas é um equilíbrio que a gente mantém a muito custo”, revela.

Fonte: Estadão

Aumento da população causará falta de comida e combustível, diz ONU

Nina Chestney
Reuters Em Londres
O mundo está ficando sem tempo para garantir que haja alimentos, água e energia para atender a demanda de uma população em rápido crescimento e evitar que 3 bilhões de pessoas sejam levadas à pobreza, advertiu um relatório da ONU (Organização das Nações Unidas) na segunda-feira (30).
Enquanto a população mundial parece preparada para crescer dos 7 bilhões de hoje para quase 9 bilhões até 2040 e o número de consumidores de classe média aumentar em 3 bilhões nos próximos 20 anos, a demanda por recursos crescerá exponencialmente.
Mesmo para 2030, o mundo precisará de ao menos 50% a mais de alimentos, 45% a mais de energia e 30% a mais de água, de acordo com as estimativas da ONU, em uma época em que o ambiente em modificação cria novos limites ao abastecimento.
Se o mundo fracassar em lidar com esses problemas, o risco é condenar 3 bilhões de pessoas à pobreza, afirmou o relatório.
Os esforços rumo ao desenvolvimento sustentável não são nem fortes nem profundos o suficiente e, além disso, falta vontade política, disse um painel da ONU voltado à sustentabilidade global.
"O atual modelo de desenvolvimento global é insustentável. Para alcançar a sustentabilidade, é necessária uma transformação na economia global", diz o relatório.
"Fazer remendos nas margens não será suficiente. A atual crise econômica global oferece uma oportunidade para reformas significativas."
Embora o número de pessoas vivendo na pobreza absoluta tenha caído dos 46 por cento em 1990 para 27% da população mundial e a economia global tenha crescido 75% desde 1992, as mudanças no estilo de vida e nos hábitos do consumidor colocaram uma pressão crescente sobre os recursos naturais.
Há mais 20 milhões de pessoas desnutridas agora do que no ano 2000; 5,2 milhões de hectares de floresta são perdidos anualmente (uma área do tamanho da Costa Rica); 85% de todos os estoques de pescaria estão super-explorados ou foram esgotados; e as emissões de dióxido de carbono subiram 38% entre 1990 e 2009, o que aumenta o risco de elevação no nível das marés e de mais episódios de clima extremo.
O painel, que fez 56 recomendações para que o desenvolvimento sustentável seja incluído na política econômica o mais rápido possível, disse que é necessária uma "nova política econômica".
"Vamos usar a próxima cúpula do Rio+20 para dar início a essa transição global rumo a um modelo de crescimento sustentável para o século 21 do qual o mundo precisa tanto", disse Connie Hedegaard, a comissária da União Europeia para o clima, em resposta ao relatório, referindo-se a uma cúpula da ONU sobre desenvolvimento sustentável em junho no Brasil.

Ação

Entre as recomendações, o painel pede que os governos concordem com uma série de metas de desenvolvimento sustentável que complementariam as oito Metas de Desenvolvimento do Milênio até 2015 e criariam uma estrutura para ação depois de 2015.
Eles devem trabalhar com organizações internacionais para criar uma "revolução perene", que ao menos duplique a produtividade ao mesmo tempo em que reduz o uso de recursos e evite mais perdas à biodiversidade, afirmou o relatório.
Os ecossistemas aquíferos e marinhos deverão ser administrados de maneira mais eficiente e deve haver acesso universal à energia sustentável até 2030.
Para tornar a economia mais sustentável, a precificação do carbono e dos recursos naturais deve ser estabelecida por meio de taxação, regulação ou esquemas de comercialização das emissões até 2020 e os subsídios ao combustível fóssil também devem acabar aos poucos até lá.
Os sistemas fiscais e de crédito dos países devem ser reformados para fornecer incentivos no longo prazo às práticas sustentáveis, assim como desincentivar as insustentáveis.
Os fundos de pensão públicos e de riqueza soberana, assim como os bancos de desenvolvimento e as agências de crédito para a exportação, devem adotar critérios de desenvolvimento sustentável a suas decisões de investimento, e as agências de controle do governo ou dos mercados de ações devem revisar as regulações para estimular o seu uso.
Os governos e cientistas também devem fortalecer a relação entre a política e a ciência ao examinar com regularidade a ciência por trás dos limites ambientais e a ONU deve considerar a possibilidade de nomear um conselheiro científico chefe ou um conselho para assessorar a organização, disse o relatório.
O documento está disponível no endereço http://www.un.org/gsp/.

Fonte: UOL

sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

'A era da comida barata acabou', afirma Paul Polman

Presidente da Unilever responsabiliza o aumento da demanda e a escassez de terras para a produção de alimentos, causada por falta de sustentabilidade na agricultura e pelas mudanças climáticas, pela alta dos preços em todo o mundo

Os líderes mundiais reunidos para o Fórum Econômico Mundial em Davos, na Suíça, ouviram nesta  quarta-feira (25) do presidente da Unilever, Paul Polman, que ocupa também a presidência da força tarefa do G20 para segurança alimentar e agricultura,  que a missão de oferecer comida para a população mundial ficará cada vez mais difícil.

“A era da comida barata acabou. Estimo que os preços de todos os alimentos devem subir ao menos 2% ou 3% no decorrer de 2012”, afirmou Polman.

Essa tendência de aumento deverá ser uma constante nos próximos anos não apenas por causa do crescimento populacional, mas também devido ao incremento dos custos de produção.

“Os dois principais fatores para a alta dos preços são o aumento da demanda e a escassez de terras agriculturáveis. As mudanças climáticas e a prática de métodos agrícolas ultrapassados estão limitando o espaço para a produção e assim subindo os custos”, disse.

Segundo Polman, é necessário que governos e empresas se unam para investir em novas tecnologias e em projetos que garantam que os pequenos proprietários rurais continuem a produzir.

“Mais de US$ 70 bilhões anuais deveriam estar sendo destinados para a questão da segurança alimentar. Mas a ONU não tem como fazer isso sozinha, é preciso que todos os setores da sociedade  participem das discussões e financiem atividades que incentivem o aumento da produção de alimentos. A população rural deve ficar no campo”, explicou.

De acordo com dados da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO), mais de um bilhão de pessoas passam fome todos os dias, um número que cresce a cada ano.

Energias

Além de comida e crise europeia, outro tema que está em destaque em Davos é o futuro do petróleo e a matriz energética mundial.

Problemas políticos no Irã e na Nigéria, somados ao abandono dos planos da geração nuclear de energia em países como Japão e Alemanha, tendem a fazer o preço dos combustíveis fósseis disparar nos próximos anos.

O preço do barril de petróleo já está fora do alcance da maioria dos países africanos, que enxergam nas fontes alternativas a única solução.

“A África não tem outra opção senão apostar no desenvolvimento sustentável e nas fontes renováveis. Temos que fazer isso para atender a demanda interna de energia, mesmo se não levarmos em conta as consequências das mudanças climáticas”, afirmou Meles Zenawi, primeiro-ministro da Etiópia, à agência AP.

“Eu não sei como está a situação nas nações desenvolvidas, mas já estamos racionando os combustíveis fósseis. Talvez esse problema seja uma benção disfarçada, nos forçando a buscar um caminho mais sustentável de vida”, continuou Zenawi.

Ocupação de Bilionários

Enquanto Wall Street foi palco de manifestações contra a desigualdade econômica por protestantes que representavam os 99% da população mundial, Davos está sendo ocupada pelo 1% restante. O curioso é que os bilionários estão também clamando por mais justiça na distribuição da riqueza.

“A ordem sócio-econômica mundial está se transformando e as empresas precisam se concentrar tanto em lucrar quanto em garantir uma distribuição mais justa dos ganhos. O Fórum Econômico Mundial pode fazer muito mais nesse sentido do que qualquer manifestação em Wall Street”, afirmou Victor Pinchuk, bilionário ucraniano que será anfitrião em Davos de um evento sobre filantropia, à Bloomberg.

Propostas partindo dos bilionários realmente estão aparecendo, como a de Denis O’Brien, proprietário de uma empresa de telecomunicações, que deseja incentivar companhias a montarem instalações no Haiti, país que foi devastado por um terremoto em 2010 e onde 80% da população vive abaixo da linha da pobreza.

“As pessoas acreditam que a elite financeira mundial tem se comportado abominavelmente, e muitos realmente agiram mal. É hora das corporações destinarem uma parte de seus lucros para questões sociais”, disse O`Brien.

Vikas Oberoi, dono da segunda maior construtora da Índia, resumiu bem o sentimento com relação a Davos.

“Muitos dos que estão reunidos no Fórum Econômico Mundial são os responsáveis pelas desigualdades que vemos no planeta. Espero que o encontro seja mais do que uma festa de confraternização.”

Fonte: Instituto CarbonoBrasil/Agências Internacionais

quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

Davos deve discutir futuro dos preços dos alimentos

Por Fabiano Ávila

Fórum Econômico Mundial começa nesta semana e a questão da segurança alimentar diante da tendência de alta das commodities agrícolas e da necessidade de atender a demanda de 7 bilhões de pessoas deve ser um dos seus principais temas


As mudanças climáticas provavelmente não ganharão muito espaço nas mesas de discussão do Fórum Econômico Mundial, que começa nesta quarta-feira (25) em Davos, na Suíça, mas uma de suas consequências, o aumento do preço das commodities agrícolas, deve ser um dos tópicos mais debatidos.
O índice da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) para 55 commodities alimentares subiu sem parar nos últimos seis meses, alcançando os 214.7 pontos. Uma tendência que pode se manter, ainda mais porque a entidade afirma que a produção de alimentos precisa crescer 70% até 2050 para atender a população mundial.
A alta do preço dos alimentos está relacionada a problemas climáticos, como estiagens, enchentes e padrões climáticos fora do que seria o ideal para várias culturas por todo o planeta. No ano passado a Rússia chegou a interromper sua exportação de grãos devido a uma seca severa, e a China se tornou pela primeira vez na história uma importadora de soja depois de uma série de enchentes.
“As pessoas pensam que as mudanças climáticas são um fenômeno que ocorre devagar, levando longos períodos de tempo para acontecer. O que não é verdade, já presenciamos efeitos prejudiciais delas para a economia mundial”, afirmou Garvin Jabush, do grupo de investimentos Green Alpha Advisors, à rede norte-americana CNBC.
Em Davos, líderes mundiais terão que achar espaço entre as conversas sobre o futuro econômico da União Europeia para debater políticas que multipliquem a produção de alimentos e assegurem o acesso dos mais pobres à comida.
“A Agricultura será uma parte importante de qualquer discussão internacional daqui para frente. Sabemos que a atividade pode ser aprimorada, inclusive para emitir menos gases do efeito estufa”, declarou Molly Jahn, professor de agronomia da Universidade do Wisconsin.
O Fórum Econômico Mundial pode tentar se espelhar no recente projeto anunciado pela FAO em conjunto com a Comissão Europeia, que promete ajudar Malauí, Vietnã e Zâmbia na transição para uma abordagem de “clima inteligente” para a agricultura.
“O aumento da preocupação de como alimentar o crescimento populacional esperado para as próximas décadas deve ser encarado também como uma oportunidade para avanços científicos, prevejo que teremos uma grande explosão de iniciativas agrícolas inovadoras em 2012”, disse Jabush.
Carne Artificial
Propostas de como alimentar uma população mundial estimada em nove bilhões de pessoas em 2050 são muitas, como os transgênicos, a irrigação de áreas desérticas e até o aumento do uso de insetos nos pratos cotidianos. Entre todas essas, uma das mais ambiciosas é a de carne criada em laboratório.
Para atender a demanda crescente de cada vez mais pessoas saindo da miséria com o desenvolvimento de países emergentes, a expansão da pecuária vem provocando grande desmatamento e a criação intensiva pode não ser uma opção, por causa de seus custos e do stress que causa nos animais.
Assim, novas formas de produzir carne seriam muito benvindas. Tanto que o grupo de proteção animal Peta lançou há cinco anos um concurso com a promessa de premiar com US$ 1 milhão qualquer cientista que até 30 de junho de 2012 apresentasse a carne artificial de uma galinha.
“Existe a chance real de que alguém vá receber o prêmio. Muitos pesquisadores estão fazendo progressos e estamos bastante otimistas”, afirmou Ingrid Newkirk, fundadora da Peta.
Uma prova de que esse campo do conhecimento está realmente crescendo são os estudos da Universidade de Maastricht, na Holanda, com células-tronco para a produção de alimentos. De acordo com o pesquisador Mark Post, o primeiro hambúrguer artificial será apresentado até o fim deste ano.
A Universidade de Utrecht, também na Holanda, trabalha com o mesmo método de células-tronco, que possuem o potencial de gerar toneladas de carne com as células de um único indivíduo.
“Porém, todo o processo é muito complexo e difícil. Não conseguimos cultivar células de embriões, apenas de animais adultos e ainda não somos eficientes nisso. Acredito que precisamos de mais uma década de pesquisas e de mais recursos”, afirmou Bernard Roelen, professor de ciência veterinária em Utrecht, ao The Guardian.
De acordo com uma pesquisa publicada no periódico Environmental Science & Technology em junho passado, a carne artificial seria um avanço sem precedentes para a alimentação mundial. Com relação ao modelo convencional, a produção de carne em laboratório precisa de 96% menos água, 99% menos terra e resulta na redução de 78% a 96% das emissões de gases do efeito estufa.

Fonte: Instituto CarbonoBrasil/Agências Internacionais

quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

Benefícios da conservação superam US$ 1 trilhão

Por Fernanda B. Müller

A preservação dos ecossistemas como uma abordagem para redução da pobreza resulta em serviços ambientais da ordem de US$ 1 trilhão, o que pode ser acrescido em mais US$ 500 bilhões com a criação de mecanismos financeiros



Grande parte das áreas naturais está ameaçada ao redor do globo e as pessoas que vivem nas suas redondezas e no seu interior não têm recursos suficientes para efetivar ações que aprimorem a conservação dos ecossistemas.  Ao mesmo tempo, muitas vezes as iniciativas de conservação de habitats e de redução da pobreza acabam colidindo e criando controvérsias.
Um estudo publicado na revista Bioscience de janeiro de 2012 analisou justamente os fluxos de serviços ecossistêmicos fornecidos às pessoas pelos habitats prioritários para conservação, considerando a distribuição global da biodiversidade, fatores físicos e o contexto socioeconômico.
Dezessete dos principais hotspots do mundo foram estudados pelos cientistas, que chegaram ao valor de US$ 1 trilhão ao ano para os serviços ecossistêmicos gerados por estes locais para as comunidades pobres.
Os pesquisadores estimam que, além dos benefícios gerados pelas florestas, as populações rurais poderiam receber até meio trilhão de dólares ao ano se fossem recompensadas por estes serviços - considerando ecossistemas saudáveis. Entre estes 'serviços' estão a polinização das plantações, alimentos, fibras, remédios, água limpa e regulação climática.
“O potencial global de apoio que a conservação da biodiversidade pode oferecer às comunidades pobres é alto: 25% das principais áreas prioritárias para conservação podem oferecer entre 56% e 57% dos benefícios”, diz o estudo, demonstrando uma situação em que ambos ganham com as sinergias, aprimoradas com a existência de mecanismos financeiros efetivos.
Esta é a primeira estimativa global dos fluxos de serviços dos habitats originais para os beneficiários humanos, com modelos perpassando uma gama de serviços e diferentes padrões geográficos de recepção dos mesmos.
"O que a pesquisa mostra claramente é que a conservação dos remanescentes de biodiversidade no mundo não é apenas um imperativo moral, é um investimento necessário para a perpetuação do desenvolvimento econômico. Mas em muitos locais onde os pobres dependem destes serviços naturais, estamos perigosamente perto da sua exaustão, resultando na continuidade da pobreza", comentou Will Turner, principal autor do estudo e vice-presidente da Conservação Internacional.
Se o valor gerado pelos ecossistemas saudáveis fosse distribuído equitativamente, superaria US$ 1 por pessoa por dia para quase um terço das pessoas mais pobres do mundo, sugere o estudo.
No geral, as análises indicaram que a importância das áreas prioritárias para conservação é robusta para os pobres e não depende especialmente de nenhum serviço ou mecanismos financeiros.
 Isto indica que, independente da criação de mecanismos adequados de transferência de recursos, a conservação da biodiversidade provê tanto serviços diretos (alimento, combustível) como indiretos (polinização, água limpa), que os pobres têm dificuldade em substituir.
Isto foi comprovado em dois casos específicos através de análises comparativas em distritos com e sem conservação da biodiversidade: os distritos com áreas protegidas tinham 10% menos pobreza na Costa Rica e 30% menos na Tailândia (Andam et al. 2010), demonstra o estudo.
Entretanto, os autores ressaltam que sozinhos, os fluxos biofísicos e de serviços ecossistêmicos não são suficientes para tirar as pessoas da pobreza e que é preciso implementar mecanismos financeiros, como Pagamentos por Serviços Ecossistêmicos e REDD, com o auxílio de agências de desenvolvimento com expertise em redução de pobreza.
As economias desenvolvidas e em desenvolvimento têm que compensar os pobres por estes serviços tão importantes, enfatizou Turner. "Isto é exatamente o que queremos dizer quando falamos sobre valoração do capital natural. A natureza pode não nos mandar a conta, mas seus serviços e fluxos essenciais, tanto diretos como indiretos, têm valor econômico concreto".

Fonte: Instituto CarbonoBrasil/Bioscience

terça-feira, 24 de janeiro de 2012

O novo plano da ONU: energia limpa para todos


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Estamos chegando um ponto irreversível", sentenciou o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, alertando a comunidade internacional sobre as consequências da mudança climática e a necessidade de acabar com a pobreza energética mundial de forma sustentável.
Os comentários foram feitos durante a  sessão de abertura da Cúpula Mundial Sobre a Energia do Futuro, que marcou o início oficial do Ano Internacional da Energia Sustentável para Todos. Antes que você revire os olhos diante de outra iniciativa da ONU de nome pomposo, analise seus objetivos. Eles tentam solucionar dos grandes desafios do nosso tempo: levar eletricidade a bilhões de cidadãos pobres do mundo sem causar o colapso do sistema climático global.
"Eu entendo o poder da energia de forma direta. Quando era menino na Coreia do pós-guerra, uma única lâmpada me permitiu estudar dia e noite”, recordou Ban Ki-moon. “Quero que meninos e meninas de todo o mundo tenham a mesma oportunidade”.
Energia Sustentável para Todos é o resultado da Resolução 65/151 da Assembléia Geral da ONU, aprovada em 2010. Segundo sua carta, "esta iniciativa envolverá governos, o setor privado e parceiros da sociedade civil em todo o mundo com o objetivo de garantir energia sustentável para todos, e atingir três grandes metas até 2030".
Estas metas são:
•    Garantir o acesso universal aos modernos serviços de fornecimento de energia
•    Dobrar a taxa de crescimento da eficiência energética
•    Dobrar a participação da energia renovável no mundo
"A pobreza energética ainda condena bilhões à escuridão, a oportunidades perdidas”, declarou Ban Ki-moon. "A pobreza energética precisa acabar. O desenvolvimento não é possível sem energia".
Em seguida, o secretário-geral citou algumas estatísticas conhecidas: uma em cada cinco pessoas do mundo não tem acesso à eletricidade;  três bilhões ainda precisam de carvão e esterco para cozinhar (o que gera sérios riscos à saúde devido à aspiração da fumaça).
No entanto, se a eletricidade para estes  três bilhões de pessoas viesse de usinas movidas a carvão (como muitos de nós), o planeta estaria em apuros. A Agência Internacional de Energia calcula que a demanda de energia global aumentará 50% em meados do século, estimulada sobretudo pelo crescente acesso à internet dos países em desenvolvimento. Diante disso, a ONU quer que a energia necessária aos mais pobres venha de fontes limpas, e não da queima de combustíveis fósseis, o que é essencial para que o planeta permaneça habitável.
Segundo Ban Ki-moon, “temos que disseminar exemplos de energia limpa, precisamos de inovações que possam ser aplicadas nos países em desenvolvimento. Precisamos de parcerias com o setor privado. Precisamos de lideranças visionárias. Acabar com a pobreza energética é só metade da equação”. 
"Nosso planeta está superaquecido. Precisamos desligar o termostato global. O Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas afirma que as emissões de gases do efeito-estufa precisam ser reduzidas pela metade até 2050 para que se mantenham as temperaturas nos níveis pré-industriais”.
E qual é a urgência de optarmos por fontes limpas de energia em detrimento dos combustíveis fósseis para alimentar o crescimento nas próximas décadas?
"Segundo a Agência Internacional de Energia”, alertou Ban Ki-moon, “estamos chegando a um ponto irreversível”

Fonte: Jornal do Meio Ambiente

segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

Para que o FSM se integre na construção do outro mundo possível

Por Emir Sader
Onze anos depois da sua primeira versão, o Forum Social Mundial volta a seu berço, Porto Alegre. Volta como Forum Social Temático, mas com todas as possibilidades de que daqui a um ano possa voltar a abrigar o Forum Social Mundial.

O mundo mudou desde então – e como? A avaliação do FSM não deve ser feita a partir de si mesma, mas da capacidade de responder aos desafios que as transformações do mundo impõe desde seu início.

O FSM foi organizado como reflexo das lutas de resistência ao neoliberalismo, que teve na década de 90 seu auge. Constituiu-se inicialmente no grande espaço que reunia a todos os que se opunham ao neoliberalismo, sob o lema da construção do “Outro mundo possível”. Porém, não soube transformar-se para se adequar aos novos tempos – tempos de construção de alternativas ao neoliberalismo e tempos de guerras imperiais.

A aparição do FSM já se deu entre a eleição do primeiro governo antineoliberal na America Latina – o de Hugo Chavez, em 1998 – e os atentados nos EUA – no mesmo ano de 2001. Esses dois acontecimentos, que poderiam ampliar a ação do FSM, acabaram definindo seus limites e revelando como o engessamento inicial imposto pelas ONGs que até hoje tem hegemonia no FSM, tenham sido fatais para os destinos do Forum.

A definição inicial de exclusão dos partidos significava também a exclusão da política, dos Estados, do imperialismo, entre outros temas da esfera da política. A eleição de Hugo Chavez apenas dava inicio à serie de presidentes latino-americanos na mesma onda posneoliberal – o fenômeno mais importante da América Latina na década passada, assim como para a construção do “Outro mundo possível”, dado que no continente estão todos os governos que pretendem superar o modelo neoliberal.

Desconhecer essa virada foi fatal para o FSM, que se isolou diante dos mais importantes acontecimentos da década. Foi convocador fundamental das gigantescas manifestações contra a intervenção militar no Iraque, mas não fez balanço delas e menos ainda deu continuidade a elas, até porque temas como imperialismo guerra, etc.. estão inevitavelmente na órbita de Estados, da politica, em que o FSM se autolimitou para intervir.

Teve a presença de presidentes como Chavez, Lula, Evo, Lugo, Rafael Correa – mas os manteve em atividades paralelas, marginais. O FSM, sempre sob controle de ONGs, se automarginalizou assim dos processos reais para os quais tinha nascido.

De que forma é possível regulamentar a circulação do capital financeiro, sem Estado e governo? Como é possível garantir direitos que o neoliberalismo tinha expropriado, senão através de Estados e de governos? Como é possível superar o Estado mínimo do neoliberalismo, sem Estados e governos? Em suma, o formato a que o FSM se condenou no começo, o levou ao engessamento e à incapacidade de acompanhar a evolução da luta pela superação do neoliberalismo. Para as ONGs pode ser bom que que o FSM seja apenas um lugar de troca de experiências, mas isso fez com que já exista uma nova geração de jovens – os indignados na Europa, os Ocupas nos EUA, na Inglaterra, os pinguins no Chile, os rebelados no mundo árabe – que nem sabe da existência do FSM.

O FSM hoje deveria ser um espaço para que os governos progressistas latino-americanos discutissem com os movimentos sociais dos diferentes países os problemas que tem enfrentado com óticas distintas, seja na Bolívia, no Equador, no Brasil, na Venezuela, no Uruguai, no Paraguai, para dar alguns exemplos. Mas para isso o FSM teria que mudar seu formato, incorporar todas as forças que estão construindo alternativas ao neoliberalismo e mudar a composição das suas direções, deixando para as ONGs um papel secundário e entregando para os movimentos sociais o protagonismo essencial.

Isto pode fazer com que o FSM ganhe, a partir do próximo ano, em Porto Alegre, o lugar que perdeu ao longo do tempo e possa ser o espaço contemporâneo de construção do outro mundo possível.

Fonte: Carta Maior

Desmatamento revela desenhos no solo da Amazônia


Foto: Douglas Engle/The New York Times Ampliar
Vista aérea de fazenda perto de Rio Branco, no Acre
Edmar Araújo ainda se lembra do pavor que sentiu. Algumas décadas atrás, enquanto limpava árvores no terreno de sua família, localizado perto da cidade de Rio Branco, um local isolado em um dos cantos do oeste da Amazônia brasileira, ele se deparou com uma série de avenidas de barro esculpidas no solo.
"Estas fileiras eram muito perfeitas para terem sido feitas por um homem", disse Araújo, um pecuarista de 62 anos de idade. "A única explicação que eu conseguia imaginar era que elas eram trincheiras que foram cavadas durante a guerra contra os bolivianos."
Mas estas não eram trincheiras, pelo menos não serviram para nenhum conflito que possa ter ocorrido aqui durante o século 20. De acordo com descobertas arqueológicas feitas na região nos últimos anos, as escavações nas terras de Araújo e centenas como ela em regiões próximas são muito mais antigas do que isso e podem melhorar potencialmente nossa compreensão da maior floresta tropical do mundo.
O desmatamento que atingiu a Amazônia nos anos 70 também expôs um segredo escondido há muito tempo debaixo desta floresta de grande espessura: formas geométricas perfeitamente desenhadas que abrangem centenas de metros de diâmetro.
Alceu Ranzi, um estudioso brasileiro que ajudou a descobrir os quadrados, octágonos, círculos, retângulos e formas ovais que compõem as esculturas de terra, disse que esses geoglifos encontrados em terras desmatadas são tão significativos quanto as famosas linhas de Nazca, os símbolos enigmáticos de animais que são visíveis quando avistados do alto no sul do Peru.
 
"O que mais me impressionou sobre esses geoglifos foi sua precisão geométrica e como eles estavam escondidos em uma floresta que até então nos parecia ser intocada à exceção de algumas tribos nômades que haviam habitado a região”, disse Ranzi, paleontólogo que viu pela primeira vez os geoglifos na década de 70 e, anos mais tarde, observou-os de avião.
Para alguns estudiosos da história humana na Amazônia, os geoglifos existentes no Estado brasileiro do Acre e em outros sítios arqueológicos sugerem que as florestas da Amazônia ocidental, anteriormente considerada inabitável por sociedades mais sofisticadas, em parte por causa da qualidade de seus solos, pode não ter sido tão "Inabitável", como alguns ambientalistas afirmam.
O escritor americano Charles C. Mann explica que ao invés de ter permanecido uma floresta virgem, quase não habitada por pessoas, partes da Amazônia podem ter sido locais aonde grandes populações viviam em dezenas de cidades interligadas por redes de estradas. Na verdade, de acordo com Mann, o explorador britânico Percy Fawcett desapareceu em 1925 em sua busca pela "Cidade Z", que supostamente existia na região de Xingu.
Além de partes da Amazônia terem sido "muito mais densamente povoadas do que se pensava", Mann, o autor de "1491", um livro inovador que fala a respeito das Américas antes da chegada de Colombo, disse que "estas pessoas propositadamente modificavam seu ambiente de uma maneira que pudesse ser duradoura."
Como consequência das vastas regiões habitadas por humanos, é possível que as florestas da América do Sul possam ter sido muito menores durante certos períodos, com grandes áreas vazias semelhantes às savanas.
Tais revelações não se encaixam confortavelmente com os debates políticos atuais a respeito do desenvolvimento da região, em que alguns ambientalistas se recusam a permitir que a pecuária e o cultivo da soja em larga escala, por exemplo, avance ainda mais para outras regiões da Amazônia.
Os cientistas também dizem se opor à queima indiscriminada das florestas, mesmo que a pesquisa sugira que a Amazônia tenha sustentado uma agricultura intensiva no passado. Na verdade, dizem que outras regiões dos trópicos, especialmente a África, poderiam se beneficiar de estratégias antes utilizadas na Amazônia para superar as limitações do seu solo.
"Se alguém quiser recriar a Amazônia da era pré-colombiana, a maior parte da floresta precisa ser destruída, ser populada por muitas pessoas e ter uma agronomia altamente produtiva", disse William Woods, geógrafo da Universidade de Kansas, que faz parte de uma equipe que está estudando os geoglifos do Acre.
"Eu sei que isso não terá uma boa repercussão com os ambientalistas", disse Woods, "mas o que mais se pode dizer à respeito?"
Enquanto os pesquisadores tentam entender a história ecológica da Amazônia, mistério ainda envolve as origens dos geoglifos e as pessoas responsáveis por eles. Até agora, 290 obras escavadas foram encontradas no Acre, junto com cerca de 70 outras na Bolívia e 30 nos Estados brasileiros do Amazonas e Rondônia.
Os primeiros pesquisadores descobriram os geoglifos na década de 1970, depois que a ditadura militar brasileira incentivou colonos a se mudarem para as regiões do Acre e da Amazônia, apoiados pelo slogan nacionalista "Ocupar para não entregar", para justificar o povoamento da área que resultou no desmatamento.
Porém, a comunidade científica demonstrou pouco interesse na descoberta até que o cientista brasileiro Ranzi começou suas pesquisas na década de 1990, e pesquisadores brasileiros, finlandeses e americanos começaram a encontrar mais geoglifos usando imagens de satélite de alta resolução e de pequenos aviões que sobrevoavam a Amazônia .
Denise Schaan, arqueóloga da Universidade Federal do Pará no Brasil, que agora lidera a pesquisa dos geoglifos, disse que testes de radiocarbono indicam que elas foram construídas de 1.000 a 2.000 anos atrás, e podem ter sido reconstruídas várias vezes durante esse período.
Inicialmente, disse Schaan, os pesquisadores consideraram a ideia destas trincheiras serem utilizadas para a defesa contra ataques devido a sua profundidade de quase 7 metros. Mas a falta de provas de que houvesse acorrido algum tipo de assentamento humano dentro e ao redor das trincheiras fizeram com que essa teoria fosse descartada.
Os pesquisadores agora acreditam que os geoglifos podem ter tido uma importância cerimonial, similar, talvez, as catedrais medievais da Europa. Este papel espiritual, disse William Balée, um antropólogo da Universidade de Tulane, pode ter envolvido a "geometria e gigantismo".
Ainda assim, os geoglifos, que fazem parte da cultura andina e amazônica, permanecem um enigma.
Eles estão longe de assentamentos pré-colombianos descobertos em outras partes da Amazônia. Há também grandes dúvidas sobre os povos indígenas que habitaram esta parte da Amazônia na época, já que milhares foram escravizados, mortos ou expulsos de suas terras durante a era da exploração da borracha, que começou no final do século 19.
Para os pesquisadores e cientistas brasileiros, disse Schaan, as trincheiras são "uma das descobertas mais importantes do nosso tempo." Mas o repovoamento desta parte da Amazônia ameaça a sobrevivência dos geoglifos, após de terem permanecido escondidos durante séculos.
Florestas ainda cobrem a maior parte do Acre, mas nas áreas desmatadas onde os geoglifos se encontram, já foram construídas algumas estradas de terras. Pessoas vivem em barracos de madeira dentro de outros. Postes de eletricidade agora fazem parte da paisagem dos geoglifos. Alguns fazendeiros usam suas trincheiras como buracos para que seu gado possa beber água.
"É uma vergonha que nosso patrimônio seja tratado dessa maneira", disse Tiago Juruá, o autor de um novo livro sobre como proteger os sítios arqueológicos, incluindo os geoglifos.
Juruá, um biólogo, assim como outros pesquisadores, diz que os geoglifos encontrados até agora são, provavelmente, apenas uma amostra do que as florestas do Acre ainda guardam sob sua copa. Afinal, segundo eles, existe hoje o menor número de pessoas habitando a região da Amazônia, menos até do que antes da chegada dos europeus há cinco séculos.
"Esta é uma nova fronteira para os exploradores e para a ciência", disse Juruá. "O desafio agora é fazer mais descobertas nas florestas que ainda estão de pé, com a esperança de que elas não irão em breve ser destruídas."

Fonte: Jornal do Meio Ambiente

Agricultura sustentável e segurança alimentar

Após as discussões na COP17 sobre mudanças do clima, seus impactos em países menos desenvolvidos e os riscos para a produção agrícola, um grupo de especialistas internacionais em agricultura publica na edição de hoje (20) da revista Science o artigo “What Next for Agriculture After Durban?” (Como Ficará a Agricultura após Durban?). O texto aponta a segurança alimentar como pauta importante a ser debatida nas negociações climáticas de 2012.

Um dos autores é o Dr. Carlos Nobre, secretário de Políticas e Programas de Pesquisa e Desenvolvimento do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação. Ele destaca como motivação à elaboração do artigo a criação de um novo paradigma de agricultura, a agricultura sustentável. “A agricultura tem sido voltada para atender necessidades de mercado, com alta produtividade e baixos custos, mas essa prática impacta o meio ambiente. A agricultura sustentável proporciona maior segurança alimentar, pois não deixa de cumprir o papel econômico e ainda garante alimento de qualidade para todos, baixo impacto ambiental, além de ser mais resistente às mudanças do clima”, explica.

Modificar o paradigma mundial da agricultura de mercado para a sustentável também é um convite aos pesquisadores da área, pois a ciência tem papel fundamental e é capaz de influenciar políticas públicas. “Ciência e cientistas precisam melhorar a comunicação com sociedade e tomadores de decisões para mostrar que isso é possível”, afirma Nobre. Os autores também consideram a necessidade de aumentar a produção de pesquisa integrada sobre práticas agrícolas sustentáveis mais adequadas às “diferentes regiões, sistemas de produção agrícola e paisagens”, especialmente nos países com baixo nível de renda, onde as mudanças climáticas representam o maior desafio. De acordo com o artigo, cientistas precisam de mais espaço para assegurar um diálogo esclarecido sobre perigos das mudanças climáticas para a segurança alimentar. “Ainda falta ao cientista dessa área adotar de maneira mais abrangente o novo paradigma da agricultura sustentável”, conclui o secretário.
 
Fonte: Jornal do Meio Ambiente

domingo, 22 de janeiro de 2012

Cooperativas priorizarão investimentos na conservação da água

O presidente da Organização das Cooperativas do Estado de Santa Catarina (Ocesc), Marcos Antônio Zordan, convocará para essa tarefa as 53 cooperativas agropecuárias que reúnem 63.291 famílias rurais.

As estiagens que todos os anos assolam o território catarinense e a oferta de recursos federais e estaduais são as motivações que levam a OCESC e as cooperativas a priorizar agora os programas de investimentos na conservação da água.

O governo anunciou nesta semana 10 milhões de reais em cotas-extras de financiamento do programa juro-zero para agricultura e piscicultura do Fundo de Desenvolvimento Rural da Secretaria de Estado da Agricultura e da Pesca a serem aplicados em sistemas de captação e armazenagem da água da chuva e irrigação pelos agricultores dos municípios atingidos pela estiagem.

Além disso, o Governo do Estado, o Ministério da Agricultura e o BRDE firmaram acordo disponibilizando 6 milhões de reais para financiamentos de sistemas de captação de água e irrigação aos agricultores, com juros de 6,75% ao ano e prazos para pagamento de até doze anos.

Uma terceira medida foi a assinatura de termo de cooperação técnica entre a Secretaria da Agricultura de SC e as agroindústrias para incentivos a investimentos em construção de cisternas destinadas à captação de água da chuva em telhados de granjas de suínos, aves e pecuária de leite, visando o suprimento para uso nas propriedades rurais.

Um dos entusiastas dessa linha de investimentos é o presidente da Coopercentral Aurora, Mário Lanznaster. Ele acredita que com investimentos entre 15 mil e 20 mil reais é possível construir coletores e cisternas para armazenamento de água. Os aviários típicos do grande oeste catarinense – edificações rurais com 100 metros de comprimento por 12 de largura – têm telhados com área superior a 1.500 metros quadrados. Essa cobertura permite coletar até 24.000 litros de água por ano, considerada a precipitação pluviométrica média entre 1.200 e 1.560 mm/ano. Essa reserva pode ser empregada na dessedentação dos animais e na irrigação de cultivares.

Pelo menos um quarto da base produtiva da Coopercentral Aurora – formada por 9.000 produtores de leite, 1.800 criadores de suínos e 1.600 avicultores – deve aderir ao programa de conservação de água.  Na próxima semana iniciam as reuniões com técnicos das cooperativas para definição das ações a campo.

EFICIÊNCIA

O presidente da Ocesc mostra que as cooperativas agropecuárias se transformaram, nos últimos 60 anos, em instrumentos de fortalecimento da renda e melhoria da qualidade de vida das famílias rurais, o que resulta no controle do êxodo rural e no desenvolvimento das comunidades urbanas e agrícolas.

Zordan realça que as cooperativas prestam assistência técnica, educacional e social, recolhem e processam a produção, prospectam mercados e obtêm o melhor resultado financeiro para a atividade. Enfim, acompanham os produtores rurais em todas as atividades, dando-lhe segurança e tranquilidade. Por isso, terão maior sucesso na  orientação dos produtores rurais para a implementação do programa de poços, açudes  e cisternas.

Fonte: Jornal do Meio Ambiente

sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

Mudanças climáticas e desmatamento já alteram Amazônia

Foto: Getty Images Ampliar
Amazônia em transição: mudança no uso do solo pode ter consequencias globais
A bacia Amazônica está passando por uma transição e pode, em breve, deixar de ser um absorvedor de carbono e se tornar uma fonte. Foi identificado que a expansão agrícola e as mudanças climáticas estão provocando problemas na região.  Pesquisadores afirmam que desmatamento, fogo e secas estão potencializando as perdas de estoque de carbono, além de alterar os padrões de chuva na região.  O processo de transição já começou no Sul, Sudoeste e Sudeste da Amazônia, a parte Oeste da região permanece parcialmente preservada.
A questão já foi observada e vinha sendo debatida há alguns anos, mas esta é a primeira vez que um grupo de pesquisadores do Brasil, Europa e Estados Unidos faz uma revisão sobre o assunto e  publica artigo em um periódico científico. Os pesquisadores revisaram os dados do Programa Brasileiro de Pesquisas sobre as Interações Biosfera-Atmosfera na Amazônia (LBA), que desde 2007, que produziu cerca de cem projetos de estudo na região.

De acordo com Paulo Artaxo, pesquisador do Instituto de Física da Universidade de São Paulo e um dos autores do estudo publicado na Nature, “o importante é perceber que o Brasil precisa se estruturar para preservar aquela região”.
O documento também afirma que estão ocorrendo alterações no fluxo de água e na sedimentação dos rios, além do prolongamento da estação de seca no Sul e leste da Bacia Amazônica.
Trata-se de um processo complexo de transição de um ecossistema que tem como principal causa a mudança no manejo do solo provocada pelo crescimento da agricultura, pecuária, atividade madeireira e crescimento populacional na região. Para se ter uma ideia, em 1960, a população na Amazônia brasileira era de 6 milhões, em 2010 este número já era de 25 milhões. A cobertura de floresta diminuiu para 80% do que era.
Esta transição de absorvedor de carbono para fonte de carbono está ligada ao desmatamento. O fato é que florestas em crescimento tendem a absorver o carbono da atmosfera por causa do processo da fotossíntese. Porém, com o corte de árvores ocorre a liberação do carbono que estava armazenado - além da perda de uma árvore para fazer a fotossíntese e absorver carbono.
Atualmente, os rios amazônicos são responsáveis por 20% da água doce do mundo e a floresta armazena 100 bilhões de toneladas de carbono, o que equivale ao valor de 10 anos de emissões de combustíveis fósseis.

“Este processo afeta toda a mudança climática global. É ainda difícil dizer quanto a floresta Amazônica afetaria as mudança climática no planeta, pois é difícil prever o quanto ela será desmatada”, disse ao iG Artaxo. O pesquisador afirma que embora haja uma grande preocupação, há um decréscimo no desmatamento no país. “Em 2005, o desmatamento foi de 27 mil km2. Já em 2011, foi de 6 mil km2. É uma redução considerável. Porém o governo brasileiro precisa estruturar políticas para preservar a floresta que está de pé”.

Fonte: Jornal do Meio Ambiente

terça-feira, 17 de janeiro de 2012

Instituições de pesquisa americana e brasileira se juntam em favor da biodiversidade

Duas importantes instituições de pesquisa estão recebendo propostas sustentáveis para programas ligados a biodiversidade, a Fapesp e a National Science Foundation (NSF), dos EUA. Os projetos selecionados podem levar quatro milhões de dólares.
As propostas devem contribuir para o programa Biota da Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo), que é um Programa de Pesquisas em Caracterização, Conservação, Recuperação e Uso Sustentável da Biodiversidade e ao programa Dimensions of Biodiversity da NSF, que apóia pesquisas relacionados  aos genes, espécies e ecossistemas.
Todas as pesquisas que possam cooperar com tais projetos serão analisados pelas entidades, mas apenas dois projetos serão selecionados. As propostas devem atender as três dimensões da biodiversidade: Genética, Taxonomia/Filogenética e Funcional.
“O programa Biota-Fapesp tem estudado há 13 anos a biodiversidade em São Paulo, gerando importantes resultados científicos e contribuindo com a legislação e com as políticas públicas de conservação. O lançamento do programa Dimensions of Biodiversity, da NSF, criou um canal para a colaboração científica entre pesquisadores dessa área do conhecimento no estado e nos Estados Unidos”, disse o diretor científico da entidade, Carlos Henrique de Brito Cruz.
 Os pesquisadores interessados em participar devem estar associados a instituições de ensino superior e de pesquisa no estado de São Paulo. Precisam ter doutorado ou uma especialização equivalente. Além disso, os interessados devem atender aos requisitos exigido aos pesquisadores de Projetos Temáticos da Fapesp.
O objetivo da NSF é estudar a biodiversidade, o funcionamento dos ecossistemas e do bem-estar humano, por isso lançaram este programa que estimula a compreensão de tais aspectos. As propostas serão recebidas até o dia 28 de março de 2012. Com informações do Globo Rural.

Fonte: Jornal do Meio Ambiente

Debates da Rio+20 devem destacar economia verde como alternativa mundial

Brasília –  O governo brasileiro pretende aproveitar os debates da Conferência Rio+20 para destacar, como alternativa mundial, o desenvolvimento da economia verde por meio de incentivos à melhoria da qualidade de vida das populações, erradicando a pobreza e estimulando a sustentabilidade. Essa alternativa deve ser associada aos programas de transferência de renda, como os adotados no país, e aos números positivos da economia nacional.
Uma das preocupações do governo brasileiro é incluir essa determinação no documento final, no qual estarão definidas as metas para o desenvolvimento sustentável nas próximas duas décadas e que serão adotadas por todos os participantes da Rio+20. A ideia é aprovar um documento como o definido pelas Nações Unidas, em 2000, quando foram estabelecidas as Metas do Milênio.
No documento Metas do Milênio, da Organização das Nações Unidas (ONU), os objetivos se concentraram nos seguintes pilares: combate à fome e à pobreza, educação básica de qualidade para todos, igualdade entre sexos e valorização da mulher, redução da mortalidade infantil, melhoria da saúde das grávidas, combate à aids e à malária, estímulo ao respeito ao meio ambiente e incentivo ao trabalho pelo desenvolvimento.
Os ex-presidentes da República Luiz Inácio Lula da Silva, Fernando Henrique Cardoso, Fernando Collor de Mello e José Sarney (PMDB-AP), presidente do Senado, foram convidados a participar das discussões na conferência, a exemplo do que ocorreu em março do ano passado, durante a visita do presidente dos Estados Unidos, Barack Obama.

Fonte: Agência Brasil

ANP vai incentivar uso de diesel menos poluente ao meio ambiente

Brasília – Há duas semanas está no mercado nacional o novo diesel S-50 - com limite de 50 partes por milhão (ppm) de enxofre - menos poluente do que os demais combustíveis da mesma família. A utilização do diesel S-50 atende a uma demanda ambiental.
O diretor da Agência Nacional de Petróleo (ANP), Allan Kardec Duailibi, disse em entrevista ao programa Revista Brasil, da Rádio Nacional, que foi ao ar no último dia 13, que três tipos de diesel são comercializados no Brasil. O esforço a partir de agora, entretanto, será no sentido de incentivar a venda do diesel S-50, menos poluente. Segundo ele, os veículos mais antigos também poderão utilizar o novo diesel. Já os novos serão fabricados para utilização somente dos combustíveis do tipo S-50.
O presidente do Sindicato Nacional das Empresas Distribuidoras de Combustíveis e de Lubrificantes (Sindicom), Alísio Vaz, disse que já existem 1.200 postos associados com o novo diesel. “No Brasil, tem mais postos do S-50 do que veículos para consumir esse tipo de combustível, porque o uso efetivo de novos caminhões não será imediato. Ainda há muitos veículos acumulados no pátio [das montadoras]”, disse.
Ele acrescentou ainda que as expectativas do mercado são positivas, o que deverá colocar o Brasil no mesmo nível dos países desenvolvidos no que se refere à qualidade do combustível, utilizado em território nacional.
“Para chamar a atenção dos consumidores e dos [proprietários de] postos de combustíveis, a ANP distribuiu adesivos alertando o consumidor para quem pode abastecer usando o S-50. O Sindicom, também vai entregar cartilhas orientando os revendedores de combustíveis”, disse Duailibi.
A substituição do diesel mais poluente, definida em 2002 pelo Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama), deveria ter entrado em vigor em 2009, mas só começou a sair do papel depois da intervenção da Justiça.
Para 2013, o acordo prevê a substituição do S-50 por uma versão de diesel com teor de enxofre ainda menor, o S-10, com limite de 10 ppm de enxofre.

Fonte: Agência Brasil

segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

Desenvolvimento do país depende da educação, diz presidenta

Brasília – A presidenta Dilma Rousseff disse hoje (16) que o desenvolvimento do país depende da educação. No programa semanal Café com a Presidenta, ela destacou a democratização do acesso ao ensino superior por meio do Sistema de Seleção Unificada (Sisu) e do Programa Universidade para Todos (Prouni). Juntas, as iniciativas contabilizam mais de 300 mil vagas abertas desde o início do ano.
“O desenvolvimento do país depende da educação e por isso esses programas são tão importantes, são tão estratégicos para o jovem, para a sua família e, sobretudo, para o Brasil”, disse. “Nossa intenção é garantir a todos os jovens que queiram frequentar a universidade uma chance, uma oportunidade”, completou.
Dilma lembrou que o Fundo de Financiamento Estudantil (Fies) permite que o estudante financie até 100% da mensalidade, com juros de 3,4% ao ano. O programa prevê ainda que o aluno só comece a pagar o empréstimo um ano e meio após o término da faculdade. O prazo é três vezes mais que a duração do curso.
Além disso, segundo a presidenta, jovens que optarem por cursos de licenciatura ou de medicina e que forem trabalhar dando aulas em escolas públicas ou atendendo pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS) em locais em que há carência de médicos poderão ter o débito do Fies reduzido.
“A educação é a principal ferramenta para a conquista dos sonhos de cada um e também para que o Brasil continue crescendo, distribuindo renda, para que seja um país de oportunidade para todas as pessoas. Nada é mais importante que a educação quando se trata de distribuição de renda e de garantia de futuro”, concluiu Dilma.

Fonte: Agência Brasil

Corte de metano e fuligem 'esfriaria' Terra

Uma ação abrangente para combater a emissão do gás metano e a poluição por fuligem reduziria o aquecimento global de 2,2ºC para 1,7ºC em 2050, indica um novo estudo liderado pela Nasa (agência espacial americana).
Quase todas as medidas necessárias para isso, dizem os cientistas, teriam seus custos compensados ao evitar gastos em saúde pública e na agricultura.
Segundo o trabalho, publicado na revista "Science", se o planeta adotar 14 medidas contra essas substâncias (leia mais abaixo), combateria a mudança climática, evitaria mortes por doenças respiratórias e aumentaria a produtividade agrícola.
O documento inclui propostas que vão desde a substituição de fornos a carvão --grande fonte de poluição em países pobres-- até o controle do vazamento de metano em poços de petróleo.
Combater a emissão desse gás, que também é subproduto da agropecuária, ajudaria os próprios produtores rurais, porque o metano estimula o surgimento de ozônio em baixas altitudes, prejudicando a respiração das plantas.
A produção mundial de alimentos teria um incremento de 30 milhões a 130 milhões de toneladas se o ozônio derivado da poluição fosse reduzido indiretamente por meio do combate ao metano.
"As colheitas seriam o fator do qual países como o Brasil mais se beneficiariam", disse à Folha Drew Shindell, do Instituto Goddard, da Nasa, que liderou o trabalho.
"Em países como China e Índia, o principal benefício seria na saúde pública, porque o problema de poluição por fuligem é muito maior lá."
DIPLOMACIA
Segundo Shindell, como a maior parte dos países que tendem a se beneficiar são também grandes emissores de fuligem e metano, uma política eficaz não iria requerer um acordo internacional como aquele que o planeta está buscando contra o CO2 (dióxido de carbono), principal vilão do aquecimento global.
"No caso do combate a essas outras substâncias, temos mais chance de progresso se ele for implementado por ações locais", diz o cientista.
"Iniciativas globais, porém, podem estimular ações locais, como o financiamento de bancos de desenvolvimento para alguns projetos."
Mesmo não tendo potencial de aquecimento no longo prazo, a fuligem contribui para a mudança climática, sobretudo quando se acumula sobre a neve e o gelo em regiões frias. De cor escura, ela atrapalha a capacidade da água congelada de refletir radiação para fora da Terra.
Já o metano é o gás-estufa mais forte, apesar de não ser o mais abundante.
O combate a esses dois poluentes, porém, não serviria como compensação para o atraso do planeta em reduzir as emissões de carbono.
"Se adiarmos mais o acordo do clima, mesmo acabando com todo o metano e a fuligem, veríamos um enorme aumento no aquecimento, causado só pelo CO2, na segunda metade do século."
CONTRA O METANO
1. Estender técnicas que evitam o vazamento de gás em minas de carvão
2. Eliminar as perdas e queimar o gás que hoje escapa de poços de petróleo
3. Reduzir vazamentos em gasodutos
4. Separar o lixo biodegradável para reciclagem, compostagem e uso da biomassa
5. Aprimorar o tratamento de esgoto para capturar o metano que escapa das estações
6. Controlar emissões da pecuária usando um tratamento especial para o esterco
7. Arejar as plantações de arroz para reduzir as emissões em plataformas alagadas
CONTRA A FULIGEM
1. Substituir a frota de veículos muito antigos que emitem poluição demais
2. Instalar filtros especiais nos veículos a diesel
3. Banir a queima de resíduos de agricultura ao ar livre
4. Substituir fornos a lenha por fornos a gás ou combustíveis de queima limpa
5. Levar aos países pobres a tecnologia de fornos por queima de biogás
6. Substituir tijolos de barro por vigas verticais ou por tijolos de fornos mais eficientes
7. Substituir fornos a queima de coque (subproduto do carvão) por fornos mais eficientes

Fonte: Folha de São Paulo