Economista, Especialista em Economia e Meio Ambiente pela Universidade Federal do Paraná e Graduando em Estatística, também, pela Universidade Federal do Paraná.

domingo, 31 de março de 2013

Safra à frente da Logística

Volume de soja e milho desta safra deve somar 155 milhões de toneladas, marca que, nas projeções oficiais, só seria alcançada em 2020
Aerea1


Terceiro maior exportador de alimentos do mundo, o Brasil é o país que tem mais condições de ampliar produção e atender à crescente demanda internacional, conforme a Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO). Na última safra, de fato, o país avançou dez anos em um. Pelo menos na comparação do volume da colheita de soja e milho com as previsões oficiais.

Na temporada 2011/12 o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) publicou um estudo que previa que a produção brasileira de soja e milho cresceria em média 2% ao ano em uma década, chegando a 159,3 milhões de toneladas no ciclo 2021/22. Apenas um ano depois, na temporada 2012/13, a safra nacional dos dois grãos alcança a marca de 155,2 milhões de toneladas – 81,6 milhões de toneladas de soja e 73,6 milhões de toneladas de milho, conforme estimativa da Expedição Safra Gazeta do Povo. Para bater a meta oficial, faltam apenas 4 milhões de toneladas. Na temporada atual, a produção brasileira de soja e milho avançou, de uma vez só, 15 milhões de toneladas.

Além de produzir mais, o Brasil também ocupa posição de destaque no mercado internacional. Depois de assumir, na safra passada, a liderança mundial nas exportações de soja, deve subir ao topo do pódio no mercado de milho neste ano. Porém, tão difícil quanto chegar é manter-se lá.

O momento é uma encruzilhada. Para ser competitivo e sustentar a posição de destaque assumida em 2012, o setor terá de vencer uma série de desafios internos, impostos por anos de falta de planejamento e ausência de políticas de longo prazo, dizem os especialistas. “Precisamos pensar não no agora ou daqui cinco anos, mas num horizonte muito maior”, afirma Aedson Pereira, da Informa Economics FNP.

“O campo tem uma capacidade de resposta muito rápida. Mas a logística ficou parada. Isso compromete a competitividade do Brasil”, sustenta Marcos Jank, especialista em agronegócio e bioenergia. “Nossa capacidade de armazenagem e escoamento há anos não acompanha o crescimento da produtividade”, concorda o analista Steve Cachia, da Cerealpar. Pereira avalia que dificilmente a produção brasileira manterá o crescimento exponencial que apresentou nos últimos anos porque não tem suporte logístico para que isso ocorra.

Fonte: Gazeta do Povo

Brasil erra ao não focar na indústria

Desindustrialização não é consenso entre analistas. Mas a retomada do setor é ponto determinante para o crescimento da economia.

A queda da participação da indústria da transformação no Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro vem desde a década de 1980 – de uma média de 33% das riquezas para 16%, nos últimos dez anos. O fato, somado ao avanço do setor de serviços para quase 70% do PIB em 2012, evidenciaria o fenômeno da desindustrialização, um processo normal de transição de base econômica em um país, não fossem algumas particularidades brasileiras. Para analistas, o Brasil não está preparado para ser “desindustrializado”, e continuará a crescer a passos de tartaruga se não trocar o modelo de incentivo ao consumo interno pelo de investimento e desenvolvimento da indústria.

A principal particularidade que diferencia a desindustrialização brasileira do padrão descrito nos livros de Economia, segundo Gilmar Mendes Lourenço, economista e diretor-presidente do Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social (Ipardes), está no fato de a indústria do país não ter completado o terceiro estágio de sua evolução – aquele em que a atividade fica baseada no uso de insumos petroquímicos e na manufatura e com alto nível de conhecimento tecnológico próprio.

Parte desse descompasso, conforme o economista e professor da USP de Ribeirão Preto Luciano Nakabashi, teria começado nas décadas de 1980 e 1990, com o colapso do modelo de substituição de importações – a tentativa de se produzir tudo no Brasil. Esse processo teria colaborado para “inchar” a indústria brasileira no período, tornando-a excessivamente grande em relação ao PIB e pouco competitiva externamente – o que também ajuda a explicar o seu retrocesso anos mais tarde.

A outra parte do descompasso vem de fatores que ajudaram a formar a nova classe média brasileira nos últimos anos e que tomam o sentido oposto ao adotado por outros emergentes de maior sucesso, especialmente os asiáticos: valorização cambial, infraestrutura precária, alta carga de impostos e uma renda sustentada no aumento do consumo e do salário mínimo, sem grande melhora na produtividade.

Valor agregado

O papel da indústria é importante porque ela ainda é o setor da economia com maior poder de encadeamento – de trazer o restante da economia consigo – e de gerar produtos e emprego de maior valor agregado a partir de uma base concreta: conhecimento e produção tecnológica. O crescente setor de serviços tem gerado, por enquanto, uma base de emprego pouco qualificada e de baixa remuneração.

Foco

Mais que a necessidade de se fazer as reformas estruturais necessárias, especialmente a tributária, e de se promover os investimentos públicos e privados, os analistas sugerem que é preciso focar. “Não podemos querer produzir todos os bens industriais no Brasil. Temos de focar em alguns segmentos mais dinâmicos para que sejamos competitivos internacionalmente nestes. Ou seja, a política de conteúdo nacional [adotada hoje] é uma estratégia que acaba tornando nossa indústria menos competitiva”, opina Nakabashi.

2013 será melhor, mas sem bonança

A maioria das expectativas indica que, após a retração de 2012, a indústria nacional terá um ano melhor em 2013. Analistas dizem que a maioria dos segmentos já ajustou estoques e os investimentos devem ser retomados.

Mas isso não quer dizer que o ano será de bonança. Para o Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi), a perspectiva é de crescimento modesto, em torno de 2,5%.

Isso porque os números recentes de produção e emprego industrial não animam. Os dois indicadores têm se mostrado descolados um do outro. De dezembro para janeiro, a apuração mensal do IBGE mostra que o número de ocupados na indústria ficou estável, ante uma expansão de 2,5% da produção.

“Se ele [o emprego] se mostrou mais resistente no passado, quando a produção recuava fortemente, agora que a atividade industrial dá sinais de alguma recuperação não se vê uma reação do emprego no mesmo sentido”, afirmou o Iedi em relatório recente. Para o instituto, esse movimento deve ser tomado como uma indicação de que a indústria está longe de ter entrado numa trajetória de franca recuperação.

Produtividade

O diretor-presidente do Ipardes, Gilmar Mendes Lourenço, é ainda mais incisivo. Para ele, como a maior parte dos postos de trabalho criados entre 2000 e 2010 foi absorvida pela faixa de remuneração de até dois salários mínimos, com larga presença do setor de serviços – que paga, em média, salários 30% inferiores aos da indústria –, “a nação está condenada a ver minguar a sua produtividade e o seu potencial de geração de renda”.



Efeitos
Setor têxtil é o que mais sofre no Paraná
O cenário difícil de alta carga tributária e falta de infraestrutura, combinado à enxurrada de produtos asiáticos baratos que desembarcam por aqui, acertou em cheio a indústria têxtil brasileira e em especial a do Paraná, que tem o segundo maior polo do ramo no país.
Pelos dados da Fiep, a federação das indústrias, o gênero é o que sofreu a maior regressão nas vendas nos últimos dez anos. Elas caíram 73%, com a maior parte das empresas desistindo do comércio exterior. O número contrasta com nichos como o de veículos automotores e alimentos e bebidas, que avançaram bastante no mesmo período – 119% e 79%, respectivamente.
A indústria têxtil também tem um dos menores índices de uso da capacidade instalada do estado: 50%.
No início do mês, o presidente da Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit), Aguinaldo Diniz Filho, disse que a desoneração da folha de pagamento do setor – adotada em abril de 2012, dentro do programa Brasil Maior – não conseguiu reverter o cenário. Cerca de 7 mil pessoas teriam sido demitidas em 2012, ante 16 mil no ano anterior.
O setor busca mais desonerações e outras formas de valorizar sua produção. Um dos exemplos é o Paraná Bussiness Collection (PBC), que, em uma ação coordenada, realizou duas edições no ano passado para apresentar a moda produzida aqui.

Fonte: Gazeta do Povo

sexta-feira, 29 de março de 2013

Inflação deve superar centro da meta em 2013, diz BC


A inflação oficial, medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), deve fechar 2013 em 5,7%, acima do centro da meta estipulada pelo Banco Central, de 4,5%.
Os dados constam do Relatório de Inflação referente ao primeiro trimestre deste ano e divulgado nesta quinta-feira pela autoridade monetária.

A publicação do documento ocorreu um dia depois de a presidente Dilma Rousseff ter afirmado que não concordava com políticas de controle de inflação que prejudicassem o crescimento do país.
Horas depois, Dilma, que estava na cidade sul-africana de Durban para a cúpula anual dos Brics, grupo formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, disse que sua declaração havia sido manipulada pela imprensa.
A atual estimativa, de 5,7%, supera consideravelmente o índice com o qual o BC trabalhava no fim de 2012.
Na ocasião, a autoridade monetária previa que a inflação em 2013 seria de 4,8%.
Em 2011, o IPCA fechou exatamente no teto da meta (6,5%) e, no ano passado, foi de 5,84%.

Acima do teto da meta
No relatório, o BC também indica que, num período de 12 meses, a inflação terminará o primeiro trimestre de 2013 no teto da meta fixada pelo governo e deve superar tal patamar no segundo trimestre, atingindo 6,7%.
Segundo a autoridade monetária, o índice só começará a apresentar desaceleração no terceiro trimestre, quando deve bater 6%, fechando o ano em 5,7%.
Para 2014, a previsão do BC é de que o IPCA registre queda em relação a este ano. Porém, ainda assim, deve superar o centro da meta, fechando em 5,3%.
O documento também aponta que a economia deve crescer 3,1% neste ano, abaixo da previsão oficial do governo, que é de 4%.
No ano passado, o Produto Interno Bruto (PIB), a soma de bens e serviços do país, foi de 0,9%.

Fonte: BBC Brasil

Emergentes voltam a impulsionar avanço global, diz OCDE


As economias emergentes continuam a crescer em um ritmo “muito mais rápido” que o das avançadas, apesar das diferenças entre os países, diz um relatório publicado nesta quinta-feira pela OCDE (Organização para a Cooperação de Desenvolvimento Econômico).
Segundo o documento de atualização do cenário econômico, os emergentes voltarão a impulsionar o crescimento global em 2013.
A OCDE diz que Japão e EUA estão se recuperando da desaceleração do ano passado, mas o crescimento na zona do euro continua lento, com grandes diferenças entre os principais países.
O documento não cita especificamente o Brasil.

Fonte: BBC Brasil

quinta-feira, 28 de março de 2013

Aumento do juro é o melhor remédio para combater inflação, diz diretor do BC


BRASÍLIA, 28 Mar (Reuters) - O diretor de Política Econômica do Banco Central, Carlos Hamilton Araújo, afirmou que o aumento da taxa básica de juros é o melhor remédio para combater a inflação, num momento em que a escalada dos preços levou a autoridade monetária a piorar suas projeções de inflação para este e o próximo ano.

Em entrevista após a divulgação do Relatório Trimestral de Inflação, o diretor disse que há possibilidade de haver convergência para o centro da meta de 4,5% no fim de 2014, desde que medidas sejam tomadas, apesar das previsões do Banco Central apontarem em direção diversa.

No relatório, que contempla como hipótese de trabalho a Selic inalterada em 7,25%, a inflação ficará em 5,7% neste ano pelo cenário de referência, caindo para 5,3%, em 2014, e avançando para 5,4% no primeiro trimestre de 2015.

"É irrealista o cenário de convergência para a meta em 2013. Mas, em 2014, muita coisa pode ser feita para garantir que a convergência ocorra ao final do ano", disse o diretor aos jornalistas.

Ao ser questionado especificamente sobre o que poderia ser feito para garantir que esse processo culmine na convergência no fim do ano que vem, Carlos Hamilton escorou-se no ex-premiê britânico Winston Churchill: "Várias coisas podem ser feitas. Mas consta que certa oportunidade, Churchill disse que a democracia é o pior dos regimes, excetuando todos os outros. Para combater a inflação, o juro é o pior remédio, à exclusão dos demais. Mas sobre o que vai ser feito o Copom vai definir."

O diretor não fez referência direta aos efeitos defasados da política monetária, mas economistas acreditam que o reflexo de uma decisão sobre a taxa de juros leva cerca de nove meses para ser totalmente absorvida pela economia. Isso significa que mesmo que o BC eleve a Selic já na próxima reunião em abril, o efeito total seria sentido apenas em janeiro de 2014.

Dentro do mercado financeiro, a maioria dos agentes acredita que o BC manterá os juros em 7,25% ao ano na próxima reunião em abril, devendo elevar a taxa apenas no encontro de maio.

O Relatório reforçou a mensagem do comunicado divulgado após a última reunião do Copom repetindo que "o comitê irá acompanhar a evolução do cenário macroeconômico até sua próxima reunião, para então definir os próximos passos na sua estratégia de política monetária".

Política fiscal
Mesmo ao afirmar ser irreal a possibilidade de a inflação convergir para o centro da meta de 4,5% já neste ano, Carlos Hamilton disse que o cumprimento da meta cheia do superávit primário do setor público, estabelecido em R$ 155,9 bilhões, ou cerca de 3,1% do PIB, ajudaria no combate à inflação.

Mas, segundo ele, caso o governo faça um superavit primário de 2,2% do PI neste ano, o impacto no combate da alta de preços seria neutro, de acordo com o modelo introduzido pelo relatório de inflação.

O efeito nocivo viria no caso de o governo optar por fazer uma política expansiva. "A depender da execução fiscal, podemos ter uma política neutra que do ponto de vista da inflação não ajuda nem atrapalha, contorcionista que ajuda ou expansivos que não ajudaria, como tem sido recentemente", disse.

Para fazer essa classificação de contorcionista, neutra e expansivos, o Relatório de Inflação trouxe também um novo modelo de análise de política fiscal. Por ele, o BC desconsidera efeitos de despesas e receitas extraordinárias, além de alterações em receitas e despesas decorrentes da posição cíclica da economia.

Corte de impostos
O diretor de Política Econômica aproveitou também para minimizar o impacto das desonerações tributárias no controle da inflação, como a que reduziu o custo de energia elétrica e dos preços de produtos da cesta básica.

"As políticas de desoneração (...) sem dúvida tem impacto de curto prazo nos índices de preços. Mas como a alta é generalizada, o alcance da desoneração é limitado", afirmou o diretor.

Entre as causas desse aumento generalizado dos preços, ele destacou os alimentos, o aumento real dos salários nos últimos acima do ganho de produtividade e a desvalorização do real em relação ao dólar no ano passado.

"Evidências de que reajustes salariais acima dos ganhos de produtividade tendem a gerar pressões inflacionista", disse Carlos Hamilton, lembrando que a previsão para os próximos anos é de moderação nos aumentos.

Ele disse também que o cenário base do BC não aponta para aumento dos preços de alimentos este ano e que considera uma taxa de câmbio.

Fonte: UOL Economia

BC eleva projeção de inflação em 2013 para 5,7%


BRASÍLIA, 28 Mar (Reuters) - O Banco Central piorou todas perspectivas de inflação para este e para o próximo ano, admitindo, inclusive, que a alta dos preços vai estourar o teto da meta no período entre abril e julho no acumulado em 12 meses.

Segundo o Relatório Trimestral de Inflação, divulgado nesta quinta-feira, o IPCA ficará em 5,7 por cento neste ano pelo cenário de referência, ante previsão anterior de 4,8 por cento; e em 5,3 por cento em 2014, acima da estimativa anterior, de 4,9 por cento. O BC estimou ainda em 5,4 por cento a inflação de 12 meses no primeiro trimestre de 2015.

Em um momento em que economistas dizem que o BC precisa elevar o juro básico, hoje em 7,25 por cento ao ano, para conter as pressões inflacionárias, o relatório de inflação mostra que a autoridade monetária calculou haver um risco de 25 por cento de a alta dos preços ficar acima do teto da meta neste ano e de 24 por cento no ano que vem.

Segundo o BC, a inflação acumulada em 12 meses vai estourar o teto da meta no segundo trimestre deste ano, chegando a 6,7 por cento, mas a partir daí ela começará a ceder.

Na semana passada, o IBGE informou que o IPCA-15, prévia do indicador oficial, acumulou nos 12 meses encerrados em março alta de 6,43 por cento.

No relatório desta manhã, o BC prevê também que o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro deste ano crescerá 3,1 por cento.

PRÓXIMOS PASSOS

Para quem esperava uma sinalização mais clara do que pretende fazer a seguir para segurar a inflação, o BC preferiu reforçar a mensagem do comunicado divulgado após a última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), repetindo que "o comitê irá acompanhar a evolução do cenário macroeconômico até sua próxima reunião, para então definir os próximos passos na sua estratégia de política monetária".

Apesar da inflação pressionada, boa parte do mercado acredita que o BC manterá a taxa básica de juros na reunião de abril do Comitê de Política Monetária, deixando para elevá-la a partir de maio, para encerrar o ano a 8,50 por cento.

O presidente do BC, Alexandre Tombini, tem reforçado que, se necessário, ações de política monetária podem ser tomado e que, só a mudança na mensagem já trouxe "mudança relevante nas condições financeiras de modo geral".

Fonte: Reuters Brasil

Economia dos EUA tem crescimento fraco no 4º trimestre


WASHINGTON, 28 Mar (Reuters) - A economia dos Estados Unidos expandiu num ritmo fraco no quarto trimestre, apesar de um grande ganho no investimento empresarial e exportações maiores de serviços terem levado o governo a elevar sua estimativa para o crescimento.

O Produto Interno Bruto (PIB) expandiu a um ritmo anual de 0,4 por cento, informou nesta quinta-feira o Departamento do Comércio, pouco abaixo do ganho de 0,5 por cento previsto por analistas em pesquisa da Reuters.

A taxa de crescimento foi a mais lenta desde o primeiro trimestre de 2011 e muito distante do necessário para promover um queda mais rápida na taxa de desemprego. O resultado foi, no entanto, maior do que a estimativa anterior do governo de crescimento de 0,1 por cento.

Muito da fraqueza veio de uma desaceleração no acúmulo de estoques e de uma queda acentuada nos gastos militares. Espera-se que esses fatores se revertam no primeiro trimestre.

Os gastos do consumidor foram mais robustos por comparação, embora tenham apenas expandido a uma taxa anual de 1,8 por cento. Este foi um ritmo mais lento de crescimento do que o governo havia estimado anteriormente.

Os gastos domésticos abastecem por volta de 70 por cento da atividade econômica nacional, e este ritmo de crescimento ainda fraco sugere que o ímpeto na economia era bem modesto ao entrar no primeiro trimestre, quando uma série de medidas de austeridade fiscal começaram.

O relatório desta quinta-feira é a terceira estimativa do governo para os três meses finais de 2012. Na primeira estimativa, o governo chocou os economistas ao dizer que a economia encolheu em uma taxa anual de 0,1 por cento.

Os estoques subtraíram 1,52 ponto percentual da taxa de crescimento do PIB durante o período, um pouco menos do que na segunda estimativa de crescimento, publicada em 28 de fevereiro. Os gastos com defesa caíram a uma taxa de 22,1 por cento, retirando 1,28 ponto do crescimento, assim como na estimativa anterior.

Há pontos positivos, entretanto. O relatório mostrou que o investimento empresarial aumentou a uma taxa de 13,2 por cento, um ganho maior do que inicialmente estimado. O crescimento extra foi em grande parte devido aos maiores gastos de construção pelas empresas.

Fonte: Reuters Brasil

Dilma diz que fala foi manipulada e combate à inflação é valor do governo


A presidente Dilma Rousseff disse nesta quarta-feira que o combate à inflação é um valor em seu governo e que seus comentários sobre o assunto em Durban, na África do Sul, foram interpretados de maneira equivocada.
"Eu sou uma pessoa que já escreveu, e vocês já publicaram, que o combate à inflação é um valor em si. A notícia foi manipulada", disse a presidente em declaração a jornalistas na cidade sul-africana.

A posição da presidente foi reforçada em nota divulgada pelo Blog do Planalto (blog.planalto.gov.br): "Foi uma manipulação inadmissível de minha fala. O combate à inflação é um valor em si mesmo e permanente do meu governo", afirmou.
A declaração inicial, publicada pela BBC Brasil e por diversos veículos de imprensa, entre eles a Agência Brasil, era de que a presidente não apoia políticas de controle inflacionário que sacrifiquem o crescimento.
"Eu não concordo com políticas de combate à inflação que 'olhem' a questão do crescimento econômico, até porque temos uma contraprova dada pela realidade: tivemos um baixo crescimento no ano passado e um aumento da inflação, porque houve um choque de oferta devido à crise e fatores externos", havia dito a presidente em entrevista a jornalistas que cobrem a cúpula dos Brics, na África do Sul.
Segundo o Planalto, Dilma fez as novas declarações depois de tomar conhecimento de que agentes do mercado financeiro estavam interpretando erroneamente seus comentários como expressão de leniência em relação à inflação.
Após as declarações de Dilma, as taxas de juros futuros negociadas na BM&FBovespa fecharam em queda.
A presidente também solicitou ao presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, que desse esclarecimentos sobre o assunto.

Encruzilhada
As declarações da presidente foram feitas um dia antes da divulgação de um relatório trimestral do Banco Central que fala sobre as perspectivas para a inflação no ano.
O governo Dilma está vivendo hoje uma encruzilhada financeira. Por um lado, precisa adotar medidas para retomar o crescimento do país, que no ano passado foi de apenas 0,9%. Do outro, tem de manter a inflação sobre controle.
Para alguns economistas, a adoção de políticas fiscais e monetárias expansionistas por parte do governo, especialmente após a crise financeira de 2008, ajudaram a turbinar a inflação.
Entre as medidas, estão, por exemplo, a redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para automóveis e da taxa básica de juros, a Selic, como forma de estimular o consumo e impulsionar a retomada do crescimento.
Dilma, porém, rebateu a crítica de que um menor crescimento amortizaria a escalada inflacionária.
"Esse receituário que quer matar o doente antes de curar a doença é complicado. Eu vou acabar com o crescimento do país? Isso daí está datado. É uma política superada."
Atualmente, a expectativa das instituições financeiras é que a inflação medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) fique por volta de 5,71% este ano, longe do centro da meta inflacionária estabelecida pelo BC, de 4,5%.

Pressão
Dilma falou sobre a política inflacionária do país em um momento em que o governo é pressionado pelos mercados para adotar políticas mais firmes em relação à inflação - possivelmente com uma alta dos juros.
Na última segunda-feira, a projeção para a Selic do fim do ano subiu pela terceira semana seguida, de 8,25% para 8,5%.
Atualmente, a taxa básica de juros está a 7,25% ao ano.
Por outro lado, Dilma garantiu que o governo está "atento" e que acompanha a inflação com cuidado, mas disse não acreditar que a alta de preços esteja descontrolada.
"Não achamos que a inflação está fora do controle. Pelo contrário, achamos que ela está controlada e o que há são alterações e flutuações conjunturais", defendeu a presidente.

Para ela, tais "flutuações" hoje estariam ligadas ao aumento dos preços das commodities. "Não tem nada que nós possamos fazer internamente, a não ser expandir a nossa produção, para conter o aumento dos preços das commodities derivado da quebra de safra nos Estados Unidos."
Economistas, no entanto, discordam dessa visão e apontam que a existência de gargalos estruturais na economia brasileira acaba favorecendo a subida dos preços.
Segundo Dilma, o governo está tomando uma série de medidas para conter a alta de preços no médio e longo prazo. Uma delas seria o aumento do investimento em educação e qualificação profissional dos trabalhadores.
"O que vai baixar o custo do trabalho vai ser, primeiro, o aumento da produtividade através da ampliação da capacitação, e nós estamos fazendo junto com o setor privado um grande programa de formação profissional", disse Dilma.
Como uma segunda medida anti-inflação, a presidente mencionou a desoneração da folha de pagamentos, que também diminuiria a pressão sobre os custos de trabalho.
"A desoneração começou com poucos setores. Agora, todos querem aderir - ou a grande maioria dos setores", disse Dilma. "Temos 42 (setores desonerados), vamos para 44 e já previmos desoneração para 2015."

Fonte: BBC Brasil


quarta-feira, 27 de março de 2013

Dilma diz ser contra combate à inflação que sacrifique crescimento


Um dia antes da divulgação de um relatório trimestral do Banco Central que fala sobre as perspectivas para a inflação no ano, a presidente Dilma Rousseff disse nesta quarta-feira que não apoia políticas de controle inflacionário que sacrifiquem o crescimento.
"Eu não concordo com políticas de combate à inflação que 'olhem' a questão do crescimento econômico, até porque temos uma contraprova dada pela realidade: tivemos um baixo crescimento no ano passado e um aumento da inflação, porque houve um choque de oferta devido à crise e fatores externos", disse.

A presidente fez a declaração em Durban, na África do Sul, onde participa da cúpula anual dos Brics, grupo formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul.
O governo Dilma está vivendo hoje uma encruzilhada financeira. Por um lado, precisa adotar medidas para retomar o crescimento do país, que no ano passado foi de apenas 0,9%. Do outro, tem de manter a inflação sobre controle.
Para alguns economistas, a adoção de políticas fiscais e monetárias expansionistas por parte do governo, especialmente após a crise financeira de 2008, ajudaram a turbinar a inflação.
Entre as medidas, estão, por exemplo, a redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para automóveis e da taxa básica de juros, a Selic, como forma de estimular o consumo e impulsionar a retomada do crescimento.
Dilma, porém, rebateu a crítica.
"Esse receituário que quer matar o doente antes de curar a doença é complicado. Eu vou acabar com o crescimento do país? Isso daí está datado. É uma política superada."
Atualmente, a expectativa das instituições financeiras é que a inflação medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) fique por volta de 5,71% este ano, longe do centro da meta inflacionária estabelecida pelo BC, de 4,5%.

Pressão
Dilma falou sobre a política inflacionária do país em um momento em que o governo é pressionado pelos mercados para adotar políticas mais firmes em relação à inflação - possivelmente com uma alta dos juros.
Na última segunda-feira, a projeção para a Selic do fim do ano subiu pela terceira semana seguida, de 8,25% para 8,5%.
Atualmente, a taxa básica de juros está a 7,25% ao ano.
Por outro lado, Dilma garantiu que o governo está "atento" e que acompanha a inflação com cuidado, mas disse não acreditar que a alta de preços esteja descontrolada.
"Não achamos que a inflação está fora do controle. Pelo contrário, achamos que ela está controlada e o que há são alterações e flutuações conjunturais", defendeu a presidente.

Para ela, tais "flutuações" hoje estariam ligadas ao aumento dos preços das commodities. "Não tem nada que nós possamos fazer internamente, a não ser expandir a nossa produção, para conter o aumento dos preços das commodities derivado da quebra de safra nos Estados Unidos."
Economistas, no entanto, discordam dessa visão e apontam que a existência de gargalos estruturais na economia brasileira acaba favorecendo a subida dos preços.
Segundo Dilma, o governo está tomando uma série de medidas para conter a alta de preços no médio e longo prazo. Uma delas seria o aumento do investimento em educação e qualificação profissional dos trabalhadores.
"O que vai baixar o custo do trabalho vai ser, primeiro, o aumento da produtividade através da ampliação da capacitação, e nós estamos fazendo junto com o setor privado um grande programa de formação profissional", disse Dilma.
Como uma segunda medida anti-inflação, a presidente mencionou a desoneração da folha de pagamentos, que também diminuiria a pressão sobre os custos de trabalho.
"A desoneração começou com poucos setores. Agora, todos querem aderir - ou a grande maioria dos setores", disse Dilma. "Temos 42 (setores desonerados), vamos para 44 e já previmos desoneração para 2015."

Fonte: BBC Brasil


Retomada da atividade veio da política econômica, diz Dilma


Afirmando que o país vem se recuperando desde o ano passado, depois da desaleração em 2011 e 2012, Dilma disse que "não foi um crescimento espontâneo".

A presidente Dilma Rousseff defendeu durante a cúpula dos Brics a importância desses países criarem fontes de financiamento e afirmou que a retomada do crescimento no Brasil foi fruto da política econômica do governo em reação à crise financeira internacional.

"Se faltam oportunidades de investimentos nas economias avançadas, vamos ampliar os nossos próprios investimentos, e se há escassez de financiamento, vamos criar fontes de financiamento de longo prazo", disse a presidente em Durban, na África do Sul.

Afirmando que o país vem se recuperando desde o ano passado, depois da desaleração em 2011 e 2012, Dilma disse que "não foi um crescimento espontâneo, mas foi um crescimento fruto do resultado de uma série de medidas de estímulo fiscal, tributário e monetário".

"(O crescimento foi) resultado de uma determinação, da vontade política do governo brasileiro, que olhou para a situação internacional e doméstica e se dispôs a impedir que os efeitos da desaceleração internacional atingissem de forma mais abrupta e crítica a economia brasileira."

O Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil cresceu apenas 0,9% no ano passado, menor expansão entre os países que formam o Brics --Brasil, China, Rússia, Índia e África do Sul--, depois de crescer 2,7% em 2011.

Nesse período, o governo adotou uma série de medidas de estímulo e desonerações tributárias e o Banco Central (BC) reduziu o juro básico do país ao seu menor patamar histórico.

Os primeiros dados econômicos deste ano mostram melhora na atividade econômica, mas ainda sem muito fôlego. A projeção do mercado, segundo a última pesquisa Focus do BC, é de que o PIB crescerá 3% neste ano.

Banco de Desenvolvimento

Dilma disse que o banco de desenvolvimento criado pelos Brics vai ajudar a financiar projetos de infraestrutura com recursos de longo prazo, inclusive nos países considerados em desenvolvimento. Ela também ressaltou a importância de um fundo de reservas, como parte da cooperação do bloco.

"Destaca-se na agenda da cooperação, um passo à frente, com contornos concretos, duas iniciativas importantes que são o banco Brics e o arranjo contingente de reservas", afirmou.

Segundo ela, o banco de desenvolvimento vai também ajudar projetos em especial na África e na América do Sul. Para a presidente, a situação econômica dos países desenvolvidos neste ano está melhor, mais ainda é preocupante.

"Embora o cenário de 2013 seja um pouco mais promissor que o de 2012, é visível que muitos dos países desenvolvidos e seus problemas permanecem comprometendo, principalmente, o bem estar de suas populações", afirmou ela.

A presidente também falou que o acordo de contingente de reservas entre os bancos centrais dos Brics é um "mecanismo de estabilidade que, em momentos de dificuldade, pode criar linhas recíprocas de crédito entre nossos países, melhorando a liquidez e ajudando a prevenir crises, e fortalecendo a solidez do mercado financeiro internacional."

Reformas no FMI

Dilma também repetiu sua defesa por reformas nos organismos internacionais para refletir a maior representatividade econômica atual dos países emergentes.

Brasil, China e outras potências emergentes há muito afirmam que o sistema atual de votação do Fundo Monetário Internacional (FMI) concede injustamente benefícios à Europa e aos Estados Unidos, que dominam o Fundo desde sua fundação na década de 1940.

Um acordo fechado em 2010 para implementar mudanças, inclusive elevando a China ao posto de terceiro país-membro com mais poder de voto na instituição financeira, deveria ter sido aprovada por todos os países-membros do FMI em outubro do ano passado, mas ainda não passou pelo Congresso dos EUA.

"Seguimos unidos na defesa de reformas das estruturas de governança global. É necessário urgentemente atualizar e torná-las mais legítimas e representativas do mundo de hoje", afirmou.

"O ano de 2013 é central para se implantar as reformas do Fundo Monetário, para adequá-lo à nova realidade da economia mundial".

Fonte: Brasil Econômico

Bolsa brasileira ganha só do Chipre e da Jamaica


Ibovespa registra queda de 8,66% de janeiro até ontem, e pode ser ainda mais penalizado por alta do juro básico.

A ingerência política, o receio dos estrangeiros, a fuga das pessoas físicas, além da expectativa de aumento da taxa básica de juro têm penalizado a bolsa de valores brasileira, que apresentou desvalorização de 8,66% no acumulado do ano até ontem. 

O resultado só não foi pior do que o da bolsa da Jamaica, que teve queda de 10,70% no período, e a do Chipre, que caiu 11,14% - sem negócios desde 15 de março. O melhor desempenho, por sua vez, fica com a bolsa da Venezuela, de 31,48%, seguida da bolsa do Japão, de 19,98%. 

O desempenho da BM&FBovespa afasta os pequenos poupadores. Em fevereiro deste ano, a participação da pessoa física no movimento financeiro da bolsa era de 15,86% e, no mesmo mês de 2009, estava em mais de um terço (32,74%), segundo dados da BM&FBovespa. 

"O problema que estamos vivendo aqui no Brasil é que está havendo ausência de interesse de pessoas físicas, que desconfiam da bolsa", diz Ricardo Torres, professor da BBS Business School. 

Em fevereiro deste ano, o número de aplicadores desta categoria chegou a 586.211 na bolsa, menor do que os 587.165 de dezembro passado e longe do recorde de 610.915 de dezembro de 2010. 

Não à toa, o presidente da BM&FBovespa, Edemir Pinto, que costumava dar projeções para o número de investidores na bolsa todo o ano, resolveu não dar palpites em 2013. A última projeção, feita em 2011, era de alcançar 5 milhões de aplicadores em 2018. 
A expectativa estava muito longe da realidade. 

O educador financeiro Mauro Calil aponta que dos investidores de varejo cadastradas na bolsa, apenas 124 mil fazem ao menos uma movimentação por ano. "A lógica do mercado é entrar em momento ruim e sair no bom e isso é pouco intuitivo, o que a pessoa só passa a entender quando tem conhecimento necessário", aponta.

O economista Ricardo Amorim acredita que o motivo desta fuga de investidores seja a interferência política em companhias listadas. "As pessoas estão com medo de que o governo faça alguma interferência e as empresas em bolsa tenham prejuízo, como aconteceu com o setor elétrico e bancário."

O movimento deve ser acentuado, de acordo com ele, com a perspectiva de alta da Selic na próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) em abril - ou em maio. "Isso atrapalha porque alguns setores dependem da expansão de crédito, que freia com o aumento dos juros."

Bernardo Mariano, analista de bolsas da Equity Research Desk, acrescenta ainda que os investidores estrangeiros têm a impressão de que o Brasil está muito caro, ainda mais diante do risco que se corre no país pela influência do governo. "O apetite dos estrangeiros caiu um pouco, mas acredito que a euforia com relação ao país deve ser retomada, não no mesmo nível do que antes", completa.

Clodoir Vieira, economista-chefe da corretora Souza Barros, afirma que o fraco desempenho do Ibovespa se dá também por sua composição, com peso de empresas do setor energético e do grupo de Eike Batista, que tem sofrido com uma crise de confiança.

"Se tirarmos esses papéis, a bolsa não caiu tanto. O problema é que hoje nosso índice só seleciona as ações por liquidez e não considera itens importantes como receita e valor de mercado. Assim, as empresas pré-operacionais ficariam fora", defende. 

Uma forma da bolsa se recuperar, de acordo com o economista-chefe, é voltar a credibilidade dos investidores estrangeiros e, além disso, entrar dinheiro novo, ou a bolsa brasileira atrair pessoas que não estavam no mercado. "Mas isso fica difícil com a atuação recente do governo."

Fonte: Brasil Econômico

terça-feira, 26 de março de 2013

Expectativa de Selic maior ajuda a elevar juro ao consumidor em fevereiro


BRASÍLIA, 26 Mar (Reuters) - As expectativas de que a Selic será elevada em breve ajudaram a levar em fevereiro ao aumento das taxas de juros cobradas aos tomadores finais pelo segundo mês seguido, num cenário em que a inadimplência não cede de forma consistente.

Segundo dados divulgados nesta terça-feira pelo Banco Central, a taxa média de juros ficou em 18,7 por cento em fevereiro, ligeiramente superior aos 18,6 por cento em janeiro. Em dezembro, ela havia ficando em 18 por cento.

No segmento de recursos livres, a taxa ficou em 26,4 por cento, 0,2 ponto percentual a mais do que em janeiro, também cravando o segundo mês consecutivo de alta. Só para pessoa física, os juros subiram 0,5 ponto, chegando a 35,1 por cento no período e voltando ao mesmo patamar visto em setembro passado.

Na visão de analistas, a taxa de juros subiu na esteira da alta da taxa de captação no mês passado, que cresceu para 8,2 por cento ao ano no segmento de recursos livres, 0,4 ponto percentual superior a janeiro.

"O custo de captação subiu em fevereiro e isso reflete a percepção dos agentes sobre vários fatores: conjuntura internacional, inflação e expectativa para as taxas de juros", afirmou o chefe do departamento Econômico do BC, Tulio Maciel.

Com a inflação ainda em patamares elevados, os agentes econômicos acreditam que a Selic, hoje a 7,25 por cento ao ano, será elevada em breve. Última pesquisa Focus do BC mostrou que o mercado acredita que um ciclo de aperto monetário será iniciado em maio e que a taxa básica de juros fechará o ano a 8,50 por cento.

Neste cenário, analistas avaliam que os juros ao consumidor seguiram em março no patamar atual e que ela volte a subir de forma acentuada quando o BC começar a elevar a taxa básica.

"Como o mercado recuou na apostas de alta da Selic em abril, a tendência para março é a taxa de juros ao consumidor se acomodar", afirmou Rostagno. "Se o BC confirmar a aposta do mercado e subir o juros, a tendência é a curva aumentar, o mercado embutir mais prêmio e a taxa ser repassada ao consumidor."

No mês passado, segundo o BC, o spread bancário geral --diferença entre o custo de captação dos bancos e a taxa final efetivamente cobrada pelos bancos-- ficou em 12,1 pontos percentuais, 0,1 ponto a menos do que em janeiro.

No segmento de recursos livres, o spread ficou em 18,2 pontos percentuais, ante 18,4 pontos percentuais em janeiro.

INADIMPLÊNCIA EM ALTA

A elevação dos juros veio acompanhada por um nível ainda alto da inadimplência na avaliação do próprio BC. A taxa com recursos livres recuou apenas ligeiramente, ficando em 5,6 por cento em fevereiro, contra 5,7 por cento em janeiro.

Por outro lado, embora a queda na inadimplência da pessoa física também tenha sido pequena --de 0,2 ponto percentual, para 7,7 por cento--, foi o suficiente para atingir o menor patamar desde novembro de 2011.

Maciel, no entanto, evitou adotar um tom mais otimista e pregou a necessidade de se analisar os dados dos próximos meses para ver se a inadimplência entrou num ritmo de queda. "É um sinal mais claro de arrefecimento nos recursos livres (para pessoa física), mas ainda não é um processo consolidado", disse o chefe do departamento do BC.

Apesar da queda, analistas dizem que o patamar elevado da inadimplência contribui para os bancos privados permanecerem numa postura cautelosa e perderem fatia de mercado para os públicos.

"O alto nível da inadimplência significa que os bancos privados continuam de certa forma defensivos", afirmou o economista para América Latina do Goldman Sachs, Alberto Ramos.

Essa postura pode ser vista nos dados do BC. O saldo de crédito das instituições privadas nacionais cresceu 1,3 por cento no trimestre encerrado em fevereiro, enquanto a dos bancos públicos avançou 5,7 por cento.

O mercado de crédito brasileiro continuou mostrando crescimento moderado em fevereiro, com alta mensal de 0,7 por cento, atingindo 2,384 trilhões de reais, ou 53,4 por cento do Produto Interno Bruto (PIB).

O movimento, segundo o BC, foi puxado por recursos ligados aos financiamento imobiliário e consignado, segmentos onde os bancos públicos são mais fortes.

Maciel reafirmou as projeções para este ano de expansão moderada do crédito, com previsão de crescimento de 14 por cento em 2013, após o aumento de 16,2 por cento em 2012. A relação entre crédito e o PIB deve fechar o ano em 55 por cento.

Fonte: Reuters Brasil

Brics rejeitam acusações de serem "novos imperialistas" na África


DURBAN, África do Sul, 26 Mar (Reuters) - "Brics, não dividam a África" diz um cartaz no salão de uma igreja no centro de Durban, onde ativistas da sociedade civil se juntaram para lançar um olhar crítico sobre a cúpula dos cinco poderes globais emergentes.

O slogan invoca a conferência do século 19 em Berlim, onde os países coloniais europeus predominantes repartiram o continente africano em uma corrida que o historiadores vêem como a personificação do capitalismo explorador da época.

Décadas depois que os africanos se livraram do jugo colonial, é a vez do grupo dos países emergentes dos Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) verem seus motivos sendo analisados, à medida que eles proclamam em tom altruísta uma "parceria para o desenvolvimento, integração e industrialização" com a África.

Liderados pelo gigante emergente, a China, os Brics são agora os maiores parceiros comerciais da África e formam o maior novo grupo de investidores. O comércio entre os Brics e a África deve superar 500 bilhões de dólares até 2015, com a China abocanhando consideráveis 60 por cento do total, de acordo com o Standard Bank.

Os líderes dos Brics insistem em apresentar o grupo --que representa mais do que 40 por cento da população mundial e um quinto do Produto Interno Bruto (PIB)-- em uma moldura calorosa de cooperação benevolente entre Sul-Sul, um contrapeso essencial ao "velho" Ocidente e um melhor parceiro para as massas pobres do mundo em desenvolvimento.

"Nós achamos que há muito tapinha nas costas", afirmou Patrick Bond do centro de Sociedade Civil da Universidade de KwaZulu-Natal, que ajudou a organizar uma reunião alternativa "Brics-de-baixo" em Durban para obscurecer a reunião de cúpula dos Brics na terça e na quarta-feira.

Bond e outros críticos do lema Sul-Sul dos Brics dizem que os países em desenvolvimento que recebem investimento e assistência dos novos poderes emergentes precisam olhar de perto, e com firmeza, os acordos que estão sendo firmados.

Debaixo da aparência fraternal, Bond vê uma "competição imperial incoerente" sem diferenças com a corrida do século 19. Segundo ele, os membros dos Brics estão explorando e cobiçando de maneira similar os recursos africanos, sem impulsionar suficientemente a industrialização e a criação de empregos, muito necessários no continente.

Esta visão ganhou alguma força na África com cidadãos desde Guiné e Nigéria a Zâmbia e Moçambique vendo cada vez mais as companhias brasileiras, russas, indianas, chinesas e sul-africanas arrematando acordos multibilionários de petróleo e mineração e grandes projetos de infraestrutura.

Muitos destes negócios estão sob escrutínio de grupos locais e internacionais de direto. Muitos desses acordos tem enfrentado críticas de que concentram-se fortemente na extração de matéria-prima, que não são transparentes e que não geram emprego e benefícios ao desenvolvimento suficientes para os países que os recebem --mesmas críticas feitas muitas vezes a empresas do mundo desenvolvido do Ocidente.

NOVA FORMA DE IMPERIALISMO

Ativistas anti-pobreza afirmam que as grandes empresas dos Brics que atuam na África buscam o lucro, assim como as empresas do mundo rico.

"Questões de ganância são universais e seus atores vêm tanto do Norte e como do Sul", disse Wahu Kaara, ativista pela justiça social do Quênia e coordenador da Rede de Alívio da Dívida do Quênia que participa da reunião "Brics-de-abaixo".

Essa desconfiança em relação aos novos investidores na África tem também permeado alguns círculos governamentais no continente.

Alertando que a África está se abrindo a "uma nova forma de imperialismo", o presidente do Banco Central da Nigéria, Lamido Sanusi, acusou a China, agora a segunda maior economia do mundo, de agravar a desindustrialização e o subdesenvolvimento da África.

"A China leva nossos bens primários e nos vende manufaturados. Esta foi também a essência do colonialismo", escreveu Sanusi em uma coluna de opinião no dia 11 de março, no jornal Financial Times.

"África deve reconhecer que a China - como os EUA, a Rússia, a Grã-Bretanha, o Brasil e o resto - está na África não no interesse africano, mas no seu próprio interesse", acrescentou Sanusi.

Os chineses e outros líderes dos Brics rejeitam indignados as críticas de que o grupo representa um tipo de "sub-imperialismo" no engajamento político e econômico crescente com a África.

Zhong Jianhua, o enviado especial da China para a África, disse à Reuters que a história comum da China e da África de resistência ao colonialismo coloca seu relacionamento em um nível diferente.

"A China foi intimidada por outros no passado, e assim foi a África. Esta experiência compartilhada significa que eles têm muito em comum. Esta é a vantagem da China e a razão pela qual muitos países ocidentais estão em desvantagem", disse ele em entrevista à Reuters.

Zhong acrescentou que a China deve incentivar suas empresas a formar e contratar mais trabalhadores africanos, respondendo a queixas de que investidores chineses muitas vezes usam suas próprias forças de trabalho.

Catherine Grant-Makokera, do Instituto Sul-Africano de Assuntos Internacionais (SAIIA), disse que os governos dos Brics operam visivelmente de modo diferente do Ocidente na forma como oferecem financiamento e auxílio para as nações da África.

"Você tem visto uma maior disposição dos agentes mais novos para investir em coisas como infraestrutura pesada, seja por meio do financiamento ou simplesmente subvenções ou doações", disse Grant-Makokera, chefe do programa para a diplomacia econômica do SAIIA.

Ela reconheceu, contudo, que a abordagem dos Brics no auxílio ao desenvolvimento, ao mesmo tempo que oferece respostas mais rápidas dos projetos, muitas vezes é menos contida por questões ambientais e trabalhistas.

Isso levou a acusação de que empresas dos Brics, em sua pressa para desenvolver projetos de recursos naturais, desrespeitam os direitos das comunidades locais e o meio ambiente.

A gigante brasileira da mineração Vale, nomeada em 2012 pelo grupo suíço sem fins lucrativos Public Eye como a empresa com o maior "desprezo para o meio ambiente e os direitos humanos" no mundo, defende sua ação em Moçambique, onde está investindo bilhões de dólares na exploração de carvão e infraestrutura.

A Vale tem enfrentado manifestações violentas de moçambicanos que exigem maiores benefícios e são contra os deslocamentos forçados das populações locais.

O chefe das operações da Vale na África, Ricardo Saad, disse que o fato de a empresa ter experimentado "problemas" não significa que poderia ser acusada de comportamento "neocolonialista" na África.

Ele disse que as potências coloniais só vieram e tomaram os recursos do continente, sem consultar o povo, e que os contratos atuais são negociados com governos e comunidades.

"A partir do momento que eu procuro uma licença para operar, onde você fala com a comunidade, onde tudo que você faz tem autorização e planejamento prévio do governo, eu não posso dizer que é neocolonialismo", disse Saad à Reuters.

Analistas de desenvolvimento dizem que os Brics, com suas economias, governos e prioridades competitivas radicalmente diferentes, ainda precisam demonstrar que podem mudar as estruturas de poder global para o benefício dos pobres e desprivilegiados do mundo.

"O fato de que eles estão pressionando por um novo equilíbrio de poder no mundo tem de ser salientado como uma coisa positiva ... eles têm novas vozes", disse Nathalie Beghin da organização brasileira pró-democracia INESC.

Catherine Grant-Makokera, do SAIIA, diz que os Brics oferecem aos países em desenvolvimento outras opções de ajuda e investimento como alternativa aos velhos parceiros ocidentais.

"Pelo menos você tem uma diversidade agora, eu não acho que isso pode ser subestimado", disse ela.

Fonte: Reuters Brasil

Após declarações, dólar inverte tendência e fecha em alta


O ministro interino da Fazenda, Nelson Barbosa, disse hoje que a recente apreciação na taxa da divisa americana não deve ter "impacto perceptível" sobre a inflação.

O dólar operou na maior parte do pregão desta terça-feira (26/3) em queda ante o real, quando encostou na mínima de R$ 2,002, desvalorização de 0,50%.

Cotações de fechamento para venda em26/03/2013
PaísMoedaR$US$
Argentina Peso 0,39275,1210
Canadá Dólar 1,97591,0167
Chile Peso 0,0043472,43
China Iuan 0,32346,2123
Coreia do Sul Won 0,00181.105,80
União Europeia Euro 2,58281,2858
Estados Unidos Dólar 2,00871,0000
Índia Rúpia 0,037054,3700
Japão Iene 0,021394,2300
México Peso 0,162712,3450
Paraguai Guarani 0,00054.110,00
Reino Unido Libra 3,04401,5154
Uruguai Peso 0,107318,9200
Rússia Rublo 0,065030,9000
Venezuela Bolivar Forte 0,31966,3000
Fontes: Banco Central e Brasil Econômico.

Durante a tarde, no entanto, a trajetória inverteu e o dólar acabou em alta ante a moeda brasileira, embora os índices acionários das principais bolsas mundiais tenham dado prosseguimento à rodada de ganhos.

A divisa dos Estados Unidos fechou com elevação de 0,24%, cotada a R$ 2,017 para venda.

Com isso, desde o último dia 11, quando o dólar entrou nessa recente trajetória de alta, até hoje, a valorização da moeda chega a 3,6%.

Segundo os operadores do mercado, a reversão na queda do dólar ocorreu após declarações do ministro interino da Fazenda, Nelson Barbosa. A autoridade falou que os ganhos da divisa nos últimos dias não causa "impacto perceptível" nos índices de inflação.

Uma ala do mercado esperava que o Banco Central (BC) atuasse para evitar que a cotação da moeda rompesse o teto de R$ 2,00, a fim de evitar reflexos altistas nos preços.

Já para Ítalo Abucater, especialista em câmbio da ICAP Brasil, a autoridade não deve dar as caras antes do patamar de R$ 2,05, nível esse que pode ser alcançado no curto prazo, dada a conjuntura atual.

"O mercado está bem mais tomador, e o fluxo é que está salvando", diz Abucater. "Se não tiver fluxo, o mercado segue tomador".

Embora ainda sustente a cotação do dólar próximo aos R$ 2,00, o fluxo está escasso, com os estrangeiros em busca de outras praças emergentes, que tenham uma mão mais leve do governo, como o México, pondera o especialista da ICAP.

Juros

No mercado de juros futuros da BM&FBovespa, a curva teve mais uma sessão de baixa movimentação, com os agentes em compasso de espera, no aguardo do "Relatório Trimestral de Inflação" que será conhecido nesta quinta-feira (28/3).

O viés de queda da primeira parte do pregão deu lugar a uma discreta abertura da curva no fechamento, em linha com a mudança na trajetória do dólar.

Mais negociado, com giro de R$ 37,461 bilhões, o contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) com vencimento em julho próximo ficou nos mesmos 7,76% da véspera, enquanto o para janeiro de 2014 subiu de 7,76% para 7,80%, com volume de R$ 34,989 bilhões, e o para janeiro de 2015 avançou de 8,51% para 8,52%, com movimento de R$ 14,044 bilhões.

Fonte: Brasil Econômico