Economista, Especialista em Economia e Meio Ambiente pela Universidade Federal do Paraná e Graduando em Estatística, também, pela Universidade Federal do Paraná.

segunda-feira, 30 de abril de 2012

O mau hábito de querer reinventar a roda

Por Adolfo Menezes Melito*

Segundo o portal holandês RNW, o chefe de Estado húngaro, Pal Schmitt, envolvido em um escândalo de plágio com seu trabalho universitário de doutorado, anunciou sua renúncia no Parlamento.
É emblemático para o restante do mundo, em especial para países emergentes onde malfeitos proliferam.
Em um evento fechado para empresários em São Paulo na última semana, o escritor israelense Saul Singer, autor de Nação Empreendedora, mostrou-se genuinamente contrariado quando soube que os brasileiros organizam excursões ao Vale do Silício para promover o empreendedorismo.
O motivo da sua indignação é lógico: não dá para transplantar a cultura ou a inspiração de fora para o Brasil. O empreendedor brasileiro, assim como o empreendedor em qualquer parte do mundo, deve no primeiro momento inteirar-se de maneira real e prática das peculiaridades e características antropológicas e socioculturais do seu mercado. Esse é o caminho.
Apesar disso, é muito difícil nos depararmos, no Brasil, com empreendimentos que não tenham sido inspirados em outra parte do mundo.
Há uma semana o Jornal Nacional apresentou, como exemplo de startup, que mereceu, inclusive, investimento de capital anjo, uma empresa que teve a ideia de construir um aplicativo no celular para chamar táxis.
Não é inovador: a empresa grega TaxiBeat já existe há mais de um ano e procura um CEO para tocar sua operação no Brasil.
Há, naturalmente, questões culturais e educacionais que obscurecem o pensamento de empreendedores brasileiros. Uma delas é o que eu chamo "a síndrome do não inventado aqui" onde a tendência é tentar fazer tudo do zero, internamente.
Seria por assim dizer copiar e desenvolver - o típico reinventar a roda. A segunda é a crença de que algo deve ser reivindicado ao poder público. Para os que ainda pensam assim, lamento decepcioná-los: os dois caminhos são totalmente antagônicos aos preceitos da moderna economia.
Saul Singer contou aos empresários presentes ao mencionado evento que a figura do startup já se apresentava em Israel com inúmeros projetos, que não se concretizavam por falta do capital anjo.
A solução do governo foi apresentar o assunto ao mercado de investidores internacionais propondo: venham e invistam; se não der certo, o governo de Israel reembolsa.
Se der certo, queremos uma parte do retorno. E o país se tornou, em poucos anos, o segundo em startups no mundo, atrás apenas dos Estados Unidos.
A moderna economia se apoia em alguns atributos inalienáveis para gerar inovação: qualidade de talentos, colaboração e multidisciplinaridade.
Neste ano se realiza em São Paulo a 2ª Conferência Internacional de Crowdsourcing, Colaboração e Cocriação, uma realização conjunta da empresa Mutopo e da FecomercioSP.
Além dos principais experts mundiais na matéria, a conferência contará com a presença de André Torretta, publicitário brasileiro que se notabilizou ao desenvolver insights de produtos para a base da pirâmide e do eminente neurocientista pesquisador brasileiro Miguel Nicolelis.
Afinal nem tudo acontece só na internet. Será um ótimo momento de reflexão para que os empreendedores brasileiros passem a confiar mais nas suas ideias, potencializando-as em empreendimentos coletivos.
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*Presidente do Conselho de Criatividade e Inovação da Fecomercio-SP

Fonte: Brasil Econômico

Analistas veem reaquecimento da indústria na China

 

Fonte: Brasil Econômico
Após a desaceleração da economia chinesa no primeiro trimestre de 2012, a situação econômica do país deve reverter a tendência e mostrar indicadores mais favoráveis.
Para os analistas do Bank of America (BofA), a produção industrial deve mostrar uma aceleração em abril, sobretudo em setores ligados a commodities, como o aço e o cimento.
Segundo o relatório da instituição, a produção da indústria chinesa deve avançar 12% em abril, 0,1 ponto percentual acima do registrado no mês anterior.
Os analistas apontam, como causa para a aceleração, a melhora no ambiente econômico e recomposição dos estoques da indústria. "Esperamos que essa recuperação continue em abril", segundo o relatório, elaborado por Ting Lu, Xiaojia Zhi e Larry Hu.
Quanto à inflação, os analistas da instituição financeira acreditam que índice de preços ao consumidor deve recuar a 3,2% em 12 meses (ante 3,6% nos 12 meses até março), com o alívio vindo da queda nos preços de alimentos.
Em relação à inflação ao produtor, a expectativa é de uma deflação de 0,4% nos 12 meses até abril (ante -0,3% em março).
"Na comparação mensal, os preços ao produtor poderão ter alta de 0,4%, em função do aumento no preço do combustível. Porém, o declínio dos preços do petróleo e de outras commodities devem ter reflexos nos próximos meses", diz relatório.
Diante desse cenário, a perspectiva é de que o governo chinês não abuse de novos estímulos à economia.
"Como nós esperamos que os dados de abril confirmem a tendência de um pouso suave na China, as autoridades devem manter políticas expansivas, mas grandes estímulos são improváveis, a menos que a demanda externa piore muito", explicam os economistas do BofA.

Crescimento do lixo eletrônico ameaça a saúde da população e o meio ambiente

Rio de Janeiro - O crescimento significativo do lixo eletrônico (e-lixo) no Brasil vem preocupando os técnicos da Secretaria Estadual do Ambiente do Rio de Janeiro (SEA). O resíduo desse tipo de material contém substâncias perigosas, que podem impactar o meio ambiente e ameaçar a saúde da população. A estimativa é que cada brasileiro descarta cerca de 0,5 quilo de resíduos de equipamentos eletroeletrônicos por ano.
O superintendente de Resíduos Sólidos da secretaria, Jorge Pinheiro, disse à Agência Brasil que em razão das substâncias perigosas contidas nesse tipo de aparelhos, é necessário organizar uma logística reversa no estado que acompanhe as discussões dos acordos setoriais, previstos na Lei 12.305/10, que instituiu a Política Nacional de Resíduos Sólidos. Caberá ao grupo de trabalho técnico, constituído em Brasília, definir o acordo setorial, que dará as diretrizes para implementação da logística reversa dos eletroeletrônicos, disse.
Pinheiro avaliou que às vésperas da Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, a Rio+20, programada para junho próximo, no Rio de Janeiro, a adequação dos empreendimentos à nova lei de resíduos sólidos será de vital importância. Segundo ele, para que isso possa ocorrer de forma equilibrada e em conformidade legal, as novas práticas entre fornecedores e clientes precisarão ser adequadas, visando ao compartilhamento de responsabilidades.
“Atualmente, existem ações pontuais de fabricantes que coletam os resíduos de seus equipamentos, por exemplo, e empresas ou organizações não governamentais (ONGs) que coletam ou recebem equipamentos eletroeletrônicos, dando a destinação final”, declarou.
É o caso, de acordo com Pinheiro, da Fábrica Verde, projeto da SEA, que recebe doações de computadores e periféricos para reutilização, capacitando jovens do Complexo do Alemão, na Penha, bairro da zona norte da cidade, para a atividade de manutenção e montagem de computadores.
Os novos aparelhos montados são destinados a entidades sem fins lucrativos e órgãos públicos instalados nas comunidades, declarou o superintendente. Ele ressaltou que novas empresas de remanufatura de resíduos eletroeletrônicos estão entre os negócios promissores para o cumprimento da Política Nacional de Resíduos Sólidos.
O superintendente observou, por outro lado, que os equipamentos descartados têm valor econômico, pois contém materiais valiosos e raros. O seu descarte correto é importante porque muitos elementos apresentam elevado teor de toxicidade, e também pelo fato de que, de acordo com o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma), o mundo produz entre 20 a 50 milhões de toneladas métricas de lixo tecnológico todos os anos.
Na fabricação de computadores e celulares, por exemplo, são usados vários metais, entre os quais ouro, prata, gálio, índio, chumbo, cádmio e mercúrio. Alguns, como o cádmio, são agentes cancerígenos. Outros, como o chumbo, prejudicam o cérebro e o sistema nervoso, lembrou Pinheiro.
Nas duas campanhas de esclarecimento e conscientização dos consumidores para o descarte correto do lixo eletrônico, promovidas pela secretaria, foram coletadas quase 12 toneladas de resíduos eletroeletrônicos, “sem contar os computadores que são reaproveitados na Fábrica Verde,no Complexo do Alemão”.
Pinheiro ressaltou que a cadeia de reciclagem ainda não se acha estruturada para o fluxo desses resíduos e reforçou a necessidade de participação do setor produtivo para a viabilidade da logística reversa.
Segundo o superintendente da SEA, mesmo antes das definições dos acordos setoriais previstos no decreto de regulamentação da Política Nacional de Resíduos Sólidos, a secretaria já vem trabalhando a questão de valorização dos resíduos dentro do Plano Estadual de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos Urbanos (RSU), que está em elaboração.
Em relação aos cuidados que a população deve ter em relação a esses materiais, o superintendente recomendou que devem procurar empresas de reciclagem que comprem resíduos eletroeletrônicos e tenham como garantir a destinação correta desses materiais. Outra alternativa, disse, “é guardar em casa até a montagem de uma logística reversa ou entrar em contato com o fabricante do produto e saber se ele tem uma solução”.

Fonte: Agência Brasil

Cepal detalha investimentos estrangeiros na América Latina e no Caribe em 2011

Brasília – A Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal) divulgará, na próxima quinta-feira (3), um relatório completo sobre fluxos de investimento estrangeiro direto (IED) nos países da região, no ano passado.
O relatório, com todo o detalhamento das correntes de investimento por país em 2011, será apresentado em Santiago, no Chile, pela secretária executiva da Cepal, Alicia Bárcena. Ela antecipou que os fluxos de capital externo na região alcançaram cifras históricas em 2011.
Um exemplo disso foi a entrada recorde de US$ 66,6 bilhões no Brasil, no ano passado, segundo dados do Banco Central (BC). Um salto de 37,45% em relação aos US$ 48,5 bilhões de IED em 2010, o que coloca o país entre os primeiros do ranking mundial na preferência dos investidores.
Números da Agência das Nações Unidas para Comércio e Desenvolvimento (Unctad) mostram o Brasil atrás apenas dos Estados Unidos, da China e da Índia no ranking de IED. Mas o BC admite que o fluxo de capitais neste ano deve retornar ao patamar de 2010 ou ficar levemente acima, uma vez que a entrada de US$ 14,9 bilhões, de janeiro a março deste ano, mostra queda de quase 15% ante os US$ 17,5 bilhões de IED em igual período de 2011.
A estimativa para investimentos estrangeiros em obras no Brasil continua alta, em razão, principalmente, da necessidade de construção da infraestrutura adequada para a realização da Copa do Mundo de 2014, que prevê jogos em doze cidades-sede, e das Olimpíadas de 2016, no Rio de Janeiro.

Fonte: Agência Brasil

Fazendas eólicas 'aquecem' temperatura local, diz estudo

Fazendas eólicas podem afetar as condições meteorológicas das regiões em que se situam, provocando a elevação de temperaturas durante a noite.
Essa foi a conclusão de um estudo realizado no Estado americano do Texas. Os pesquisadores usaram informações de satélites e observaram que áreas situadas perto de turbinas eólicas tendem a esquentar mais do que as que não contam com fazendas eólicas nas imediações.
A pesquisa, publicada na revista especializada Nature Climate Change, confirmou as conclusões de um estudo anterior, datado de 2010, também realizado em uma região específica dos Estados Unidos e que utilizou modelos criados por computador para mostrar que fazendas eólicas podem provocar aquecimento regional.
Os cientistas acreditam que o aquecimento é provocado pelas turbinas das usinas, que liberam ar quente ao nível do solo.
A área em que foi feita o estudo, localizada no centro-oeste do Texas, registrou um crescimento no número de programas de construção de turbinas, em meados da década passada, passando de 111 em 2003 para 2325 apenas seis anos depois.

Sensores de incêndios

Pesquisadores utilizaram informações geradas pelos sensores Moderate Resolution Imaging Spectroradiometer (Modis), contidos nos satélites Aqua e Terra, da Nasa, que são capazes de medir radiações infravermelhas emitidas por incêndios na superfície do planeta.
As informações geradas pelos Modis podem ser transformadas rapidamente em ''mapas ativos de incêndios'', que permitem localizar focos de incêndios florestais e avaliar para onde eles estão se movendo. Essas informações costumam ser usadas por corpos de bombeiros.
As informações dos sensores Modis foram usadas para medir as temperaturas na região estudada no começo e ao final do boom de construção de usinas - respectivamente os períodos que vão de 2003 a 2005 e de 2009 a 2011.
Ao longo desse período, a região centro-oeste do Texas como um todo observou um aumento de temperatura - e de forma mais acentuada nas áreas próximas a fazendas eólicas.
Mas os pesquisadores avaliaram que outros fatores podem ter influído nos resultados, como mudanças de vegetação, mas afirmaram que tais fatores ocorreram em escala muito pequena.
As mudanças não ocorreram de forma idêntica em todas as áreas próximas a fazendas eólicas. De acordo com os cientistas, o aquecimento observado foi de cerca de 0.72ºC por década.
O pesquisador-sênior Liming Zhou advertiu que a experiência não representa um sinal de que as temperaturas seguem aumentando. ''A tendência de aquecimento se aplica apenas à região e ao período estudados e não deve ser estendida de forma linear para outras regiões por períodos mais longos''.

'Resultados consistentes'

O especialista diz que à noite o ar acima do nível do solo costuma ser mais quente do que o ar no nível do solo. Mas Zhou e seus colegas acreditam que as lâminas das turbinas eólicas estão simplesmente agitando o ar, misturando ar quente e ar frio e fazendo com que parte do calor chegue ao nível do solo.
''Os resultados dessa pesquisa me parecem bem consistentes'', diz Steven Sherwood, do Centro de Pesquisas de Mudanças Climáticas, da University of New South Wales, da Austrália.
De acordo com Sherwood, a estratégia de provocar um aquecimento artificial costuma ser usada por produtores de frutas que sobrevoam seus pomares de helicóptero para combater geadas matinais".
"Essa pequisa é o primeiro passo na potencial exploração de informações satelitais para quantificar os possíveis impactos de grandes fazendas eólicas sobre o clima e as condições meteorológicas'', afirmou Zhou, da Universidade Estadual de Nova York em Albany, à BBC.
Ele conta que ele e sua equipe de pesquisadores estão agora ampliando seu estudo para outras fazendas eólicas e construindo novos modelos para melhor entender os processos físicos do aquecimento que estaria sendo provocado pelas usinas eólicas.

Fonte: BBC Brasil

domingo, 29 de abril de 2012

Projeto de reflorestamento brasileiro é o primeiro no mundo a receber certificados temporários de reduções de emissões


 

PlantarNo estado de Minas Gerais, os setores florestais e de siderurgia estão mudando seus caminhos e sendo recompensados com a primeira emissão de créditos de carbono para projetos florestais no âmbito do Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL ) do Protocolo de Kyoto.
“Como esse projeto mostra, o MDL é um instrumento importante que promove a mitigação das mudanças climáticas e ajuda os setores florestal e siderúrgico a se tornarem mais sustentáveis. O Banco também está trabalhando com o Estado de Minas Gerais para promover a adoção deste modelo de projeto, ajudando-o assim a atingir a meta estadual de aumento do uso de carvão vegetal renovável nesses setores e contribuindo para o objetivo maior de reduzir emissões de gases de efeito estufa,” disse Deborah L. Wetzel, Diretora do Banco Mundial no Brasil.
O Grupo Plantar, que atua nas áreas de reflorestamento e siderurgia, está liderando o caminho por meio do estabelecimento de 11.600 hectares de plantios de eucalipto manejados de maneira sustentável, que sequestram dióxido de carbono da atmosfera e fornecem uma fonte de carvão vegetal renovável e neutro em carbono, ao mesmo tempo que contribuem para a proteção de florestas nativas e da biodiversidade. Com isso, a empresa brasileira tem conseguido superar a falta histórica de madeira renovável para suprir a sua indústria. A iniciativa também estimula o setor a usar áreas previamente degradadas e a conservar grandes áreas de florestas nativas do cerrado
“Esse é um excelente exemplo de uma indústria que trabalha de forma sustentável, plantando árvores e protegendo florestas nativas. Estamos trabalhando com o Grupo Plantar há uma década e o fato de eles serem a primeira empresa no mundo a gerar os tCERs é um testemunho de sua inovação e dedicação,” disse Joëlle Chassard, Gerente da Unidade de Financiamento de Carbono do Banco Mundial.
A UNFCCC (Convenção Quadro da ONU sobre Mudança do Clima) emitiu mais de 4 milhões de Certificados Temporários de Redução de Emissões (tCERs) para o projeto de reflorestamento
da Plantar, fazendo deste caso o primeiro no mundo. Projetos de Reflorestamento no MDL somente podem emitir créditos por cada período de compromisso. Portanto muitos projetos estão esperando o final do primeiro período (2012) para aumentarem o número de créditos emitidos. Até o momento esse é o primeiro projeto florestal no mundo a emitir esses tipos de créditos e muitos outros ainda estão em fase de verificação.
O projeto, apoiado pelos Fundos Protótipo de Carbono e Biocarbon do Banco Mundial desde 2001, é um dos primeiros projetos de créditos carbono desenvolvidos antes da aprovação formal do Protocolo de Kyoto. Isso demonstra como plantios florestais, manejados de forma sustentável, podem gerar novos estoques de carbono, evitando a utilização de combustíveis fósseis e ajudando a aliviar a pressão sobre ecossistemas de florestas nativas. Esse trabalho pioneiro é um exemplo de como encontrar equilíbrio sustentável entre a indústria e a natureza e dos caminhos que o setor privado pode seguir para usar terras previamente desmatadas e degradadas, diminuindo a pressão sobre florestas nativas. Essa abordagem ajuda a promover a conservação de florestas nativas e de sua biodiversidade, ao passo que gera emprego nas zonas rurais.
“Estamos realmente honrados em ter alcançado um marco tão importante depois de mais de uma década de um árduo trabalho em equipe. Mais gratificante ainda é saber que o trabalho pioneiro do projeto também contribuiu para o avanço de políticas e arranjos institucionais mais amplos para mitigação das mudanças climáticas no país. Somos muito gratos pelo apoio do Banco Mundial desde o início e também aos vários parceiros no âmbito do governo, do setor privado e de organizações não governamentais que nos ajudaram ao longo do caminho,” disse Fábio Marques, Superintendente da Plantar Carbon, empresa de consultoria sobre mudanças climáticas do Grupo Plantar.
Nos últimos sete anos, o Fundo BioCarbon promoveu mais de 20 projetos florestais de MDL em 15 países, muitos dos quais estão próximos do estágio de emissão. Mas o desenvolvimento de projetos florestais de créditos de carbono tem sido mais desafiador que o de projetos de energia ou industriais. Isso porque a implementação é intensiva em recursos econômicos e em tempo, e a capacidade necessária para implementar tais projetos é limitada. Além disso, os créditos emitidos são temporários e as regras da ONU exigem que os certificados sejam reavaliados a cada cinco anos para garantir que o estoque florestal plantado permaneça. O Banco Mundial publicou recentemente uma análise dessas experiências e a terceira parcela do Fundo BioCarbon propõe utilizar essas lições para melhorar a eficácia das intervenções e ampliar as iniciativas nos setores de uso da terra.

Fonte: Banco Mundial

sábado, 28 de abril de 2012

Baixo crescimento do PIB dos EUA causa temores sobre economia .

O crescimento econômico dos Estados Unidos desacelerou nos primeiros meses do ano, alimentando temores de que a irregular recuperação do país está de novo pisando em terreno mole.
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Everett Collection
O produto interno bruto, a medida mais ampla de todos os bens e serviços produzidos por uma economia, cresceu no primeiro trimestre de 2012 a uma taxa anual ajustada pela inflação de 2,2%, informou sexta-feira o Departamento do Comércio dos EUA. O resultado indica uma freada em relação aos 3% do trimestre de outubro a dezembro.
A expansão do primeiro trimestre foi mais lenta que os 2,6% previstos por muitos economistas nas últimas semanas, mas melhor que as expectativas no início do ano. Foi a segunda vez desde o início de 2011 que a economia cresceu mais de 2%.
A recuperação "é fraca, lenta, insuficiente e vai acabar decepcionando consistentemente até que as pessoas parem de ficar esperando uma expansão mais robusta do que temos obtido", disse Dan Greenhaus, estrategista-chefe mundial da corretora BTIG LLC.
A presente desaceleração, somada a outros dados recentes indicando que o mercado de trabalho parou de melhorar e a produção industrial perdeu o vigor, provavelmente deve agravar o receio de que, pelo terceiro ano seguido, a economia está empacando depois de dar sinais de recuperação. Mas, num sinal mais positivo, o consumo aumentou, o que mostra que as pessoas estão gradualmente livrando-se das dívidas contraídas durante a bolha imobiliária e podem novamente funcionar como um motor do crescimento econômico.
Os gastos do governo foram um grande retardador do crescimento, caindo 3% no primeiro trimestre. Isso depois de já terem diminuído 4,2% no quarto trimestre de 2011.
O crescimento mais lento do primeiro trimestre "provavelmente reflete uma desaceleração nos gastos do setor privado com estoques e uma redução nas despesas fixas não-residenciais", categoria que inclui os gastos com edifícios, computadores e equipamentos industriais, disse o Departamento do Comércio.
A reposição dos estoques das empresas, depois de ter reduzido o ritmo em meados de 2011, ajudou a impulsionar o crescimento econômico no fim do ano, respondendo por mais da metade da expansão total do quarto trimestre. Mas a reposição dos estoques das empresas cresceu a um ritmo menor no primeiro trimestre, contribuindo com cerca de um quarto do crescimento total do PIB.
Já as despesas fixas não-residenciais caíram 2,1% durante o primeiro trimestre, ante um ganho de 5,2% no período anterior.
Num ponto positivo do relatório, o consumo continuou saudável. Os gastos pessoais subiram 2,9% no trimestre — o melhor ganho desde o quarto trimestre de 2010. Mas, como a renda ainda está aumentando a um ritmo apenas moderado, os economistas se perguntam por mais quanto tempo as pessoas vão continuar consumindo a esse ritmo.
Os consumidores tiveram custos mais altos, já que o índice de preços ao consumidor subiu 2,4% no trimestre passado, contra uma alta de 1,2% no trimestre anterior.
De modo parecido, o índice de preços domésticos brutos, que mede o quanto os americanos pagam pelos produtos, também subiu 2,4% no trimestre.
As exportações subiram 5,4%, comparado com 2,7% no trimestre anterior. Havia o receio de que as exportações poderiam ser prejudicadas pelos problemas na Europa e o crescimento mais lento na Ásia.
O relatório foi divulgado dias depois de as autoridades do Federal Reserve, o banco central americano, encerrarem a última reunião de política monetária, em que reafirmaram os planos de manter os juros de curto prazo próximos de zero até o fim de 2014. As autoridades do Fed já esperavam que o crescimento econômico fosse desacelerar este ano em relação ao ritmo do quarto trimestre.

Fonte: The Wall Street Journal

sexta-feira, 27 de abril de 2012

Pesquisador da USP diz que uso abusivo de agrotóxicos no país está relacionado ao modelo agrícola

Rio de Janeiro - O uso “abusivo, exorbitante e descontrolado” de agrotóxicos nas lavouras brasileiras mostra a subordinação do país na nova divisão internacional do trabalho, ficando responsável pela exportação de produtos primários com pouco valor agregado. Segundo o pesquisador e especialista em economia agrária José Juliano de Carvalho, professor da Faculdade de Economia e Administração da Universidade de São Paulo (USP), esse cenário está diretamente relacionado ao modelo agrícola brasileiro, que se sustenta no latifúndio, na monocultura, na produção altamente mecanizada e em larga escala.
“Não é uma questão de tecnologia, mas do modelo de agronegócio colocado como o prioritário no Brasil. Para sustentar essa lógica, empresas e produtores usam sem controle os agrotóxicos e isso afeta de forma muito negativa a economia brasileira”, acrescentou Carvalho, que também é diretor da Associação Brasileira de Reforma Agrária (Abra).
O professor defende uma regulação mais ampla do agronegócio no país, a implementação de projetos de reforma agrária e de zoneamento agroecológico. Ele acredita que o fortalecimento da agricultura familiar pode ser uma alternativa ao modelo atual.
“O problema não é só a química, mas a maneira como ela é usada. O que vemos no Brasil é o domínio do agronegócio pelas grandes multinacionais. É preciso haver regulação do agronegócio e fortalecimento da agricultura familiar que acaba inviabilizada não apenas pelo agrotóxico, mas pelo conjunto do modelo do agronegócio”, disse.
Estudo divulgado há cerca de um mês pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aponta que o comércio de agrotóxicos no Brasil cresceu 190% entre 2000 e 2010, mais que o dobro da média mundial, de 93%. O mercado nacional de agrotóxicos, que em 2010 movimentou US$ 7,3 bilhões, é altamente concentrado, assim como no restante do mundo. As dez maiores empresas do setor são responsáveis por 65% da produção nacional e por 75% das vendas. O levantamento também mostrou que um único produto, o glifosato, é responsável por 29% do mercado brasileiro de agrotóxicos.
De acordo com o diretor-geral de agrotóxicos do Ministério da Agricultura, Luiz Rangel, o Brasil lidera o mercado de comercialização de agrotóxicos em função da dimensão de sua produção agrícola. Ele garante, no entanto, que os alimentos comercializados no país, mesmo com o uso de agrotóxicos em sua produção, são seguros, já que para serem autorizados os defensivos passam por “severo controle”.
“Todos os alimentos consumidos aqui ou exportados têm garantias de segurança, porque todos os níveis de resíduos foram avaliados e considerados seguros. Além disso, todos os produtos liberados no Brasil passam por severo processo de reavaliação, que pode ocorrer até mais de uma vez por ano. Se há indício de problema à luz do conhecimento científico, temos a obrigação de revisar os dados para ver se a molécula deve ser substituída”, explicou.
Luiz Rangel também explicou que o Ministério da Agricultura coordena as ações de fiscalização executadas pelos estados para verificar se o comércio e o uso desses produtos estão sendo realizados de forma adequada.
“Por meio de um trabalho de inteligência, identificamos que os maiores consumidores de agrotóxicos no Brasil, cerca de 80%, são as grandes áreas de elevada tecnologia, ligadas à soja, à cana-de-açúcar, ao trigo, ao algodão etc. Esse grande mercado nos preocupa menos, porque em geral conta com engenheiros agrônomos e empresas devidamente instaladas. O que nos traz mais preocupação são as agriculturas menores, de cinturões verdes, que representam 15% do mercado, mas 90% do problema em função principalmente dos desvios de uso”, disse.
Segundo definição do ministério, os agrotóxicos são produtos e agentes de processos físicos, químicos ou biológicos, destinados ao uso nos setores de produção, armazenamento e beneficiamento, pastagens, proteção de florestas nativas ou implantadas e de outros ecossistemas, bem como de ambientes urbanos, hídricos e industriais.
Para ser comercializado no país, o agrotóxico precisa ser registrado pelo Ministério da Agricultura, pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e pela Agência Nacional de Anvisa.

Fonte: Agência Brasil

China convida empresas estrangeiras a participar de projetos de terras-raras .

A China deu o que pode ser um sinal de paz para Estados Unidos, Japão e Europa na disputa comercial pelas terras-raras, ainda que tenha defendido seus controles de exportação.
O ministro chinês da Indústria e da Tecnologia de Informação convidou ontem as companhias estrangeiras a unir-se a empresas locais em sociedades de tecnologia de terras-raras, principalmente de projetos de proteção ao meio ambiente.
"As [habilidades] dos EUA, do Japão e da Europa em gestão ambiental, reciclagem, pesquisa de tecnologia e desenvolvimento de aplicações de ponta são bem-vindas na China", disse o porta-voz do ministro Zhu Hongren durante uma entrevista coletiva on-line.
[crare]
A China controla quase toda a produção mundial de terras-raras — um grupo de 17 minerais com aplicações de alta tecnologia que vão desde computadores pessoais até armas avançadas — mas espera subir na cadeia de valores para se tornar uma fabricante de produtos à base de terras-raras, bem como uma fornecedora de minerais.
Como parte dessa estratégia, o país convidou repetidas vezes empresas estrangeiras para formar sociedades locais no negócio de terras-raras, tanto para alavancar sua própria capacidade tecnológica quanto para atender a reclamações de estrangeiros sobre as cotas dos minerais. Mas este gesto mais recente, com ênfase nas tecnologias ambientais e foco exclusivo nos EUA, União Europeia e Japão — os quais no mês passado abriram um processo sobre terras-raras na Organização Mundial do Comércio — como potenciais colaboradores, parece ser uma iniciativa pelo menos em parte concebida para responder às queixas da OMC.
Pequim quer "companhias estrangeiras avançadas com tecnologia e capital fortes" para estabelecer "intercâmbios e cooperação" para o "desenvolvimento conjunto da indústria de terras-raras", disse Zhu.
A iniciativa não representa um afrouxamento pela China dos seus controles de exportação de terras-raras. De fato, um especialista viu duas explicações para ela.
"Pode haver dois elementos", disse Michael Komesaroff, um especialista na indústria chinesa de metais da firma Urandaline Investments. "Um é que os chineses podem genuinamente estar interessados em proteger mais o ambiente e acreditam que podem aprender com as tecnologias estrangeiras. Outro é que isso seja uma bandeira branca por causa da queixa comercial que os EUA e a UE apresentaram à OMC."
As tensões mundiais em torno dos controles da China sobre as terras-raras atingiram seu ponto crítico em 2010, quando o país reduziu em cerca de um terço as suas cotas de exportação. A decisão fez o preço das terras-raras disparar e deixou o mundo ainda mais apreensivo com o domínio chinês do setor.
A China vem alegando que suas políticas são mais motivadas pelas necessidades ambientais do que pelas econômicas.
"Gastam-se sete toneladas de ácido para produzir um tonelada de óxidos de terra-rara, e a produção gera amônia, metais pesados e outros poluentes", disse Zhu. "Nossas políticas visam inteiramente a proteção do ambiente, dos recursos e do desenvolvimento sustentável" e "estão de acordo com as regras da OMC", disse ele.

Fonte: The Wall Street Journal

Planeta não é sustentável sem controle do consumo e população , diz relatório

O consumo excessivo em países ricos e o rápido crescimento populacional nos países mais pobres precisam ser controlados para que a humanidade possa viver de forma sustentável.
A conclusão é de um estudo de dois anos de um grupo de especialistas coordenados pela Royal Society (associação britânica de cientistas).
Entre as recomendações dos cientistas estão dar a todas as mulheres o acesso a planejamento familiar, deixar de usar o Produto Interno Bruto (PIB) como um indicativo de saúde econômica e reduzir o desperdício de comida.
O relatório da Royal Society será um dos referenciais para as discussões da Rio+20, cúpula que acontecerá na capital fluminense em junho próximo
"Este é um período de extrema importância para a população e para o planeta, com mudanças profundas na saúde humana e na natureza", disse John Sulston, presidente do grupo responsável pelo relatório.
"Para onde vamos depende da vontade humana - não é algo predestinado, não é um ato de qualquer coisa fora (do controle) da humanidade, está em nossas mãos".
John Sulston ganhou renome internacional ao liderar a equipe britânica que participou do Human Genome Project, projeto responsável pelo mapeamento do genoma humano.
Em 2002, ele foi ganhador, junto com outro cientista, de um prêmio Nobel de Medicina, e hoje é diretor do Institute for Science Ethics and Innovation, na Manchester University, em Manchester.

Discussão retomada

Embora o tamanho da população humana da Terra fosse no passado um importante ponto de discussão em debates sobre o meio ambiente, o assunto saiu da pauta de discussões recentemente.
Abelhas
A expansão populacional ameaça a espécie das abelhas, fator não computado no cálculo do PIB
Em parte, isso aconteceu porque alguns cientistas chegaram à conclusão de que a Terra seria capaz de suportar mais pessoas do que o imaginado. Além disso, países em desenvolvimento passaram a considerar a questão como uma cortina de fumaça criada por nações ocidentais para mascarar o problema do excesso de consumo.
Entretanto, o tema voltou à pauta de discussões após novos estudos terem mostrado que mulheres em países mais pobres, de maneira geral, desejam ter acesso ao planejamento familiar, o que traria benefícios à suas comunidades.
Segundo a projeção "média" da ONU, a população do planeta, atualmente com 7 bilhões de pessoas, atingiria um pico de pouco mais de 10 bilhões no final do século e depois começaria a cair.
"Dos três bilhões extra de pessoas que esperamos ter, a maioria virá dos países menos desenvolvidos", disse Eliya Zulu, diretora execuriva do African Institute for Development Policy, em Nairóbi, no Quênia. "Só na África, a população deve aumentar em 2 bilhões".
"Temos de investir em planejamento familiar nesses países - (desta forma,) damos poder às mulheres, melhoramos a saúde da criança e da mãe e damos maior oportunidade aos países mais pobres de investir em educação".
O relatório recomenda que nações desenvolvidas apoiem o acesso universal ao planejamento familiar - o que, o estudo calcula, custaria US$ 6 bilhões por ano.
Se o índice de fertilidade nos países menos desenvolvidos não cair para os níveis observados no resto do mundo - alerta o documento - a população do planeta em 2100 pode chegar a 22 bilhões, dos quais 17 bilhões seriam africanos.

Ultrapassando Fronteiras

O relatório é da opinião de que a humanidade já ultrapassou as fronteiras planetárias "seguras" em termos de perda de biodiversidade, mudança climática e ciclo do nitrogênio, sob risco de sérios impactos futuros.
Menino africano/PA
Pesquisadores recomendam o controle de natalidade em países em desenvolvimento
Segundo a Royal Society, além do planejamento familiar e da educação universal, a prioridade deve ser também retirar da pobreza extrema 1,3 bilhão de pessoas.
E se isso significa um aumento no consumo de alimentos, água e outros recursos, é isso mesmo o que deve ser feito, dizem os autores do relatório.
Nesse meio tempo, os mais ricos precisam diminuir a quantidade de recursos materiais que consomem, embora isso talvez não afete o padrão de vida.
Eliminar o desperdício de comida, diminuir a queima de combustíveis fósseis e substituir economias de produtos por serviços são algumas das medidas simples que os cientistas recomendam para reduzir os gastos de recursos naturais sem diminuir a prosperidade de seus cidadãos.
"Uma criança no mundo desenvolvido consome entre 30 e 50 vezes mais água do que as do mundo em desenvolvimento", disse Sulston. "A produção de gás carbônico, um indicador do uso de energia, também pode ser 50 vezes maior".
"Não podemos conceber um mundo que continue sendo tão desigual, ou que se torne ainda mais desigual".
Países em desenvolvimento, assim como nações de renda média, começam a sentir o impacto do excesso de consumo observado no Ocidente. Um dos sintomas disso é a obesidade.

PIB

A Royal Society diz que é fundamental abandonar o uso do PIB como único indicador da saúde de uma economia.
Em seu lugar, países precisam adotar um medidor que avalie o "capital natural", ou seja, os produtos e serviços que a natureza oferece gratuitamente.
"Temos que ir além do PIB. Ou fazemos isso voluntariamente ou pressionados por um planeta finito", diz Jules Pretty, professor de meio ambiente e sociedade na universidade de Essex.
"O meio ambiente é de certa forma a economia... e você pode discutir gerenciamentos econômicos para melhorar as vidas de pessoas que não prejudique o capital natural, mas sim o melhore", completa.
O encontro do Rio+20 em junho deve gerar um acordo com uma série de "metas de desenvolvimento sustentável", para substituir as atuais metas de desenvolvimento do milênio, que vem ajudando na redução da pobreza e melhoria da saúde e educação em países em desenvolvimento.
Não está claro se as novas metas vão pedir o compromisso de que os países ricos diminuam seus níveis de consumo.
Governos podem ainda concordar durante o encontro no Rio a usar outros indicadores econômicos além do PIB.

Fonte: BBC Brasil

Farelo de soja é a commodity do ano

O minúsculo mercado de farelo de soja não chega nem perto dos US$ 200 bilhões em futuros de petróleo. Mas o farelo tem sido a commodity mais valorizada em 2012.
O futuro do farelo de soja, a proteína na ração que deixa os frangos polpudos e suculentos, já subiu 34% este ano. A alta do preço do farelo amarelo, um subproduto da soja que parece gérmen de trigo, está superando a do petróleo e a do ouro.
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A disparada no preço é uma consequência pouco conhecida da seca na América do Sul, que levantou a cotação da própria soja em 23%. Como a soja está cara demais, as empresas que a esmagam para transformá-la em produtos da cadeia de suprimento alimentar têm hesitado em aumentar a produção porque os preços do óleo vegetal, outro subproduto do processo de esmagamento, não têm subido tanto.
Ao mesmo tempo, a expansão da demanda chinesa também está impulsionando a cotação do farelo, à medida que a classe média do país aumenta e começa a consumir mais carne. O Departamento de Agricultura dos Estados Unidos, ou Usda na sigla em inglês, prevê que os rebanhos chineses consumirão cerca de 46,5 milhões de toneladas de farelo de soja este ano, 24% a mais que dois anos atrás. Nos EUA, os criadores de frango e outros animais também devem usar mais farelo de soja este ano do que o previsto antes.
E não há um substituto fácil, fator frequentemente citado pelos operadores e analistas para explicar a magnitude da alta do preço.
A obscura commodity está começando a atrair atenção fora do pregão da Bolsa de Chicago, onde há muito os operadores realizam transações complexas para lucrar com a diferença de preço entre o grão, o farelo e o óleo de soja.
"Os especuladores estão entrando no mercado", disse Chad Henderson, presidente da Prime-Ag Consultants Inc., uma corretora de commodities sediada no Estado americano de Wisconsin. "O grão e o farelo viraram a menina dos olhos."
Até 17 de abril, o número de apostas na alta da cotação realizadas por administradores de ativos como fundos de hedge superaram as apostas na queda da cotação em 94.500 contratos, avaliados em cerca de US$ 4 bilhões, segundo a Comissão de Futuros de Commodities dos EUA. Até o fim de dezembro, eram as apostas na queda da cotação que dominavam.
Nos últimos dois anos, o volume de negociações com futuros e opções de farelo de soja subiu 25%, atingindo um valor total de cerca de US$ 10 bilhões.
Mas alguns analistas alertam que os investidores não devem contar com o ovo antes de sair da galinha. Sem um substituto natural, os produtores de frango podem diminuir suas criações para não ficar no prejuízo, até que os preços do frango subam o suficiente para compensar a alta da ração.
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"Estou só esperando ele atingir o pico", disse Anne Frick, analista sênior da Jefferies Bache, em Nova York.
Cerca de 42% da ração de frango é composta de farelo de soja. Os grandes processadores de grãos transportam o farelo em vagões graneleiros ou caminhões para criadores de frango e outros animais, que o misturam ao milho ou trigo.
A volatilidade maior do preço nos últimos anos — e a alta recente dos futuros — tornou difícil para os criadores de frango decidir onde comprar os grãos para a ração.
Se uma empresa na indústria altamente competitiva do frango garante um preço para o farelo e depois ele cai, isso pode derrubar os lucros.
No início do mês, as previsões dos EUA para o consumo de farelo no ano fiscal a terminar em 30 de setembro subiram em 1,3%, para 30,6 milhões de toneladas.
O Usda também diminuiu em 6,9% suas previsões para o estoque mundial de farelo no final deste período, para 6,89 milhões de toneladas.
Enquanto isso, um fator que tem elevado a cotação do farelo e do grão de soja é a piora das estimativas da safra da América do Sul. No dia 3 de abril, a principal bolsa de grãos da Argentina, terceiro maior exportador de soja do mundo depois dos EUA e do Brasil, reduziu sua previsão da produção de soja do país em 3,1%, para 43,1 milhões de toneladas, devido à seca que reduziu o rendimento da safra mais do que o previsto.

Fonte: The Wall Street Journal

Inovação no modelo de negócios


Por Felipe Scherer*

Boa parte das pessoas acabam associando inovações apenas a produtos. Parece ser natural tal percepção, pois produtos são os elementos visíveis das empresas.
Na realidade, o sucesso ou o fracasso de uma nova iniciativa pode não estar relacionado apenas a suas características como produto ou serviço, mas a seu modelo de negócios.
Lembro-me de um exemplo clássico ensinado em escolas de administração, quando falava-se em modelo de negócios: a Dell.
Fundada em 1984 por um estudante universitário, a grande inovação não estava só no produto que podia ser customizado por consumidores, mas também no canal de vendas diretas.
Utilizando-se de revistas especializadas e catálogos, a empresa construiu uma proposta de valor interessante para quem comprava (customização) e para ela mesma (que eliminava um elo do canal e, consequentemente, parte do custo).
Outros exemplos de modelos de negócios inovadores podem ser identificados. Durante anos, a Blockbuster foi referência em locação de filmes, mas com a chegada da Netflix e seu modelo diferenciado, houve uma ruptura.
Visando atender um público que não encontrava muitas opções em função dos acervos reduzidos das locadoras de cidades pequenas, a empresa montou o negócio de locação pelo correio. Novamente a ideia era boa para a empresa e muito boa como negócio.
O ecossistema criado pela Apple, ligando seus dispositivos ao iTunes e à AppStore é outro exemplo. Quando criado, o modelo de geração de valor ia muito além da tradicional separação entre venda de equipamentos e de conteúdo.
Oferecendo uma opção competitiva frente ao movimento crescente de compartilhamento gratuito na internet permitiu que consumidores comprassem apenas as faixas de músicas desejadas a preços baixos.
Mais recentemente a Amazon criou serviços de hospedagem visando principalmente empresas e outros sites de comércio eletrônico. Por si só, o serviço não é inovador, mas o modelo criado sim.
Aproveitando sua grande infraestrutura de servidores (para sua operação de vendas on line), a Amazon criou um serviço barato, de alto desempenho e confiável. Com isso, captura valor com mensalidades proporcionais ao volume de dados armazenados.
O que todos esses exemplos têm em comum é a ruptura em alguma parte do modelo de negócios. Um modelo bastante difundido hoje divide a empresa em nove partes: segmentos-alvo; proposta de valor; canais de distribuição; formas de relacionamento; parceiros estratégicos; atividades; recursos-chaves; estrutura de custos e receitas.
A reflexão sobre o modelo de negócios inovador pode partir de qualquer uma dessas partes, ou seja, como podemos criar algo atrativo para o mercado, rompendo com o paradigma vigente.
Voltando ao caso do iTunes, ele não cobra mais pelo álbum inteiro, mas apenas pelas faixas, inovando na estrutura de receitas, assim como no canal de distribuição (web), parcerias estratégicas (gravadoras) e na proposta de valor (design dos produtos e facilidade de acesso ao conteúdo através das lojas on line).
Já a Netflix trouxe a possibilidade de o cliente ver quantos filmes quiser por uma mensalidade fixa. Para qualquer empresa, nascente ou já consolidada, sempre vale a pena uma reflexão sobre como inovar no modelo de negócios.
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*Felipe Scherer é sócio-fundador da Innoscience, professor da ESPM-SUL e autor do livro "Gestão da Inovação na Prática"

Fonte: Brasil Econômico

Preços ao produtor aumentam 1,5% em março, aponta IBGE

 

Fonte: Brasil Econômico
O Índice de Preços ao Produtor (IPP) subiu 1,5% em março, em comparação ao mês anterior, quando reportou retração de 0,42%.
Em março do ano passado, o índice havia avançado 0,39%.
Elaborado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o indicador mede os preços recebidos pelos produtores industriais, antes de acrescentados os fretes e impostos.
Nos últimos 12 meses, o índice acumula alta de 1,37%, sendo que em fevereiro esse acréscimo era de 0,71%.
Na comparação com o mês anterior, 18 das 23 atividades apresentaram aumento dos preços. Os setores de equipamento de informática, produtos eletrônicos e ópticos (4,70%); fumo (4,28%) e papel e celulose (3,82) registraram as maiores altas.
Já os destaques de baixa se deram nos ramos: produtos de limpeza, cosméticos, perfumaria e higiene pessoal (-1,75%); produtos farmoquímicos e farmacêuticos (-1,54%) e impressão e reprodução de gravações (0,78%).

quinta-feira, 26 de abril de 2012

Presidente da CNA propõe cooperação entre Brasil e China para ampliar as florestas plantadas no país

A presidente da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), senadora Kátia Abreu, defendeu nesta segunda-feira (24/04), em Pequim, na China, proposta de cooperação entre os dois países para ampliar a área de florestas plantadas no Brasil. Em reunião com o diretor-geral do Departamento de Cooperação Internacional da Administração Nacional dos Recursos Florestais, Su Chunyu, lembrou que a área de florestas plantadas no Brasil não supera 1% do território nacional, apesar da silvicultura ser uma das atividades mais rentáveis do País. No Brasil, a demanda por madeira de florestas plantadas é de cerca de 700 mil hectares por ano, mas a produção anual não supera 300 mil hectares. Tocantins e Mato Grosso do Sul são os Estados que mais crescem em termos de produção de madeira plantada. As condições climáticas no Brasil permitem que sejam feitos pelo menos três cortes das florestas plantadas no prazo de 21 anos.

De acordo com Chuny, muitos empresários de seu país manifestam interesse em investir em florestas plantadas no Brasil, mas, acrescentou, o desconhecimento sobre o marco legal brasileiro tem impedido os investimentos chineses na atividade. Na reunião, a presidente da CNA explicou que a votação final do Código Florestal na Câmara dos Deputados, que deve ocorrer nos próximos dias, garantirá segurança jurídica aos investimentos nessa e em outras atividades agropecuárias. Lembrou que o Brasil tem 61% de seu território preservado com vegetação nativa, condição que será mantida com o novo Código Florestal. A lei chinesa para a silvicultura é de 1985, texto que foi revisado nos últimos anos, segundo as autoridades da China.

Na reunião, a presidente da CNA fez um balanço sobre o Projeto Biomas, desenvolvido em parceria pela CNA e a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), com apoio do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), Monsanto, John Deere e Vale Fertilizantes. O projeto, desenvolvido nos seis biomas brasileiros, permitirá o desenvolvimento de tecnologias que garantam a incorporação das árvores ao sistema produtivo, permitindo o aumento da produção de grãos, carnes e frutas com sustentabilidade. O projeto demandará investimentos de mais de US$ 20 milhões. A senadora Kátia Abreu convidou o diretor-geral do Departamento de Cooperação Internacional da Administração Nacional dos Recursos Florestais e sua equipe para conhecerem o estande do Projeto Biomas durante a Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, a Rio+20, que acontece em junho, no Rio de Janeiro.

Na Rio +20, cientistas de vários países pretendem elaborar um documento para tratar da preservação das nascentes e das margens de rios em todo o mundo, contou a senadora Kátia Abreu, durante a reunião desta segunda-feira. “Os europeus cobram de todos os países, mas não discutem o replantio de árvores nas margens de seus rios. A idéia não é impor parâmetros para a preservação dessas áreas, mas ressaltar a importância da vegetação para preservar os recursos hídricos”, explicou a presidente da CNA. Acrescentou que cada país decidirá de que forma serão definidas as faixas de preservação. A senadora Kátia Abreu falou, ainda, sobre a integração lavoura-pecuária-floresta, sistema que permite aumento de produtividade no Brasil.

LEI AMBIENTAL – Brasil e China estão entre os únicos países do mundo que têm legislação ambiental. Na China, ao contrário do Brasil, as faixas de preservação nas margens dos rios são definidas após a avaliação das características de cada rio. Outra diferença é que os produtores chineses são indenizados pelo Governo Central quando preservam suas áreas. Por ano, o subsídio é de 150 yuans (cerca de R$ 45,00) por hectare por ano. Esse valor pode ser ainda maior, se considerados outros subsídios oficiais.

AGENDA – Nesta terça-feira (24/04), a comitiva da CNA estará com a vice-ministra da Agricultura da China, Zhang Yuxiang, para conhecer e discutir o sistema de irrigação, a extensão rural e a aqüicultura da China. Também está programada uma reunião com o vice-ministro da Administração Geral de Supervisão da Qualidade, Inspeção e Quarentena (AQSID), Wei Chuanzhong. Acompanham a presidente da CNA, o vice-presidente e diretor de infraestrutura e logística da entidade, José Ramos Torres de Melo, e os presidentes das Federações da Agricultura do Acre, Assuero Doca Veronez, do Mato Grosso do Sul, Eduardo Riedel, de Roraima, Almir Sá, e de Santa Catarina, José Zeferino Pedrozo.

Fonte: APRE / Federação da Agricultura

O início do fim das florestas

A Câmara dos Deputados mostrou o que quer: o fim das florestas no Brasil. Por 274 votos a 184, com duas abstenções, foi aprovada hoje a proposta que desfigura o Código Florestal, escrita pelo deputado ruralista Paulo Piau (PMDB-MG) sobre o texto aprovado pelo Senado, segue agora para sanção da presidente, Dilma Rousseff. Se ela não se mexer, e vetar o texto, esse futuro será seu legado.

O texto aprovado dá anistia total e irrestrita a quem desmatou demais – mesmo aqueles que deveriam e têm capacidade de recuperar matas ao longo de rios, por exemplo – e ainda dá brecha para que mais desmatamentos ocorram no país. Ele é resultado de um processo que alijou a sociedade, e vai contra o que o próprio governo desejava. Com isso, avanços ambientais conquistados ao longo de décadas foram por água abaixo.

“Acabamos de assistir ao sequestro do Congresso pelos ruralistas. Pateticamente, a presidenta que tinha a maior base de apoio parlamentar na história recente deste país, foi derrotada por 274 votos de uma malta de ruralistas que se infiltrou e contaminou o tecido democrático brasileiro como um câncer”, diz Paulo Adario, diretor da campanha da Amazônia do Greenpeace. “Desde o início do processo, o Brasil esteve refém dos interesses do setor, que fez de tudo para incorporar suas demandas ao projeto de lei. A população, que se mostrou contrária à anistia aos desmatadores e a brechas que permitem mais devastação, foi o tempo inteiro ignorada”.

Há mais de uma década os ruralistas tentam acabar com o Código Florestal. Finalmente conseguiram uma brecha, alimentada pela indiferença de um governo que não dá a mínima para o ambiente e a saúde da população. O resultado é um texto escrito por e para ruralistas, que transforma a lei ambiental em uma lei de ocupação da terra.

“Enquanto o Congresso demonstra claramente que se divorciou de vez da opinião pública que deveria representar – e que em sua imensa maioria se opõe ao texto do código ruralista – resta à Dilma uma única alternativa. Ela tem de demonstrar aos brasileiros que está à altura do cargo que ocupa – e que ganhou ao prometer aos eleitores que não iria permitir anistia a criminosos ambientais nem novos desmatamentos”, afirma Adario. “Caso contrário, o governo vai dar provas de que é subjugado pelos ruralistas, ao sofrer mais essa derrota.”

Os brasileiros têm uma oportunidade de mostrar que não querem ver a motosserra roncar. A melhor resposta a essa reforma do Código Florestal é assinar o projeto de lei popular pelo desmatamento zero, que o Greenpeace e outras organizações encapam.

Fonte: JMA-Jornal Meio Ambiente | Greenpeace Brasil

CNI diz haver perda precoce de participação da indústria no PIB

Brasília  – A participação do Brasil no total da produção industrial dos países em desenvolvimento caiu de 7,99% em 2000 para 5,4% em 2009. A informação, que confirma a perda de espaço da indústria na produção da riqueza brasileira, foi dada pelo gerente-executivo de Política Econômica da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Flávio Castelo Branco. Ele participou nesta terça-feira, 24 de abril, da audiência pública sobre o processo de desindustrialização na Comissão de Trabalho, Administração e Serviço Público (CTASP) da Câmara dos Deputados.
Segundo Castelo Branco, a indústria participa hoje com 14,6% no Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil, nível semelhante ao de países desenvolvidos, mas sem que o Brasil possua o mesmo nível de produção industrial  e a mesma renda per capita. “Essa relação mostra que a indústria perdeu importância na economia brasileira de forma precoce. O setor teria de estar contribuindo mais para gerar emprego e renda”, enfatizou.
O gerente-executivo de Política Econômica da CNI enumerou, entre os fatores que tem levado à perda do peso da indústria no PIB, a mudança do eixo dinâmico da economia para a Ásia, uma política econômica baseada em gastos públicos elevados, juros altos e câmbio valorizado, além de custos estruturais, como um sistema tributário perverso e uma legislação trabalhista anacrônica.

A perda de importância da indústria na economia, assinalou na audiência pública da CTASP o diretor de Estudos Setoriais do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), Carlos Eduardo Fernandez da Silveira, “reflete um quadro que deve preocupar o país”. A razão está na constatação de que os investimentos da indústria têm um efeito irradiador muito forte sobre a economia, avaliou Silveira.
Outro aspecto destacado por Silveira foi o acelerado crescimento das importações. “Em um período de menos de 10 anos, o volume importado em relação ao consumido pela produção industrial passou de 11% para 22,8%. Isso mostra que o setor industrial está virando importador em um ritmo muito veloz”, concluiu o diretor do IPEA.

Fonte: CNI

Os custos que estão na base da economia mundial

Ouro brilha, é claro. A economia mundial gira em torno dos altos e baixos dos preços do petróleo. O aumento nos preços dos alimentos ameaça até mesmo as mais severas ditaduras. Os preços das matérias-primas são importantes — não só para os comerciantes e investidores.
Durante décadas, as commodities caíram quase que inexoravelmente. Mas, por volta do ano 2000, eles deram um giro, dando vazão a previsões plausíveis sobre o início de um "superciclo das commodites", um período longo de aumentos grandes e sustentados de preços. Retrocedendo a história até 1865, os economistas José Antonio Ocampo, ex-ministro colombiano e, recentemente, candidato a presidente do Banco Mundial, e Bilge Erten, da Organização das Nações Unidas, identificaram estatisticamente três desses ciclos, e declararam que é a nossa vez de viver o quarto.
[CAPITAL] 
Associated Press
A recente crise financeira global golpeou todos os mercados, mas depois os preços das commodities voltaram à trajetória de ascensão. Isso reforçou a teoria dos superciclos, além do argumento de que os preços das commodities refletem os temores dos mercados de que os bancos centrais acabem imprimindo tanto dinheiro que a inflação seja inevitável. Mas um abrandamento recente dos preços de algumas commodities minou a visão de superciclo.
Operadores e investidores se preocupam com isso por razões óbvias, mas também é importante para as economias que dependem tanto da exportação como da importação de mercadorias. Além disso, é algo que gera pressões inflacionárias em todo o mundo.
Para ajudar a distinguir tendências temporárias das de mais longa duração, economistas do Fundo Monetário Internacional mapearam recentemente os preços ajustados pela inflação de quatro cestas de commodities — combustíveis e energia, metais, alimentos e matérias-primas agrícolas (como madeira, algodão, borracha, lã e outros) — desde os anos 70. A conclusão do FMI: "A fraca perspectiva econômica global sugere que é improvável que os preços das commodities continuem aumentando no mesmo ritmo dos últimos dez anos."
Mas os gráficos do FMI trazem à tona uma história mais ampla.
Nos anos 2000, houve uma enorme mudança no que havia sido uma onda de declínio nos preços das commodities (exceto dos combustíveis). A explicação mais comum é que a demanda de China, Índia e outros mercados emergentes cresceu muito. Ao mesmo tempo, investidores em todo o mundo decidiram que as commodities eram uma grande aposta. Esse aumento da demanda ocorreu depois de um longo período de queda de preços que desencorajou investimentos na produção de commodities. O mundo não foi capaz de aumentar a oferta para atender a essa nova demanda. Os preços subiram.
Os preços dos combustíveis são diferentes do resto. Por um lado, eles são muito mais voláteis, inclusive por causa de riscos geopolíticos. Por outro lado, eles estão claramente subindo — 163% nas últimas quatro décadas. A explicação geral é que a alta do petróleo prejudica o crescimento econômico e isso deprime os preços de outras commodities.
[wsjamb3apr26]
Os metais aumentaram bastante nos últimos anos. Isso reflete uma forte demanda por parte da indústria e investidores, talvez amplificada por uma perda de confiança em moedas e governos. Mesmo os metais custam mais ou menos o mesmo de 1973, um claro contraste com os combustíveis, que provavelmente nunca voltarão a ser tão baratos.
Nas últimas décadas, o preço dos alimentos caiu bastante, mesmo considerando-se a alta no fim da década iniciada em 2001. Os alimentos custam hoje cerca de metade do que custavam em 1973. A pesquisa de Ocampo e Erten conclui que, com exceção do petróleo, em todo superciclo a alta foi seguida de uma queda que deixou os preços mais baixos do que no fim da década anterior.
Então, em que ponto estamos deste suposto superciclo?
Não há outra China prestes a entrar no mercado mundial, de modo que a grande fonte de aumento da demanda não deve se repetir. E os investidores? Bem, com taxas de juros tão baixas, o guru das commodities do CPM Group Jeffrey Christian prevê que poderia haver uma nova inundação de dinheiro de investidores de commodities.
Superciclo, ao que parece, pode ser apenas um nome fantasia para as conhecidas forças de oferta e demanda, pelas quais um aumento nos preços com base na demanda provoca um aumento da oferta que, por sua vez, empurra os preços para baixo novamente.

Fonte: The Wall Street Journal

Dilma deve vetar partes do Código Florestal


Segundo a ministra Ideli Salvatti, qualquer trecho do projeto que signifique anistia a desmatadores sofrerá veto de Dilma
A Ministra de Relações Institucionais, Ideli Salvatti, disse que "há grandes chances" de partes do projeto de lei do Código Florestal, aprovado ontem na Câmara dos Deputados, seja vetado pela presidente Dilma Rousseff.
Segundo Ideli, qualquer trecho do projeto que signifique, na prática, anistia a produtores rurais que fizeram desmatamentos ilegais sofrerá veto da presidente.
"Tenho a convicção de que tudo aquilo que representar anistia não terá respaldo do governo", disse, após reunião com parlamentares na liderança do governo no Senado.
A ministra lamentou a derrota sofrida pelo governo na Câmara dos Deputados e que acabou por modificar o texto do Código Florestal que havia sido aprovado no Senado, a versão defendida pelo Executivo.
"O Senado produziu o texto do equilíbrio por isso nós lamentamos, principalmente porque o texto havia sido construído com a participação de muitos deputados", afirma.
Quando questionada se a derrota na Câmara representaria "falha" na articulação política do governo, Ideli disse que "tudo o que estava ao alcance do governo foi feito" para viabilizar a aprovação, mas é necessário respeitar a decisão soberana da Câmara.
Após a aprovação do texto na Câmara, Dilma terá 15 dias para decidir sobre o veto.
Segundo fontes do governo, somente vetar parte do Código Florestal não seria suficiente para que ocorresse recuperação de áreas desmatadas. Há avaliação de que o governo corte partes do projeto, e em paralelo faça a edição de medidas provisórias para garantir a vigência de regras relacionadas a proteção ambiental.
As medidas precisarão ser aprovadas no Congresso, mas pelos prazos para essa analise seriam suficientes para evitar constrangimentos do governo brasileiro durante a conferência sobre desenvolvimento sustentável da ONU, a Rio+20.
Passada a Conferência, o governo retomaria as negociações com o Congresso dentro de um novo contexto.

Fonte: Brasil Econômico

quarta-feira, 25 de abril de 2012

Produção industrial volta a crescer em março após seis meses de queda

Brasília – A produção industrial voltou a crescer em março, após seis meses de queda, embora os estoques de produtos finais continuem acima do planejado, informou a Confederação Nacional da Indústria (CNI). O nível de utilização da capacidade instalada, porém, manteve-se abaixo do usual para o mês. Segundo a pesquisa Sondagem Industrial da CNI, em março, a produção ficou em 54,6 pontos ante os 53,3 pontos registrados no mesmo período do ano passado. Em fevereiro deste ano, o indicador ficou em 46,5 pontos.
O indicador da CNI varia de 0 a 100 pontos, sendo 50 pontos a linha divisória. No caso do número de empregados no setor, o indicador passou de 48,3 pontos para 49,5 pontos de fevereiro para março e ficou abaixo do registrado em março de 2011, com 51,3 pontos.
A CNI informou ainda que a indústria operou, em média, com 72% da capacidade instalada em março. O indicador aumentou 1 ponto percentual entre fevereiro e março, e ficou 1 ponto percentual abaixo do apurado no mesmo mês do ano anterior, quando registrou 73%.
O nível dos estoques de produtos finais ficou estável na comparação com o mês anterior. O indicador tem oscilado em torno de 50 pontos desde novembro de 2011. Em fevereiro, o indicador registrou 51,1 pontos e em março caiu para 49,8 pontos. Em março de 2011, ficou em 50,5 pontos.
A CNI destacou também que continuam as dificuldades para ajustar os estoques, principalmente nas grandes empresas. O indicador de estoque efetivo em relação ao planejado situou-se em 51,6 pontos em março, contra 52,1 pontos em fevereiro. Em março do ano passado, foram registrados 50,1 pontos.

Fonte: Agência Brasil

Resíduos da cana no Brasil poderiam gerar mais energia do que a Usina de Itaipu, revela estudo

Brasília – Os resíduos secos do cultivo de cana-de-açúcar no Brasil poderiam gerar mais energia do que a potência instalada da Usina de Itaipu. De acordo com o Plano Nacional de Resíduos Sólidos: Diagnóstico dos Resíduos Urbanos, Agrosilvopastoris e a Questão dos Catadores, divulgado hoje (25) pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), o uso desses resíduos poderiam gerar 16.464 megawatts por ano.
O levantamento mostra que, entre 13 culturas agrícolas pesquisadas, a cana-de-açúcar foi a que gerou maior volume de resíduos, 201 milhões de toneladas por ano, incluindo subprodutos como o bagaço que tem alto potencial energético e vinhaça com melhor aproveitamento como adubo na própria plantação.
O setor já é considerado autossuficiente em termos energéticos, atendendo a mais de 98% da sua própria demanda de energia. Segundo o Ipea, ainda existe grande potencial para geração de excedentes energéticos que ainda é muito pouco utilizado.
“Para viabilizar uma maior disponibilização dessa energia para a rede elétrica, entretanto, será necessário vencer várias barreiras de ordem técnica, econômica e regulatória, sendo necessários mais incentivos econômicos para motivar os investimentos do setor privado nessa área”, destacou o documento.
Além do potencial energético, a queima do bagaço também soluciona o problema de destinação desse resíduo, que é muito volumoso e de difícil transporte.
No total das 13 culturas pesquisadas pelo instituto, o volume de resíduos produzidos chegou a 291 milhões de toneladas por ano. O Ipea analisou o potencial energético apenas dos cultivos secos, como o de cana-de-açúcar, milho e soja, desconsiderando as culturas de banana, laranja e uva.
“O aproveitamento desses resíduos, além de evitar potenciais impactos negativos causados pelo descarte inadequado no ambiente, pode gerar muitos benefícios econômicos para o país”, destacou o estudo.
Os resíduos da agricultura, pecuária e florestas também poderiam atender às necessidades de energia elétrica do setor e ainda ser comercializada no mercado. De acordo com o levantamento, na pecuária, as criações de bovinos, suínos e aves geram cerca de 1,7 bilhão de toneladas de dejetos por ano. Desse total, 365 milhões de toneladas de dejetos são produzidas a partir de criações confinadas, que poderiam virar energia reduzindo os impactos sobre o meio ambiente. A criação de bovinos responde por quase 90% deste volume.

Fonte: Agência Brasil

Mais de 74 mil toneladas de lixo ainda são enviadas diariamente para lixões ou aterros no país

Brasília – Mais de 74 mil toneladas de lixo ainda são encaminhadas, diariamente, para os lixões do país ou para aterros controlados – antigos lixões que passaram por melhorias para virarem aterros –, segundo dados do Plano Nacional de Resíduos Sólidos: Diagnóstico dos Resíduos Urbanos, Agrosilvopastoris e a Questão dos Catadores, divulgado hoje (25). Apesar de o volume ainda ser significativo, o estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) aponta uma redução de 18% nesse tipo de destinação de resíduos, em 8 anos.
De acordo com a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), aprovada em 2010, os municípios brasileiros devem eliminar os lixões até 2014. A menos de dois anos do prazo final, o relatório aponta a existência de 2,9 mil áreas como essas distribuídas em quase 3 mil municípios.
“Os consórcios públicos para a gestão dos resíduos sólidos podem ser uma forma de equacionar o problema dos municípios que ainda têm lixões como forma de disposição final”, sugerem os pesquisadores do Ipea.
O levantamento mostra ainda que a quantidade de resíduos e rejeitos dispostos em aterros sanitários aumentou 120%, entre 2000 e 2008. “Os municípios de pequeno e médio porte apresentaram acréscimos significativos na quantidade total de resíduos e rejeitos dispostos em aterros sanitários”, acrescenta. Para o instituto, esse incremento pode ser resultado do recebimento de resíduos produzidos, coletados ou gerados nos municípios de grande porte.
O Ipea ainda alerta para o problema do resíduo orgânico, que não é coletado separadamente no país. “Essa forma de destinação gera despesas que poderiam ser evitadas caso a matéria orgânica fosse separada na fonte e encaminhada para um tratamento específico, por exemplo, para compostagem”, sugere.
Segundo o levantamento, do total estimado de resíduos orgânicos que são coletados (94 mil toneladas por dia), apenas 1,6% é encaminhado para tratamento em usinas de compostagem, que controlam a decomposição desses materiais para obter um material final rico em nutrientes que pode ser usado como adubo, por exemplo.
“No geral, pode se afirmar que as maiores deficiências na gestão dos resíduos sólidos encontram-se nos municípios de pequeno porte, com até 100 mil habitantes, e naqueles localizados na Região Nordeste”, avalia o relatório.
Fonte: Agência Brasil