Pela análise técnica, o próximo patamar a ser buscado pelo Ibovespa é a importante faixa de 47.800 pontos, menor nível desde maio de 2009.
O evento mais aguardado pelo mercado financeiro brasileiro e global na próxima semana será a reunião de política monetária do Federal Reserve (Fed, o banco central americano) que acontece na quarta-feira (19/6).
Dados recentemente divulgados sobre a maior economia do globo que sugerem uma recuperação do nível da atividade e do mercado de trabalho levaram alguns diretores regionais do Fed a defenderem a redução, no curto prazo, do programa de estímulo que o banco central americano tem realizado nos últimos anos.
No entanto, os economistas brasileiros consultados pelo Brasil Econômico não acreditam que na semana que vem a autoridade monetária opte por uma diminuição nos estímulos, até porque os dados da região não tem sido unânimes em indicar uma retomada consistente e segura.
Nesta sexta (14/6), por exemplo, foi divulgada que a produção industrial dos Estados Unidos ficou estável em maio, na comparação com abril, enquanto a projeção dos analistas indicava crescimento de 0,2%.
"Dado o quadro atribulado do mercado financeiro nas últimas semanas, em função da expectativa do anúncio por parte do Fed, acredito que o Bernanke pode até tentar pôr um pouco de água nessa fervura e dizer que não tem a mínima intenção de mexer nisso", afirma Newton Rosa, economista-chefe da SulAmérica Investimentos.
Caso se confirme a hipótese de nenhuma alteração no ‘quantitative easing 3' (QE3), a tendência, pondera Rosa, é de uma redução da aversão ao risco, com a consequente melhora dos índices acionários das principais Bolsas.
"Até quarta, o mercado deve ficar em compasso de espera", nota Silvio Campos Neto, economista da Tendências Consultoria. "O Fed deve manter a visão de que a economia está em recuperação, mas não acredito em um avanço claro nessa direção [de diminuição dos estímulos]", emenda o especialista.
Maurício Nakahodo, consultor de pesquisas econômicas do Banco de Tokyo-Mitsubishi, ainda que também não espere por nenhuma mudança de rumo do Fed na quarta, entende que o banco central pode usar palavras que sejam interpretadas pelos agentes do mercado como sinalização de que a redução do QE3 virá em um futuro próximo.
Por mais que o mercado seja conhecido por antecipar nos preços dos ativos prováveis eventos, Nakahodo avalia que, quando o anúncio ocorrer, faltamente teremos reflexos nas Bolsas.
"O mercado não está totalmente precificado, até pela incerteza sobre o momento exato que vai ocorrer", fala o especialista do banco de origem nipônica.
André Perfeito, economista-chefe da Gradual, por sua vez, destaca o IPCA-15, que será divulgado na sexta-feira (21/6), como o indicador doméstico mais importante da semana. Em sua previsão, o indicador deve ter avanço de 0,37%. Caso tal projeção se confirme, no acumulado dos últimos 12 meses, o IPCA-15 vai estourar o teto da meta ao atingir o patamar de 6,66%.
O economista aponta entre os indicadores internacionais, alguns Índice Gerente de Compras (PMI, na sigla em inglês) na Europa, que serão conhecidos na quinta-feira (20/6) e podem vir melhor que as projeções.
"Levando em conta que o Ibovespa está nesse processo de queda tão abrupto, praticamente qualquer indicador positivo pode levar ele a um repique. Estamos em um momento de expectativas tão ruins, que a agenda econômica perde um pouco o sentido", diz Perfeito.
Análise técnica
O Ibovespa termina a semana com queda acumulada de 2,15%, aos 49.332 pontos e a perspectiva ainda é ruim para as próximas sessões. "Não houve muita surpresa essa semana, pois após a perda da resistência dos 52.400 pontos, a queda já estava precificada", comenta Daniel Marques, analista técnico da Ágora Corretora.
De acordo com o analista, o objetivo de 49.400 pontos foi atingido e agora o próximo patamar a ser buscado é a importante faixa de 47.800 pontos, menor nível desde maio de 2009. "Se essa região for perdida, então a situação pode se complicar bastante", destaca.
Caso o objetivo de 47.800 seja alcançado, a tendência do Ibovespa é despencar até os 43.500 pontos. No entanto, pode haver alguma recuperação pontual. "Acredito que temos a chance de ter algum repique antes de uma definição sobre a perda do forte suporte de 47.800 pontos", destaca.
No campo positivo, caso a faixa dos 50.600 pontos for alcançada, o índice pode voltar a buscar os 52 mil pontos. Ainda assim, isso não significa uma tendência de alta, e sim um movimento rápido de recuperação, que tende a não se manter.
"Quem for arriscar compra, aconselho uma operação de curto prazo, visando no máximo três dias", aconselha Marques.
Fonte: Brasil Econômico
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