Economista, Especialista em Economia e Meio Ambiente pela Universidade Federal do Paraná e Graduando em Estatística, também, pela Universidade Federal do Paraná.

sábado, 29 de setembro de 2012

Embrapa vai estudar impactos ambientais e econômicos da cadeia frutícola no Rio


Rio de Janeiro – A Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) fará um estudo para avaliar os impactos sociais, econômicos e ambientais de quatro cadeias frutícolas do estado do Rio de Janeiro: o coco-verde, o maracujá, o morango e o fruto da palmeira juçara. Segundo o pesquisador Daniel Trento, o estudo poderá contribuir para o planejamento de políticas públicas para o setor.

“A ideia principal do projeto é de uma prospecção, não só de demandas tecnológicas em relação à qualidade na produção e no processamento, mas também para a formulação de políticas para a área rural. Aí entram os gargalos na parte de distribuição, como está a comercialização e o custo-benefício para o produtor”, disse Trento.

Segundo o pesquisador, a agricultura responde por uma pequena parcela da economia fluminense. Por isso, o estado ainda importa grande parte das  alimentos que consome. No entanto, estudos como este, da Embrapa, podem contribuir para melhorar a produtividade e aumentar a produção agrícola na região.

“O Rio é o segundo mercado consumidor [de alimentos]. Para alguns produtos, ele é o maior mercado. E, se não desenvolver alternativas para a produção agrícola no estado, os alimentos vão encarecer muito, correndo o risco, numa situação de crise econômica, de o estado passar a ter uma situação mais complexa do que outras regiões”, explica o pesquisador.

Entre os produtos que serão pesquisados neste estudo, o coco-verde e o maracujá têm participação importante na produção agrícola fluminense. O coco é vendido tanto ao natural quanto envasado em garrafinhas. O maracujá, produzido no norte do estado, é direcionado principalmente para a indústria de bebidas e transformado em suco processado.

O morango, segundo Trento, tem uma cadeia estabelecida na região serrana do estado. Já o fruto da palmeira juçara, coletado de árvores nas áreas remanescentes da Mata Atlântica, ainda tem produção muito pequena. Com propriedades semelhantes ao açaí, o fruto desta árvore, em risco de extinção, tem grande potencial, de acordo com a Embrapa. O estudo deve ser concluído em dois anos.

Fonte: Agência Brasil

sexta-feira, 28 de setembro de 2012

Economistas debatem se Brasil está pronto para 'desindustrialização'


Até o início dos anos 1990, a Avenida Industrial, em Santo André (ABC Paulista), tinha, como o nome sugere, fábricas de todos os tamanhos ao longo de sua extensão.
Atualmente, o quadro mudou por completo, e de industrial a avenida só guarda o nome. Hoje, o que domina a paisagem é um grande shopping center cercado de condomínios residenciais.
O processo de desindustrialização ocorrido no ABC Paulista nos anos 1990 é uma realidade que ninguém discute, mas economistas ouvidos pela BBC Brasil têm diferentes visões sobre o fenômeno em escala nacional: tanto se ele está efetivamente ocorrendo como se o país está preparado para ele.
Dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) mostram que a participação da indústria no Produto Interno Bruto (PIB) caiu de um pico de 40,9% em 1980 para 27,5% em 2010, enquanto o setor de serviços cresceu de 49% para 67%.
O secretário-executivo do Ministério do Desenvolvimento, Alessandro Teixeira, diz que o governo não vê problemas nos números. "Não há desindustrialização porque a indústria brasileira continua forte e se desenvolvendo. O que ocorreu foi um aumento no peso relativo dos serviços o que é normal quando a economia amadurece", diz.

'Classe média instruída'


Foi aparentemente o que aconteceu no caso do ABC Paulista. Quando as indústrias começaram a deixar a região (procurando incentivos fiscais e mão de obra mais barata em outras partes do país), as previsões eram de catástrofe.
Muita gente imaginava que o ABC iria à falência com a retração do setor automobilístico, como aconteceu em Detroit, nos Estados Unidos, a antiga capital mundial do automóvel, que quebrou nos anos 1980 com a concorrência asiática.
Mas, no fim das contas, os setores de comércio e de serviços conseguiram manter a região não apenas funcionando, mas com PIB e renda crescentes.
"O ABC se adaptou bem porque a indústria criou aqui uma classe média bem instruída e preparada para o desenvolvimento", diz o superintendente do Grand Plaza Shopping, na Avenida Industrial, Henrique Carvalho.
No entanto, economistas como Andre Nassif – professor da Universidade Federal Fluminense (UFF) e também funcionário do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) – temem que o Brasil ainda não esteja pronto para essa transformação em escala nacional.
"Os países que foram bem-sucedidos nesse movimento da indústria para os serviços já tinham renda mais alta. O Brasil passa por um processo de desindustrialização precoce", diz o economista. “Isso é um problema sério porque a indústria é o setor mais dinâmico da economia."
Mas o economista da Universidade de São Paulo, Carlos Eduardo Gonçalves, discorda da noção de que uma indústria forte seja uma condição essencial para o desenvolvimento sustentado e de longo prazo.
"Não há nenhum evidência empírica que prove que um país com vocação para a produção de commodities e recursos naturais não possa se desenvolver com base nisso. A questão é como o desenvolvimento vai ser gerido e não o que vai sustentá-lo", opina o economista.
"A Noruega, por exemplo, é uma país que baseou muito bem seu desenvolvimento no petróleo."

Despreparo

Mas, entre os empresários industriais, o tom é de muita reclamação, principalmente, em setores que sentiram com mais força o impacto da abertura da economia nos anos 1990.
"Na década perdida (os anos 1980, quando a economia brasileira ficou praticamente estagnada), o setor de commodities ganhou espaço porque tinha eficiência, e a indústria sobreviveu porque tinha proteção do Estado", diz a professora da Escola Paulista de Economia da Fundação Getúlio Vargas (FGV), Laura Barbosa. "Quando veio a abertura econômica dos anos 1990, a indústria não estava preparada."

O setor de autopeças foi um dos mais impactados pela abertura da economia e até hoje não se recuperou. Embora o setor automobilístico bata recordes de produção e vendas em plena crise internacional, produtores de peças e componentes sofrem com capacidade ociosa.
"Na verdade, você tem recorde de vendas na ponta do consumidor final, mas a participação da indústria está cada vez menor e é isso que resulta nessa desindustrialização", diz o diretor do Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (Ciesp) em Santo André e dono da Metalmech componentes automotivos, Emanuel Teixeira.
O empresário fica aflito em ver uma capacidade ociosa superior a 30% em sua própria fábrica de componentes, enquanto as montadoras vão muito bem em grande parte por conta de redução de impostos.
"Nós não conseguimos competir com os importados e um dos principais motivos para isso é a alta carga tributária. Hoje se eu produzo, perco dinheiro."

Fonte: BBC Brasil


Britânicos despontam entre novos investidores no Brasil


Firmas britânicas de todos os portes estão correndo para fincar o pé nos setores mais promissores da economia brasileira - e a visita do primeiro-ministro David Cameron ao Brasil é uma tentativa de dar uma mão nesse processo e reverter o que o governo britânico chamou de século de 'negligência' com o País.
Prova disso é que a Grã-Bretanha foi o segundo país que mais anunciou investimentos em novos negócios no Brasil no ano passado, atrás apenas dos EUA - e por pouco. As informações estão em um relatório recente da consultoria Ernst & Young, que mapeia as expectativas dos empresários britânicos sobre o mercado brasileiro.

Em 2010, os britânicos ocupavam a quinta posição nesse ranking, montado com dados da fDi Intelligence (ligada ao jornal Financial Times) que excluem fusões e aquisições e investimentos em ações.
Segundo a Ernst & Young, em 2011, companhias britânicas anunciaram a inauguração de 45 novos negócios em solo brasileiro, um aumento de 125% em relação a 2010.
Elas injetaram ou pretendiam injetar nessas novas empresas, filiais e projetos US$ 12,2 bilhões, criando 21.040 empregos no Brasil. Os EUA anunciaram investimentos US$ 12,3 bilhões. E os aportes da Espanha, terceira colocada, foram de apenas US$ 4,4 bilhões.
A perspectiva para 2012 e 2013 é que a presença britânica no Brasil aumente substancialmente. "Primeiro, porque a expertise adquirida com a Olimpíada de Londres abriu novas oportunidades de negócios no Brasil para os empresários britânicos", disse à BBC Brasil Ed Hudson, diretor-executivo da Ernst & Young. "Depois, porque empresas como a British Gas (BG) já anunciaram investimentos de peso para os próximos anos, que ainda não foram totalmente contabilizados."

Gás e petróleo

Segundo a agência britânica de comércio e investimentos (UKTI), de 2008 a 2010, o número de empresas britânicas que procuraram ajuda para acessar o mercado brasileiro cresceu 500%. A Ernst & Young entrevistou 50 grandes empresários britânicos para seu relatório. Desses, 28 disseram ter planos para investir no Brasil.
Um dos setores que mais enche os olhos britânicos é o energético, por causa das promessas do pré-sal. Se até meados dos anos 2000, o Brasil estava fora do mapa global de produtores-chave de gás e petróleo, segundo a Ernst & Young, hoje, um terço dos grandes empresários britânicos já veem o País como um "líder" no setor de energia.
Só a BG estaria planejando investir no País até 2025 um total de US$ 30 bilhões - mais que o PIB da Bolívia -, segundo informações de seu vice-presidente de assuntos corporativos, Henrique Rzezinsk, divulgadas pela agência de notícias Reuters.
A BG espera que um terço de sua produção venha do Brasil até 2020. Se confirmados, esses investimentos farão da britânica a empresa estrangeira que mais investe no setor no País.
Outras gigantes britânicas que ampliaram suas operações no Brasil neste setor são a British Petroleum, a Shell e a Rolls Royce que, em 2011, anunciou investimentos de US$ 60 milhões em uma fábrica de turbinas para a indústria de petróleo em Santa Cruz, zona oeste do Rio.

Mas as empresas de menor porte também estão atentas para aproveitar as oportunidades desse mercado e, de quebra, fugir da estagnação das economias europeias.
Com 30 funcionários e sede na cidade de Nottingham, a ILS English, empresa especializada em treinamentos corporativos e cursos de inglês, conquistou seu espaço no Brasil com um pacote voltado justamente para funcionários de companhias de petróleo e gás, embora também trabalhe com empresas de outros setores.
"Fizemos parcerias com firmas locais para que elas nos ajudassem a entender as particularidades do mercado brasileiro", conta Pam Dubois, diretora da ILS.

Negócios esportivos

Um segundo filão explorado pelas britânicas é o dos serviços e projetos ligados à Olimpíada de 2016 e Copa de 2014, no qual elas tentam aproveitar a expertise adquirida com os Jogos deste ano em Londres.
Pelo menos 20 empresas britânicas já garantiram contratos relacionados a esses eventos no Brasil de acordo com a cônsul britânica no Rio, Paula Walsh, entre elas companhias da área de transporte (Steer Davies Gleave), comunicações (VERO), recursos humanos (Odgers Berndtson) e sustentabilidade (Useful Simple).
A filial britânica da AECOM, responsável pelo projeto do Parque Olímpico de Londres, também desenhou o projeto escolhido para o Parque do Rio.
Além disso, Alan Collins, diretor da UKTI, calcula que as companhias do país ainda possam abocanhar, principalmente em parcerias com firmas brasileiras, 1 bilhão de libras (R$ 3,1 bilhão) em contratos.
Foram as perspectivas dessa área que levaram a empresa de design e construção de marcas The Works, com sede em Leeds, a abrir um escritório em São Paulo em julho, segundo seu diretor, Roy Webber.
Especializada em marketing esportivo, a empresa já havia conseguido um contrato importante no Brasil. "No momento, temos seis funcionários na capital paulista, mas ainda vamos precisar de mais gente", diz Roy.

Expansão da classe média

Outra área de negócios que têm chamado a atenção dos britânicos é a educacional. Universidades britânicas veem nos estudantes não-europeus - que pagam mais caro - uma forma de aliviar o aperto financeiro gerado pela crise econômica no país. Hoje, elas amealham 7 bilhões de libras (R$ 23 bilhões) com tais estudantes e a ideia é dobrar esse valor até 2025.

Segundo John Doddrell, Cônsul Geral da Grã-Bretanha em São Paulo e diretor da UKTI no Brasil, essas universidades estão se organizando para recrutar em terras brasileiras. "Temos uma participação cada vez maior em feiras educacionais, por exemplo", diz. Em outubro, 46 instituições de ensino britânicas participarão de uma feira de recrutamento de estudantes no Rio e em São Paulo.
O governo brasileiro também já declarou que pretende financiar 10 mil estudantes na Grã-Bretanha como parte do projeto Ciência sem Fronteiras.
Para Hudson, nessa e em outras áreas, um fator que ajuda a atrair as empresas britânicas é o o crescimento da classe média brasileira - que amplia a base de consumidores para determinados produtos e serviços.
Diversas marcas de roupas e confecções se animaram com o mercado brasileiro nos últimos anos. A Burberry abandonou o sistema de franquias no País em 2008 e tomou fôlego para expandir com lojas próprias.
A Nature’s Purest abriu sua primeira loja brasileira em 2010, a Topshop fez sua estreia em um shopping de luxo recém-inaugurado e a Laura Ashley está produzindo roupas de bebê em Ibitinga, interior de São Paulo.
A produtora de bebidas Diageo, fabricante do whisky Johnnie Walker e da cerveja Guinness, em maio, comprou a cachaça Ypióca, do Ceará, por R$ 900 milhões e quer ampliar as vendas para consumidores brasileiros. De quebra, também espera que a Olimpíada e a Copa aumentem a visibilidade e consumo no exterior do drinque nacional brasileiro.
A próxima festa olímpica pode ser brasileira, mas os britânicos já apostam que vão lucrar com a caipirinha.

Fonte: BBC Brasil



Mais de 30% das empresas esperam aumento de gastos


Os gastos com máquinas e outros equipamentos nacionais são os que mais geram despesas para as companhias do setor industrial.

A sondagem de investimentos realizada pela Fundação Getulio Vargas (FGV) com empresas do setor industrial brasileiro aponta que 33% delas esperam elevar seus gastos nos próximos 12 meses, enquanto 14% preveem uma redução.

Foram ouvidas 1009 empresas responsáveis por vendas de R$ 556 bilhões, no período de julho a agosto.

De acordo com o levantamento, 35% das empresas afirmaram ter investido mais nos últimos 12 meses, na comparação com o reportado no ano anterior, e 21% tiveram gastos em níveis inferiores.

Os recursos próprios (lucros e reservas reinvestidas), com participação de 62%, lideram o quesito origem dos recursos para investimentos produtivos. Os empréstimos corresponderam a 32% do total.

Entre as categorias industriais, na duráveis de consumo, 69% apontaram os recursos próprios como origem de seus investimentos; em bens de capital, foram 66%; em bens intermediários, 62%; em material para construção, 61%; e em não duráveis de consumo, 55%.

Já entre os empréstimos, as empresas industriais da categoria não duráveis de consumo lideram, com 38%, seguidas pelas de bens intermediários (32%), e de materiais de construção (31%).

Os investimentos em máquinas e outros equipamentos nacionais ainda lideram a composição dos gastos, com 37%, mas vem em trajetória descendente, já que em 2011 esse percentual foi de 39%, e em 2010, de 44%.

Já o capital aportado em ampliação ou reformas respondeu por 26%, enquanto o destinado a máquinas e outros equipamentos estrangeiros ficou em 19%, mesmos patamares observados no ano passado.

Fonte: Brasil Econômico

quinta-feira, 27 de setembro de 2012

Revisão do PIB americano não surpreende especialistas


Preocupação está no mercado de trabalho, que afeta diretamente o consumo dos americanos.

Apesar do Produto Interno Bruto (PIB) dos Estados Unidos ter sido revisado de 1,7% para 1,3% no segundo trimestre, o dado não foi mal recebido pelo mercado, nem por especialistas.

Na opinião de Márcio Sette Fortes, professor do Ibmec, não dá para levar em conta apenas o desempenho da economia, uma vez que o PIB foi afetado também por questões ambientais.

Os Estados Unidos estão passando pela pior seca em 50 anos, afetando a produção agrícola. Apenas no segundo trimestre, os estoques no setor recuaram em US$ 5,3 bilhões.

No entanto, ele destaca que os gastos dos consumidores, apesar de terem melhorado, ainda continuam retraídos. "O desemprego está muito alto e está afetando as vendas de bens duráveis que, na minha opinião, devem estar começando a ficar congeladas. Sem emprego ou com medo de perdê-lo, as pessoas não vão se endividar", destaca o professor.

Por outro lado, Fortes aposta na melhora da economia americana diante da medida de flexibilização monetária (QE3) no país. "Injetar dinheiro na economia significa apostar que ela irá melhorar, pois esse dinheiro vai custar menos - por ter em excesso - e as empresas e os consumidores vão poder pegar emprestado com juros menores, aumentando os investimentos e as contratações", pontua.

Nos outros anos, quando as duas injeções de liquidez foram anunciadas, o capital, depois de um tempo, foi parar em países que possuíam altas taxas de juros, como o Brasil, para que o dinheiro pudesse render melhor.

Neste caso, com os países em situação desfavorável economicamente, tendo que baixar os juros, boa parte desse dinheiro pode não sair dos Estados Unidos, contribuindo para a melhora interna.

Para Luiz Augusto Monteiro, sócio do Grupo Queluz, a notícia não influenciou tanto por já fazer parte do passado. "Apesar dos indicadores ruins, o dado é de três meses atrás. De lá para cá, muita coisa mudou", diz o sócio.

Além disso, o mercado se animou com os novos pedidos de seguro-desemprego, que caíram em 26 mil na última semana, registrando 359 mil novas solicitações, contra estimativas de 379 mil.

Para ele, a melhora da economia pode vir com as exportações, uma vez que o dólar está desvalorizado por causa da enxurrada da moeda americana. "Isso é muito bom para os Estados Unidos, mas depende muito da situação da Europa e da China, que estão em desaceleração. Portanto, é algo difícil de mensurar", avulta Monteiro.

Em relatório, André Perfeito, economista-chefe da Gradual Investimentos, diz que a situação externa é delicada, no qual a recuperação econômica nas economias maduras não mostra sinais relevantes de melhora e se destaca a elevada taxa de desemprego.

"Mesmo o QE3 não deve trazer alívio, mas sim uma elevação de preço dos ativos com destaque para as agrícolas", diz o economista sobre o afrouxamento monetário.

Fonte: Brasil Econômico

Mesmo crescendo menos, emergentes continuam resistentes à crise, diz FMI

O Fundo Monetário Internacional (FMI) acredita que as economias emergentes continuam resistentes aos efeitos da crise financeira, mesmo que suas taxas de crescimento já não sejam tão robustas quanto indicavam projeções passadas.
Em uma análise divulgada nesta quinta-feira, os economistas do Fundo argumentam que a fortaleza desse grupo de economias, embora tenha sido ajudada por fatores conjunturais, também reside em causas mais profundas: está ligada à adoção de políticas econômicas acertadas e, em linhas gerais, se deve a fatores mais duradouros.

"A resistência das economias emergentes e em desenvolvimento não é recente. Resulta de ganhos consistentes em desempenho ao longo das duas últimas décadas", concluem os pesquisadores, em um novo capítulo do relatório Panorama Econômico Mundial (World Economic Outlook).
As conclusões alimentam o debate sobre a capacidade dos países emergentes de manter seu ritmo de crescimento apesar do agravamento do cenário externo. Atualmente motores da economia mundial, este grupo de países está perdendo o fôlego.
Na mais recente rodada de previsões, em julho, o FMI rebaixou para 5,6% a previsão de crescimento dos emergentes em 2012. No ano passado, esse grupo de economias cresceu 6,2% e, em 2010, 7,5%.
Na segunda-feira, a diretora-gerente do FMI, Christine Lagarde, disse que esta perda de dinamismo, combinada com problemas que ainda persistem na Zona do euro e com a falta de confiança na economia americana, implicará uma revisão para baixo nas novas projeções do Fundo – que serão divulgadas durante a sua reunião de outono, em outubro no Japão.
"Nós claramente ainda vemos uma recuperação gradual (da economia global)", disse Lagarde, "mas o crescimento global que havíamos previsto deve ser ainda um pouco mais fraco do que esperávamos".
Em julho, o Fundo cortou a projeção de crescimento global em 2013 para 3,9%, embora tenha mantido inalterada em 3,5% a estimativa para este ano.

Otimistas x céticos

Diante desse quadro de desaceleração, os técnicos do FMI analisaram seis décadas de expansão e contração de mais de 100 países emergentes e em desenvolvimento diante das crises.
Os mais céticos lembram que grande parte do crescimento deste grupo na última década se deveu a fatores conjunturais, susceptíveis a mudanças de curso, como fortes entradas de capital, crescimento acelerado do crédito e altos preços de commodities.
Mas uma abordagem mais positiva indica um aumento na capacidade dos emergentes de responder a choques externos sem minar a sustentabilidade econômica. É essa a avaliação que o FMI preferiu.
"Muitas economias emergentes e em desenvolvimento adotaram melhores políticas", disse o coordenador do capítulo 4 do WEO, Abdul Abiad.
"Muitas delas adotaram metas de inflação e taxas de câmbio flexível, por exemplo, e as suas políticas fiscais e monetárias são mais contracíclicas que no passado – isto é, estimulam a economia quando ela está fraca, e a controlam quando está superaquecida.", acrescentou.
Nesse sentido, Abiad acredita que o Brasil tem "maior capacidade de manobra" para reagir a uma "possível deterioração do quadro externo".
"(...) o Brasil ainda tem algum espaço para responder com políticas se a desacelação for mais forte que o esperado", afirmou.
Segundo ele, em geral, os países emergentes também construíram para si mais espaço para adotar políticas econômicas, por causa de uma maior folga fiscal em relação ao passado.
Como consequência, os ciclos de expansão se tornaram mais longos e os ciclos de contração, mais curtos e menos profundos, mostrou a pesquisa.
"Esses países estabeleceram um histórico de responder quando a economia se desacelera mais do que o esperado", explicou Abiad.

Resistentes, não imunes

A década passada foi a primeira na história em que os mercados emergentes e as economias em desenvolvimento passaram mais tempo em expansão e registraram contrações menores que as avançadas. A maior parte deste fenômeno, acredita o FMI, se deve ao acerto no conjunto de políticas.
Mas as últimas duas décadas também viram transformações estruturais como a mudança de composição nos fluxos financeiros para os países emergentes, com ênfase no investimento produtivo; a melhoria da distribuição de renda e o fortalecimento dos mercados internos; a maior abertura comercial; e os padrões de comércio exterior mais favoráveis.
Apesar da conclusão positiva, o relatório também lembrou que estes países não se tornaram imunes aos choques. "Entre os choques externos, as recessões nas economias avançadas e 'paradas bruscas' nos fluxos de capital têm os efeitos mais profundos", exemplificou um dos autores do capítulo, Jaime Guajardo.
"Estes choques duplicam a possibilidade de encerramento da expansão em uma economia emergentes e em desenvolvimento. O efeito de um choque doméstico é tão forte quanto, se não for até mais forte. As bolhas de crédito duplicam a possibilidade de uma expansão se tornar uma contração no ano seguinte, e as crises bancárias triplicam."

Fonte: BBC Brasil


Com nova indicação da Selic em 7,5%, juros futuros recuam


Em seu relatório de inflação, Banco Central (BC) informou que trabalha com um cenário de referência no qual prevê a Selic nos atuais 7,5% ao ano até o segundo trimestre de 2013.

Após uma nova indicação no Relatório Trimestral de Inflação (RTI) do Banco Central (BC) de que a taxa básica de juros seguirá em 7,5% não apenas até o final do ano, mas por um longo período do ano que vem, a curva de juros futuros da BM&FBovespa tem uma leve correção para baixo nos contratos mais longos.

Com giro de R$ 23,003 bilhões, o contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) com vencimento em janeiro de 2014 recuava de 7,76% para 7,74%, enquanto o para janeiro de 2015 caía de 8,37% para 8,35%, com volume de R$ 2,376 bilhões.

"O relatório sugere a manutenção dos juros nesse patamar por um longo período, mas o mercado continua cético em relação a isso, não acredita que BC vai conseguir passar 2013 sem subir juros", diz Flávio Serrano, economista sênior do Espírito Santo Investment Bank.

"A movimentação da curva faz sentido, mas o mercado está respondendo marginalmente, é um ajuste muito modesto, uma vez que já se esperava que isso fosse acontecer", completa o especialista.

No RTI divulgado na manhã desta quinta-feira (27/9), a autoridade monetária divulgou sua projeção para a inflação, que passou de 4,7%, no relatório anterior, para 5,2% neste.

O BC explicou que sua projeção tem como base um cenário de referência que prevê a taxa de juros nos atuais 7,5% até o segundo trimestre de 2013.

"Uma primeira leitura do RTI sugere que o Copom parece confortável com a Selic a 7,5% ao ano - devendo, portanto, interromper o ciclo de afrouxamento monetário na sua reunião de 10 de outubro (tal como contemplamos em nosso cenário base)", diz a equipe da LCA, em relatório.

A consultoria nota ainda que as perspectivas anunciadas no relatório sugerem que o BC não terá necessidade de ajustar as condições monetárias no horizonte relevante, que vai até o terceiro trimestre de 2014, já que, nesse intervalo de tempo, as projeções de inflação permanecem dentro da zona de conforto próxima de 5% ao ano.

Para 2013, a previsão atual do BC é de inflação em 4,9%, e em 5,1% até o terceiro trimestre de 2014.

"Avaliamos, entretanto, que uma melhora mais consistente da atividade doméstica (já neste 2º semestre) e do ambiente externo (a partir de meados do ano que vem) - tal como contemplamos em nosso cenário base - acumulará pressões inflacionárias que exigirão um ajuste moderado das condições monetárias na virada de 2013 para 2014 (que virá, de resto, acompanhada por menor estímulo fiscal)", diz a LCA.

A consultoria projeta uma elevação da Selic de 7,5% para 9% entre o último trimestre de 2013 e o primeiro de 2014.

Para a elevação na estimativa de inflação do BC de 4,7% para 5,2%, foram apontados o comportamento de alta no preço das commodities, por conta do choque de oferta e dos programas de estímulo dos Estados Unidos e Europa.

"O RTI pondera, entretanto, que a desaceleração da economia chinesa e a perspectiva de continuidade da fragilidade econômica mundial tendem a conter a pressão de alta sobre as commodities a médio prazo", diz Flávio Combat, da Concórdia.

A ênfase do BC nos impactos defasados da política monetária sobre a atividade (reafirmada persistentemente nas atas do Copom e agora no RTI) é uma sinalização importante de que a redução da Selic já chegou ao fim, pontua o especialista.

"A perspectiva de que a Selic será mantida em 7,50% ao ano é reforçada pela maior preocupação do BC com a trajetória recente das commodities, sobretudo agrícolas, no mercado internacional", pondera Combat.

O analista da Concórdia também prevê a Selic inalterada até o fim deste ano.

Destoando de seus colegas de mercado, Adriano Lopes, do Itaú Unibanco, afirma que segue esperando por um corte adicional de 0,25 ponto percentual em outubro.

"O BC reduziu apenas levemente sua previsão de inflação [de 5% para 4,9% em 2013], o que reduziu marginalmente as chances de uma redução final da taxa em outubro", diz Lopes.

A divulgação do IGP-M feita pela Fundação Getulio Vargas (FGV) também nesta manhã, apesar de ter desacelerado de 1,43% em agosto para 0,97% em setembro, permanece em patamar elevado, e não pode ser relacionada ao movimento de diluição dos prêmios, diz Serrano, do Espírito Santo.

Fonte: Brasil Econômico

quarta-feira, 26 de setembro de 2012

Energias renováveis devem responder por 45% da matriz brasileira em dez anos


Rio de Janeiro – Com crescimento estimado de 5,1% ao ano, as fontes renováveis de energia devem passar de 43,1% para 45% da matriz brasileira em 2021. A projeção está no Plano Decenal de Expansão de Energia, produzido pela Empresa de Pesquisa Energética (EPE).

O documento, que fica em consulta pública no Ministério de Minas e Energia até o dia 31 de outubro, traz as metas para adaptação do setor conforme prevê o Decreto 7.390/2010 que regulamenta a Política Nacional sobre Mudança do Clima.

De acordo com o presidente interino da EPE, Amilcar Guerreiro, a meta para o setor é não ultrapassar 680 milhões de toneladas de gás carbônico de emissões absolutas em 2020. Para que isso ocorra, foi feito o planejamento de crescimento de cada fonte de energia a longo prazo.

“Para uma parte do horizonte os leilões já estão feitos e estão com uma probabilidade de ocorrência muito alta. Claro que sempre tem a incerteza da demanda. Mas nos primeiros cinco, seis anos, boa parte da oferta já está basicamente definida. Agora, para completar o horizonte de dez anos, aí você tem exatamente o plano e, portanto, tem metas a serem atingidas”.

Um dos destaques é o aumento da produção de energia eólica, que hoje não chega a 1.000 megawatts (MW). A meta é chegar a 16 mil MW em 2021. Segundo Guerreiro, uma parte já está leiloada e deve entrar em operação a partir do ano que vem. Outra oferta em ascensão é a das energias derivadas da cana-de-açúcar, tanto o etanol como o bagaço, com crescimento de 8,1% ao ano.

Mesmo com a previsão de aumento da participação do gás natural dos atuais 11% para 15,5% em 2021, devido à exploração na camada pré-sal, o presidente interino da EPE disse que as metas de emissão de gases de efeito estufa no setor energético serão mantidas. De acordo com ele, o mais importante é que as emissões não cresçam em uma proporção maior do que o crescimento da economia do Brasil.

“Com a evolução da demanda, com essa estratégia de oferta, você mantém, em 2020, a intensidade de carbono na economia. Quer dizer, você não está emitindo mais gás carbônico por unidade de PIB [Produto Interno Bruto]. A sua economia cresce, mas ela não fica emitindo mais do que proporcionalmente ao aumento da economia”, declarou.

A meta é manter a intensidade de carbono na mesma proporção medida em 2005, ano em que foi feito o segundo inventário brasileiro de emissões de gás carbônico.

O Plano Decenal da EPE prevê crescimento na capacidade instalada no Sistema Interligado Nacional de 56% até 2021, com destaque para a geração hidrelétrica, com a entrada em operação da Usina de Belo Monte. A malha de transmissão deve chegar a 150,5 quilômetros. Guerreiro lembra que o nível de atendimento de energia elétrica atualmente está muito perto de 100% e o crescimento é de 1,5 milhão de ligações residenciais por ano.

No setor de hidrocarbonetos, a produção de petróleo deve saltar de 2 milhões de barris por dia (bpd) para 5,43 milhões até 2021, com a entrada em operação de 90 plataformas de produção. Como a demanda projetada é de 2,89 milhões de bpd, o excedente de 2,54 milhões será destinado à exportação.

A previsão é que a oferta de energia não-renovável cresça 4,7% ao ano, enquanto a de energias renováveis aumente 5,1%. Com isso, será possível suprir a demanda, que deve crescer 4,7% ao ano até 2021. O investimento total estimado para os próximos dez anos é R$ 1 trilhão.

Fonte: Agência Brasil

Para ter IPI menor, carros deverão consumir menos


Até o fim de 2016, montadoras terão de elevar, em média, para 17,26 quilômetros por litro de gasolina o consumo dos veículos que fabricarem, para terem desoneração extra.

As montadoras terão de elevar, em média, para 17,26 quilômetros por litro de gasolina o consumo dos veículos que fabricarem - um salto ante os atuais 14 quilômetros por litro de combustível apurados atualmente.

Esse é o objetivo a ser alcançado no fim de 2016 para que possam contar com a redução extra de dois pontos percentuais do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) em 2017. A meta faz parte da regulamentação do regime automotivo que entra em vigor em janeiro próximo e vale pelos próximos cinco anos.

Esse número vai variar de acordo com o mix de carros fabricados por empresa, uma vez que algumas produzem veículos mais leves e econômicos do que outras. Mas, na média, espera-se que os motores possam render uma economia no uso de combustível de 18% daqui a quatro anos.

Com esse ganho de eficiência energética será possível atingir um nível europeu de emissão de 130 gramas de CO2 por quilômetro rodado. Atualmente, os carros fabricados no Brasil emitem 170 gramas de CO2 medidos na ponta do escapamento.

Estudo elaborado por uma consultoria contratada pelo governo para nortear as discussões com a Associação Nacional de Veículos Automotores (Anfavea) aponta que os carros brasileiros são os terceiros maiores emissores de poluentes no ranking dos fabricantes mundiais e que, em 2020, poderiam ocupar a primeira posição caso nada fosse feito agora.

O ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Fernando Pimentel, pode anunciar as medidas entre amanhã e sexta-feira. Vai definir assim que chegar da viagem aos Estados Unidos na qual foi acompanhar a presidente Dilma Rousseff.

Aliás, foi ela mesma que pediu para acertar "uns detalhes" no decreto antes e, por isso mesmo, o anúncio que estava previsto para a semana passada teve de ser adiado. "Ela acha que as metas do governo são um grande avanço. Houve apenas umas coisas acessórias para consolidar", contou uma fonte envolvida na formulação das regras.

Investimentos

A meta arrojada vai exigir mais investimentos das montadoras nos próximos anos. No entanto, ressaltou o técnico, há empresas totalmente prontas para cumprir o objetivo e com custo relativamente baixo.

"Não houve homogeneidade nas negociações. Tem gente feliz e outros muito preocupados." Mas, completa, competição é isso. "Se não alcançar as metas paga mais imposto, o caro fica mais caro e perde-se fatia de mercado."

A intenção do governo é fazer com que o Brasil em poucos anos se torne uma plataforma mundial de veículos com o desenvolvimento de projetos locais.

O incentivo para que isso ocorra segue sendo via descontos no Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI). Até 2017, as montadoras que investirem 1% de sua receita operacional bruta em engenharia e 0,5% em inovação vão poder reduzir 2 pontos percentuais do IPI.

Juntando isso com os outros 2 pontos percentuais da meta de eficiência energética, será uma redução de 4 pontos em um tributo que hoje é, em média, de 10%, explicou a fonte. "É um caminhão de dinheiro."

O plano envolve também o aprimoramento da cadeia de autopeças. Há previsão de investimentos das montadoras para inovação e melhora de tecnologia de seus fornecedores para que possam suprir outra meta estabelecida no regime: um aumento de 50% para 70% do chamado conteúdo local até 2017.

Fonte: Brasil Econômico

Taxa de desemprego cresce e chega a 11,1% em agosto, dizem Dieese e Seade


São Paulo – Após quatro meses consecutivos em que a taxa de desemprego manteve-se estável, o indicador cresceu no mês de agosto. A Pesquisa de Emprego e Desemprego (PED), divulgada hoje (26) pelo Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos (Dieese) e pela Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados (Seade), revela que a taxa passou de 10,7%, em julho, para 11,1%, em agosto, em seis regiões metropolitanas e no Distrito Federal.

De julho a agosto deste ano, o número absoluto de desempregados aumentou em 100 mil. Na comparação com agosto de 2011, houve acréscimo de 120 mil desempregados, uma variação de 5%. No mesmo período do ano passado, o número absoluto de desocupados era 2,399 milhões.

No último mês, houve pequena elevação no número de postos de trabalho - com 35 mil novas vagas - mas que não foram suficientes para absorver as 135 mil pessoas que passaram a ser contabilizadas como população economicamente ativa.

Nas regiões metropolitanas analisadas, a taxa de desemprego total elevou-se, de julho a agosto. No Recife, passou de 11,6% para 12,3%, em Salvador subiu de 17,8% para 18,8% e  em São Paulo, de 11,1% para 11,6%. A taxa manteve-se em relativa estabilidade em Porto Alegre (7% para 6,9%), no Distrito Federal (12,7% para 12,6%) e em Belo Horizonte (5% para 5,2%). Apenas em Fortaleza, o indicador caiu, passando de 9,7% para 9,4%.

Assim como o Dieese e a Fundação Seade, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulga levantamento mensal sobre o desemprego no país. No entanto, as taxas apresentadas nas duas pesquisas costumam ser diferentes devido aos conceitos e metodologia usados.

Entre as diferenças está o conjunto de regiões pesquisadas. A PED, feita pelo Dieese e pela Fundação Seade, não engloba o número de desempregados da região metropolitana do Rio de Janeiro. Na Pesquisa Mensal de Emprego (PME), do IBGE, não está incluída as regiões de Fortaleza e do Distrito Federal.

Fonte: Agência Brasil

Setor de serviços ajudou Brasil a enfrentar crise econômica mundial, mostra IBGE


Rio de Janeiro - O setor de serviços não financeiros cresceu mais do que a economia como um todo e contribuiu de forma estratégica para a recuperação brasileira da crise mundial de 2008. É o que mostra a Pesquisa Anual de Serviços (PAS) 2010, divulgada hoje (26) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

De acordo com os dados, de 2007 para 2008 a receita operacional líquida dessas empresas cresceu 11,4%. Após o início da crise, o setor desacelerou e teve crescimento real de 6,1% em 2009. Mas em 2010 houve retomada, com crescimento de 11,2% .

“O ano de 2010 realmente foi de recuperação em relação ao ano anterior, a gente pode dizer que o setor de serviços ajudou a impulsionar a recuperação da economia como um todo”, destaca a pesquisadora do IBGE Ana Carla Magni.

Ela cita quatro segmentos que tiveram destaque no setor: os serviços de manutenção e reparação, as atividades imobiliárias, os serviços prestados principalmente às famílias e os serviços profissionais, administrativos e complementares.

Considerando os dados de 2007 a 2010, a receita do setor teve crescimento de 31,6%, já descontada a inflação, com destaque para o setor de serviços de manutenção e reparação, que teve aumento de 63%, e de atividades imobiliárias, que apresentou crescimento de 59,8% na receita.

Nos salários, o crescimento de 2007 a 2010 chegou a 38%, com destaques também para atividades imobiliárias (50,6%) e serviços de manutenção e reparação (45,3%).

A pesquisa usou dados de 992.808 empresas de serviços não financeiros, divididas em sete segmentos e agrupadas conforme a finalidade de uso: serviços prestados principalmente às famílias; serviços de informação e comunicação; serviços profissionais, administrativos e complementares; transportes, serviços auxiliares aos transportes e correio; atividades imobiliárias; serviços de manutenção e reparação; e outras atividades de serviços.

De acordo com o IBGE, os serviços que fazem parte dessa pesquisa responderam, em 2009, por 13% do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro, que é a soma de todas as riquezas produzidas no país. Se forem levados em conta os serviços como um todo, o setor compõe 67% do PIB.

Fonte: Agência Brasil

Redução de 7,2% na moagem de cana-de-açúcar tem reflexos na produção de açúcar e etanol


São Paulo – A quantidade de cana-de-açúcar processada pelas usinas da região Centro-Sul do país neste ano, até a segunda quinzena de setembro, totalizou 349,5 milhões de toneladas. O resultado representa um recuo de 7,2% em comparação à moagem no mesmo período do ano passado (376,7 milhões de toneladas). O balanço foi divulgado ontem (25) pela União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica).

No acumulado do ano, a quantidade fabricada de açúcar atingiu 21,79 milhões de toneladas, contra 23,21 milhões de toneladas apuradas em igual período de 2011. A produção acumulada de etanol somou 13,69 bilhões de litros (11,3% a menos do que no ano passado): 5,36 bilhões de litros de etanol anidro (9,1% a menos que em 2011) e 8,33 bilhões  de litros (-12,7%) de etanol hidratado, utilizado nos carros flex.

Já as vendas de etanol pelas usinas somam, no acumulado do ano, 9,68 bilhões de litros, dos quais 4,12 bilhões de litros de etanol anidro e 5,56 bilhões de litros ao etanol hidratado. Desse montante, 8,16 bilhões de litros foram comercializados no mercado interno, enquanto as exportações somaram 1,52 bilhão de litros.

Fonte: Agência Brasil

BC: investimento estrangeiro no setor produtivo será suficiente para cobrir déficit em transações correntes


Brasília – O Banco Central (BC) revisou a projeção de investimento estrangeiro direto (IED), que vai para o setor produtivo no país, este ano, de US$ 50 bilhões para US$ 60 bilhões. No ano passado, o IED ficou em US$ 66,66 bilhões.
De janeiro a agosto, entraram no país US$ 43,175 bilhões em investimento direto, ante US$ 44,080 bilhões de igual período de 2011. Somente em agosto, o IED chegou a US$ 5,034 bilhões, acima da projeção para o mês (US$ 4 bilhões).
Em relação ao Produto Interno Bruto (PIB), soma de todos os bens e serviços produzidos no país, o IED deve fechar o ano em 2,61%, ante 2,12% previstos anteriormente.
Segundo as projeções do BC, o IED será mais do que suficiente para cobrir o resultado negativo das transações correntes do Brasil com o exterior. A estimativa de déficit em transações correntes para este ano é US$ 53 bilhões. O saldo negativo em conta-corrente deve corresponder a 2,31% do PIB, contra 2,38% previstos anteriormente.
O IED é considerado a melhor forma de financiamento por ser de longo prazo. Outra forma de financiamento do saldo negativo é a entrada de investimentos em ações e em títulos de renda fixa, além de empréstimos.
A projeção do BC para o investimento estrangeiro em ações negociadas em bolsas de valores no Brasil e no exterior passou de US$ 8 bilhões para US$ 7 bilhões. A estimativa de ingresso líquido de investimento em títulos de renda fixa negociados no país subiu de US$ 3 bilhões para US$ 5 bilhões.

Fonte: Agência Brasil

segunda-feira, 24 de setembro de 2012

FMI deve rebaixar projeção de crescimento global, diz diretora


O Fundo Monetário Internacional (FMI) deverá rebaixar novamente as projeções de crescimento global quando divulgar seu relatório sobre a economia mundial em outubro.
Durante pronunciamento em Tóquio, no Japão, a diretora-gerente do fundo, Christine Lagarde, afirmou que o crescimento econômico mundial tende a "ser um pouco mais fraco" do que o previsto.

"Nós claramente ainda vemos uma recuperação gradual, mas o crescimento global que nós havíamos previsto 12 meses atrás, que nós revisamos seis meses atrás, deve ser ainda um pouco mais fraco do que nós esperávamos", disse.
Problemas na zona do euro e temores sobre a recuperação da economia dos Estados Unidos continuam a minar a confiança dos investidores, segundo Lagarde.
Ela também alertou para uma desaceleração em alguns países emergentes, antes responsáveis por grande parte do crescimento global nos últimos anos.
Em julho, o FMI cortou a projeção de crescimento global em 2013 para 3,9%, mas manteve inalterada a estimativa para este ano em 3,5%.
Zona do euro
Largade também elogiou as medidas tomadas recentemente pelos governos da Zona do euro e do Banco Central Europeu (BCE) para tentar sanar os problemas do bloco de moeda única.
No início deste mês, o BCE informou que compraria um número ilimitado de títulos de dívida dos países-membros em crise. "A iniciativa foi claramente um ponto de inflexão", disse Lagarde.
No entanto, a diretora-geral do FMI afirmou que a região ainda continua sendo o "epicentro" da crise.
Lagarde acrescentou que os Estados Unidos têm de evitar um misto de cortes de gastos públicos e aumento de impostos que poderia provocar "outra recessão" e afetar a "economia global".
Segundo Lagarde, os problemas na economia americana são uma ameaça não apenas para os EUA. "É uma ameaça para a economia global, dado o tamanho da economia americana e suas ligações com muitos outros países ao redor do mundo."

Fonte: BBC Brasil

Inflação deve voltar com força total em 2013, diz BNP Paribas


Caso este cenário de concretize, o Banco Central pode elevar a taxa básica de juros "a partir do segundo trimestre de 2013. Durante o ano, a alta deve chegar a 1,5 ponto percentual".

A forte retomada da economia brasileira no segundo semestre pode penalizar a inflação no ano que vem, gerando preocupação para o governo.

"A economia brasileira começou o ano em marcha lenta e vai terminar em marcha acelerada. A projeção de crescimento para este ano é de algo em torno de 2%, mas para 2013, a expectativa é de alta de 5,5%", aponta Marcelo Carvalho, economista-chefe para a América Latina do banco francês BNP Paribas.

Entre os vilões da alta nos preços, o economista destaca a injeção de liquidez feita pelos principais bancos centrais do mundo. Com parte dos investimentos sendo alocado nas commodities globais, o preço sobe e influencia no valor dos insumos negociados em real, uma vez que, com a guerra cambial, o câmbio ficará entre R$ 2 e 2,10 durante um tempo.

Caso este cenário de concretize, o Banco Central pode elevar a taxa básica de juros (Selic) "a partir do segundo trimestre de 2013. Durante o ano, a alta deve chegar a 1,5 ponto percentual", destaca Carvalho.

Além disso, ele aponta para os diversos estímulos que o governo liberou neste ano. Entre eles, o corte do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) e a desoneração da folha de pagamentos de alguns setores da indústria. Para a inflação não se tornar mais forte, alguns dos estímulos podem ser interrompidos.

"O próprio consenso não acredita mais na meta da inflação em 4,5%. Até 2016, o valor está acima de 4,5%", diz o economista.

A retomada da economia chinesa também é outro ponto. Apesar da projeção do crescimento para este ano, alta de 7,5%, ser menor do que o de 2011, a perspectiva para 2013 é de avanço de 8%.

Ele explica que as reformas econômicas que estão sendo feitas na China são delicadas, pois mexe muito no contexto político. Além disso, o país teme passar pelos problemas que tiveram com a crise de 2008, quando vários estímulos foram realizados, o que acabou elevando a inflação em patamares além do desejado e gerando bolha no mercado imobiliário.

"Se a China continuasse a crescer 10% em 10 anos, ela não caberia no mundo. É natural essa desaceleração. O crescimento na próxima década deverá ficar entre 5% e 6%", pontua Carvalho.

O ambiente interno também se mostrará aquecido e poderá elevar a inflação em 2013. A recuperação industrial observada já no segundo semestre deverá aumentar. Ao mesmo tempo, a confiança dos consumidores e dos empresários tem se mostrado cada vez maior. "O ponto de partida da inflação já será ruim. Hoje, o acumulado de um ano já está em 5,3%".

Mesmo com a melhora da confiança dos consumidores, a inadimplência, que tanto preocupou neste ano, tende a diminuir com o avanço na economia. Para Marcelo Carvalho, ainda há espaço para o crédito no Brasil, em relação aos padrões internacionais, principalmente no mercado imobiliário, que hoje responde por 5% do Produto Interno Bruto (PIB).

Cenário Externo

Apesar da melhora no Brasil, a situação não é a mesma para a economia global. Segundo Carvalho, a perspectiva de crescimento global para 2012 está menor do que o que se imaginava há três meses, passando de 3,2% para 3,1%.

No entanto, ele destaca que não existe mais risco de um colapso na Zona do Euro, pelo menos no curto prazo.

Nos Estados Unidos, o cenário não é tão ruim quanto na Europa, uma vez que a projeção do PIB gira em torno dos 2%, e o mercado de trabalho ainda deverá continuar fraco por um longo tempo.

Na região do euro, a previsão é de recessão na economia, com queda de 0,4% em 2012 e ligeira alta de 0,2% em 2013.

Já no Japão, após baixa de 0,8% no PIB ano passado causada pelo tsunami, a recuperação deste ano deverá atingir alta de 2,2%, se estabilizar e crescer 0,6% no ano que vem.

Fonte: Brasil Econômico

Ibovespa ignora cenário externo e mantém valorização


Em meio a preocupações com cenário europeu, as bolsas internacionais operam em campo negativo.

Mesmo com as turbulências que marcam o panorama dos principais índices de ações internacionais, o Ibovespa avança nesta segunda-feira (24/9). Há pouco, o principal índice da bolsa paulista subia 0,50%, aos 61.628 pontos, com giro financeiro de R$ 2,37 bilhões. 

O desempenho das blue chips, empresas que possuem maior peso dentro do índice doméstico, favorece os ganhos do Ibovespa. Entre elas, destaque para os papéis da OGX Petróleo (OGXP3), que apreciavam 1,11%, vendidos por R$ 6,38; e as ações do Itaú Unibanco (ITUB4) tinham alta de 1,07%, à R$ 34,01.

Além disso, o relatório Focus do Banco Central (BC) interrompeu a sequência de baixas na projeção de crescimento do Produto interno Bruto (PIB) e aumentou a projeção da Selic, que passou de 7,25% para 7,5% - um indicativo de que os juros ficarão no atual patamar até o final do ano, beneficiando as aplicações em renda variável.

Ainda por aqui, o leilão de fechamento de capital da Redecard vai elevar o volume de negócios na bolsa doméstica.

No continente europeu, a atenção dos investidores ficou dividida entre Espanha e Grécia. A preocupação com a indecisão de Mariano Rajoy, primeiro-ministro da Espanha, continua. O governo espanhol ainda não decidiu se formaliza ou não o pedido de resgate financeiro ao Banco Central Europeu (BCE). 

Com isso, as bolsas da região encerraram com retração. O FTSE-100, de Londres, caiu 0,24%, o CAC-40, de Paris, se desvalorizou 0,95%, e o DAX, de Frankfurt, recuou 0,52%.

A tensão na Grécia decorre da espera pela decisão de seus credores, BCE, Comissão Europeia e Fundo Monetário internacional (FMI), que formam a Troika, sobre um aumento do prazo para que os gregos cumpram as exigências de cortes orçamentários. 

"Os gregos apenas querem que sejam mais brandos em relação às exigências. As expectativas e o temor de que os credores não fiquem penalizados derrubaram os índices neste pregão", avalia Pedro Galdi, economista-chefe da SLW Corretora. 

Além disso, vale destacar a confiança dos empresários alemães, que voltou a reportar um resultado desfavorável, sinalizando que, mesmo após os pacotes de estímulo ao redor do mundo, a desaceleração global ainda perturba os agentes globais.

Ainda por lá, as divergências sobre a União bancária entre a chanceler alemã, Angela Merkel, e o primeiro-ministro francês, François Hollande, podem ser consideradas outro ponto de referência negativo. 

Nos Estados Unidos, as bolsas acompanham o desempenho dos mercados europeus e operam no vermelho. O S&P 500 retrai 0,30%, o Nasdaq cai 0,69% e o Dow Jones perde 0,18%. 

O índice de atividade econômica de Chicago leva pessimismo aos investidores da região. Em contrapartida, mesmo permanecendo negativo, o indicador que avalia a atividade manufatureira de Dallas melhorou, passando de -0,16 para -0,9 pontos em setembro.

"Com isso, os investidores passaram a operar com um pouco mais de fôlego. Ainda assim, as bolsas, devem permanecer em ritmo de desaceleração", explica Galdi.

Destaques

Voltando ao panorama brasileiro, entre as maiores altas do índice, os papéis da Gol (GOLL4) subiam 4,78%, para R$ 12,05. Em seguida, as ações ordinárias da Duratex (DTEX3) avançavam 3,15%, cotadas a R$ 13,41.

Do lado negativo, o papel da Cielo (CIEL3) tinha a maior queda, recuando 3,63%, negociado a R$ 57,34. Na sequência, os papéis da Embraer (EMBR3) caíam 2,84%, para R$ 13,36.

Câmbio

No mercado de câmbio, o dólar operava com valorização de 0,14% em relação ao real, negociado a R$ 2,0240 na compra e R$ 2,0260 na venda.

Fonte: Brasil Econômico

sábado, 22 de setembro de 2012

Desonerações incentivam a economia, mas impactam repasses a estados e municípios


Brasília - Os incentivos à economia concedidos pelo governo federal sob a forma de desonerações tributárias dão fôlego ao consumo e à produção, mas afetam as contas de estados e municípios. A renúncia na arrecadação de tributos como o Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) e Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico (Cide) sobre os combustíveis, inclusos nas transferências legais da União para as cidades e unidades da Federação, faz encolher o orçamento de governos estaduais e municipais.

O mais recente relatório bimestral de receitas e despesas do Ministério do Planejamento, divulgado em julho, diminuiu em R$ 4,9 bilhões a projeção de transferências legais e constitucionais da União para os estados e municípios em 2012, de R$ 181,2 bilhões para R$ 176,2 bilhões. O documento atribui a queda à “redução na previsão de arrecadação do Imposto de Renda, IPI e da Cide”.

Além disso, embora o último resultado do Tesouro Nacional mostre que nos sete primeiros meses do ano os repasses para prefeituras e governos estaduais cresceram 6,8% em relação a igual período de 2011, na comparação entre julho de 2012 e o mesmo mês do ano passado houve queda de 14,7%.

O presidente da Confederação Nacional dos Municípios (CNM), Paulo Ziulkoski, disse que diante de reestimativas dos repasses federais, as prefeituras têm tido que fazer um esforço para readequar seus orçamentos. “Anualmente, é informada a transferência do ano seguinte, para que o município possa fazer o seu orçamento. Só que vem sendo reestimado para baixo”, declarou. De acordo com Ziulkoski, os repasses do Fundo de Participação dos Municípios (FPM), que começaram o ano com previsão de R$ 77 bilhões, foram reestimados em menos de R$ 70 bilhões.

Ele citou ainda um estudo da CNM divulgado em junho, segundo o qual as desonerações causarão um impacto de R$ 500 milhões nos repasses às prefeituras. Segundo o presidente da CNM, muitos prefeitos terão dificuldades para cumprir a Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF). [Os prefeitos] correm o risco de virar ficha suja. O maior impacto é na saúde e na educação”, disse.

A reportagem da Agência Brasil tentou contato com Manoel dos Anjos, secretário executivo do Conselho Nacional de Política Fazendária (Confaz), órgão colegiado de secretários estaduais de Fazenda, a fim de obter dados sobre o impacto das desonerações nos estados. Mas, até o fechamento desta matéria, ele não havia retornado as ligações.

Para o advogado tributarista Jacques Veloso, é “inevitável” que prefeituras e governos estaduais sofram algum impacto em função das desonerações. “Como a ideia é desonerar equipamentos, incentivar a produção na indústria, fatalmente o imposto escolhido é o IPI”, ressaltou.

Na avaliação dele, a tendência é que haja uma diminuição nos repasses a curto prazo, mas também uma recuperação mais à frente. “Já tivemos situação semelhante no passado, quando ocorreu a desoneração da linha branca e de automóveis em 2008. Após a queda inicial na arrecadação, houve um incremento muito forte nas vendas, que compensou. Eu reduzo a alíquota, mas elevo o volume da arrecadação tributária”, declarou.

Fonte: Agência Brasil

sexta-feira, 21 de setembro de 2012

Brasil, África do Sul, Índia e China preparam declaração conjunta sobre mudanças climáticas


Brasília - Ministros do Meio Ambiente e das Relações Exteriores do Brasil, da África do Sul, Índia e China, que integram o grupo Basic, preparam a divulgação para hoje (21) de uma declaração conjunta com propostas sobre a busca de soluções para os impactos das questões climáticas no mundo. Representantes da Argélia, da Argentina, de Barbados e do Catar também participam das reuniões em Brasília.

O documento será levado à 18ª Conferência das Nações Unidas para o Clima (COP18), em Doha, no Catar, da qual participarão representantes de 190 países, entre novembro e dezembro. A declaração detalha os aspectos considerados fundamentais sobre questões climáticas.

O documento é resultado do acordo do Basic - grupo criado em 2007 - sobre o assunto. As propostas foram minuciosamente analisadas ontem (20) por técnicos, especialistas e negociadores dos quatro países e alguns convidados, durante reuniões no Ministério das Relações Exteriores.

Os relatórios temáticos feitos pelos especialistas serão analisados hoje pelos ministros. Há um entendimento comum de que é prioritário tratar o problema do clima no mundo, mas não existem acordos para concretizar as medidas que devem ser adotadas pelas nações desenvolvidas e em desenvolvimento.

Também estão em discussão os suportes financeiro, tecnológico e técnico internacional para ações de mitigação e adaptação em países em desenvolvimento. A previsão é que até o meio-dia a declaração conjunta seja definida e divulgada.

Antes mesmo das reuniões de ontem e hoje, a delegação do Brasil apresentou suas prioridades. Para o governo, as negociações sobre o acordo global em 2020 devem envolver compromissos de todos os países para a redução de emissões de gases de efeito estufa. Seguindo estudos científicos, o Brasil admite que o debate não deve ser concluído na COP18, pois há indicações de que os avanços até o momento são insuficientes.

O objetivo dos países do Basic é apontar o que consideram fundamental para a COP18. Nas reuniões preliminares, as autoridades brasileiras reconheceram que a conferência deve produzir poucos resultados significativos.

De acordo com técnicos e especialistas, a definição sobre os compromissos da segunda etapa do Protocolo de Quioto, que define metas e limites de emissão de gases de efeito estufa para os países desenvolvidos, é um ponto indispensável para que a conferência no Catar seja considerada produtiva.

O governo brasileiro quer que as regras da nova etapa sejam definidas até a COP18 para garantir que as novas metas passem a valer em janeiro de 2013, mesmo que países como o Japão, Canadá e a Rússia tenham abandonado o tratado. Os termos do Protocolo de Quioto expiram no fim deste ano.

Os representantes da Argélia, da Argentina, de Barbados e do Catar foram convidados para as discussões porque  integram os grupos internacionais que debatem o tema. A Argélia é o país que preside temporariamente o G77 (grupo de países em desenvolvimento), a Argentina foi recentemente presidente do mesmo bloco e Barbados tem interesses específicos em relação à questão da mudança do clima – uma vez que o conjunto de pequenas ilhas se torna vulnerável a eventos extremos.

Fonte: Agência Brasil