Economista, Especialista em Economia e Meio Ambiente pela Universidade Federal do Paraná e Graduando em Estatística, também, pela Universidade Federal do Paraná.

quinta-feira, 28 de junho de 2012

Câmbio motivou aumento na projeção de inflação do BC


Projeção de inflação do BC passou de 4,5% para 4,7% em 2012, impactada pela alta do dólar.

A desvalorização do real ocorrida neste ano foi o principal motivo que levou o Comitê de Política Monetária (Copom) a elevar a projeção de inflação para 2012 e 2013.

O Comitê divulgou que, em seu cenário de referência, a previsão central é de inflação de 4,7% em 2012, um avanço de 0,3 ponto em relação ao relatório de março deste ano.

Para 2013, a previsão é de que a inflação atinja 5% (a previsão de março era de 5,2%).

O valor já é superior ao centro da meta estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), de 4,5%.

Os dados foram divulgados pelo Banco Central (BC) no Relatório Trimestral de Inflação, documento que reflete a visão do Copom sobre a situação da economia brasileira.

"Essencialmente, esse aumento das projeções pode ser atribuído ao câmbio", explicou Carlos Hamilton Araújo, diretor de política econômica do BC.

O dólar comercial acumula alta de 12% em relação ao real neste ano. A moeda ganhou valor frente as principais divisas mundiais, com a maior instabilidade nos mercados financeiros.

"O câmbio atualmente tem um efeito sobre a inflação brasileira bem menor do que tinha no passado", diz. "E o impacto do câmbio é relativamente rápido, daí a nossa revisão."

O dado já pressionou os preços no atacado, o que pode impactar os preços ao consumidor. Em 12 meses, o IGP-M passou de uma taxa de 3,23% em março para 5,14% em junho, parcialmente pressionado pelos preços no atacado.

"Essa volta dos preços no atacado, em parte, se explica pelo câmbio."

Em seu cenário base, o BC projeta também um reaquecimento da economia na segunda metade do ano, o que deve evitar uma queda maior da inflação.

"Nossa visão é de que já no segundo trimestre a economia apresente taxas de crescimento mais favoráveis e com tendência de que isso se acelere ao longo de 2012."

Crescimento menor

No mesmo relatório, o Copom cortou em 1 ponto percentual sua previsão de crescimento do PIB, para 2,5%.

O BC observa que a desaceleração da economia, ocorrida a partir da segunda metade do ano passado, foi maior do que o esperado, por conta das ações de política monetária adotadas anteriormente e da crise global, que se intensificou em julho de 2011.

"Como a crise não se resolveu, a recuperação tem sido bastante gradual", afirma.

O ajuste na previsão de crescimento vem com alguma defasagem em relação às expectativas de mercado, que já projetam uma expansão de 2,18% neste ano.

"No momento nossa projeção é de 2,5% para 2012. Vamos aguardar como a economia vai evoluir", diz Araújo.

Fonte: Brasil Econômico

BC anuncia novo leilão e consegue conter alta do dólar


Moeda americana passou o dia em alta, mas inverteu o movimento após o anúncio do BC e registrou leve queda de 0,09%.

Após passar a maior parte da sessão em alta e quase bater R$ 2,10, o dólar comercial encerrou a quinta-feira (28/6) com uma leve queda de 0,09%, cotado a R$ 2,740 na compra e R$ 2,076 na venda.

A mudança de direção aconteceu na hora final da sessão, quando o Banco Central (BC) do Brasil anunciou que realizará o terceiro leilão de swap da semana na sexta-feira (29), entre 10h15 e 10h30. Serão ofertados 60 mil contratos.

Nesta manhã, o BC leiloou 60 mil contratos, movimentando um total de US$ 2,996 bilhões. Esse tipo de operação funciona como uma venda de dólares no mercado futuro.

Segundo Reginaldo Siaca, da Advanced Corretora, as notícias não foram positivas tanto no mercado doméstico quanto no internacional.

O Relatório de Inflação do BC, divulgado durante a manhã, trouxe um corte na projeção de crescimento da economia brasileira neste ano, que passou de 3,5% para 2,5%. Ainda assim, a autoridade monetária se mostra mais otimista que o mercado, que segundo o relatório Focus, espera um avanço de 2,18%.

No plano externo, o desemprego alemão chamou a atenção pela ligeira alta no número total de desocupados (de 2,875 milhões para 2,882 milhões), embora a taxa tenha permanecido estável em 6,8% em junho. A expectativa era de queda para 6,7%.

No Reino Unido, o Produto Interno Bruto recuou 0,3% no primeiro trimestre, enquanto na Zona do Euro, a confiança do consumidor caiu novamente em julho.

Os dados se uniram à expectativa pela reunião dos líderes da União Europeia, aumentando a cautela. Os chefes de Estado se reúnem até sexta-feira para tentar chegar a medidas contra a crise.

"No clima de aversão ao risco, o mercado procura dólar para se proteger e o Banco Central está atendendo", explica Siaca. Ou seja, a demanda por dólar pressiona o câmbio e a autoridade monetária segura.

Além do fluxo de notícias, outro ponto que influencia o câmbio é a disputa de comprados e vendidos em torno da formação da Ptax (média das cotações do dólar) mensal no dia 29, que embasará a liquidação dos contratos futuros de julho.

Leilões no mercado à vista

Segundo Sidnei Nehme, diretor executivo da NGO, a pressão sobre o câmbio pode estar maior nas operações à vista do que no mercado futuro.

Caso as ofertas de swaps cambiais não sejam eficientes para conter a alta do dólar, ficará evidente que a pressão é exercida no mercado à vista, levando o BC a ofertar a moeda à vista, através de leilões, diz o economista.

Fonte: Brasil Econômico

terça-feira, 26 de junho de 2012

Sachs sugere as bases para um novo contrato social

Por Fernanda B. Müller


Em um diálogo envolvendo oficiais das Nações Unidas e do governo brasileiro, o economista e sociólogo Ignacy Sachs se destacou detalhando o que seria necessário para a construção de um novo caminho para a humanidade


No evento de lançamento do projeto 'Novo Contrato Social para o Século XXI', organizado pelo Instituto Ethos e o Instituto das Nações Unidas para Treinamento e Pesquisa (UNITAR), participaram Rajendra Pachauri, vencedor do Prêmio Nobel da Paz em 2007; o embaixador André Corrêa do Lago, negociador-chefe do Brasil para mudança do clima e para a Rio+20; Achim Steiner, secretário adjunto da ONU e diretor-executivo do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente; Carlos Lopes, diretor executivo da UNITAR e Ignacy Sachs, economista e sociólogo.


Sachs deu um ‘Viva a crise’, justificando que ela nos ajuda a mudar de rumo, papel que a Rio +20 deveria fazer.

Se referindo à tese de Adam Smith sobre o funcionamento do mercado, ele disse não acreditar muito na ‘mão invisível’, porém que o maior problema é saber o que fazer com os cinco dedos da “mão visível”.

O primeiro dedo, seria a construção de um futuro baseado em um contrato social explícito, no nível de cada pais, com a ambição de construir também um “mega contrato social planetário”, utilizando as Nações Unidas para costurá-lo e levá-lo em frente.

“Isto implica em superar as diferenças sociais abissais que permanecem hoje na maioria dos países, o que separa hoje alguns países mais avançados de outros que estão na base da pirâmide. Superar estas diferenças abissais, este é o nosso objetivo”.

Para Sachs, o segundo dedo seria o planejamento participativo, com o objetivo principal de “fazer com que os que estão embaixo da pirâmide possam ser erguidos a um nível que lhes assegure uma vida decente”.

“Os mercados têm a vista curta e a pele grossa, preocupam-se com o imediato e não contabilizam os custos sociais. Precisamos pautar as nossas ações numa visão de longo prazo para evitar catástrofes”, ressaltou.

O terceiro seria a segurança alimentar remetendo à necessidade de se colocar em pauta a questão das reformas agrárias e considerar também a revolução azul, a da água.

A segurança energética seria o quarto pilar para um planejamento com condições de propor soluções validas, notou Sachs, citando a necessidade de uma estratégia gradual de saída das energias fósseis e mantendo distância do uso excessivo da energia nuclear. “O que nos remete a um enorme capitulo de energias renováveis”, conclui.

O quinto dedo seria a cooperação internacional. Sachs sugere soluções para o financiamento de um fundo para ações voltadas ao desenvolvimento sustentável, como o repasse de 1% do PIB dos países ricos, impostos sobre as emissões de dióxido de carbono e taxas sobre o uso do espaço aéreo e marinho para o transporte. Outra medida seria reorganizar a cooperação técnica, “utilizando a geografia dos biomas, estabelecendo uma cooperação entre países que compartem o mesmo bioma”.

Alinhado com as discussões realizadas na Cúpula dos Povos, Sachs conclui que “não são novas formas que devemos procurar e sim novos conteúdos”.

“É perigo pintar de verde e dizer que mudou, esse debate deve focar nos conteúdos por que pode haver formas plurais de chegar ao mesmo resultado...Temos q propor linhas de ação e olhar se tem mudança de conteúdo e não só declaração de amor a natureza”, alertou.

Após Sachs focar parte das suas propostas na redução das desigualdades, Carlos Lopes também enfatizou que no mundo atual este de fato é um dos maiores problemas.

Rio +20

O debate para um novo contrato social foi programado para o sábado, propositalmente posterior ao término da Rio +20 para poder ser construído a partir de suas bases.

Em uma avaliação crítica dos resultados da conferência no Rio, Achim Steiner comparou o documento final a um livro de culinária com muitos ingredientes, mas sem receitas completas.

“A declaração tem muitos ingredientes, mas, em várias questões que aborda, seu ‘modo de fazer’ deixa a desejar”, afirmou, acrescentando: “Ainda assim, como nos livros de receita, o documento tem informações suficientes para colocarmos a mão na massa e continuarmos a busca por um novo contrato social, um novo modelo de desenvolvimento”.

Carlos Lopes demonstra um ponto de vista mais otimista calcando no fato que os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio, cujo prazo é 2015, foram negociados durante anos para, finalmente, se ter dois parágrafos adotados em 2010 em Johanesburgo e apesar disso, enfatiza, muito já se fez para o seu alcance.

“Não fico admirado do progresso não ser assim tão rápido quanto queremos”, conclui Lopes.

Para Pachauri, a dificuldade em progredir não está na aceitação de nas novas ideais, mas sim em fugir das velhas.

“Chegou a hora do conhecimento se tornar o maior indutor das ações”, ressaltou concordando com a proposta de Sachs de se criar uma taxa pelo uso dos bem globais comuns. “A herança é de todos, mas parece não pertencer a ninguém”, lamentou.

Durante as discussões finais, Oded Grajew, fundador da Abrinq, do Instituto Ethos e do Movimento Nossa São Paulo, constatou que outro grande entrave está na desconfiança da sociedade em relação aos governos.

“Há um ceticismo muito grande das relações entre governos, um exemplo é que dos cinco membros permanentes do conselho de segurança da ONU, apenas um dos presidentes esteve aqui (no Rio). A primeira ministra da Alemanha estava vibrando no futebol enquanto isso”, criticou.

Ele reenfatizou que o debate fundamental na construção de um novo contrato social é o combate a desigualdade, pois apenas à pobreza  “é insuficiente”.

“Mesmo em países onde não há pobreza há conflitos. Para sermos seres com convicções parecidas é importante um novo contrato”, comentou. Além disso, este processo tem que ser resolvido sem violência, completa Grajew.

“Os cinco membros permanentes do conselho de segurança da ONU são os grandes vendedores de armas do mundo”, alerta.

O ultimo fator importante em seu ponto de vista seria o fator intergeracional, ou seja, deixar um mundo melhor para as futuras gerações.

“Os governo não representam mais as pessoas e sim os interesses de quem tem mais poder. Se o contrato de 92 (Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento de 1992, também no Rio de Janeiro) for pra ser ratificado, que até agora não foi, precisamos de um movimento civil, a sociedade precisa ser reintegrada no processo”, concluiu.


Fonte: Instituto CarbonoBrasil

São Paulo é considerada cidade insustentável


Na cidade São Paulo há mais de 11 milhões de pessoas, que consomem cerca de dez mil toneladas de alimentos diariamente, desperdiçam água, consomem muita energia e ficam presas no trânsito. Desta forma, a cidade destaca-se por sua insustentabilidade.

Tudo que é produzido no Brasil e entra em São Paulo passa pelo Ceagesp (Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo), que fica aberto 24 horas. Parte dos produtos que passam pelo local vão para outras cidades, mas em apenas um dia dez mil toneladas de comida permanecem para o consumo da capital paulista.

Mas, isso não significa que todos se alimentem bem. Há um lado obscuro na cidade, uma quantidade considerável de comida não é totalmente aproveitada, e pior, é desperdiçada. “Os brasileiros, de modo geral, administram mal a comida. A estimativa é de que 30% da comida que entra em uma casa são perdidos”, explicou o presidente do Instituto Akatu, Helio Mattar, à reportagem do Fantástico.

A produção lixo orgânico se dá por vários fatores, um deles é que as sobras não são utilizadas novamente pelas pessoas. Outra questão é a falta de planejamento antes da compra, o que resulta no descarte de boa parte da comida, antes mesmo que elas sejam preparadas.

Esse desperdício ocorre tanto em casa quanto em restaurantes. Há mais de 12 mil estabelecimentos na cidade, onde são consumidos 1,7 milhão de refeições por dia. Os pratos do dia que sobram nos restaurantes e cafés são desperdiçados, pois há uma lei no Brasil que proíbe o reaproveitamento destes alimentos.

Desta forma, são produzidos 18 mil toneladas de lixo por dia. Estes resíduos são levados para uma estação, depois são transferidos para aterros em outros municípios, sendo que apenas 2% de tudo é reciclado.

Outro problema que a cidade enfrenta é em relação ao lixo tóxico, que é jogado pelas descargas de automóveis, caminhões e ônibus. Diariamente, este tipo de resíduo chega a acumular em torno de 550 toneladas.

Além do desperdício de alimentos, a água também não é bem administrada. “A gente pode viver tão bem como vivemos usando um terço da água que utilizamos, facilmente. Sustentabilidade não é igual a sacrifício, ao contrário, é reduzir desperdício. Isso é bom para o orçamento doméstico”, afirma o presidente do Instituto Akatu.

A situação da cidade insustentável é agravada pelo fato de não haver áreas verdes suficientes. Nos bairros nobres ainda há mais árvores, mas nas comunidades carentes são raros os locais com praças e espaços livres. A capital possui apenas metade da área verde recomendada pela Organização Mundial da Saúde (OMS).

A população que vive em tais regiões, geralmente, enfrenta outro problema constante: o trânsito. Dependendo do horário, algumas pessoas gastam até três ou quatro horas para chegar a seu local de trabalho. Há muitos carros na rua e o transporte público é precário. Ao todo são gastos, em média, 32 dias e meio no trânsito por ano. 

O gasto de energia é mais um fator que torna São Paulo insustentável. As residências da cidade gastam, somente entre 18h e 22h, 30% de tudo o que a usina de Itaipu produz. Com informações do Fantástico.

Fonte: Jornal Meio Ambiente / Ciclo Vivo

domingo, 24 de junho de 2012

Extrativismo sustentável ainda é pouco explorado no Cerrado


O extrativismo no Cerrado ainda é pouco explorado, mas pode ser mais uma opção sustentável para o bioma. O exemplo vem de um casal de Brasília, que investe nos sabores de espécies nativas para fabricar sorvetes e picolés. O proprietário da sorveteria, Bartolomeu Rodrigues, explica que eles se associaram a cooperativas de catadores, que são capacitados para colher os frutos preservando o ecossistema.

“Eu quero que aquela árvore da qual a fruta foi catada esteja no ano seguinte no mesmo local e produzindo da mesma forma. Então não pode simplesmente chegar lá depredando a natureza, tem que catar de forma racional. São colhidos 70% dos frutos, os 30% restantes ficam para os bichos, que mantêm o Cerrado vivo”.

No entanto, Bartolomeu lembra que muitas áreas de extrativismo estão sendo degradadas. Essa perda de biodiversidade é irrecuperável, já que falta tecnologia para fazer o reflorestamento da vegetação nativa do Cerrado.

A esperança começa a surgir com as pesquisas. A engenheira florestal Eneida Silveira coordena um grupo na Universidade de Brasília que conseguiu, pela primeira vez, cultivar mudas de plantas do Cerrado em laboratório, apesar da dificuldade para se propagar essas espécies pelos meios clássicos, como o uso de sementes.

“Nossa pesquisa procura desenvolver protocolos de propagação de espécies de interesse econômico, no caso medicinais ou frutíferas, para a criação de um sistema sustentável para o Cerrado. Outro ponto importante é que muitas plantas do Cerrado são medicinais, mas muito pouco estudadas sob esse aspecto. Consequentemente, se nós tivéssemos uma pesquisa avançada nesse sentido, poderíamos produzir medicamentos a partir de plantas do Cerrado”.

Entre as espécies com as quais a professora Eneida trabalha estão o marmeleiro-do-cerrado, a sucupira-preta, mama-cadela, carobinha, copaíba e canela-de-ema. A pesquisadora lembra que as estações de muita chuva e de forte seca prejudicam o desenvolvimento das plantas. Também faltam estudos que mostrem como seria o crescimento com adubo e irrigação. Além disso, as sementes perdem a viabilidade muito rapidamente.

Fonte: Jornal de Brasília

sábado, 23 de junho de 2012

Prisões, privatização e padrinhos


Por Paul Krugman

Nos últimos dias, o "New York Times" publicou uma série de reportagens aterrorizantes sobre o sistema de casas de semi-internato de Nova Jersey -que serve como ala auxiliar, operada pelo setor privado, do sistema penitenciário estadual. A série é um modelo de jornalismo investigativo e todos deveriam ler esses artigos. Mas também é preciso que seja analisada como parte de um contexto mais amplo. Os horrores descritos são parte de um padrão mais amplo sob o qual funções do governo estão sendo a um só tempo privatizadas e degradadas.

Vamos começar pelas casas de semi-internato. Em 2010, Chris Christie, o governador de Nova Jersey -que tem conexões pessoais com a Community Education Centers, a maior operadora dessas instalações, para a qual no passado trabalhou fazendo lobby-, descreveu as operações da empresa como "uma representação do que há de melhor no espírito humano". Mas as reportagens revelam, em lugar disso, algo mais próximo ao inferno -um sistema mal gerido, com escassez de funcionários e equipes desmoralizadas, do qual os mais perigosos indivíduos muitas vezes escapam para causar estragos e no qual os criminosos menos violentos enfrentam terror e abusos da parte dos demais detentos.

A história é terrível. Mas, como eu disse, é necessário vê-la no contexto mais amplo de uma campanha nacional da direita norte-americana pela privatização de funções de governo, o que enfaticamente inclui a administração de prisões. O que move essa campanha?

Seria tentador dizer que ela reflete a crença dos conservadores na magia do mercado, na superioridade da concorrência livre sobre o planejamento governamental. E essa é certamente a maneira pela qual os políticos da direita gostariam de ver a questão enquadrada.

Mas basta pensar por um minuto para perceber que uma coisa que as empresas que formam o completo penitenciário privado -companhias como a Community Education ou a gigante setorial Corrections Corporation of America- não fazem é concorrer em um mercado livre. Elas na realidade vivem de contratos governamentais. Assim, não existe mercado, e portanto nenhum motivo para prever ganhos mágicos de eficiência.

E o fato é que, apesar das muitas promessas de que privatizar penitenciárias resultaria em grande economia de custos, essa economia -como concluiu um estudo abrangente conduzido pelo Serviço de Assistência Judiciária, parte do Departamento da Justiça norte-americano- "simplesmente não se concretizou". Os operadores privados de penitenciárias só conseguem economizar dinheiro por meio de "reduções em quadros de funcionários, nos benefícios conferidos aos trabalhadores e em outros custos trabalhistas".

Assim, é hora de conferir: as penitenciárias privadas economizam dinheiro porque empregam menos guardas e outros funcionários, e pagam menos a eles. E em seguida lemos histórias de horror sobre o que acontece nas prisões. Que surpresa!

O que deixa a questão dos motivos reais para a campanha pela privatização das penitenciárias, e de praticamente tudo mais.

Uma resposta é que a privatização pode servir como forma encoberta de elevar o endividamento do governo, já que este deixa de registrar despesas antecipadas (e pode até arrecadar dinheiro pela venda de instalações existentes), e eleva os custos de longo prazo de maneira invisível pelos contribuintes. Já ouvimos muito sobre dívidas estaduais ocultas em forma de passivos de pensão futuros; mas não ouvimos o bastante sobre as dívidas futuras que estão sendo acumuladas agora na forma de contratos de longo prazo com empresas privadas empregadas para operar penitenciárias, escolas e muito mais.

Outra resposta para a privatização é que ela representa uma forma de eliminar funcionários públicos, que têm o hábito de formar sindicatos e tendem a votar nos democratas.

Mas a principal resposta certamente está no dinheiro. Pouco importa o efeito que a privatização tenha ou não sobre os orçamentos estaduais. Pense, em lugar disso, nos benefícios que ela traz para os fundos de campanha e as finanças pessoais dos políticos e seus amigos. Com a privatização de mais e mais funções governamentais, os Estados se tornam paraísos de pagamento nos quais contribuições políticas e pagamentos a amigos e parentes se tornam parte da barganha na obtenção de contratos do governo. As empresas estão tomando o controle dos políticos ou os políticos estão tomando o controle das empresas? Pouco importa.

É claro que alguém vai certamente apontar que as porções não privatizadas do governo também enfrentam problemas de influência indevida, que os sindicatos dos guardas penitenciários e professores têm influência política e esta ocasionalmente distorce as decisões governamentais. É justo. Mas essa influência tende a ser relativamente transparente. Todo mundo sabe sobre as aposentadorias supostamente absurdas do setor público; já revelar o inferno das casas de semi-internato de Nova Jersey requereu meses de investigação pelo "New York Times".

O que importa, portanto, é que não se deve imaginar aquilo que o "New York Times" descobriu sobre a privatização de prisões em Nova Jersey como exemplo isolado de mau comportamento. Trata-se, na verdade, quase certamente de apenas um vislumbre de uma realidade cada vez mais presente, de uma conexão corrupta entre privatização e apadrinhamento que está solapando as funções do governo em muitas regiões dos Estados Unidos.

Fonte: Folha

quinta-feira, 21 de junho de 2012

Em busca do equilíbrio econômico necessário

Por Joaquim Castanheira*


A atual crise financeira teve data de início bem definida: 15 de setembro de 2008, quando o Lehman Brothers, uma das mais tradicionais casas bancárias dos Estados Unidos, foi à bancarrota.

 A partir daquele dia, o terremoto, que teve seu epicentro no subprime americano, se estendeu por outros bancos, atingiu empresas de todos os setores e finalmente bateu com violência nas contas públicas. 

Ao longo desse período, uma palavra tornou-se uma espécie de panaceia, a cura de todos os males do capitalismo global: austeridade. 

Segundo os apóstolos desse conceito, graças a uma postura mais firme e parcimoniosa de executivos e autoridades, sairíamos mais fortalecidos do turbilhão econômico. Os resultados mostram que as coisas não são bem assim. O desemprego atingiu níveis recordes na Zona do Euro. 

Economias aparentemente sólidas, como a da Espanha, correram atrás de ajuda externa. Governos de países com sistemas democráticos estabelecidos, a exemplo da Grécia, desmoronaram como se fossem feitos de areia. 

E o resumo da ópera (bufa, no caso): não há perspectiva de que o mundo, e a Europa em particular, coloque um ponto final na crise. Um alento, porém, surgiu na reunião do G20, realizada na praia de Los Cabos, no México. O documento final do encontro indica que a saída para a estagnação econômica global reside no crescimento, e não na insistência de políticas de austeridade que impõem limites severos aos investimentos públicos. 

É verdade que, como em geral ocorre nesses fóruns, as soluções apresentadas são genéricas e padecem de propostas concretas - e não foi diferente na reunião desta semana do G20.

Mas a simples mudança de rota sugerida pelas maiores economias do planeta já revela um avanço na discussão.

A presidente Dilma Rousseff foi, mais uma vez, porta-voz da visão, digamos, desenvolvimentista, ao afirmar que "as duras exigências de austeridade podem ser flexibilizadas em prol do estímulo ao crescimento econômico", conforme publicou o BRASIL ECONÔMICO na edição de ontem.

A própria história recente no Brasil mostra os resultados desse tipo de política. Durante anos, sob a justificativa do rigor nas contas públicas, o país manteve os juros em níveis indecentes, reprimiu fortemente os investimentos públicos e conviveu com índices anêmicos de crescimento.

Evidente que não se trata de defender o descontrole na gestão financeira dos governos em qualquer instância. O que não é defensável, porém, é criar uma dicotomia entre austeridade e desenvolvimento. As duas posturas não são contraditórias e tampouco se excluem. 

O embate entre a alemã Angela Merkel, defensora da austeridade a qualquer preço, e o francês François Hollande, que propõe esforços em prol do crescimento, pode levar a Europa ao equilíbrio entre esses tipos de políticas e mostrar ao mundo um caminho sustentável para deixar a crise para trás.

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*Diretor de Redação do Brasil Econômico


Fonte: Brasil Econômico

Alternativa para levar luz à África


A África pode estar prestes a ter muito mais energia.

Durante anos, organizações sem fins lucrativos trabalharam para trazer energia a custos accessíveis para africanos que não estavam conectados às redes elétricas. Mas elas conseguiram ajudar somente uma mínima porcentagem daquela população, principalmente vendendo para as pessoas lamparinas de querosene baratas.


Agora, algumas das maiores companhias de energia estão pensando numa escala muito mais ampla. Elas estão conduzindo projetos para testar a viabilidade — física e comercial — de sistemas de energia solar que geram eletricidade para iluminação e outros propósitos em comunidades de toda a África.

O objetivo das empresas é vender os sistemas para governos e ONGs, que poderiam usá-los para fornecer eletricidade mais barata ou de graça para as comunidades. Os sistemas custam menos do que expandir as redes elétricas tradicionais.

Os programas pilotos já melhoraram a vida das pessoas. E o mercado potencial é atraente para as empresas de energia: umas 600 milhões de pessoas na África vivem sem acesso confiável à eletricidade, segundo a International Finance Corp., uma divisão do Banco Mundial. Resta saber se os governos e as ONGs estão realmente dispostos a investir em sistemas solares.

Quando o sol desaparece atrás do município de Lomshyo, na África do Sul, Thandi Mangomisse não se preocupa mais em saber quanto querosene ainda há na sua lamparina.

Agora, ela acende duas lâmpadas de diodo no teto e uma lanterna, todas usando a eletricidade de baterias que ela carrega com dois pequenos painéis de energia solar no telhado. Depois de passar toda a sua vida sem eletricidade, Mangomisse, de 55 anos, hoje não consegue se imaginar sem luz.

Os painéis solares e as lâmpadas foram um presente da Philips Electronics NV. A empresa holandesa distribuiu-os para 71 lares em Lomshyo e está analisando o efeito na vida das pessoas para justificar vendas de sistemas similares no futuro. Além da conveniência da luz elétrica, o equipamento deu um empurrão financeiro aos moradores de Lomshyo. Poucos deles têm uma fonte de renda estável além da ajuda do governo ou uma renda modesta com a venda de manga e banana, mas agora eles não precisam gastar com querosene. O resultado é que muitos hoje têm dinheiro para comprar pão, um luxo antigamente, e complementar sua dieta.

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Em alguns outros projetos pilotos, ONGs e governos locais estão testando a ideia ao fornecer algum financiamento para sistemas de energia solar.

A DuPont Apollo Ltd., uma unidade da americana DuPont Co., instalou ano passado campos de painéis solares numa localidade da Tanzânia e em quatro outras na Nigéria para fornecer energia para igrejas, escolas e um hospital. A empresa enviou uma equipe à África do Sul para discutir instalações similares lá.

A Osram Sylvania Inc., uma divisão da alemã Siemens AG, está usando campos de painéis solares no Quênia para alimentar lanternas recarregáveis e luzes de teto, em vilas de pescadores às margens do Lago Vitória. A companhia pretende reproduzir o modelo em dez outras localidades do país.

Enquanto isso, a Schneider Electric SA, da França, eletrificou três municípios no Senegal e mais dois em Madagáscar e na Nigéria com energia solar. Até o final do ano, outros 20 receberão o mesmo benefício em Camarões, Senegal e Nigéria.

O IFC vê potencial para empresas começarem a amealhar ganhos anuais de dois dígitos na venda de sistemas fora da rede até 2015. Mas Arthur Itotia Njagi, gerente do programa Iluminando a África, que promove iniciativas do setor privado no setor fora da rede elétrica, reconhece que os executivos das companhias de energia ainda têm suas reservas. "Os caras lá no alto tendem a ter uma visão mais cautelosa," diz ele. "Assim que eles se convencem de que há um mercado, aí eles investem pesado."

O tamanho do mercado depende da disposição dos governantes e ONGs de investir em uma escala maior nos sistemas fora da rede elétrica, diz Chuck Xu, diretor-presidente da DuPont Apollo.

Dadas todas as variáveis políticas, econômicas e financeiras que vão influenciar essa disposição, o futuro é incerto. Mas a participação dos governos e ONGs em programas pilotos é um bom sinal.

A África do Sul já incentiva a energia solar com garantias de que a companhia estatal comprará a energia de grandes plantas solares a preços favoráveis. O país também oferece subsídios para donos de imóveis que compram um sistema solar de aquecimento de água. O governo está interessado em programas semelhantes para outras aplicações da energia solar, inclusive bombas de água e sistemas de iluminação.

Em Lomshyo, tanto o potencial da eletricidade gerada por energia solar quanto a necessidade de mais energia são óbvios. O líder da comunidade Teteya Loti Mhlabane está animado com o novo sistema de iluminação, mas ansioso por mais. "Com luz, tudo fica bom," diz ele. "Mas as pessoas aqui, elas também precisam de geladeiras, rádios e outras coisas — elas ainda precisam de mais energia."

Fonte: The Wall Street Journal

quarta-feira, 20 de junho de 2012

Meta do Paraná é recuperar até um milhão de hectares de florestas nativas


O secretário estadual do Meio Ambiente e Recursos Hídricos, Jonel Iurk, afirmou nesta terça-feira (19/06), no Rio de Janeiro, que o governo paranaense tem como meta recuperar até um milhão de hectares de florestas nativas nos próximos 20 anos. Ele destacou que o Estado vem adotando medidas inovadoras para a conservação das riquezas naturais e que o trabalho foi reforçado com o lançamento do programa Bioclima Paraná.

Iurk participou do painel “Casos de Sucesso na Economia Verde - Ecossistemas, Florestas e Água”, apontando iniciativa do Paraná como a resposta do Estado para a conservação da biodiversidade em seu território. O painel fez parte da programação da Cúpula Mundial dos Estados e Regiões, um dos eventos da Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável (Rio+20).

Durante sua explanação, Iurk explicou que Paraná possui apenas 2% do território nacional, mas é responsável por cerca de 20% da produção agropecuária do Brasil e produz cerca de 30% da energia elétrica de todo o país. Iurk afirmou que o modelo de desenvolvimento construído a partir da segunda metade do século XX teve como consequência uma perda de 90% da cobertura florestal no Bioma Mata Atlântica.

O secretário afirmou que o programa Bioclima foi elaborado para ajudar na reversão deste quadro. “O Governo do Paraná quer incrementar de forma determinada ações voltadas à conservação da biodiversidade no território estadual e procedimentos de adaptação e mitigação às mudanças climáticas”, disse Iurk.

COMPROMISSOS - O secretário Iurk reafirmou os compromissos para fazer frente aos desafios do desenvolvimento sustentável, estabelecidos pelo governador Beto Richa na área ambiental com o Programa Bioclima. “Nossa intenção é promover incentivos econômicos inovadores, com especial ênfase ao Pagamento por Serviços Ambientais, de forma a contribuir para a conservação e uso sustentável da biodiversidade e a repartição justa de seus benefícios para os proprietários rurais, promovendo a obtenção de renda com a conservação dos ambientes naturais”, disse Iurk.

Outra meta a ser atingida, segundo o secretário, é a de aportar recursos financeiros de fontes nacionais e internacionais para a execução do Programa Bioclima Paraná, dando prioridade ao estabelecimento de processos de gestão integrada em áreas prioritárias para conservação do Bioma Mata Atlântica. Como exemplo concreto, ele citou os valores de outorgas dos serviços de inspeção veicular destinados ao monitoramento dos gases de efeito estufa, que serão integralmente destinados ao programa.

“Também vamos fortalecer a Política Estadual de Recursos Hídricos, fomentando a implantação dos Comitês de Bacias Hidrográficas. Atualmente já temos oito comitês em funcionamento num universo de 12 possíveis”, disse. De acordo com Iurk, em 2012 será concluída a elaboração de sete Planos de Bacias Hidrográficas. “É um instrumento de planejamento para ações futuras de preservação dos recursos hídricos paranaenses e será criado de forma descentralizada, participativa e integrada, permitindo ampla participação social”, disse o secretário.

Em relação ao papel dos governos regionais nas questões de desenvolvimento sustentável, o secretário disse acreditar que é importante que os Estados possam realizar iniciativas que sirvam de exemplo para as nações. “Temos o compromisso de promover capacitação técnica, pesquisa, geração e intercâmbio de conhecimento, com outros estados do Brasil e do mundo”, destacou. Para ele, é fundamental a participação paranaense na Rede Mundial de Governos Subnacionais para o Desenvolvimento Sustentável.

Fonte: JMA-Jornal Meio Ambiente

América do Sul é estratégica para a China


Rio de Janeiro – A participação do primeiro-ministro da China, Wen Jiabao, na Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, a Rio+20, vai muito além das discussões sobre sustentabilidade e meio ambiente. Desde 2010, a América do Sul é o principal destino dos investimentos chineses no mundo, particularmente nos setores de mineração e energia. Depois de passar pelo Brasil, Jiabao visita a Argentina, o Uruguai e o Chile.

O apetite pelas commodities (bens agrícolas e minerais com cotação internacional) da região é grande, e os chineses reclamam de dificuldades para vender e investir mais. “O sistema tributário no Brasil é muito complicado”, disse a subdiretora do Departamento de Américas no Ministério do Comércio chinês, Xu Yingzhen. Ela recebeu um grupo de jornalistas da América do Sul antes da chegada do premiê chinês ao Brasil.

Por seu mercado consumidor, pela produção de ferro e soja e pela demanda de maquinário em  diversos setores, especialmente o do petróleo, o Brasil é considerado a joia da coroa na região.

Recentemente o embaixador brasileiro na China, Clodoaldo Hugueney, chegou a dar destaque na  imprensa internacional à expansão de uma agenda comercial e de investimentos, incluindo satélites e produtos agropecuários, como carne e salsicha.

“Existe uma complementariedade econômica entre a China e a América Latina”, afirmou o subdiretor do Departamento de América Latina da chancelaria chinesa, Zhao Bentang.

No ano passado, os dois países negociaram mais de US$ 77 bilhões. O primeiro-ministro chinês já declarou que espera fechar este ano com um comércio total de U$ 100 bilhões, e as primeiras medições da balança comercial indicam que vem um novo saldo gordo por aí.  

Não é mera coincidência que a China tenha ultrapassado os Estados Unidos e se tornado o principal parceiro comercial do Brasil. Os chineses estão em busca de oportunidades para diversificar a montanha de dólares que têm em divisas internacionais. Como é o maior país exportador do mundo, já acumulou mais de US$ 3,30 trilhões em divisas. A maior parte do dinheiro está aplicada em títulos do Tesouro dos EUA e é mais que o dobro do que tem o segundo colocado, o Japão.

Fonte: Agência Brasil

Portos chineses alimentam apetite por comércio, infraestrutura e commodities


Rio de Janeiro – Dos dez maiores portos do mundo, começando pelo maior de todos – Xangai –, sete estão na China. Como se não bastasse, Xangai vai receber nos próximos anos um porto maior ainda.

A China se transformou no maior exportador mundial, mas seus portos também recebem grandes carregamentos. O minério de ferro chega principalmente do Brasil e da Austrália. A soja, do Brasil, da Argentina e dos Estados Unidos.

A diminuição do ritmo econômico mundial e as montanhas de minério de ferro que se acumulam em portos como o de Qingdao, o sétimo maior do mundo, por causa da diminuição do número de compradores, parecem não ter arrefecido o ímpeto chinês.

Apesar da estrutura já existente, a China continua expandindo seus portos, não só para não interromper a aceleração do crescimento econômico, mas também para aumentar a capacidade de armazenamento, que parece inesgotável.

“Estamos em busca de oportunidades também na América Latina”, disse Sun Xin Ying, gerente-geral de uma empresa estatal na cidade de Tianjin, que importa minérios e outras commodities (bens agrícolas e minerais com cotação internacional). Eles receberam cerca de US$ 20 bilhões do Banco de Desenvolvimento da China para fechar compras fora do país.

Tianjin tem o quinto maior porto da China, mas é o maior existente próximo a Pequim. Existe um trem-bala ligando a capital chinesa à cidade portuária. A viagem dura cerca de 35 minutos e acabou transformando os arranha-céus de Tianjin, que até dez anos atrás era uma cidadezinha de interior, em dormitório para milhares de trabalhadores que se deslocam diariamente para Pequim.

A infraestrutura na China é meticulosamente desenhada e os chineses têm verdadeira obsessão por maquetes. Pequim, Xangai e Tianjin têm prédios inteiros para abrigar maquetes que apresentam o planejamento de cidades repletas de arranha-céus, trens-bala ou portos. Bairros inteiros com prédios modernos surgem em questão de meses, gerando uma demanda por mais ferro e cimento do que os chineses sozinhos são capazes de atender.

Fonte: Agência Brasil

Espanha alerta que não tem mais acesso a crédito


O ministro do Orçamento da Espanha, Cristobal Montoro, exortou na terça-feira os outros países da zona do euro a adotarem logo alguma medida para ajudar seus combalidos bancos, dizendo que o governo praticamente perdeu acesso aos mercados de capitais por causa do ágio expressivo exigido pelos investidores em títulos de dívida soberana.


Ao fazer essa admissão dramática, Montoro reforçou o coro dos pedidos recentes do governo espanhol por ajuda direta das instituições da União Europeia para os bancos espanhóis, enquanto o governo tenta evitar um pacote de socorro completo. A questão tornou-se mais urgente depois que Madri foi forçada a socorrer o Bankia SA com 19 bilhões de euros (US$ 23,75 bilhões), ao mesmo tempo em que os juros dos títulos de dívida do governo subiram para valores recordes, com o rendimento do título de dez anos da Espanha se mantendo acima de 6% pela terceira semana consecutiva. Os juros tinham subido para 6,37% ao meio dia na Europa. Enquanto isso, os juros do título de dívida alemão de dez anos, considerado um porto seguro pelos investidores, estavam em 1,20%.


"Esse spread mostra que o estado e a Espanha como um todo têm um problema quando se trata de acesso aos mercados, quando precisamos refinanciar nossa dívida", disse Montoro numa entrevista no rádio. "O que esse ágio diz é que a porta do mercado está fechada para a Espanha e, por causa disso, o desafio é abrir essa porta e recuperar a confiança dos mercados, nossos credores."

O alerta de Madri lembrou avisos parecidos sobre custos de crédito proibitivos feitos por Grécia, Portugal e Irlanda, antes de iniciarem negociações com credores internacionais como a União Europeia e o Fundo Monetário Internacional para receber um pacote de socorro.

Mas Montoro deu a entender que a Europa deve permitir que suas instituições capitalizem os bancos diretamente, enfatizando que um plano de socorro amplo é uma opção inconcebível e desnecessária para os bancos da quarta maior economia da zona do euro.

Os acordos atuais não permitem que os fundos de socorro da zona do euro sejam usados diretamente para recapitalizar bancos.

"A Espanha não pode ser socorrida de fato, do ponto de vista técnico", disse Montoro.

Ele disse que os bancos espanhóis não precisam de volumes "gigantescos" de recursos, reforçando os comentários do influente presidente do conselho do Banco Santander SA, Emilio Botín, que disse na segunda-feira que 40 bilhões de euros devem ser suficientes para viabilizar o sistema financeiro da Espanha. Alguns analistas calculam que o setor bancário do país pode precisar de até 90 bilhões de euros.

"O montante que o sistema bancário europeu necessita não é muito alto nem excessivo. O que importa é o procedimento para fornecer essa quantia, e é por isso que é importante que as instituições europeias se abram e sigam adiante com isso", disse Montoro. "As instituições europeias precisam começar a se mexer e buscar uma maneira de recapitalizar os bancos por meio desses procedimentos."

Dados divulgados terça-feira mostraram que a atividade dos serviços da Espanha caiu em maio ao ritmo mais rápido desde novembro, no sinal mais recente de que a economia do país ainda está se deteriorando.

O índice de gerentes de compras do setor de serviços caiu para de 42,1 em abril para 41,8 em maio, segundo pesquisa mensal da Markit Economics, recuando ainda mais do limite de 50 pontos, significando que a atividade está encolhendo (qualquer valor acima de 50 indica expansão de um mês para o outro). Foi o 11º mês seguido em que empresas de serviços cortaram a oferta e há poucos sinais de que a atividade vai se recuperar logo.

Os temores em relação às finanças do governo da Espanha têm aumentando para novos recordes o custo do seguro contra moratória do país.

Fonte: The Wall Street Journal

Dúvidas sobre mecanismo de cooperação entre países do Brics persistem.


Brasília - A criação de um instrumento de cooperação financeira entre os componentes do Brics – Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul – indica que os países emergentes apostarão na ajuda mútua para se contraporem ao poder econômico das nações desenvolvidas. A falta de detalhes sobre o funcionamento dessas ferramentas, no entanto, provoca dúvidas em especialistas sobre a capacidade de esses mecanismos serem implementados.
Na segunda-feira (18), durante reunião preparatória para o encontro do G20, no México, os membros do Brics concordaram em formar um fundo conjunto com recursos das reservas internacionais dos países. O grupo anunciou ainda a possibilidade de abertura de negociações para que as economias emergentes também façam operações de troca de moedas entre si.
Para o professor de economia Décio Munhoz, da Universidade de Brasília (UnB), iniciativas semelhantes de cooperação financeira, como os acordos de Chiang Mai – que prevê auxílio financeiro entre países asiáticos – e as trocas de moedas entre o Federal Reserve (Banco Central norte-americano) e alguns países durante o auge da crise econômica nos Estados Unidos, são recentes. “Não dá para avaliar os reflexos com profundidade”.
Segundo Munhoz, uma questão central no funcionamento do fundo é se ele será formado por contribuições em dólar e euro ou se os aportes serão feitos nas moedas de cada país do Brics. Caso os países utilizem apenas as próprias moedas, o fundo terá capacidade de ação limitada, financiando apenas trocas comerciais entre os membros do grupo. “É um mecanismo muito restrito porque quando você troca moeda, elas só poderão ser utilizadas dentro daqueles países”.
Munhoz diz ainda que é difícil saber se o fundo conjunto será posto em prática por causa das próprias incertezas entre os membros do grupo. “Até recentemente, a ideia era que os Brics criassem um banco de desenvolvimento, nos moldes do Banco do Sul”.
O economista e ex-diretor do Banco Central, Carlos Eduardo de Freitas, destaca que a utilização das reservas internacionais para compor o fundo conjunto reforçará o poder da China dentro do Brics. Isso porque o país asiático é o maior detentor de reservas externas no mundo. “Quem tem reservas genuínas é a China, que tem superávit nas contas externas”.
Freitas também critica a falta de detalhamento em relação ao mecanismo de cooperação financeira. Ele, no entanto, diz que o Brasil pode se beneficiar caso possa, em último caso, pegar dinheiro emprestado do novo fundo para estimular as exportações e a economia. Para ele, o anúncio desse instrumento representa uma reação à lentidão das reformas para ampliar o poder dos países emergentes no Fundo Monetário Internacional (FMI). “Mesmo com a crise, manteve-se uma resistência para uma mudança na divisão de poder. Então decidimos criar uma coisa meio que nossa”.

Fonte: Agência Brasil

Em cinco meses, Índia se torna 7º maior importador do país


Alto crescimento e demanda por commodities sugerem que a nação asiática será a próxima China para o Brasil.
O estreitamento político e econômico entre o Brasil e o segundo país mais populoso do mundo está dando resultados de forma mais rápida do que o esperado por executivos e especialistas no comércio exterior.
O sentimento é de que a Índia, finalmente, caminha para se consolidar como uma nova China para o empresariado nacional.
As semelhanças entre os dois países asiáticos superam as questões populacional e territorial. A forte demanda indiana por alimentos, metais e energia alçou o país, em menos de um ano, como o sétimo maior importador do Brasil.
Há exatamente doze meses, a Índia figurava apenas na vigésima posição como maior comprador dos produtos tupiniquins.
Até maio, o país exportou para o novo parceiro asiático US$ 2,08 bilhões. A soma representa um aumento de 88% frente ao que foi vendido em igual período de 2011. O salto se deve principalmente à comercialização de petróleo, que registrou alta de 151%, e de óleo de soja, com incrementos de 364%.
Apesar da grande participação de produtos básicos na pauta exportadora, especialistas afirmam que há espaço para a manufatura nacional, especialmente a de alta tecnologia.
Segundo Welber Barral, ex-secretário do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), a Índia se posicionará futuramente como um dos três principais importadores de petróleo do Brasil. "É um dos grandes consumidores globais. China, Estados Unidos e Índia se destacarão como os maiores clientes do país."
Para Roberto Paranho, presidente da Câmara de Comércio Brasil-Índia, há um esforço para que a corrente de comércio entre as duas nações alcance US$ 25 bilhões em 2020. No último ano, todas as negociações entre Brasil e Índia somaram US$ 9,3 bilhões.
"O estreitamente de relações que aconteceu nos últimos meses visa este crescimento do comércio", diz.
Para José Augusto de Castro, presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), o exportador nacional deve ter em mente que apesar do crescimento vigoroso e do grande potencial consumidor indiano, esta nova China não possui a infraestrutura detida pela original.
"É um país que tem um gigantesco potencial e que vê o poder aquisitivo de sua população aumentar rapidamente. Mas não tem uma estrutura logística e informacional que a China possui."
Para promover a venda de produtos manufaturados, nos últimos três anos, ao menos três missões de empresários foram organizadas pelo governo brasileiro. A última contou com a presença da Presidente Dilma Rousseff.
Em setembro, uma nova Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex) levará executivos da indústria hospitalar para prospectar o mercado.
Das vendas para o parceiro comercial, companhias nacionais optam por implantar escritórios ou até mesmo fábricas para produzir localmente e explorar comunidades consideradas de difícil acesso.
Segundo informações da Apex, 14 empresas já possuem ao menos representação local. Entre elas, Fanem, WEG, Gerdau, Stefanini IT e Marcopolo.

Fonte: Brasil Econômico

terça-feira, 19 de junho de 2012

Demanda interna dá fôlego à economia do Japão


O banco central do Japão informou que, pela primeira vez em no mínimo 20 anos, a demanda interna — e não as exportações — está sendo a força motriz do crescimento econômico, já que a crise da zona do euro e o crescimento minguado da economia americana continuam a reprimir a demanda internacional.
O Banco do Japão revisou para cima a avaliação geral da economia — dando crédito à atividade que se seguiu ao terremoto e ao tsunami de março de 2011 no norte do país.

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Reuters
Bandeira japonesa no alto da sede do banco central japonês, em Tóquio
"A atividade econômica no Japão começou a ganhar força moderadamente. A demanda interna permanece firme, devido sobretudo à demanda ligada à reconstrução", declarou o banco no relatório mensal divulgado ontem.
Um aumento na demanda interna seria uma boa notícia para o BC japonês, já que o crescimento dos salários é visto como a melhor maneira de romper o longo ciclo deflacionário que há muito mantém a alta de preços em praticamente zero.
Ainda assim, a autoridade monetária continua cautelosa quanto às perspectivas no exterior, já que a crise europeia deflagrada pela Grécia ainda está se desdobrando.
"Ainda há um alto grau de incerteza na economia mundial", afirmou o banco central, acrescentando que é preciso dar especial atenção a "desdobramentos em mercados financeiros mundiais" em meio à crise da dívida europeia.
Após o estouro da bolha especulativa no Japão no início da década de 90, a economia do país cresceu sobretudo na base de fortes exportações; já a demanda doméstica ficou praticamente estagnada. Desta vez, no entanto, a situação parece ser outra, pois a demanda internacional anda fraca devido à crise da dívida europeia e ao crescimento ainda mirrado dos EUA.
A demanda interna está sendo atiçada pelos 19 trilhões de ienes (US$ 240 bilhões) a serem investidos em obras públicas ao longo dos próximos cinco anos, um fator crucial para a taxa de crescimento anualizada do PIB registrada no primeiro trimestre: 4,7%.
Embora o consenso entre economistas do setor privado seja o de queda do crescimento para um ritmo anualizado de 1,9% no período abril-junho, esses especialistas não veem um retorno ao quadro geral de contração econômica.
É que o consumo das famílias, que responde por cerca de 60% da economia, segue firme. O japonês está gastando em carros e casas de maior eficiência energética, menos nocivos ao ambiente.
Depois de um período voluntário de comedimento após a tragédia do ano passado, o consumidor japonês hoje parece mais disposto a fazer gastos supérfluos.
"Não há dúvida de que a demanda interna seja hoje o grande motor", disse uma pessoa familiarizada com o BC.
Alguns economistas do setor privado dizem que a economia poderia ser sustentada pelo menos este ano sem aumento das exportações. Devido à prolongada deflação no país, os salários basicamente não se mexeram em 2011, tendo ficado 0,2% menores do que um ano antes.
"Dificilmente as exportações serão um fator que arraste para baixo a economia", disse Akihiko Suzuki, economista-chefe da Mitsubishi UFJ Research and Consulting. "O foco é se os salários vão subir ou não" para facilitar uma recuperação sustentável, acrescentou.
As autoridades não estão apostando em uma recuperação "sem exportações", dizendo que a tradicional dependência de vendas externas ainda é um fator crítico, responsável por 15,1% do PIB no ano fiscal encerrado em março.
Para o banco, o aumento das exportações e da produção é condição indispensável para a economia japonesa entrar em plena recuperação. "A economia do Japão deve voltar a um caminho de recuperação moderada à medida que a demanda interna continue firme e economias no exterior saiam de um período de desaceleração", declarou a instituição.

Fonte: The Wall Street Journal

segunda-feira, 18 de junho de 2012

Saída da Grécia da zona do euro teria impacto sobre países emergentes


Brasília – Os gregos foram às urnas ontem (17), pela segunda vez em pouco mais de um mês, numa votação que deve decidir muito mais do que a composição das 300 vagas do Parlamento. A eleição, na prática, definirá se o país continuará a usar o euro ou se retirará do grupo de Estados que adotam a moeda única, com desdobramentos que podem trazer sérias consequências para a economia mundial.

Os dois principais partidos na disputa, o conservador Nova Democracia e o esquerdista Syriza, que, segundo a primeira pesquisa de boca de urna, estão empatados, se dizem favoráveis à permanência no bloco europeu. O Syriza defende, porém, a revisão das medidas impostas pelo Fundo Monetário Internacional (FMI) e pela União Europeia (UE). Para receber até 2014 a ajuda de 130 bilhões de euros que evitará um calote do país na dívida pública, a Grécia teve de aceitar um pacote de corte de gastos que agravou a recessão e o desemprego.

Desde 2008, o Produto Interno Bruto (PIB) da Grécia acumula queda de 14%. O desemprego chega a 22% da população economicamente ativa. A saída da zona do euro, no entanto, pode piorar a situação. Se os gregos voltarem a adotar o dracma como moeda, a inflação no país pode disparar. Além disso, uma eventual moratória na dívida pública grega intensificaria a desconfiança em relação a outros países do bloco econômico, principalmente a Espanha e a Itália, mas os reflexos seriam sentidos em todo o planeta.

“Nenhum economista pode prever se a saída da Grécia terá o mesmo efeito da quebra do Lehman Brothers [que desencadeou a crise mundial em 2008], mas o mais provável é que a expulsão do país da zona do euro provoque corridas bancárias em outros países e contamine o ambiente global”, diz o professor André Nassif, especialista em economia internacional da Fundação Getulio Vargas (FGV).

O professor ressalta que o Brasil não está imune a um eventual calote grego, com depreciação cambial e congelamento do crédito, interno e externo. “Todos os países emergentes estão sujeitos à fuga de capitais, com imediato reflexo sobre o câmbio”, avalia Nassif. Segundo ele, apesar da disparada do dólar nos últimos meses, a moeda norte-americana subiria ainda mais com a deterioração do cenário externo.

De acordo com o professor, a dependência do Brasil em relação aos capitais financeiros internacionais, expressa no déficit nas contas externas do país, atualmente em torno de 2% do PIB, torna o país mais vulnerável a turbulências externas. “O dólar poderia subir para até R$ 2,30 ou R$ 2,40 porque há espaço para isso.”

Apesar da crise, o professor diz que a alta do câmbio traz oportunidades para o Brasil reverter desequilíbrios na economia, beneficiando a indústria nacional e melhorando a competitividade dos produtos brasileiros no exterior. “A taxa de câmbio de equilíbrio, que é neutra para exportadores, importadores e produtores nacionais, está entre R$ 2,30 e R$ 2,90, dependendo da estimativa. A depreciação do real faria a moeda se aproximar desses níveis”, observa.

Para Nassif, o governo brasileiro deveria aproveitar a disparada do dólar para introduzir medidas de controle de capital que impedissem a queda da cotação da moeda norte-americana para abaixo de R$ 2, caso a situação econômica externa volte a melhorar. “Os países asiáticos fizeram isso e impediram a sobrevalorização das moedas”, explica.

Uma disparada do câmbio terá impacto sobre a inflação. O professor, no entanto, ressalta que o repasse do dólar mais alto para os preços não será tão imediato por causa da desaceleração da economia brasileira. Segundo ele, a demanda mais baixa desincentiva as empresas a aumentarem preços na mesma proporção que o câmbio se deprecia.


Fonte: Agência Brasil