SÃO PAULO, 20 Jun (Reuters) - O dólar disparou pelo segundo dia consecutivo e alcançou o patamar de 2,25 reais, mesmo após o Banco Central atuar três vezes para conter a valorização da divisa, refletindo o nervosismo global diante dos sinais de que o programa de estímulo dos Estados Unidos pode estar perto do fim.
A moeda norte-americana ganhou 1,69 por cento, para 2,2580 reais na venda. Segundo dados da BM&F, o giro financeiro ficou em torno de 3,96 bilhões de dólares.
O dólar ultrapassou 2,25 reais logo no início desta sessão, depois de fechado acima de 2,22 reais na véspera refletindo sinalizações do Federal Reserve, banco central dos Estados Unidos, de que pode começar a reduzir seu programa de compra de ativos ainda neste ano, o que reduziria a oferta de dólares nos mercados globais.
"Continua o pânico com o que acontece lá fora. E (o pânico) deve continuar, enquanto não houver novas decisões", disse o economista-chefe do Espírito Santo Investment Bank, Jankiel Santos.
A alta da divisa levou o BC a fazer um leilão de swap cambial tradicional --equivalente a uma venda de dólares no mercado futuro--, vendendo a oferta total de 60 mil contratos de swap com vencimentos em 2 de setembro e 1º de outubro de 2013.
Após o anúncio do leilão de swap, o dólar atingiu a mínima do dia de 2,2233 reais, mas a moeda rapidamente voltou a ganhar força e ultrapassou o patamar de 2,27 reais no intradia pela primeira vez desde 1o de abril de 2009. O BC voltou, então, a atuar nos mercados, realizando desta vez dois leilões de venda de dólares com compromisso de recompra.
É a primeira vez que o BC recorre a essa ferramenta desde 30 de janeiro deste ano: até então, a autoridade monetária se restringiu a atuar nos mercados por meio de swaps. A taxa de corte do primeiro leilão ficou em 2,2905 reais e a do segundo, em 2,3034 reais.
Operadores alertaram, no entanto, que as atuações do BC devem ter efeito limitado na cotação do dólar, uma vez que os mercados globais estão muito estressados e investidores estão revendo suas estratégias devido à mudança do cenário com a redução do estímulo nos EUA.
"O BC vai ter de fazer mais força. A pressão que está ocorrendo é de saídas de dólares daqui para serem aplicados lá fora, o BC precisa colocar liquidez para compensar", afirmou o operador de câmbio da B&T Corretora Marcos Trabbold.
O clima de pessimismo afetava grande parte dos mercados mundiais, levando os três principais índices acionários dos EUA a fechar em queda de mais de 2 por cento e os rendimentos dos Treasuries, títulos de dívida soberana do país, a disparar. Já o dólar ganhava força em escala global: em relação a uma cesta de divisas, a moeda norte-americana subia 0,48 por cento.
Fonte: Reuters Brasil
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