Economista, Especialista em Economia e Meio Ambiente pela Universidade Federal do Paraná e Graduando em Estatística, também, pela Universidade Federal do Paraná.

terça-feira, 29 de novembro de 2011

Cidades brasileiras sobem em ranking de qualidade de vida

As cidades de Brasília, Rio de Janeiro e São Paulo subiram levemente em um ranking que avalia a qualidade de vida para estrangeiros que vêm trabalhar no país.

No estudo divulgado nesta terça-feira pela consultoria internacional em recursos humanos Mercer, Brasília é a primeira cidade brasileira a aparecer, na 101ª posição. No ano passado, a capital federal estava na 104ª colocação.
O Rio de Janeiro subiu duas posições em 2011, da 116ª para 114ª, e São Paulo, uma, da 117ª para 116ª.
"O desempenho levemente melhor pode ser explicado por uma série de fatores", disse à BBC Brasil um dos responsáveis pela pesquisa, Slagin Parakatil.
"O padrão pelo qual as outras cidades são julgadas é Nova York, que este ano teve uma pontuação levemente pior, causando mudanças na tabela. Outras cidades europeias também pontuaram menos este ano", afirma.
"Mas os investimentos feitos pelo governo brasileiro em segurança, em parte por causa de eventos como a Copa do Mundo, podem ter uma consequência nas posições das cidades brasileiras nos próximos anos", completa.

Remuneração

A Mercer classifica 221 cidades de todo o mundo para ajudar empresas e governos a remunerar adequadamente empregados que são deslocados de seus países de origem.
São levados em conta fatores como qualidade de vida, transporte, clima, segurança e preços e a maioria dos dados foi coletada entre setembro e novembro deste ano.
Cidades europeias representam mais da metade das 25 primeiras colocações. A capital da Áustria, Viena, está no primeiro lugar, seguida por Zurique, na Suíça, e Auckland, na Nova Zelândia.
Entre as sul-americanas, Montevidéo é a melhor posicionada (77º), seguida de Buenos Aires (81º) e Santiago do Chile (90º).
A capital do Iraque, Bagdá, ficou com a última posição entre as cidades analisadas. No continente americano, a pior pontuação foi da haitiana Porto Príncipe, no 217º lugar.
Este ano, a consultoria organizou um outro ranking para medir o nível de segurança pessoal, baseado em estabilidade interna, nível de criminalidade, eficiência da força policial e as relações externas do país.
Nas primeiras colocações, estão Luxemburgo, Berna (Suíça), Helsinque (Finlândia) e Zurique (Suíça). Montevidéu é novamente a melhor pontuada entre as sul-americanas, na posição de número 93.
Brasília ficou no 131º lugar, Rio de Janeiro em 172º e São Paulo em 178º. Bagdá ficou também na última colocação.

Fonte: BBC Brasil

segunda-feira, 28 de novembro de 2011

Cúpula de Durban começa como última chance de salvar Protocolo de Kyoto

Por Mariana Della Barba
Da BBC Brasil em São Paulo

Após o fracasso das duas últimas COPs (conferência da ONU para mudanças climáticas) em Cancún e Copenhagen, a 17ª Conferência das Partes da ONU, que começa nesta segunda-feira em Durban, na África do Sul, vem atraindo atenção por ser vista como a última chance de se salvar o Protocolo de Kyoto.
O acordo, que obriga os países desenvolvidos a reduzir suas emissões de gases poluentes, expira em 2012, e até agora não há nenhum outro tratado para substituí-lo.
Kyoto muitas vezes é tido como insuficiente, porque a situação atual exige metas mais ambiciosas e também pelo fato de que grandes potências poluidoras, como os Estados Unidos, não serem signatárias.
No entanto, especialistas acreditam que sem renovar os termos do acordo, fecha-se a principal porta para garantir que a temperatura do mundo não suba 2º C, como era o objetivo do tratado.
E arcar com tamanho retrocesso seria um risco, especialmente em um cenário em que mesmo a crise global não reduziu as emissões de gases que provocam o efeito estufa.
Segundo um estudo divulgado na semana passada pelo Departamento de Energia dos EUA, a liberação de dióxido de carbono bateu recorde - 564 milhões de toneladas ou 6% a mais que em 2009.

Deturpação

"Essa é a hora de o Brasil mostrar qual tipo de emergente quer ser. O país que quer investir em uma economia verde ou no desenvolvimento sujo, apostando no carvão e no pré-sal?"
Pedro Henrique Torres, representante do Greenpeace do Brasil em Durban
“Se deixar morrer Kyoto, vai-se deixar morrer o único acordo top down (quando se tem uma meta a cumprir). E há praticamente um consenso de que nunca mais vai se conseguir outro acordo desse tipo”, disse o embaixador André Aranha Corrêa do Lago, diretor do Departamento de Meio Ambiente do Itamaraty e negociador do Brasil na COP-17.

Para Lago, a anulação de Kyoto implica em negociações paralelas, que não colocam metas, apenas compromissos voluntários - “uma deturpação monumental dos princípios da convenção”.

Ele afirma que esta é justamente a estratégia de governo como EUA, Japão e Rússia: minar Kyoto e obter um novo acordo, que inclua até países como o Brasil.

“Todos dizem querer um resultado equilibrado em Durban. O que o Brasil considera equilibrado seria a aprovação do segundo período de compromisso que deve se estender até 2020, mesmo com um número menor de países.”

Brics

Logo da COP17
Enterrar Kyoto não é a única expectativa negativa de Durban, que não deve avançar no Fundo para o Clima
No entanto, apesar das intenções do governo brasileiro, essa aprovação pode esbarrar em entraves relacionados aos Brics.

As negociações paralelas citadas por Lago ocorrem porque os países desenvolvidos não aceitam que os emergentes continuem sem metas para suas emissões. Isso é o que prevê Kyoto, já que quando o acordo foi fechado essas nações não tinham o peso de hoje.

Se de um lado dos Brics o Brasil aceita acatar metas de reduções, no outro lado do bloco China e Índia têm ressalvas, por serem economias dependentes de matrizes fósseis, como o carvão. Já o Brasil se baseia em energias consideradas mais limpas, como a hidrelétrica.

“Essa é a hora de o Brasil mostrar qual tipo de emergente quer ser”, afirma o representante do Greenpeace do Brasil em Durban, Pedro Henrique Torres.

“O país que quer investir em uma economia verde ou no desenvolvimento sujo, apostando no carvão e no pré-sal (ou seja, em combustíveis não-renováveis)?, questionou ele”

Para Torres, o Brasil está diante de uma bifurcação, que tem ainda, em lados opostos, o desejo de exibir taxas de desmatamento em queda e um Código Florestal que, para ele, incentiva a derrubada de áreas verdes.

O ambientalista acredita que o Brasil tem poder de negociação no chamado G77, que engloba países em desenvolvimento, mas fica em desvantagem no bloco Basic, que envolve justamente Índia e China.

Desafios

"Todos dizem querer um resultado equilibrado em Durban. O que o Brasil considera equilibrado seria a aprovação do segundo período de compromisso que deve se estender até 2020, mesmo com um número menor de países."
Embaixador André Aranha Corrêa do Lago, negociador do Brasil na COP-17
O risco de enterrar Kyoto não é a única expectativa negativa de Durban. A conferência vai estar esvaziada pela ausência de chefes de Estado importantes, especialmente o dos Estados Unidos e os da União Europeia, envolvidos em problemas com a crise econômica. Assim, outros pontos fundamentais das negociações podem emperrar.

“Uma COP que começa para salvar Kyoto já começa errada, porque há outros mecanismos que deveriam ser debatidos”, disse Torres, citando questões como o Redd (mecanismos para reduzir as emissões decorrentes da degradação florestal).

Outro importante mecanismo é o Fundo Verde para o Clima. Criado na COP16, ele pretende reunir USS$ 100 milhões até 2020 para ajudar os países em desenvolvimento a mitigar os efeitos das mudanças climáticas.

Em vídeo divulgado na sexta-feira, o chanceler Antonio Patriota ressaltou a importância do fundo, dizendo que é preciso garantir que promessas de financiamento sejam cumpridas.

Mas, para Torres essa é outra das tarefas árduas que o Brasil enfrentará na cidade sul-africana. “Se o valor já era considerado insuficiente, num momento de crise a situação piora porque os países desenvolvidos não estão doando o prometido. E o fundo tem praticamente uma morte anunciada.”


Fonte: BBC Brasil

Conferência sobre aquecimento começa sem clima na África do Sul

Por CLAUDIO ANGELO
DE BRASÍLIA
Já virou clichê dizer que as conferências do clima nunca alcançam o objetivo desejado. A COP-17 (17ª Conferência das Partes da Convenção do Clima das Nações Unidas), que começou nesta segunda-feira sob o signo da crise econômica, deve romper esse padrão: nela, o próprio objetivo foi diluído.
Os diplomatas de 190 países que se reúnem até 10 de dezembro em Durban, na África do Sul, não perseguem mais um acordo global contra emissões de gases-estufa. O que está em jogo é a continuidade ou não do acordo que existe hoje, o pífio Protocolo de Kyoto.

Editoria de Arte/Folhapress

Para a diplomacia brasileira, a reunião terá sido um sucesso se as nações desenvolvidas concordarem em prolongar a vida do protocolo até 2020. E um fracasso em Durban traria um ônus extra para o Brasil, que sediará a próxima conferência ambiental da ONU, a Rio +20.
Kyoto, assinado em 1997, previa que os países industrializados cortassem suas emissões em 5,2% em relação a 1990 até 2012. Como se sabe, os EUA ficaram de fora, e o acordo teve impacto virtualmente nulo sobre a concentração global de gases-estufa na atmosfera, que cresceu 7% de 1997 a 2011.
Não há acordo sobre o tipo de regime que possa ampliar o combate às emissões de carbono depois que ele expirar.
"Se deixarmos morrer Kyoto, o consenso é que não se vai mais conseguir um acordo desse tipo", disse o embaixador André Corrêa do Lago, negociador-chefe do Brasil na área de clima.
AINDA MAIS INÚTIL
O problema é que também há consenso de que um eventual segundo período de compromisso de Kyoto será ainda mais inútil do que o primeiro para o objetivo-mor da convenção: evitar que o planeta aqueça mais de 2°C.
Os EUA, principal emissor histórico, não ratificarão Kyoto nunca. Os países emergentes, hoje os maiores emissores do planeta, não têm metas obrigatórias pelo acordo.
E outros países industrializados com obrigações no acordo, como Japão e Rússia, já anunciaram que não participarão de um segundo período: apenas dizem que vão implementar as metas voluntárias de corte de emissões com que se comprometeram na conferência de Copenhague, em 2009.
Corrêa do Lago admite que esse cenário deixa dentro de Kyoto apenas a União Europeia e outros países menores, que somam somente 15% das emissões mundiais.
Sem Kyoto, porém, os países em desenvolvimento temem que se perca a diferenciação que obriga os países ricos (que poluíram mais no passado) a fazer mais.
Os países desenvolvidos, por sua vez, apelam para um acordo único. Na semana passada, o ministro do Ambiente britânico, Chris Huhne, defendeu que um tratado legalmente vinculante que envolvesse também os emergentes fosse fechado em 2015.
O Brasil --que se obrigou, por lei, a cortar emissões até 2020-- não fecha a porta a um acordo desses. Mas antes os ricos terão de entregar Kyoto.
Outro impasse deve girar em torno do dinheiro que os países ricos prometeram desembolsar para o combate à mudança climática nos pobres: US$ 30 bilhões entre 2010 e 2012 e um Fundo Verde de US$ 100 bilhões por ano a partir de 2020.
Com a crise da dívida dos EUA e o colapso financeiro da Europa, os principais doadores, falar em dinheiro para o clima é a proverbial corda em casa de enforcado.
A crise tem feito os países ricos levantarem dúvidas sobre que tipo de verba constitui o Fundo Verde. O discurso dos ricos agora, dizem diplomatas brasileiros, é que o dinheiro do fundo verde deve ser sobretudo privado.
"Não foram setores privados que se comprometeram com o dinheiro, portanto, eles não poderão ser cobrados", afirmou o diplomata brasileiro André Odembreit.

Fonte: Folha de São Paulo

sexta-feira, 25 de novembro de 2011

Amazônia pode 'morrer' em 50 anos, diz estudo

A floresta amazônica poderia "morrer" em 50 anos por causa de mudanças climáticas provocadas pelo homem, sugere um estudo internacional publicado na revista especializada Proceedings of the National Academy of Sciences.

Segundo o estudo, muitos dos sistemas climáticos do mundo poderão passar por uma série de mudanças repentinas neste século, por causa de ações provocadas pela atividade humana.
Os pesquisadores argumentam que a sociedade não se deve deixar enganar por uma falsa sensação de segurança dada pela idéia de que as mudanças climáticas serão um processo lento e gradual.
"Nossas conclusões sugerem que uma variedade de elementos prestes a 'virar' poderiam chegar ao seu ponto crítico ainda neste século, por causa das mudanças climáticas induzidas pelo homem", disse o professor Tim Lenton, da Universidade de East Anglia, na Inglaterra, que liderou o estudo de mais de 50 cientistas.
Segundo os cientistas, alterações mínimas de temperatura já seriam suficientes para levar a mudanças dramáticas e até causar o colapso repentino de um sistema ecológico.
O estudo diz que os sistemas mais ameaçados seriam a camada de gelo do mar Ártico e da Groelândia, em um ranking preparado pelos cientistas, que inclui os nove sistemas mais ameaçados pelo aquecimento global.
A floresta amazônica ocupa a oitava e penúltima colocação no ranking.
Chuva
Segundo o estudo, boa parte da chuva que cai sobre a bacia amazônica é reciclada e, portanto, simulações de desmatamento na região sugerem uma diminuição de 20% a 30% das chuvas, o aumento da estação seca e também o aumento das temperaturas durante o verão.
Combinados, esses elementos tornariam mais difícil o restabelecimento da floresta.
A morte gradual das árvores da floresta amazônica já foi prevista caso as temperaturas subam entre 3ºC e 4ºC, por conta das secas que este aumento causaria.
A frequência de queimadas e a fragmentação da floresta, causada por atividade humana, também poderiam contribuir para este desequilíbrio.
Segundo o estudo, só as mudanças na exploração da terra já poderiam, potencialmente, levar a floresta amzônica a um ponto crítico.
A maioria dos cientistas que estudam mudanças climáticas acredita que o aquecimento global provocado pelas atividades humanas já começou a afetar alguns aspectos de nosso clima.

Fonte:  JMA-Jornal Meio Ambiente da  BBC Brasil

quinta-feira, 24 de novembro de 2011

Votação do Código Florestal é concluída com a aprovação de cinco destaques

Mariana Jungmann
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Após dois dias de discussões e protestos tímidos, a Comissão de Meio Ambiente do Senado concluiu hoje (24) a votação do substitutivo do novo Código Florestal Brasileiro. A sessão da manhã foi destinada apenas à votação dos destaques apresentados pelos membros da comissão, uma vez que o texto-base do relator Jorge Viana (PT-AC) foi aprovado ontem (23).
Foram apresentados 77 destaques, dos quais apenas cinco foram aprovados. O mais importante deles determina que não podem ser consideradas como áreas consolidadas aquelas de preservação permanente que estiverem dentro de unidades de Conservação de Proteção Integral. O destaque foi colocado porque o relator incluiu no texto que os desmatamentos feitos até julho de 2008 são considerados consolidados, e as multas aplicadas para os que fossem feitos após essa data poderiam ser convertidas para a recomposição da reserva legal. Com o destaque do senador Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP) aprovado, os imóveis inseridos nas unidades de conservação não poderão ser anistiadas e o proprietário, possuidor ou ocupante terá que recuperar as áreas de preservação permanente que tiverem desmatado.
Outros dois destaques aprovados tratam de situações que envolvem as queimadas. Com texto semelhante, eles preveem que em caso de uso irregular de fogo a responsabilidade pela infração terá que ser apurada junto com o nexo causal. Ou seja, será necessário comprovar que o dano causado ao ambiente foi realmente provocado pelo autor da queimada inicial.
O texto do código que será encaminhado para o plenário do Senado incluirá ainda um destaque que trata da criação de um sistema nacional para controle da origem de madeiras, carvão e de outros produtos e subprodutos florestais. Os estados deverão abastecer o sistema nacional e disponibilizar as informações também na internet. O mesmo destaque prevê ainda que o órgão federal que coordenar o sistema terá poder de polícia para fiscalizar os dados que constarem nele.
Quando estava na Comissão de Constituição e Justiça do Senado, o texto do novo código recebeu do relator, senador Luiz Henrique (PMDB-SC), a definição sobre o que pode ser considerada atividade de interesse social e utilidade pública.
De acordo com Luiz Henrique, essas atividades embasam a anistia em áreas consolidadas até 2008 e incluem as relacionadas à segurança nacional e sanitária, espaços destinados a infraestrutura de serviços públicos, obras de defesa civil, regularização de assentamentos humanos ocupados por pessoas pobres, infraestrutura pública de lazer e cultura, entre outras. Um destaque aprovado hoje determina também que atividades similares a essas e que forem definidas pelo presidente da República poderão ser enquadradas como de utilidade pública ou de interesse social.
Ao fim da votação, a maior parte dos senadores considerou que o substitutivo de Jorge Viana promove avanços em relação ao texto enviado pela Câmara. O presidente da Comissão de Meio Ambiente, senador Rodrigo Rollemberg (PSB-DF), acredita que a proposta será aceita pelos deputados quando voltar à Câmara, depois de ser aprovada no plenário do Senado. “Foi o entendimento que era possível de ser aprovado pelos plenários do Senado e da Câmara. Um entendimento pelo Brasil”, disse.
Para o relator, a possibilidade de os produtores rurais poderem converter as multas ambientais em recomposição das áreas desmatadas irregularmente, fará com que o Brasil inicie um processo de recuperação das áreas de preservação ambiental. “Está muito claro, com os instrumentos que o governo federal terá depois do novo código, que o Brasil terá um dos mais bonitos programas de recomposição ambiental do planeta”, declarou Viana ao fim da votação.
O relator garante que não houve anistia aos desmatadores, porque eles terão que recuperar as matas que foram cortadas. “Muitos tentaram, ocuparam cargos no governo e não conseguiram trazer uma única árvore de volta. Com o novo código, nós vamos recompor senão os 20 milhões de hectares [desmatados], pelo menos boa parte deles”, completou.
Mas um dos principais oposicionistas ao texto, senador Lindbergh Farias (PT-RJ), acredita que a possibilidade de grandes produtores rurais se livrarem de suas multas ambientais vai estimular novos desmatamentos. “O texto consolida a anistia aos desmatadores”, disse. “Quando eles juntarem todas as emendas vão ver que abre espaço a novos desmatamentos. Acho que prejudicaram muito o texto original do senador Jorge Viana”, declarou o senador do PT fluminense.
Uma pequena manifestação de estudantes também causou alguma tensão entre os membros da CMA. Apesar de pequeno número, os estudantes carregavam faixas acusando os relatores, Jorge Viana e Luiz Henrique, de terem cedido a pressões ruralistas em detrimento do meio ambiente. Apesar disso, não houve confusão com a Polícia Legislativa e o grupo foi embora após a votação dos destaques. O novo Código Florestal entra na pauta do Senado com requerimento de urgência a partir de amanhã (25).


Fonte: Agência Brasil

terça-feira, 22 de novembro de 2011

Código Florestal: governo trabalha para evitar alterações em texto do Senado

Por Débora Zampier
Repórter da Agência Brasil

Brasília – O governo considera “satisfatório” o texto do Código Florestal apresentado na Comissão de Meio Ambiente (CMA) do Senado nessa segunda-feira (21), e agora trabalha para que a bancada ruralista não inviabilize os avanços com novas emendas, disse o secretário de Biodiversidade e Florestas do Ministério do Meio Ambiente, Bráulio Dias. Ele participou de audiência pública na Procuradoria-Geral da República (PGR) para tratar do tema.
De acordo com Dias, o governo assumiu postura realista diante de uma reforma que se mostrou inevitável com a iniciativa do Congresso. “Aceitamos negociar os passivos, desde que a preservação futura seja mantida. É claro que essa proposta de agora não é o ideal para o governo, mas pelo menos é satisfatória no sentido de evitar novos desmatamentos”, explicou o secretário à Agência Brasil.
Durante a audiência, Dias lembrou que o texto teve vários avanços no Senado, como o estabelecimento de critérios para aceitar a intervenção em áreas de preservação permanente (APPs) – utilidade púbica, interesse social e baixo impacto -, assim como a exigência de recuperação, entre 15 e 100 metros, de vegetação à beira de rios em ocupações rurais consolidadas dentro de APPs.  
“Não está pacífico ainda, vamos ver qual a reação a essas propostas. Há resistências em setores mais radicais, mas esperamos que prevaleça o consenso, especialmente entre os senadores e os deputados. Até porque depois esse texto retorna à Câmara, e eles podem rejeitar tudo o que foi aprovado ao Senado, se entenderem que o projeto não atende às preocupações socioeconômicas dos deputados”, ponderou.
O secretário também acredita que um avanço significativo no texto do Senado é a inserção de incentivos econômicos em troca de serviços ambientais. Ele elogiou o fato de que a proposta de Viana não tenha entrado em detalhes sobre como será o programa. “É preciso equilíbrio entre o papel do Congresso e o do Executivo. Nós temos que tomar cuidado de não aprovar alguma coisa que leve o país à falência”.
O texto do Código Florestal apresentado por Viana dá 180 dias, a partir da publicação da lei, para que o governo estabeleça programa de apoio e incentivo à preservação e recuperação do meio ambiente. Dias acredita que a prioridade do programa de recompensas será a preservação da água. “Há grande potencial de se caminhar nessa direção”, assinalou.
O representante do governo reafirmou que a presidenta Dilma Rousseff está firme na proposta de vetar qualquer alteração no texto que signfique novos desmatamentos. “O que se está trabalhando no Senado é tentar inserir essa ideia por negociação política, onde se possa fazer prevalecer o bom senso, para que a presidenta não tenha o desgaste de fazer veto e correr o risco de que isso seja enfrentado pelo Congresso”.
Os membros da CMA terão até as 18h desta terça-feira (22) para apresentar novas emendas ao texto. A previsão é que a matéria seja votada amanhã (23) pela comissão.

Fonte: Agência Brasil

sábado, 19 de novembro de 2011

UMA ERA MARCADA PELO USO INADEQUADO DO CAPITAL

Várias crises simultâneas iniciaram-se ou aceleraram-se durante a última década: crises climáticas, de biodiversidade, combustível, alimentos, água, e mais recentemente no sistema financeiro e econômico como um todo. A aceleração de emissões de gases de efeito estufa indica uma ameaça crescente de mudanças climáticas descontroladas, com consequências potencialmente desastrosas para a humanidade. O choque com o preço de combustíveis em 2008, e aumento relacionado nos preços dos alimentos e mercadorias, ambos indicam fraquezas estruturais e riscos que continuam mal resolvidos. O aumento na demanda, previsto pela Agência Internacional de Energia (IEA) e outras agências sugere uma dependência contínua do petróleo e outros combustíveis fósseis, além de custos de energia muito mais altos, ao passo que a economia mundial sofre para recuperar-se e crescer.
            Com relação à garantia do fornecimento de alimento, não há um entendimento generalizado sobre a natureza do problema, nem soluções baseadas numa colaboração mundial sobre como deveremos alimentar uma população de 9 bilhões em 2050. A escassez de água doce já é um problema global e previsões indicam uma diferença crescente até 2030 entre a demanda anual de água doce e as reservas renováveis. Coletivamente, essas crises têm um impacto muito grande da nossa habilidade de promover a prosperidade em todo o mundo e de atingir os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODM) na redução da pobreza extrema. Essas crises estão agravando problemas sociais persistentes, tais como desemprego, insegurança socioeconômica e pobreza; ameaçando a estabilidade social.
            Apesar de essas crises terem várias causas, num nível básico, todas elas partilham uma característica em comum: um grande uso inadequado de capital. Durante as duas últimas décadas, muito capital foi empregado em pobreza, combustíveis fósseis e bens financeiros estruturados com derivativos incorporados, mas, em comparação, relativamente pouco foi investido em energias renováveis, eficiência energética, transporte público, agricultura sustentável, proteção dos ecossistemas e da biodiversidade, e conservação da terra e das águas. De fato, a maioria das estratégias de crescimento e desenvolvimento econômico incentivou um rápido acúmulo de capital físico, financeiro e humano, mas ás custas do esgotamento excessivo e degradação do capital natural, que inclui nossas reservas de recursos naturais e ecossistemas. Ao esgotar as reservas de riqueza natural do mundo (em muitos casos, de forma irreversível), este padrão de desenvolvimento tem tido impacto prejudicial no bem-estar das gerações atuais e apresenta grandes riscos e desafios às futuras gerações. As múltiplas crises recentes são indicativos deste padrão.
            As políticas existentes e os incentivos de mercado contribuíram para o problema de uso inadequado de capital, pois eles permitem que as empresas acumulem externalidades ambientais e sociais importantes, em sua maioria sem explicações ou verificações. Os mercados livres não têm como função resolver os problemas sociais, portanto, existe uma necessidade por melhores políticas públicas, incluindo atribuições de preços e medidas regulamentares, para mudas esses incentivos prejudiciais do mercado que estão por trás do uso inadequado de capital e ignoram as externalidades ambientais e sociais. Cada vez mais o papel de regulamentos adequados, políticas e investimentos públicos como facilitadores, por realizarem mudanças no padrão de investimento privado, está sendo reconhecido e comprovado através de histórias de sucesso pelo mundo, principalmente nos países em desenvolvimento.
Fonte: Towards a Green Economy. Pathwyas to Sustainable and Poverty Eradication. United Nations Environment Programme (UNEP)

sexta-feira, 18 de novembro de 2011

Seminário propõe marco regulatório para a preservação e desenvolvimento sustentável do Cerrado

Brasília – A elaboração de um marco regulatório para a exploração do Cerrado foi dos principais assuntos discutidos nos dois dias de realização do 3º Seminário de Agroextrativismo no Cerrado, promovido pela Frente Parlamentar Ambientalista do Distrito Federal e a Agência Brasileira de Meio Ambiente e Tecnologia da Informação (Ecodata).
O evento também preparou propostas sobre a preservação e o desenvolvimento sustentável do Cerrado que serão encaminhadas à conferência Rio+20.
Donizete Tokarski, presidente do Conselho da Ecodata, destacou, durante o seminário, a importância da aprovação da proposta de emenda à Constituição (PEC) que prevê, entre outras coisas, que seja dado ao Cerrado o mesmo tratamento concedido ao bioma amazônico e à Mata Atlântica.
Para ele, a PEC é preponderante para o futuro do Cerrado, assim como a reestruturação do novo Código Florestal e o marco regulatório visando à proteção e conservação desse bioma localizado em grande parte da Região Centro-Oeste.

Fonte: Agência Brasil

quinta-feira, 17 de novembro de 2011

Amazônia está longe de cumprir Objetivos de Desenvolvimento do Milênio, mostra relatório

Dos oito objetivos estabelecidos até 2015, apenas um já foi alcançado na parte amazônica de todos países analisados no estudo: a eliminação da desigualdade de escolaridade entre homens e mulheres.
Com 34 milhões de habitantes em nove países, a Amazônia tem indicadores sociais ainda distantes dos Objetivos do Desenvolvimento do Milênio (ODM). A avaliação considera indicadores de nove países que compartilham a floresta: o Brasil, a Bolívia, Colômbia, o Equador, Peru, a Venezuela, o Suriname, a Guiana e a Guiana Francesa e está no relatório A Amazônia e os Objetivos do Desenvolvimento do Milênio.
A pesquisa foi organizada pela Articulação Regional Amazônica (ARA) e divulgada durante o encontro Cenários e Perspectivas da Pan-Amazônia, organizado pelo Fórum Amazônia Sustentável.
Os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio propõem metas para melhorar indicadores de pobreza, educação, saúde, desigualdade de gênero, mortalidade infantil e materna e de meio ambiente. Estabelecidos pela Organização das Nações Unidas (ONU) em 2000, os ODM têm metas a serem cumpridas até 2015.
Desde a década de 1990, a Amazônia registrou melhoria na maioria dos indicadores, mas os avanços não foram significativos e ainda deixam os índices regionais abaixo das médias nacionais. Dos oito objetivos estabelecidos até 2015, apenas um já foi alcançado na parte amazônica de todos países analisados no estudo: a eliminação da desigualdade de escolaridade entre homens e mulheres.
“Faltam poucos anos para o prazo estabelecido pela ONU para o cumprimento das Metas do Milênio e ainda há muito trabalho para que sejam cumpridas na Amazônia. Há muita diferença de resultados entre os países que compõem a Amazônia, assim como variações internas”, diz o relatório.
Com Produto Interno Bruto (PIB) de US$ 330 bilhões, a região abriga desigualdades e desafios que dificultam a superação da pobreza, uma das principais metas da ONU. De acordo com o estudo, cerca da metade da população que vive na região amazônica desses países encontra-se abaixo da linha de pobreza, com situação crítica no Equador e na Bolívia.
“A Amazônia é sempre a parte mais pobre de cada país porque é uma região que tem padrão de desenvolvimento baseado ainda na extração de recursos naturais, com grande impacto ambiental associado. E os modelos de agregação de valor em uma economia mais intensiva são ainda incipientes. Se desmata e continua pobre, a solução não é desmatar para gerar riqueza”, avaliou o coordenador nacional da pesquisa, Adalberto Veríssimo, do Instituto do Homem e do Meio Ambiente da Amazônia (Imazon).
O Brasil é citado como o único país da região que já cumpriu a meta de reduzir pela metade a proporção da população que sofre de fome. O país tem, por exemplo, taxa de desnutrição infantil de 4%, bem abaixo da média dos países latino-americanos (10%). O Peru e a Bolívia ainda registram taxas altas, com mais de 20% de crianças desnutridas.
A falta de saneamento e baixas taxas de emprego formal também estão entre os obstáculos para a redução da pobreza na Pan-Amazônia, segundo o trabalho. Os índices de desemprego na região são baixos, mas a informalidade é alta. De acordo com o levantamento, mais da metade da população amazônica economicamente ativa trabalham no mercado informal, sem benefícios e direitos sociais.
“Também persistem problemas sérios como o trabalho infantil e o trabalho forçado”, aponta o relatório. Só no Brasil, mais de 15 mil pessoas foram resgatadas de trabalho análogo à escravidão entre 2003 e 2009 em regiões rurais da Amazônia, segundo dados da Comissão Pastoral da Terra (CPT) citados no documento.
As taxas de mortalidade materna e infantil – que permanecem altas em alguns países –, a grande ocorrência de doenças como a malária e a tuberculose e o aumento da propagação da aids também rebaixam os indicadores da Pan-Amazônia e distanciam a região do cumprimento dos ODM relacionados à saúde. De acordo com o levantamento da ARA, a mortalidade infantil caiu em todos os países amazônicos, mas não o suficiente para ser reduzida em dois terços até 2015, como previsto nas metas do milênio, com exceção da Venezuela.
Em relação aos indicadores de educação, todos os países avaliados conseguiram aumentar a taxa de matrícula na educação básica, que alcança 90% das crianças em idade escolar. No entanto, mais de dois terços das crianças que ingressam na escola estão fora da idade adequada. Na Amazônia brasileira, por exemplo, 26% dos estudantes da educação básica em 2008 tinham idade superior à recomendada para a série, segundo dados apresentados na pesquisa.
Além da distorção idade-série, a evasão escolar também compromete melhores resultados nos indicadores educacionais da região. “Ainda que o crescimento da taxa de matrícula seja um avanço importante, os países precisam aumentar esforços e investimentos para que os estudantes completem o ciclo escolar”, destaca o documento.
Os indicadores ambientais na região mostram avanços na criação de unidades de conservação e no reconhecimento de terras indígenas. No entanto, o desmatamento ainda ameaça a floresta e a biodiversidade. O Brasil é apontado como responsável por 72% do desmate anual da Amazônia, seguido pela Venezuela (12,5%) e pelo Peru (4,7%). Os autores reconhecem, no entanto, que a participação brasileira pode estar superestimada pela falta de dados de outros países. “Nem todos os países amazônicos têm um sistema de monitoramento anual do desmatamento”, diz o texto. Até o fim de 2011, a Rede Amazônica de Informação Socioambiental Georreferenciada (Raisg) deve divulgar mapas mais atualizados da floresta, com indicadores de desmatamento, exploração de gás e óleo e outras pressões.

Fonte: Gazeta do Povo

segunda-feira, 14 de novembro de 2011

A CULTURA EMPRESARIAL E O MEIO AMBIENTE

A tendência estrutural das empresas e companhias segue em direção à maximização dos ganhos e à minimização dos custos no menor tempo possível, sem levar em consideração os danos ambientais dos bens coletivos.
As preocupações ambientais estão sendo incorporadas de diferentes maneiras dentro da lógica produtiva empresarial, e podem existir sem dúvida boas intenções em muitas empresas. Mas o que não faltam são empresas mal intencionadas para que atuem de maneira nociva, bastando que respondam de maneira racional aos sinais econômicos do mercado e de uma sociedade de consumo como a contemporânea (Jacobs, 1995).
A mudança da cultura por parte das empresas com relação ao meio ambiente está estreitamente ligada à existência de um mercado competitivo. Neste tipo de mercado, as ações voluntárias, apesar de desejáveis, são arriscadas, porque podem colocar a empresa em desvantagem. Daí a necessidade de que sejam estabelecidas regulamentações compartilhadas, já que a proteção ambiental é custosa e, do ponto de vista da maioria das empresas, a melhor situação é aquela na qual não se impõe nenhum custo em absoluto. Ou seja, se uma empresa maximiza lucros e escolhe ofertar uma quantidade de produtos y, então ela tem de minimizar o custo de produzir y. Portanto, a empresa prefere não arcar com os custos da preservação ambiental a minimizar os lucros (Varian, 2006).
A substituição de tecnologias contaminadoras e predatórias por tecnologias limpas e a compensação por danos ambientais causados por setores poluidores constitui ainda uma prioridade ambiental nas circunstâncias atuais. Desta forma, é necessário ampliar a categoria de interlocução estabelecendo alianças estratégicas com diferentes setores. Além de redefinir o papel redistributivo do Estado e de consolidar a sensibilidade social, se faz necessário uma nova cultura empresarial que saiba valorar os ativos dos atores locais, sua cultura e os recursos naturais que dispõem, além de colocar como um dos eixos estruturais do desenvolvimento a criação de empresas associadas com as populações locais.
É evidente que uma associação desta natureza tem suas vantagens permitindo conjugar a valoração dos conhecimentos e recursos naturais com as exigências de continuidade e qualidade dos mercados, enquanto os investidores externos não manipularem a associação como uma estratégia para assegurar e legitimar o acesso aos recursos naturais ao mais baixo custo possível.
Esta nova cultura empresarial tem também como contrapartida a consolidação do sentido de responsabilidade por parte dos atores locais tradicionais com relação a seu próprio futuro e ao uso sustentável de recursos que são também patrimônio coletivo e de futuras gerações, mas sem descuidar da produção como benefício imediato para as gerações atuais.

quinta-feira, 10 de novembro de 2011

Diminui a desigualdade entre os municípios no país

Comunicado usou dados do Censo para calcular o índice de Gini da renda domiciliar per capita dos municípios
A desigualdade na renda domiciliar per capita média dos municípios, medida pelo índice de Gini, caiu 22,8% nos últimos trinta anos. Isso significa dizer que a diferença entre a renda dos moradores das cidades mais ricas e mais pobres vem diminuindo, especialmente por causa do aumento da geração de empregos em regiões como o Nordeste.
Estes dados estão em um estudo divulgado nesta quinta-feira, 10, pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). O Comunicado nº 120 – Evolução da desigualdade de rendimento domiciliar per capta nos municípios brasileiros usou informações dos Censos Demográficos do IBGE para calcular a desigualdade de renda entre os municípios brasileiros. Em 1980, o índice de Gini dos municípios era 0,31. Em 2010, caiu para 0,24. No Gini, quanto mais próximo de 1, mais desigual é um país.
A região que teve a maior queda na desigualdade de renda municipal foi a Nordeste (39,3%), seguida pela Centro-Oeste (37,5%). Entre os estados, o melhor desempenho, nos últimos trinta anos, foi da Paraíba, com redução de 47,9% no índice de Gini da renda domiciliar per capita. Amapá e Roraima foram as únicas unidades da Federação que tiveram aumento na desigualdade entre as rendas médias dos seus municípios.
“Como são regiões de expansão da fronteira agrícola, é provável que os estados não tenham consigo gerar emprego e renda suficientes para atender a população volumosa que tem migrado para lá”, explicou o presidente do Ipea, Marcio Pochmann.
Nordeste
Para Pochmann, os resultados mostram que o país está avançando e gerando emprego em territórios mais pobres. As diferenças regionais, no entanto, ainda são gritantes. “O Nordeste, por exemplo, tem crescido mais que o resto do país, gerando empregos; mas quando olhamos a média, percebemos que os estados mais pobres têm um quarto da renda dos mais ricos. Nossa desigualdade ainda é estrutural”, concluiu.

Fonte: IPEA

quarta-feira, 9 de novembro de 2011

A ECONOMIA A PARTIR DA ECOLOGIA

Neste âmbito interpretativo, coloca-se o problema de como internalizar os fatores externos ambientais (efeitos ambientais indiretos e não desejados) com relação às lógicas produtivas dos pequenos atores rurais.
            A conciliação da economia rural com a economia do meio ambiente é a exigência que surge de forma mais imediata. A primeira incorre frequentemente numa espécie de fundamentalismo desenvolvimentista, no qual o mais importante é gerar lucros, enquanto a segunda tem sempre dificuldades para converter o “valor em si” dos recursos em valor para as pessoas que os degrada ou que os utiliza.
            As tendências recentes da economia ecológica, que consideram a economia como um sistema aberto em comunicação permanente com as dimensões social e ecológica, numa perspectiva interdisciplinar, nos permite uma primeira aproximação ao tema. As sistemáticas inquietações de alguns economistas (Kapp, 1994), com tendência a identificar as “inter-relações dinâmicas” entre diferentes subsistemas (econômico, físico e social), convidam a relacionar de maneira mais precisa impactos ambientais e processos econômico-produtivos, orientados para a substituição de práticas depredatórias, conceitos expressos genericamente (mas nem sempre concretizados) pela economia ecológica.
            Nesta direção, o ponto de partida adotado, não é tanto o da economia como disciplina e problema, para buscar concordâncias possíveis com outras abordagens disciplinares, mas as formas de relacionamento com os recursos naturais definidos pelas lógicas e orientações das pessoas e a partir delas recolocar as relações entre sociedade, economia e ecologia.
            Para Martinez Alier (1992), fica pendente a questão fundamental do “encaixe” ecológico da economia da deterioração ambiental, elevando o preço dos recursos mais problemáticos e incentivando sua substituição por outros mais abundantes, sem deixar de lado as penalidades pelas consequências não desejadas do processo produtivo. Adicionalmente, propõe acumular uma informação física útil que permita reorientar a assimetria existente entre os custos físicos e valoração monetária dos bens ambientais.
            No entanto, a maioria das tentativas de solução culmina na valoração econômica das unidades físicas utilizadas. Além do problema político de como fazer pagar pelos novos preços, no caso das economias rurais, nem sempre é factível nem desejável internalizá-lo por inteiro.
            É necessário continuar ajustando os procedimentos de valoração, com relação a usos diretos e indiretos incluindo a criação de mecanismos apropriados para o pagamento de serviços ambientais e propiciar a internalização econômica de variáveis como a contaminação e a degradação, mediante entrada e ausência de incentivos monetários ou a reparação dos danos causados.
            Esta internalização, em particular, constitui uma exigência imperiosa no caso de grandes empresas e atividades industriais com fortes impactos ambientais, embora as regulamentações possam ser complementadas às vezes com incentivos positivos (exonerações parciais de cargas impositivas àqueles que contaminam menos), que oferecem uma motivação mais permanente para continuar reduzindo os impactos negativos e podendo estimular as empresas a inovar suas tecnologias de controle da contaminação (Jacobs, 1995).
            No entanto, este tipo de procedimento nem sempre é válido para pequenos agricultores, já que o princípio de que “quem contamina paga” pode induzir a aumentar as práticas predatórias, piorando a situação de pobreza (restrições de liquidez e de capacidade de investimento). Além disso, as isenções impositivas não costumam afetá-los de forma significativa (Holden e Binswanger, 2000).
            Sem dúvida, deve propiciar a internalização mediante a educação ambiental e podem ser valorizados os bens e serviços florestais que possuem um valor direto para o consumo e a agricultura (caça tradicional, pasto, água etc.) ou que podem ser vendidos no mercado (produtos madeireiros e não madeireiros). Mas isso não deve ser realizado de forma isolada, e sim no âmbito de propostas que melhoram a economia e substituem ao mesmo tempo a degradação e as pressões sobre os ecossistemas florestais, operando como pequenas “trocas” econômicas no interior dos ecossistemas. Este tipo de procedimento se relaciona precisamente com a possibilidade de “externalizar” a economia e introduzi-la numa matriz ambiental.
            Nesta direção, a demonstração da qualidade ambiental deve ser acompanhada pela oferta de melhorias econômicas. De fato, quando a sociedade decide mudar o modo de utilização dos recursos naturais baseando-se em considerações como “a degradação ambiental prejudica as bases do desenvolvimento” e “a qualidade ambiental favorece a continuidade produtiva” ela, especificamente, está traduzindo implicitamente em termos econômicos (aumento da produção e da produtividade) em dimensões que não o são (qualidade ambiental), para tornar possíveis as decisões numa economia de mercado. Isto é, a economia se constitui em mediadora entre dimensões que têm base estritamente ambiental (qualidade dos recursos), o que ilustra a necessidade de introduzir uma perspectiva transdisciplinar na análise de processos de natureza socioambiental. Nem a economia nem a ecologia são por si mesmas as que conduzem à solução, mas a combinação de ambas no âmbito de um novo enfoque.
Neste sentido, as características dos processos degradantes e de manejo de recursos naturais exigem prestar atenção às relações entre fatores naturais e sociais. Diante das tecnologias que tendem a separar as variáveis geofísicas e ambientais das socioeconômicas, é necessário discriminar o tipo de recurso ou de produtos em função de seu impacto ecológico, chegando assim a uma proposta de níveis de degradação ambiental, cujo reverso é a substituição de práticas degradantes por outras mais consoantes com a capacidade dos ecossistemas.
BIBLIOGRAFIA
ALARCON, B. A., Gestion Ambiental para el Desarrollo. Bogotá: Ed. Guadalupe, 1989.
MARQUES, J.F., COMUNE, A E. A teoria Neoclássica e a valoração ambiental. In: ROMEIRO, A R., REYDON, B. P., LEONARDI, M. L. A. Economia do Meio Ambiente: teoria, políticas e a gestão de espaços regionais. Rio de Janeiro: Garamond, 2003.
Millennium Ecosystem Assessment. Ecosystems and human Well-being: Synthesis. Island Press. Washington, DC, 2005.

terça-feira, 8 de novembro de 2011

INSUSTENTABILIDADE ECOLÓGICA, ECONOMIA E POBREZA RURAL[i]
Os modelos de desenvolvimento rural propiciaram frequentemente a degradação dos ecossistemas, baseando-se em argumentos como a necessidade de “gerar recursos” para satisfazer as necessidades das populações rurais, sem considerar a qualidade ambiental de tais recursos e os altos riscos de reversão da situação de aparente bem-estar a médio e longo prazo, devido especificamente às bases nas quais se sustentava o modelo de desenvolvimento. Por outro lado, esta degradação funde suas raízes na crescente inadequação dos conhecimentos tradicionais, conjugada com determinadas decisões de política econômica (Blaikie, 1984).
            Neste sentido, a degradação ambiental prejudica as bases do desenvolvimento, enquanto o processo de empobrecimento assumiu a forma de um processo gradual e acumulativo, embora seja visto normalmente como manejável e sem riscos. No entanto, não se pode esquecer que as espécies animais e vegetais, a água, ar e solo se convertem em recursos não-renováveis quando seu uso é inadequado (Carabias et al., 1995; Altieri, 1992). Por isso é que se faz necessário identificar uma estratégia que supere ao mesmo tempo a pobreza e a degradação no setor rural, ou seja, propor alternativas de uso dos recursos que detenham e revertam a deterioração do meio ambiente, propiciando ao mesmo tempo o aproveitamento diversificado dos recursos naturais renováveis levando em consideração que a diversidade biológica se constitui em fator de desenvolvimento.
            Em termos gerais, a insustentabilidade ecológica dos recursos naturais é também econômica e demasiadamente insustentável em termos sociais. Mas as consequências da deterioração ambiental nem sempre são notadas de imediato, e os efeitos de um uso inadequado dos recursos naturais podem demorar anos para serem notados. Por outro lado, a tendência normal dos diferentes fatores é procurar obter benefícios imediatos, por necessidade de sobrevivência ou por lucro. Neste caso, o desafio central para o planejamento de alternativas de manejo é demonstrar que as práticas sustentáveis propostas são mais proveitosas que as práticas insustentáveis anteriores (Sizer, 1994).


[i] A pobreza rural costuma ser provocada por um conjunto de fatores de caráter estrutural, como as políticas econômicas, o estímulo mercantil à depredação, a desigual distribuição de recursos e riqueza, a estrutura de posse de terra e do acesso aos recursos em geral combinados com um baixo ou inadequado nível de educação e com ausência de propostas produtivas apropriadas

segunda-feira, 7 de novembro de 2011

Ecossistemas Florestais e Lógicas Produtivas

            Em termos gerais, os ecossistemas florestais são parte integrante do sistema produtivo indígena e camponês, não podendo ser considerados separadamente dos demais componentes da economia rural.
            Existem, certamente, autênticas “culturas florestais” com importantes conhecimentos sobre os usos dos bens e serviços florestais, embora confrontem diferentes processos de mudança. Mas também os atores rurais com acesso a recursos florestais tendem a criar um equilíbrio entre a necessidade de solo florestal para ampliar a fronteira agrícola, o que proporciona, por exemplo, água ou pasto para a pecuária. No entanto, em situações de acesso precário à terra e em regiões de expansão de fronteira agrícola frequentemente entra em conflito com a “cultura florestal” remanescente e tende a prevalecer sobre ela.
            A sustentabilidade do desenvolvimento depende precisamente das interações entre o conjunto de recursos disponíveis (atuais e potenciais), de maneira que seja possível valorá-los de forma diferenciada e diferenciar as modalidades de controle sobre as pressões exercidas pelas pessoas. E isto exige prestar atenção às suas lógicas culturais e produtivas, considerando sua estrutura e orientação (subsistência/mercado, etc.).
            Na realidade, o uso sustentável poderia ser caracterizado como a arte de manejar os recursos a partir das pressões que as pessoas exercem sobre eles, incorporando e ampliando os elementos “positivos” da relação com o entorno (conhecimentos tradicionais, práticas sustentáveis). E este “manejo de pressões” implica analisar a origem, as manifestações e a orientação dos usos, identificando também as causas não locais das pressões e sua relação com a cena local, buscando aproximar progressivamente os comportamentos das pessoas ao ideal ambiental ao longo do “processo de uso”.
BIBLIOGRAFIA
Izko, X., Burneo, D. Ferramentas para Valoração e Manejo Sustentável dos Bosques Sul-Americanos. União Mundial para a Natureza – UICN-Sur, 2003.

domingo, 6 de novembro de 2011

Relatório dos EUA aponta recorde nas emissões de gases em 2010

Por  Agostinho Vieira
O volume de gases de efeito estufa, que causam o aquecimento global, liberado na atmosfera deu um salto sem precedentes em 2010, segundo os últimos dados mundiais sobre emissões de dióxido de carbono, compilados pelo Departamento de Energia dos Estados Unidos.

“Isso é grande”, afirmou Tom Boden, diretor da Divisão de Ciências Ambientais do Centro de Análise de Informação sobre o Dióxido de Carbono, do Laboratório Nacional de Oak Ridge, no Tennessee. “Nossos dados remontam a 1751, mesmo antes da Revolução Indsutrial. Nunca antes nós vimos um aumento de 500 milhões de toneladas métricas de carbono em um único ano”, acrescentou.

A elevação, medida de emissões de CO2 liberadas na atmosfera resultantes da queima de carvão e gás, alcançou cerca de 6% entre 2009 e 2010, subindo de 8,6 para 9,1 bilhões de toneladas métricas.

Grandes saltos foram registrados em Estados Unidos, China e Índia, os maiores poluidores do mundo. Picos significativos posteriores a 2009 também foram registrados em Arábia Saudita, Turquia, Rússia, Polônia e Cazaquistão.

Alguns países, como Suíça, Azerbaijão, Eslováquia, Espanha, Nova Zelândia e Paquistão tiveram reduções sutis entre 2009 e 2010, mas estes países foram exceções. Grande parte da Europa demonstrou uma elevação moderada.

Segundo Boden, os números podem indicar uma recuperação econômica após a recessão global de 2007-2008. “Pelo menos do ponto de vista do consumo de energia, as companhias voltaram aos níveis manufatureiros, competindo com índices pré-2008; as pessoas voltaram a viajar, sendo assim as emissões do setor do transporte competiram com as do período pré-2008″, afirmou.

Mas os dados também geraram preocupações sobre a saúde do meio ambiente. “Esta notícia é muito ruim”, afirmou John Abraham, professor associado da Escola de Engenharia da Universidade de St. Thomas, em Minnesota. “Estes resultados demonstram que será mais difícil fazer os duros cortes de emissões ao nos confrontarmos com uma crise climática”, emendou.

Os dados foram extraídos de estatísticas das Nações Unidas, reunidas de cada país do mundo a respeito dos estoques de energia em combustíveis fósseis, exportações e produção, bem como dados energéticos compilados pela gigante petrolífera BP.

“Se você sabe quanto de um combustível é consumido e se conhece a taxa de oxidação e o conteúdo de carbono do combustível, pode-se deduzir uma estimativa de emissão, portanto este é um algorítmo bastante direto para fins de cálculo”, concluiu Boden.

Em maio, a Agência Internacional de Energia (AIE) já havia divulgado relatório dizendo que as emissões internacionais de gases de efeito estufa bateram um recorde histórico em 2010.

Segundo a agência, as emissões de dióxido de carbono (CO2), o principal gás do efeito estufa, cresceram 5% no ano passado em relação ao recorde anterior, em 2008. Em 2009, as emissões haviam caído graças à crise financeira global, que reduziu a atividade econômica internacional.

Fonte: O Globo

sábado, 5 de novembro de 2011

Documento do G20 cita 'solidez' de finanças públicas brasileiras

Por Rogerio Wassermann
O Brasil e outros seis países do G20 foram citados no comunicado final da reunião de cúpula do grupo, encerrada nesta sexta-feira em Cannes, na França, como economias com finanças públicas sólidas e capazes de estimular seus mercados internos se a situação global piorar.
A citação, em um anexo ao comunicado chamado "Plano de Ação para Crescimento e Empregos", aparece em meio à definição das medidas que cada país do grupo poderá adotar para ajudar na recuperação econômica global.
Segundo o documento, Brasil, Austrália, Canadá, China, Alemanha, Coreia e Indonésia, que se encontram nessa situação, se comprometem "a deixar suas medidas automáticas de estabilização (como corte ou elevação de juros, por exemplo) funcionarem e a tomar medidas adicionais para apoiar a demanda doméstica se a situação econômica piorar".
Os países europeus, por sua vez, se comprometem, no texto, a adotar uma série de medidas para ajudar na recuperação da crise e garantir a estabilidade da zona do euro.
Entre elas estão medidas para o saneamento das contas públicas, em especial nos países "que enfrentam dificuldades específicas em seus mercados para dívida soberana" e para aumentar a confiança no setor bancário.
O plano de ação prevê ainda que, no médio prazo, os países com superávit comercial (como a China, a Alemanha e o Japão, não citados nominalmente no documento), devem adotar medidas para estimular a demanda doméstica. Isso evitaria as distorções provocadas pelo peso excessivo que as exportações têm sobre essas economias.
O texto diz ainda que a China, criticada pela política de câmbio controlado que manteria sua moeda artificialmente desvalorizada, se compromete a "seguir para uma conversibilidade gradual do iuan e reduzir o ritmo de acumulação de reservas".

Fonte: BBC Brasil

sexta-feira, 4 de novembro de 2011

IDH pode recuar se países não enfrentarem desafio ambiental

Efeitos de degradação do meio ambiente podem deixar IDH 8% menor do que a projeção inicial

BRASÍLIA - Se nada for feito, uma parte considerável dos avanços mais recentes no desenvolvimento humano poderá ser perdida nas próximas décadas pela degradação ambiental. Projeções feitas pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) no relatório Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) 2011 apontam que o IDH poderá ser 8% menor do que a projeção inicial em um cenário de "desafio ambiental" em que se confirmem as perspectivas atuais de aquecimento global.
Na África Subsaariana e no sul da Ásia, regiões mais pobres do globo, essa diferença pode chegar a 12%.
"Em um cenário de 'catástrofe ambiental', ainda mais adverso, que antevê um vasto desflorestamento e degradação do solo, reduções dramáticas da biodiversidade e uma aceleração dos fenômenos climáticos extremos, o IDH global seria aproximadamente 15% inferior ao previsto", diz o relatório.
Os efeitos da degradação ambiental, avisa o PNUD, serão sempre mais fortes justamente na população mais vulnerável. Seus principais efeitos são o aumento da poluição, a diminuição da água potável, das reservas pesqueiras e da terra agricultável e o aumento das catástrofes ambientais como secas e enchentes. A previsão mais pessimista do relatório aponta para um possível aumento de 30% a 50% no valor dos alimentos nas próximas décadas, com impacto direto entre os mais pobres.
"De uma maneira geral, as tendências ambientais ao longo das últimas décadas demonstram uma deterioração em diversas frentes, com repercussões adversas no desenvolvimento humano, especialmente para os milhões de pessoas que dependem diretamente dos recursos naturais para a sua subsistência", diz o relatório. "Estas previsões sugerem que, em muitos casos, os mais desfavorecidos suportam e continuarão a suportar as repercussões da deterioração ambiental, ainda que pouco contribuam para o problema."

Fonte: Estadão

quinta-feira, 3 de novembro de 2011

SP tem 28 empreendimentos sustentáveis certificados

Cidade eleva Brasil ao quarto lugar no ranking dos países que mais investem na categoria

 
 Shutterstock
A Leed (Liderança em Energia e Design Ambiental, na sigla em inglês), em parceria com a Green Building Council Brasil, certificou, em quatro anos, 28 empreendimentos sustentáveis na cidade de São Paulo. Os prédios certificados adotam conceitos de sustentabilidade, como reaproveitamento de energia, uso eficiente da água e utilização de materiais ecologicamente corretos na construção.

Além disso, investem até 10% de seu orçamento em ações inteligentes, como o uso de equipamentos poupadores de água, elevadores com um mecanismo que recupera a energia durante as frenagens, reciclagem de lixo, estacionamento com vagas preferenciais para veículos movidos a álcool e até o uso de energia elétrica proveniente de pequenas centrais hidrelétricas.

Com o crescente interesse nos edifícios “verdes” de São Paulo, o Brasil está ganhando destaque internacional na categoria. A cidade já ocupa o quarto lugar no ranking das cidades com maior número de prédios certificados, atrás apenas de Estados Unidos, Emirados Árabes e China.

Segundo informações divulgadas pela Leed, outros 250 edifícios paulistas estão em processo de certificação pela entidade.

Fonte: Jornal do Meio Ambiente

quarta-feira, 2 de novembro de 2011

Brasil é o 84º do ranking de desenvolvimento humano da ONU

Por Luana Lourenço
Repórter da Agência Brasil
Brasília – O Brasil é o 84° colocado no ranking do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) 2011, divulgado hoje (2) pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud). A lista tem 187 países e o índice varia de 0 a 1, sendo que quanto mais próximo de 1 o resultado, melhor o desempenho. O IDH 2011 do Brasil é 0,718, colocando o país no grupo de nações com desenvolvimento humano elevado. O índice brasileiro está acima da média global (0,682).
Na comparação com 2010, o Brasil subiu uma posição. A Noruega manteve a liderança no ranking, com IDH de 0,943. Em seguida estão a Austrália (0,929) e os Países Baixos (0,910) no grupo de países com desenvolvimento muito elevado. Nas últimas posições, com os piores índices, estão o Burundi (0,316), Níger (0,295) e a República Democrática do Congo (0,286), todos na África Subsaariana.
O IDH considera três dimensões fundamentais para o desenvolvimento humano: o conhecimento, medido por indicadores de educação; a saúde, medida pela longevidade; e o padrão de vida digno, medido pela renda.
Em 2011, para o Brasil, foram registrados 73,5 anos de expectativa de vida, 13,8 anos esperados de escolaridade (para crianças no início da vida escolar) e 7,2 anos de escolaridade média (considerando adultos com mais de 25 anos). A Renda Nacional Bruta (RNB) per capita dos brasileiros em 2011 considerada no cálculo do Pnud foi US$ 10.162.
Desde a criação do IDH, em 1980, o Brasil registra evolução no índice. Em três décadas, a expectativa de vida do brasileiro aumentou em 11 anos, a média de escolaridade subiu 4,6 anos, mas a expectativa de anos de escolaridade caiu 0,4 ano. No período, a RNB per capita subiu cerca de 40%.
“As dimensões sociais, de educação e saúde foram as que mais causaram impacto no IDH do Brasil e fizeram com que o país ganhasse posições”, avaliou o economista do Relatório de Desenvolvimento Humano brasileiro, Rogério Borges de Oliveira. Entre 2006 e 2011, o Brasil subiu três posições no ranking do IDH, segundo o Pnud.
Apesar dos avanços, o IDH 2011 do Brasil está abaixo da média da América Latina (0,731). O desempenho brasileiro está atrás do Chile (0,805), da Argentina (0,797), do Uruguai (0,783), de Cuba (0,776), do México (0,770), do Panamá (0,768), do Peru (0,725) e do Equador (0,720).
Em relação aos outros países que compõem o Brics (grupo formado pelo Brasil, a Rússia, China, Índia e a África do Sul), o IDH brasileiro é o segundo melhor, atrás da Rússia. “É interessante colocar esses países em um mesmo grupo de comparação pelo tamanho continental, pelas populações enormes, pela importância política, por serem economias emergentes e por terem políticas similares em alguns pontos”, explicou Oliveira.
Além do índice principal, o Pnud também divulgou o IDH ajustado à desigualdade (IDHAD), que capta perdas no desenvolvimento humano por causa das disparidades socioeconômicas; o Índice de Pobreza Multidimensional (IPM); e o Índice de Desigualdade de Gênero (IDG), que mede a perda de oportunidades das mulheres por causa da discriminação.

Fonte: Agência Brasil

terça-feira, 1 de novembro de 2011

Uma Perspectiva Histórica do Desenvolvimento Sustentável

Com a Revolução Industrial a capacidade da humanidade de intervir na natureza deu um salto colossal e que continua a aumentar sem cessar. É importante ressaltar que esta enorme capacidade de intervenção ao mesmo tempo em que provocou grandes danos ambientais, também ofereceu em muitas situações os meios para que a humanidade afastasse a ameaça imediata de que tais danos pudessem representar para a sua sobrevivência retardando, assim, a adoção de técnicas e procedimentos mais sustentáveis.
            Para além dos desequilíbrios ambientais decorrentes desta maior capacidade de intervenção, a Revolução Industrial, baseada no uso intensivo de grandes reservas de combustíveis fósseis, abriu caminho para uma expansão inédita da escala das atividades humanas pressionando fortemente a base de recursos naturais do planeta. Mesmo se todas as atividades produtivas humanas respeitassem os princípios ecológicos básicos, a expansão de tais atividades não poderia ultrapassar os limites termodinâmicos definidos como “carrying capacity” (capacidade de carga) do planeta.
            A magnitude da capacidade de intervenção exercida pela sociedade sobre o meio ambiente é resultante do tamanho da população multiplicado pelo consumo per capita de recursos naturais, dada a tecnologia. Ou seja, o progresso técnico pode minimizar relativamente esta pressão, mas não eliminá-la.
            É preciso criar, urgentemente, condições socioeconômicas, institucionais e culturais a fim de estimular não apenas um rápido e adequado progresso tecnológico poupador de recursos naturais, mas também, uma mudança no direcionamento dos padrões de consumo o que implicaria no crescimento contínuo, ilimitado e, principalmente, de qualidade do uso de recursos naturais per capita.
            Porém, a grande dificuldade está na estabilização dos níveis de consumo per capita, pois pressupõe uma mudança de atitude, de valores o que contraria aquela prevalecente ligada à lógica do processo de acumulação de capital em vigor desde a ascensão do capitalismo, e que se caracteriza pela criação contínua de novas necessidades de consumo. Teria que haver, portanto, uma necessidade de passar de uma civilização do ter para uma civilização do ser (Sachs, 1996).
Bibliografia
PETER, May (org). Economia do Meio Ambiente. 2ª ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2010.

'Dez bilhões é o limite a que devemos nos ater'

O Planeta & Clima traz um artigo escrito pelo professor Edward Wilson, da universidade de Harvard, nos Estados Unidos, sobre os impactos do crescimento populacional sobre o meio ambiente. Confira abaixo:
Consumo crescente é principal ameaça do crescimento da população
É absolutamente crucial agora monitorar de perto o crescimento da população humana. De fato, estamos acelerando, com a estimativa de 9 bilhões em 2043, acima do que se esperava anteriormente a partir de análises de população feitas pelas Nações Unidas.
Dez bilhões é o limite a que deveríamos nos ater. Podemos fazer isso, e pelo menos as tendências apontam na direção certa, com quedas nos índices de natalidade em todos os continentes. Mas deveríamos nos esforçar mais para ao mesmo tempo nos afastarmos da opressão às mulheres e de gestações indesejadas.
Ainda mais importante que isso, deveríamos estar pensando de forma mais criativa sobre a questão do crescimento do consumo per capita no futuro em todo mundo.

Este aumento vai ser devastador e certamente será necessário tratar disso de forma a se alcançar sustentabilidade na alimentação e provisão de níveis decentes de moradia ao redor do globo. Isso não parece realmente estar na agenda mundial de forma a causar impacto nos países e nas pessoas mais atingidas pelo problema.

Estou particularmente preocupado com o que estamos fazendo com outras formas de vida. Estamos destruindo a diversidade biológica, que consiste de ecossistemas e das espécies que os habitam.
O perigo de sermos 'mais ou menos verdes'
Parte do nosso problema é que ao se tornar "mais ou menos verde", a população mundial tem se concentrado nas partes não vivas do meio ambiente, nos recursos naturais, na qualidade da água, na atmosfera, mudança climática e outros.
Até aí tudo bem, mas agora, deveríamos estar dando igual atenção à parte viva do meio ambiente - os ecossistemas que sobrevivem e a grande maioria das espécies, que têm milhões de anos e estão em pleno processo de erosão.
Gostaria que déssemos mais atenção à criação de reservas e parques naturais em todo mundo. Em alguns lugares isso vem acontecendo, aleatoriamente, mas não da forma necessária.
Realmente precisamos separar mais regiões em que a natureza, o resto dos seres vivos possam ser protegidos, enquanto resolvemos os problemas da nossa espécie e nos ajustamos antes de destruir toda a Terra.
Opções para o próximo século
Ou sairemos deste século e entraremos no século XXII com um planeta em condições muito ruins e com muito menos condições de abrigar vida ou sairemos dele com a maior parte das outras formas de vida preservada e com o potencial para reconstruir a natureza de forma a dar à Humanidade uma chance real de viver no paraíso, com níveis de vida decentes para todos.
Não podemos esperar que os países em desenvolvimento criem programas de produção e consumo sustentáveis enquanto os países desenvolvidos não larguem na frente e mostrem o caminho. No momento, os ricos têm padrões absurdos de consumo, e as diferenças entre os setores mais ricos e os mais pobres estão cada vez maiores mesmo nos países em desenvolvimento.
Essa é uma tendência muito perigosa. Precisamos dar o exemplo nos países desenvolvidos adotando, no mínimo, medidas de limitação do consumo e uma distribuição mais inteligente da riqueza.

Fonte: BBC Brasil