Economista, Especialista em Economia e Meio Ambiente pela Universidade Federal do Paraná e Graduando em Estatística, também, pela Universidade Federal do Paraná.

quarta-feira, 31 de outubro de 2012

Pesquisa aponta que gastos fixos elevados aumentam chances de inadimplência


Brasília – Levantamento do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) aponta que pessoas com gastos fixos elevados são mais propensos à inadimplência. O comprometimento da renda com o pagamento de aluguel, pensão alimentícia e financiamento de carro contribui para tornar os consumidores inadimplentes, segundo a pesquisa.

São consideradas inadimplentes pessoas com contas em atrasos há mais de 90 dias. O levantamento apontou que pessoas mais velhas e com estabilidade no emprego tendem a pagar as contas em dia. A pesquisa foi feita com 1.277 pessoas de todas as capitais brasileiras, no mês de outubro.O estudo foi encomendado pela Confederação Nacional dos Dirigentes Lojistas (CNDL).

Segundo a economista da SPC Brasil/CNDL, Ana Paula Bastos, a falta de responsabilidade financeira é um fator determinante para a falta de planejamento do orçamento. “O inadimplente presta atenção se aquela parcela cabe no orçamento, mas não leva em consideração outras contas. Não está lembrando se tem contas parceladas no cartão, e as contas vão se acumulando. Não leva também em consideração a taxa de juros nos pagamentos parcelados”, disse.

O aluguel é um item com grande peso no orçamento familiar. A pesquisa mostra que o número de inadimplentes que moram em residências alugadas é 33%, três vezes maior do que os que possuem casa própria. A economista comentou que esse tipo de despesa consome um “percentual considerável” de toda a renda, o que faz com que sobre menos para o pagamento de outras contas.

Na avaliação da especialista, o atual momento econômico do país - com acesso mais fácil ao crédito, nível de renda melhor, salário maior e nenhum planejamento orçamentário - tem contribuído para o endividamento alto e o pagamento de contas em atrasos.

“Estamos em um cenário econômico com expansão de crédito. A classe que está emergindo, que está entrando no mercado de trabalho, entrando em universidades e, com isso, tendo acesso a bens que não teria, está mais inadimplente. Está tendo acesso a crédito que, antes, não tinha. Eles não têm educação financeira, não sabem planejar”, avaliou.

Fonte: Agência Brasil

Brasil perde posto de melhor sistema financeiro da AL


O Brasil caiu duas posições e perdeu a liderança para o Chile como o país com o sistema financeiro mais desenvolvido da América Latina, segundo o novo ranking Financial Development Report 2012, elaborado pelo Fórum Econômico Mundial e divulgado nesta quarta-feira.
O estudo avalia sete "pilares": ambiente institucional, ambiente de negócios, estabilidade financeira, serviços financeiros bancários, serviços financeiros não-bancários, mercados financeiros e acesso a serviços financeiros. Cada um deles é subdivido em pelo menos dois sub-itens.

Segundo o levantamento, o Brasil passou da 30ª para a 32ª colocação no ranking deste ano, enquanto o Chile ganhou duas posições, subindo do 31º para o 29º lugar. No total, 62 economias do globo foram avaliadas.
A queda do Brasil, de acordo com o estudo, pode ser atribuída a resultados mais fracos nos pilares de estabilidade financeira, mercados financeiros e acesso a serviços financeiros.
A pesquisa acrescenta que "embora o sistema financeiro brasileiro seja bastante estável", o país caiu nos subitens câmbio e estabilidade de sistemas bancários.
O estudo destaca, ainda, que o ambiente de negócios brasileiro permanece como o campo de "maior fraqueza" do país. Nesse quesito, o Brasil ocupa a 49ª posição entre as 62 economias avaliadas, a pior colocação entre todos os "pilares" analisados.
De acordo com o levantamento, o país continua sendo prejudicado pelo "seu sistema tributário, um alto custo para fazer negócios e uma disponibilidade de capital humano relativamente fraca".
'Ambiente institucional'
Em relação ao ambiente institucional, acrescenta a pesquisa, "um setor financeiro pouco liberal, um arcabouço regulatório e legal fraco e uma relativa inabilidade de cumprimento de contratos" também retraem o desempenho brasileiro.

Apesar disso, o estudo chama atenção que o Brasil possui três bancos entre as 25 maiores instituições financeiras do mundo (Itaú Unibanco, Bradesco e Banco do Brasil).
Já o Chile subiu duas posições no ranking deste ano em grande parte por causa do desenvolvimento de seus mercados financeiros. O país, segundo o estudo, cresceu em praticamente todos os quesitos avaliados. No quesito de estabilidade financeira, o país ocupa o 7º lugar, com "instituições e políticas relativamente fortes".
Entre os sistemas financeiros mais desenvolvidos da América Latina, depois de Chile e Brasil, o Panamá ocupa a terceira colocação seguido por Peru, México, Colômbia, Argentina e Venezuela.
No ranking geral, Hong Kong permaneceu no topo da lista, seguido por Estados Unidos, Reino Unido, Cingapura e Austrália.


Ranking dos países por grau de desenvolvimento do sistema financeiro
1 - Hong Kong
2 - Estados Unidos
3 - Reino Unido
4 - Singapura
5 - Austrália
29 - Chile
32 - Brasil
36 - Panamá
41 - Peru
43 - México
46 - Colômbia
55 - Argentina
62 - Venezuela


Mundo

O estudo observa que desde o lançamento do primeiro Financial Development Report em 2008, os sistemas financeiros globais passaram por uma série de crises "debilitantes".
Segundo Klaus Schwab, diretor-executivo do Fórum Econômico Mundial, "do estouro das bolhas imobiliárias ao desemprego em alta passando pelos níveis de dívida insustentáveis e estagnação econômica, poucos países foram poupados, e até os emergentes, que exibiram relativa força durante esse período, não conseguiram ficar imunes ao contágios dos mercados ocidentais".
Para ele, dadas as incertezas do cenário externo, a restauração da fé nos mercados será uma "tarefa monumental para legisladores nas economias avançadas e emergentes".

Fonte: BBC Brasil


Fim de vantagens comerciais com UE pode afetar 12% de exportações brasileiras


A exclusão do Brasil do Sistema Geral de Preferências (SGP) da União Europeia, a partir de janeiro de 2014, poderá afetar até 12% das exportações brasileiras ao bloco europeu, o que equivale a R$ 7,9 bilhões, admitem fontes do governo federal.
Esse é o volume total das exportações brasileiras que se beneficiam atualmente do sistema, o qual permite a um grupo de países vender à UE determinados produtos com tarifas zero ou reduzidas.

"Vai depender de como o fim das vantagens afeta cada produto. Teoricamente, há 12% das exportações brasileiras que podem ser reduzidas", explicou à BBC Brasil um diplomata que não quis se identificar.
O governo brasileiro não tem estimativas oficiais, mas o comando da UE em Bruxelas estima que a redução será "limitada a cerca de 1%".
Os maiores prejudicados serão os setores de máquinas, autopeças, plásticos e produtos têxteis e químicos, principais beneficiados pela redução tarifária de 3,5 pontos percentuais que a UE concede ao Brasil até dezembro de 2013.

Reforma

A reforma do SGP foi aprovada em junho passado, mas a lista definitiva dos países que deixarão de ser beneficiados só foi divulgada nesta quarta-feira, com a publicação da medida no Diário Oficial da UE.
Atualmente o quinto maior beneficiário do SGP europeu, o Brasil ficará fora do esquema por ter passado à classificação de país de renda média-alta segundo o Banco Mundial, assim como Argentina, Uruguai, Venezuela e Cuba.
"É importante reconhecer que algumas das principais economias em desenvolvimento se tornaram globalmente competitivas", justificou o comissário europeu de Comércio, Karel De Gucht.
"O Brasil já não é um país pobre que precisa de ajuda. É hora de ele fazer sua parte e contribuir para o bem dos países mais necessitados", completou seu porta-voz, John Clancy, em entrevista à BBC Brasil.
No entanto, o Itamaraty questionou no ano passado o critério utilizado pela UE para mudar as regras, já que foram mantidos os benefícios para outras grandes economias competitivas, como Índia e Indonésia.
"Há outros critérios de desenvolvimento mais abrangentes e menos distorcidos para o comércio que o de renda per capta escolhido pela UE", argumenta o diplomata brasileiro.
Além de 12 países de renda considerada média-alta, a UE também excluirá do SGP oito países que alcançaram a classificação de renda alta do Banco Mundial, 34 que se beneficiam de outros tipos de acordos comerciais com o bloco e 33 países e territórios ultramarinos que têm a sua própria regulamentação em matéria de acesso ao mercado europeu.
O Executivo europeu afirma que esses dois últimos grupos não sofrerão nenhum prejuízo com retirada das vantagens.

Novos beneficiados

Com as mudanças no SGP, a UE pretende aumentar o impacto do sistema de tarifas sobre um número reduzido de países mais necessitados.
A lista final de beneficiados passará de 176 a 89 países, 40 deles de rendimento baixo e médio-baixo e o restante participantes do programa "Tudo menos armas". Criado nos anos 1970 como um mecanismo para ajudar a economia dos países mais pobres, o esquema cobriu em 2011 cerca de 5% de todas as importações europeias, pelo valor de 87 milhões de euros (R$ 229 milhões).
Segundo o porta-voz europeu de Comércio, a redução no número de beneficiados não resultará, necessariamente, em uma redução desse valor.
"Certamente que o valor das importações cobertas pelo sistema cairá imediatamente após a entrada em vigor das mudanças, mas a ideia é que os países pobres aumentem gradualmente suas exportações, aproveitando o fato de não ter mais que enfrentar a competição de países maiores", disse Clancy.
O comissário De Gucht defende que "até mesmo reduções marginais nas exportações de economias maiores e mais avançadas podem potencialmente criar oportunidades significativas para as economias mais pobres, cujas exportações são comparativamente muito reduzidas".
Segundo sua equipe, uma redução de 1% nas exportações brasileiras equivaleria a mais de 16 vezes as exportações totais de Burkina Fasso (pequeno país na África subsaariana) para a UE.

Fonte: BBC Brasil

Camex reduz imposto de importação de máquinas e informática


SÃO PAULO, 31 Out (Reuters) - A Câmara de Comércio Exterior (Camex) reduziu imposto de importação de uma série de bens de capital e de alguns produtos de informática até o fim de junho de 2014, segundo resolução publicada no Diário Oficial da União desta quarta-feira.

A Camex incluiu na condição de "ex-tarifários" bens de capital como contêineres metálicos para uso em caminhões de coleta de lixo, motores marítimos de pistão, fornos a gás natural e equipamentos para dessanilização de água do mar, que agora pagarão imposto de importação de 2 por cento se forem trazidos ao Brasil na condição de novos.

A medida acontece depois de decisões semelhantes tomadas pela Camex desde junho .

Em bens de informática e telecomunicações, a Camex incluiu na lista de ex-tarifários impressoras de grande formato e qualidade fotográfica, que passarão a pagar imposto de importação de 2 por cento.

Já o imposto de importação sobre outras sete categorias de bens de informática novos, incluindo alguns tipos de conversores de vídeo e equipamentos de intercomunicação, foi zerado até o final de junho de 2014.

Para ver a relação completa, acesse: Imprensa Nacional

Fonte: Reuters Brasil

Inflação da zona do euro desacelera e desemprego tem nova máxima


BRUXELAS, 31 Out (Reuters) - A inflação da zona do euro desacelerou como esperado em outubro graças ao crescimento mais lento dos preços de energia, mas o desemprego avançou para novo recorde de máxima em setembro, mostrou nesta quarta-feira dados do escritório de estatísticas europeu Eurostat.

O Eurostat estimou que a inflação ao consumidor nos 17 países da zona do euro ficou em 2,5 por cento na base anual, abaixo da taxa de 2,6 por cento registrada em setembro, apesar de continuar acima da meta do Banco Central Europeu (BCE) de abaixo, mas próximo de 2 por cento.

A pressão de alta veio principalmente de energia mais cara, cujos preços avançaram 7,8 por cento na comparação anual em outubro, mas mais lentamente do que o visto em setembro, quando tais custos subiram 9,1 por cento, na mesma base de comparação.

O segundo maior contribuidor para a inflação foi o setor de alimentos, com alta de 3,2 por cento, acima do aumento de 2,9 por cento no mês anterior.

Economistas esperam que o BCE corte as taxas de juros mais uma vez antes do final do ano para apoiar a lenta economia, que deve ter caído em recessão no terceiro trimestre. A taxa de juros da zona do euro está, atualmente, na mínima recorde de 0,75 por cento.

As pressões inflacionárias na zona do euro estão baixas porque o desemprego está em níveis recordes, subindo para 11,6 por cento da força de trabalho em setembro --o maior nível para os 17 países que agora formam a zona do euro desde 1995.

O Eurostat informou que 18,49 milhões de pessoas estavam desempregadas na região, uma alta de 146 mil em relação ao mês anterior.

A maior taxa de desemprego foi registrada na Espanha, onde o número de desempregados subiu para 25,8 por cento da força de trabalho em setembro, ante 25,5 por cento no mês anterior. Entre os espanhóis com menos de 25 anos, o desemprego avançou para impressionantes 54,2 por cento, frente a 53,8 por cento.

A Áustria mostrou a menor taxa de desemprego, de 4,4 por cento, seguida de perto pela maior economia da zona do euro, a Alemanha, que registrou 5,4 por cento.

Fonte: Reuters Brasil

Redução do orçamento da Eletrobras é "insignificante", diz Miriam Belchior


Brasília - A ministra do Planejamento, Miriam Belchior, classificou como “insignificante” a redução de R$ 200 milhões no orçamento da Eletrobras. A previsão de investimentos da estatal caiu de R$ 10,5 bilhões, em 2012, para R$ 10,3 bilhões, em 2013. A titular da pasta participa de audiência pública na Comissão Mista de Orçamento do Congresso Nacional.
“A redução de R$ 200 milhões [no orçamento da Eletrobras] dá quase para dizer que é insignificante […]. Esse não é um número significativo”, disse, ao ser questionada por parlamentares sobre o motivo do corte de verbas na Eletrobras no momento de "apagões constantes” no país. Na última semana, houve falha no fornecimento de energia em vários estados.
Segundo a previsão de gastos do governo federal para 2013, a verba destinada ao Ministério de Minas e Energia também sofrerá redução. O orçamento será R$ 892 milhões, contra os R$ 924 milhões disponibilizados em 2012. A ministra justificou o montante reduzido para o setor devido à conclusão de obras de usinas hidrelétricas, como a de Santo Antônio e Jirau.
“Estamos começando outras obras que não estão ainda no mesmo ritmo. O Ministério de Minas e Energia determinou um pente fino em todas as instalações de transmissão para precaver, considerando que temos um sistema sólido. A última ocorrência, que pegou o Norte e Nordeste, tudo indica que é alguma falha humana. Estamos analisando com cuidado”, ponderou a titular do Planejamento.

Fonte: Agência Brasil

Inflação ao produtor tem incremento de 0,72% em setembro


Em relação a setembro de 2011, os preços variaram 6,99%, ante elevação de 7,53% averiguada em agosto.

O Índice de Preços ao Produtor (IPP) subiu 0,72% em setembro, contra alta de 0,52% verificada em agosto.

O indicador, divulgado nesta quarta-feira (31/10) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), é responsável por medir a evolução dos preços de produtos "na porta de fábrica", sem impostos e fretes, de 23 setores da indústria de transformação.

Em relação a setembro de 2011, os preços variaram 6,99%, ante elevação de 7,53% averiguada em agosto. No acumulado do ano, o indicador atingiu 6,35%.

No mês de setembro, entre as 23 atividades pesquisadas pelo IBGE, 15 tiveram aumento de preços, com destaque para o crescimento dos produtos das atividades industriais de bebidas (4,62%), outros produtos químicos (3,84%), equipamentos de informática, produtos eletrônicos e ópticos (2,27%), além de máquinas, aparelhos e materiais elétricos (1,36%).

Os itens que mais influenciaram o incremento de 0,72% foram outros produtos químicos, alimentos, bebidas e veículos automotores.

Já entre as atividades que tiveram maior contribuição para o incremento no ano, destacam-se alimentos (15,34%), fumo (15,18%), bebidas (11,89%) e papel e celulose (9,49%).

Na comparação com setembro do ano passado, as variações de preços que ocorreram em fumo (19,39%), bebidas (19,08%), alimentos (15,49%) e outros equipamentos de transporte (12,01%) foram determinantes para o incremento da variação.

Fonte: Brasil Econômico

terça-feira, 30 de outubro de 2012

CMN aprova criação de fundo garantidor para cooperativas


Brasília – As cooperativas terão um fundo garantidor de crédito. Hoje (30), em reunião extraordinária, o Conselho Monetário Nacional (CMN) aprovou resolução que estabelece requisitos e parâmetros para o funcionamento de um fundo garantidor destinado a cooperativas singulares de crédito e a bancos cooperativos.

“O fundo deverá ser constituído na forma de entidade privada sem fins lucrativos e terá como associados as cooperativas singulares de crédito que captam recursos de seus associados e os bancos cooperativos”, diz nota do Banco Central (BC).

De acordo com o BC, uma vez associados ao novo fundo, os bancos cooperativos serão desfiliados do Fundo Garantidor de Créditos (FGC).

“O objetivo do novo fundo é garantir créditos de clientes das entidades do sistema cooperativista e realizar operações de assistência e suporte financeiro com estas instituições”, acrescenta o BC.

Segundo a instituição, a criação do fundo visa a fortalecer a rede de proteção já existente, de maneira a contribuir para intendificar o crescimento que o sistema cooperativista vem apresentando nos últimos anos. Além disso, de acordo com o BC, a medida vai consolidar o setor "como alternativa para os usuários de produtos e serviços do sistema financeiro, além de um eficaz instrumento de inclusão financeira”.

O gerente do Ramo Crédito da Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB), Silvio Giusti, já havia adiantado à Agência Brasil que esperava a aprovação de resolução do CMN para a criação do fundo garantidor ainda este mês.

De acordo com Giusti, atualmente há no país 1,2 mil cooperativas. Desse total, aproximadamente 550 já têm fundos garantidores. A ideia agora é criar um fundo único. “A criação do fundo vai permitir que o cooperativismo tenha mais poder de competitividade”, disse Giusti.

Desde 1995, o setor bancário dispõe do FGC, uma entidade privada, sem fins lucrativos, que administra o mecanismo de proteção aos depositantes e investidores em caso de intervenção ou liquidação de instituições financeiras.

Fonte: Agência Brasil

Paraná investe pesado em ciência, mas é pouco inovador

Estado aplica mais recursos em incrementos a tecnologias já existentes do que em produtos inéditos. Resultado é o baixo número de patentes.

Detentor do terceiro maior gasto do país em ciência e tecnologia – com uma média de R$ 600 milhões anuais –, o Paraná ainda não viu os in­­vestimentos surtirem efeito. Entre os sete estados do Sul e do Sudeste, os paranaenses ocupam apenas a sexta colocação no número de patentes concedidas pelo Instituto Nacional de Propriedade In­­te­­lectual (Inpi). As duas regiões­­ do Brasil concentram 96% das patentes concedidas em todo o país de 2002 a 2011.

Com 348 concessões, o Pa­­ra­­ná fica à frente apenas do Es­­pírito Santo, que teve 25. Se o baixo desempenho do estado não pode ser explicado pela falta de recursos aplicados na área, o problema também não é a ausência de solicitações de títulos de propriedade. Ao longo da última década, o Paraná foi um dos estados que mais pediu reconheci­­mento de patentes. Foram 6.783 projetos depositados – atrás somente de São Paulo e do Rio Grande do Sul –, mas só 5,1% deles tiveram patente reconhecida.


Processo
Atualmente a concessão de uma patente pode levar até oito anos. Veja qual é o passo a passo para registrar uma invenção:
- Em primeiro lugar, é necessário depositar o pedido de patente no Inpi com uma descrição detalhada, para que especialistas do órgão possam apurar se a invenção é procedente.
- O pedido de patente fica em sigilo por 18 meses. Após esse período a solicitação é publicada.
- Posteriormente o pesquisador deve requerer que a solicitação de patente seja analisada.
- Após a concessão, a patente é um bem que o pesquisador pode, inclusive, comercializar. “A patente concedida pelo órgão é válida somente para o território nacional”, ressalta Vagner Latsch, da diretoria de Patentes do Inpi.
Setor privado
Empresas deixam de registrar criações
O último levantamento Pes­­qui­­sa­­ de Inovação (Pintec), realiza­­do pelo Instituto Brasileiro de Geo­­grafia e Estatística (IBGE) en­­tre 2006 e 2008, mostrou que, apesar de as empresas pa­­ranaenses implementarem ino­­vações, poucas procuram pa­­tentear as criações. Das 8,9 mil empresas, 2,9 mil implantaram inovações no período, mas só 189 depositaram pedido de pa­­tente no Inpi. Ou seja, 6,4% das empresas paranaenses que de­­cidiram apostar em inovação bus­­caram registrar as novi­­da­­des. No Brasil esse índice é de 9,5%.
O Grupo Boticário, com sede­­ em­­ São José dos Pinhais, na Re­­gião Metropolitana de Curitiba, é um dos que procuram patentear as inovações. Atualmente são 41 requerimentos em análise e um pedido atendido.
A patente concedida é referente à colônia Malbec. “O grupo foi pio­­neiro na produção de uma co­­lônia com base no álcool vínico, obtido pela destilação do vinho e macerado em tanques de car­­valho francês – os mesmos utilizados na fabricação dos vinhos nobres”, explica o diretor de­­ Pes­­quisa e Desenvolvimento da empresa, Richard Schwarzer.
Segundo ele, a existência da pa­­tente é, por si só, uma caracterização da capacidade inventiva das empresas. “O depósito de uma patente garante à empresa a exclusividade da exploração comercial das suas inovações por um determinado pe­­ríodo”, complementa.
Um dos projetos que aguardam a patente é o uso da triplananotecnologia em cosméticos. “A tecnologia garante que os princípios ativos consigam agir de forma seletiva nas camadas ideais da pele”, relata.


Razões

Um dos fatores que explicam esse fenômeno é que o Pa­­raná investe mais em incrementos a tecnologias já exis­­tentes do que em inovação. Segundo Vagner Latsch, da Diretoria de Patentes do Inpi, dois principais critérios são utilizados para a concessão ou não da patente. Um deles é a exigência de que o projeto seja completamente novo. O outro corresponde ao que ele denomina de “atividade inventiva”. “Isso significa que não se pode pegar um ‘projeto A’ e um ‘projeto B’ e formular uma nova teoria ou novo produto. A patente não é concedida a projetos similares”, explica.

O diretor da Agência de Inovação da Universidade Federal do Paraná (UFPR), Emerson Camargo, salienta que a questão da atividade inventiva interfere no resultado apresentado pelo estado. “Talvez se tenha trabalhado em aprimoramento de qualidade das patentes já existentes”, afirma. De acordo com ele, a universidade tem 207 projetos depositados no Inpi por meio da agência. Somente neste ano, até o mês de setembro, foram 52, contra 37 no ano passado.

O coordenador de propriedade intelectual da agência, Alexandre Moraes, considera que outros fatores interferem no número de patentes do Paraná. “Até uma redação mal escrita, na qual o pesquisador deve detalhar sua invenção, pode interferir no resultado”, diz.

Estímulo

Outro fator que pode influenciar no desempenho é­­ a falta de estímulo aos inven­­tores, aponta­­ Júlio Felix, presidente do Ins­tituto de Tecnologia do Pa­­ra­­ná (Tecpar), órgão vincula­­do­­ à Secretaria de Estado da­­ Ciência, Tecnologia e En­­si­­no­­ Superior. “Ao longo dos anos faltou estrutura para os Núcleos de Inovação Tec­­nológica das universidades estaduais. Mas estamos trabalhando para estruturar esses espaços.”

Lei de Inovação é esperança para reverter baixo número de patentes

Para reverter o cenário de baixo número de patentes no Paraná, o presidente do Tecpar, Júlio Felix, deposita esperança na Lei de Inovação, sancionada em setembro. Até então, o Paraná era o único estado do Sul e Sudeste que não apresentava uma legislação específica para o setor. A lei prevê a participação do estado em fundos de investimentos de empresas paranaenses cuja atividade principal seja a inovação tecnológica.

Projetos aprovados pelo governo, por meio do Tecpar, poderão ser beneficiados com subvenção econômica, financiamento ou participação societária do governo. Além disso, a nova lei permite a concessão de incentivos fiscais para o desenvolvimento de projetos inovadores.

Cenário internacional

Para facilitar a concessão de patentes, não só no Paraná como em todo o país, o Inpi pretende reduzir o tempo gasto no procedimento para 4 anos e meio. Hoje todo o processo pode levar oito anos. Para isso, a meta é realizar um concurso público para contratar mais 700 funcionários até 2015. Hoje o Inpi apresenta 273 examinadores. Para que se tenha uma base de comparação, a Europa tem 3.698 especialistas; o Japão, 1.567; e os Estados Unidos, 5.477. “A nossa meta é diminuir esse tempo. Isso devido ao acúmulo de trabalho que possuímos”, afirma Vagner Latsch, da diretoria de Patentes do Inpi.

No cenário internacional, o Brasil também não acompanha países emergentes, como Índia e China, quando o assunto é o registro de invenções ou processos produtivos nos escritórios internacionais de patentes. Nos últimos cinco anos, a China obteve 9.483 patentes; a Índia, 4.191; e a Rússia, 1.123. No Brasil, por sua vez, foram apenas 684 patentes válidas de forma internacional.

Fonte: Gazeta do Povo

segunda-feira, 29 de outubro de 2012

Senai estima criação de 1,1 milhão de empregos na indústria até 2015


Brasília – O Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai) estima que a indústria deve gerar 1,1 milhão de empregos de nível técnico e de média qualificação nos próximos três anos, além da necessidade de qualificar 6,1 milhões de trabalhadores para acompanhar os avanços tecnológicos, de acordo com o diretor-geral do Senai, Rafael Lucchesi.

Ele disse que o levantamento Mapa do Trabalho Industrial 2012, feito pelo Senai para subsidiar o planejamento da oferta de formação profissional, prevê que 625 mil vagas (52% do total) serão concentradas em seis setores da indústria: construção civil, prestação de serviços à indústria, montadoras de veículos, máquinas e equipamentos, alimentos e bebidas e produção de roupas e acessórios.

Segundo Lucchesi, o Mapa do Trabalho Industrial serve como apoio aos jovens na escolha da profissão e aumento das chances de ingresso no mercado de trabalho. Ele ressalva, contudo, que a criação das novas vagas de trabalho está condicionada à continuidade da estabilidade econômica e da retomada do crescimento do país.

Os setores com maior demanda por força de trabalho são aqueles intimamente ligados ao consumo das famílias. Tanto que as carências de mão de obra no momento são maiores na construção civil, que necessita de 16 mil profissionais técnicos, de acordo com pesquisa do Senai. Também há necessidade de 9,5 mil técnicos de controle da produção nas montadoras de veículos.

O Senai revela que as três ocupações de nível técnico com maior demanda por trabalhadores qualificados exigem conhecimentos de matemática e de programação em informática. Mostra também que dos cursos profissionalizantes com mais de 200 horas, dados pelo próprio Senai, há uma demanda crescente por operadores de máquinas de vestuário e de operadores de instalações e máquinas de produtos plásticos e de borracha.

Fonte: Agência Brasil

Governo Central registra em setembro o pior superávit primário desde 2009


Brasília – O Governo Central (Tesouro Nacional, Previdência Social e Banco Central) teve em setembro o pior superávit primário – economia para pagar os juros da dívida pública – para o mês em três anos. Segundo números divulgados hoje (29) pelo Tesouro Nacional, o esforço fiscal no mês passado somou R$ 1,256 bilhão. É o pior resultado mensal para o mês desde setembro de 2009, quando o Governo Central tinha registrado déficit primário de R$ 7,8 bilhões.

O superávit primário em setembro foi 76,8% menor do que o do mesmo mês do ano passado, quando o Governo Central havia economizado R$ 5,415 bilhões. O resultado do mês passado só não ficou negativo porque algumas estatais pagaram R$ 3,602 bilhões em dividendos ao Tesouro Nacional. Os dividendos representam parte dos lucros de uma empresa distribuídos aos acionistas. Como o Tesouro é o maior acionista das estatais, o governo também se beneficia dos pagamentos.

De janeiro a setembro, o esforço fiscal soma R$ 54,766 bilhões, 27,3% a menos do que os R$ 75,291 bilhões economizados no mesmo período de 2011. O superávit acumulado está 44% abaixo da meta de R$ 97 bilhões prevista para este ano. Se quiser alcançar a meta cheia, sem usar o mecanismo que permite o abatimento de gastos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), o Governo Central terá de economizar R$ 42,2 bilhões de outubro a dezembro.

Os dados do Tesouro mostram que os gastos federais voltaram a crescer em ritmo maior do que o das receitas. No acumulado de 2012, as despesas do Governo Central ficaram 11,8% mais altas em relação ao mesmo período do ano passado, contra expansão de apenas 0,8% registrada nos nove primeiros meses de 2011 (ante 2010). As receitas líquidas aumentaram 6,9% neste ano em relação ao ano passado.

Os gastos de custeio, para manutenção da máquina pública, aceleraram fortemente e aumentaram 15,2% de janeiro a setembro, contra apenas 4,1% no mesmo período de 2011. As despesas com o funcionalismo público, no entanto, elevaram-se bem menos, apenas 3,3% no acumulado do ano, contra 9,8% nos nove primeiros meses de 2011.

Os investimentos federais, que englobam as obras públicas e o Programa Minha Casa, Minha Vida, também estão em expansão e totalizam R$ 45,2 bilhões no ano, alta de 23,3% em comparação aos nove primeiros meses de 2011. No entanto, o crescimento desacelerou pelo terceiro mês consecutivo. Até agosto, os investimentos acumulavam alta de 27,9%.

Definido como economia para pagar os juros da dívida pública, o superávit primário está sujeito a metas desde o fim da década de 1990. O esforço fiscal permite ao governo reduzir o endividamento no médio e longo prazo.

Fonte: Agência Brasil

Produção de petróleo e gás cai 3,7% em setembro


Rio de Janeiro - A produção de petróleo e gás natural de todos os poços da Petrobras no Brasil e no exterior somou 2,47 milhões barris por dia no mês de setembro. A informação foi divulgada hoje (29). Na semana passada, a empresa confirmou que entre janeiro e setembro, foram produzidos, em média, 2,5 milhões de barris por dia, valor 1% menor do que o verificado no mesmo período de 2011.

De acordo com a Petrobras, no Brasil, em setembro, a produção média diminuiu 3,7% em relação ao mês de agosto, que foi 2,2 milhões de barris diários. A produção fora do país aumentou 4,8% na comparação com o mês imediatamente anterior e chegou a 249 mil barris de petróleo e gás natural por dia.

Somente a produção nacional de petróleo diminuiu 4,4% na comparação com agosto, refletindo as paradas programas da P-52 no campo de Rocandor e da P-19 no campo de Marlim. No mês de setembro, o país produziu sozinho 1,8 milhão de barris por dia exclusivamente de petróleo. A Petrobras informa ainda que no mês passado entrou em funcionamento a uma nova plataforma no campo Baleia Azul, no litoral do Espírito Santo.

A produção nacional de gás natural chegou a 60,4 milhões de metros cúbicos, 0,3% maior que o volume produzido em agosto.

No exterior, o aumento da produção de gás, de 17,2 milhões de metros cúbico/dia, em média, se deve ao início da produção do Campo de Chinook, no Golfo do México, e a maior demanda pelo gás boliviano. A extração de petróleo foi de 148,4 mil barris por dia, aumento de 0,9% frente a agosto.

Fonte: Agência Brasil

FOCUS-Mercado reduz previsão para Selic em 2013 a 7,75%


SÃO PAULO, 29 Out (Reuters) - O mercado deu início ao ajuste de suas projeções sobre os próximo passos do Banco Central na condução da política monetária ao longo de 2013. Segundo a pesquisa Focus do Banco Central, a projeção agora é de que a Selic encerre o próximo ano a 7,75 por cento, contra 8,00 por cento esperados antes.

Para 2012, foi mantida a aposta de que a taxa básica de juros permanecerá na atual mínima histórica de 7,25 por cento, diante da indicação do BC de que o ciclo de cortes foi encerrado após a redução de 0,25 ponto percentual feita na Selic neste mês.

Entretanto, como a ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) deixou em aberto os próximos passos ao longo de 2013, as apostas ficaram divididas em estabilidade no atual patamar da Selic ou elevação no ano que vem.

As incertezas em relação ao comportamento da inflação e da economia colaboram para as dúvidas, inclusive no mercado futuro de juros, com contratos mais longos ainda mostrando a possibilidade de elevação da Selic no ano que vem.

Entre os Top 5 --grupo das instituições que mais acertam suas análises no Focus-- a perspectiva para a Selic em 2013, entretanto, é de que permaneça nos atuais 7,25 por cento.

INFLAÇÃO

Os analistas consultados na pesquisa do BC ainda elevaram pela 16a vez a perspectiva para a inflação neste ano, projetando o IPCA agora em 5,45 por cento, ante 5,44 por cento na semana anterior.

Os alimentos continuam sendo os principais vilões da inflação, mas analistas já falam em uma perda de força desse movimento nos próximos meses.

Na semana passada, o Índice de Preços ao Consumidor Semanal (IPC-S) desacelerou para uma alta de 0,57 cento na terceira quadrissemana de outubro, com um leve alívio nos preços do grupo Alimentação.

Para 2013, a pesquisa mostrou que o mercado prevê agora o IPCA a 5,40 por cento, contra 5,42 por cento anteriormente.

Por sua vez, o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) neste ano segundo o Focus deve atingir 1,54 por cento, inalterado sobre a semana anterior. Para 2013, a perspectiva também permaneceu em 4,00 por cento.

O governo tem defendido que a economia já começou a se recuperar após um início de ano fraco por conta da crise internacional, e fala em crescimento de 4 por cento em termos anualizados tanto no quarto trimestre como ao longo de 2013.

A pesquisa Focus desta segunda-feira mostrou também que o mercado manteve a previsão de que o dólar encerrará este ano a 2,01 reais.

Fonte: Reuters Brasil

Europa que poupa foge da Europa que deve


Risto Murto, diretor de investimentos do fundo de pensões Varma Pension Mutual Insurance Co., está satisfeito ao ver que o Banco Central Europeu agora diz estar pronto para lutar contra a crise do euro comprando dívida do governo de países em dificuldades como a Espanha.

Mas não está satisfeito a ponto de fazer o mesmo. E isso significa que os líderes europeus podem ter mais dificuldades pela frente.


O Varma é o maior investidor da Finlândia. O fundo administra 34 bilhões de euros (US$ 43,9 bilhões) e é responsável pelas poupanças para a aposentadoria de cerca de 870.000 finlandeses. Durante vários anos após a criação do euro em 1999, os investidores do norte da Europa, como o Varma, espalharam seus ativos por todo o continente, ajudando a criar estabilidade econômica no sul, uma região mais pobre.

No entanto, preocupados com o alto endividamento da Grécia, os executivos do fundo venderam seus títulos de dívida do governo grego em 2008 e 2009, antes do estouro da crise da união monetária. No ano seguinte, eles adotaram uma nova política.

Nós "comunicamos ao conselho que vamos parar de investir em qualquer país problemático", diz Murto. Nada de Grécia, nem Portugal, Irlanda, Itália ou Espanha. Em meados de 2010 o conselho definiu uma nova diretriz para investimentos em títulos soberanos: só nos poucos países com grau de investimento AAA — principalmente Alemanha, Holanda e Finlândia.

De acordo com alguns indicadores, as coisas vêm melhorando para a combalida zona do euro. A nova estratégia do BCE, sob o comando do seu pragmático presidente Mario Draghi, vem ganhando aplausos gerais. Sua intenção de comprar dívida acalmou os mercados e emissões recentes da Espanha e da Itália tiveram boa aceitação.

Há evidências de que alguns investidores estrangeiros estão voltando aos poucos.

Mas a medida definitiva do sucesso do BCE virá a longo prazo: Será que o banco consegue convencer os investidores estrangeiros que dirigem as grandes reservas de dinheiro da zona do euro, como, por exemplo, seguradoras e fundos de pensão, a voltarem a se interessar seriamente pela Espanha e a Itália? Esses dois países precisam de muito dinheiro: este ano os dois deverão emitir, em conjunto, cerca de 300 bilhões de euros em dívida soberana.

A principal preocupação desses investidores é com a probabilidade de reaver seu dinheiro, e eles continuam muito cautelosos.

"Não estamos considerando ativamente voltar para esse mercado", diz Murto.

Durante a maior parte da existência da moeda comum, os países do norte da Europa geraram poupança: eles produzem mais do que consomem. Os do sul criaram déficits. O sistema financeiro integrado do euro emprestou as poupanças do norte para os necessitados do sul.

Isso agora cessou, e basta olhar para a Finlândia para perceber como é difícil recomeçar. Com 5,4 milhões de habitantes, a Finlândia é um país pequeno. Seus fundos de pensão não poderiam, sozinhos, salvar a Espanha, com seus 46 milhões de pessoas, mesmo que quisessem. Mas suas finanças sólidas e vastas poupanças, dado o tamanho do país, fazem dela um termômetro das atitudes do norte da Europa.

A Alemanha, a Holanda e a Finlândia são o núcleo do núcleo. Juntamente com o minúsculo Luxemburgo, são os únicos países da zona do euro considerados AAA por todas as grandes firmas de classificação de crédito.

Embora o tamanho da Alemanha faça com que sua voz seja mais ouvida nos debates sobre a política da zona do euro, os finlandeses podem ser mais alemães do que os próprios alemães. Eles também têm uma economia baseada nas exportações. Eles se irritam com gastos excessivos do sul da Europa. Os finlandeses são tão apegados ao rigor fiscal que o déficit orçamentário do seu governo nunca excedeu, na era do euro, o limite estabelecido para o bloco, de 3% do PIB. A Alemanha ultrapassou esse limite na maioria dos anos. A dívida do governo finlandês é de apenas 50% do PIB; a da Alemanha é de mais de 80%.

Até a economia relativamente saudável da Finlândia sofreu na crise. Ela teve uma ligeira contração no segundo trimestre, aumentando a tensão sobre o custo dos resgates de outros países.

Os finlandeses são poupadores. Helsinque é uma capital próspera, mas discreta. Seus severos edifícios de pedra têm adornos modestos. O metrô é rápido, porém mais antigo do que, digamos, o reluzente metrô de Atenas. O moderno sistema finlandês de poupança previdenciária começou no início dos anos 60 como um esforço conjunto entre o governo, os sindicatos e os empregadores para guardar dinheiro para as aposentadorias.

Hoje, o governo define os benefícios e determina os níveis de contribuição, que agora chegam, em média, a cerca de 23% dos salários. O dinheiro fica fora das mãos do governo, o que é raro. O empregador pode optar por administrá-lo por conta própria, mas muitos o entregam a gestores profissionais de pensões, como a Varma ou a Ilmarinen.

O sistema finlandês garante aos aposentados um pagamento fixo de aposentadoria. Esse tipo de sistema está no cerne da Estado de bem-estar social europeu.

"A diferença é que temos mutio dinheiro", diz Reijo Vanne, diretor de análise econômica da Aliança Finlandesa de Pensões, um grupo setorial.

Os ativos de previdência da Finlândia totalizam cerca de 150 bilhões de euros, ou 75% do PIB, segundo a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico, sediada em Paris. Os holandeses, os maiores poupadores, têm ativos de pensão de quase 140% do PIB. Nenhum outro país da zona do euro chega perto.

O sistema finlandês de pensões "é um ponto forte na sociedade", diz o economista Murto, cuja tese de doutorado trata da crise bancária da Finlândia do início dos anos 1990. "Nós podemos fazer um acordo confiável ao longo de gerações."

A Finlândia entrou na União Europeia em 1995 e foi um dos países fundadores do euro, em 1999. Nos primeiros dias da moeda comum, parecia não ter importância onde o dinheiro era investido. "Era um portfólio realmente muito diversificado, e o mercado interno não era a Finlândia, mas sim toda a zona do euro", diz Murto.

Hoje é de grande importância saber onde investir. Quem emprestar ao governo alemão por 10 anos receberá juros de pouco mais de 1,6% ao ano. Emprestando à Espanha, o retorno é de cerca de 5,5%. Isso significa que um título do governo espanhol é um investimento fantástico, se a Espanha sobreviver à crise; ou então um péssimo investimento se os títulos, como aconteceu com os papéis gregos, acabarem inadimplentes.

Avaliar qual é a melhor opção envolve suposições sobre o humor do eleitorado alemão e dezenas de outras questões muito distantes da costumeira análise dos dados financeiros feita pelos investidores. "Há tantos riscos políticos", lamenta Murto.

"Se não for necessário", pergunta ele, "será que alguém deve correr esse risco?"

Fonte: The Wall Street Journal

sábado, 27 de outubro de 2012

Merkel defende uma regulação financeira mais ampla


BERLIM, 27 Out (Reuters) - A chanceler alemã, Angela Merkel, pediu neste sábado que as maiores economias do mundo implementem regras financeiras mais rígidas, dizendo que o estágio atingido até este momento não é o suficiente.

A crise financeira global fez as maiores economias mundiais promoverem mudanças em quase todas as minúcias das regras do sistema financeiro, da venda direta de derivativos até as exigências para a capitalização de bancos.

Mas, durante o seu podcast semanal, Merkel disse que é preciso avançar mais.

"Planejamos regular todo centro financeiro, todo ator financeiro e todo produto do mercado financeiro. Progressos significativos foram feitos, mas as regras ainda não foram implementadas em todos os lugares, e ainda estamos esquecendo de outras áreas."

A chanceler lembrou de "bancos na sombra", ou instituições financeiras que são menos reguladas do que os bancos, como uma área que precisa de maiores progressos.

"Por exemplo, tomara que a regulação dos bancos na sombra seja concluída no próximo encontro do G20", afirmou Merkel.

Líderes das maiores economias do mundo (G20) recomendaram há um ano novas regras, que também incluem fundos de hedge, meios de investimento especial e acordos de recompra.

Os reguladores têm a preocupação de que, com os bancos mais regulamentados, atividades de crédito com risco mudarão para os bancos na sombra.

Fonte: Reuters Brasil

sexta-feira, 26 de outubro de 2012

Greve dos bancários explica alta de juros para pessoas físicas em setembro, diz BC


Brasília – A alta da taxa de juros cobrada de pessoas físicas, em setembro, é explicada pela greve dos bancários, segundo o chefe do Departamento Econômico do Banco Central (BC), Tulio Maciel.

A taxa amentou 0,2 ponto percentual, para 35,8% ao ano, de agosto para setembro. A alta dos juros para as famílias ocorre depois de seis meses seguidos de redução.

Para Maciel, a alta de setembro foi pontual porque, com a greve dos bancários, os clientes tomaram linhas de crédito “mais acessíveis”, como o cheque especial e cartão de crédito, que têm juros mais elevados.

A taxa média de juros do cheque especial chegou a 147,6% ao ano, em setembro, com redução de 0,1 ponto percentual em relação a agosto, mas ainda bastante alta na comparação com a de crédito pessoal (39,7% ao ano). A taxa de crédito pessoal teve alta de 0,3 ponto percentual em relação a agosto.

De acordo com os dados do BC, a média diária de concessões de cheque especial para as famílias, em setembro na comparação com agosto, subiu 9%. No caso do cheque especial, houve aumento de 11,6%. O crédito pessoal apresentou redução de 4,3%.

A greve dos bancários começou no dia 18 de setembro. Os funcionários do Banco do Brasil e instituições privadas voltaram ao trabalho no dia 27. No caso da Caixa, os bancários retomaram as atividades no dia 28.

Apesar da alta dos juros para as famílias, Maciel destacou que a taxa média (para empresas e pessoas físicas) chegou ao menor nível da série histórica do BC, iniciada em 2000. A taxa geral ficou em em 29,9% ao ano, redução de 0,2 ponto percentual em relação agosto.

Segundo Maciel, a redução da taxa média de juros decorre do efeito dos cortes da taxa básica de juros, a Selic, que serve de referência para as demais. Outro fator citado por Maciel é a redução do spread (diferença entre a taxa de captação de recursos pelos bancos e a cobrada dos clientes), origem de boa parte do lucro dos bancos.

O spread para as famílias subiu 0,2 ponto percentual e ficou em 27,9 pontos percentuais. No caso das pessoas jurídicas, houve recuo de 0,4 ponto percentual para 15,3 pontos percentuais.

Os dados preliminares deste mês, até o dia 17 (12 dias úteis), indicam que a taxa de juros paras as famílias subiu 0,2 ponto percentual em relação ao fechamento de setembro. A alta do spread chega a 0,4 ponto percentual. Para as empresas, houve recuo na taxa de juros de 0,1 ponto percentual, com o spread estável. Maciel enfatizou que os dados que indicam alta para as famílias podem não corresponder ao resultado do fechamento do mês, uma vez que oscilam muito ao longo do período.

Fonte: Agência Brasil

Consumo impulsiona crescimento nos EUA apesar de cautela empresarial


WASHINGTON, 26 Out (Reuters) - O crescimento econômico dos Estados Unidos acelerou no terceiro trimestre uma vez que um impulso nos gastos do consumidor compensou os primeiros cortes em investimento em mais de um ano devido à cautela das empresas.

O ritmo mais forte de expansão, entretanto, ficou aquém do que seria necessário para reduzir o desemprego, e oferece poucos motivos de comemoração para a Casa Branca antes da eleição presidencial de 6 de novembro.

O Produto Interno Bruto (PIB) expandiu a uma taxa anual de 2 por cento, informou o Departamento do Comércio nesta sexta-feira, acelerando sobre o ritmo de 1,3 por cento no segundo trimestre. Seria necessário um ritmo acima de 2,5 por cento durante vários trimestres para provocar uma mudança substancial na taxa de desemprego.

Economistas consultados pela Reuters esperavam um ritmo de crescimento de 1,9 por cento no terceiro trimestre.

O relatório foi divulgado pouco mais de uma semana antes da eleição, na qual o presidente Barack Obama está tentando derrotar o republicano Mitt Romney.

Desde que saiu da recessão de 2007-09, a economia tem enfrentado uma série de problemas, da alta dos preços da gasolina aos problemas de dívida na Europa, e, recentemente, temores de austeridade do governo dos EUA.

O país tem encontrado dificuldade para superar um ritmo de crescimento de 2 por cento e permanece 4,5 milhões de empregos aquém de onde estava quando a contração começou.

Os consumidores, no entanto, deram de ombros aos fortes cortes iminentes nos gastos do governo e impostos mais altos, que devem entrar em vigor no início do ano se não houver ação do Congresso.

De fato, eles foram às compras no final do trimestre, adquirindo uma série de bens --incluindo automóveis e o iPhone 5 da Apple Inc.

Os gastos do consumidor, que respondem por cerca de 70 por cento da atividade econômica dos EUA, cresceu a uma taxa de 2 por cento após subir 1,5 por cento no período anterior.

GASTOS APESAR DE APERTO DA RENDA

Preços firmes no mercado imobiliário deixaram as famílias mais dispostas a assumir novas dívidas, dando suporte aos gastos de consumo. Entretanto, as rendas sofreram um aperto no último trimestre, levando as famílias a poupar menos para financiar suas compras.

O volume de renda disponível para as famílias depois da inflação e impostos subiu a uma taxa de 0,8 por cento no terceiro trimestre. A taxa de poupança desacelerou para 3,7 por cento depois de crescer 4 por cento no segundo trimestre.

O ritmo mais rápido de gastos aconteceu apesar de uma alta nas pressões inflacionárias com o aumento dos preços da gasolina. Um índice de preços para gastos pessoais subiu a uma taxa de 1,8 por cento, acelerando ante 0,7 por cento no segundo trimestre.

A medida do núcleo de inflação, que exclui custos de alimentos e energia, desacelerou para 1,3 por cento após subir 1,7 por cento no trimestre anterior, sugerindo que o aumento nas pressões de preço geral será temporário.

Com cerca de 23 milhões de americanos sem trabalho ou com subemprego, existem temores de que o ritmo atual de gastos não será mantido, especialmente se os preços da gasolina mantiverem sua recente tendência de alta e as famílias enfrentarem impostos mais altos em 2013.

A altas automáticas de impostos e cortes do governo, conhecidos como "abismo fiscal", enxugarão cerca de 600 bilhões de dólares da economia no próximo ano se o Congresso não agir.

Os temores em relação ao abismo fiscal já afetaram os gastos das empresas, que recuaram a um ritmo de 1,3 por cento no terceiro trimestre, recuando pela primeira vez desde os três primeiros meses de 2011.

Parte das perdas no investimento empresarial, que eram uma fonte de força para a economia, veio de equipamentos e software, onde os gastos foram os mais fracos desde o segundo trimestre de 2009.

Os gastos em estruturas não-residenciais se contraíram após cinco trimestres seguidos de crescimento.

Em contraste, a construção de moradias saltou a uma taxa de 14,4 por cento, graças em grande parte à postura de política monetária ultra-acomodativa do Federal Reserve, banco central do país, o que tem levado as taxas de hipotecas para mínimas recordes.

Os estoques pesaram sobre o crescimento devido a uma seca no Meio-Oeste do país, o que dizimou as safras. Os estoques agrícolas retiraram 0,42 ponto percentual do crescimento do PIB.

Além disso, a desaceleração da demanda global, particularmente a fraqueza na Europa e na China, provocaram uma contração das exportações dos EUA pela primeira vez desde o primeiro trimestre de 2009. Isso deixou um déficit comercial que pesou sobre o crescimento do PIB.

Mas houve notícias surpreedentemente boas sobre os gastos do governo, que interrompeu oito trimestres seguidos de queda devido a uma forte recuperação nos gastos com defesa.

Fonte: Reuters Brasil

Klabin avalia alternativas para financiar projeto de celulose


RIO DE JANEIRO, 26 Out (Reuters) - A Klabin, maior produtora de embalagens do país, está "indo bem" em suas negociações com investidores financeiros para a programada fábrica de celulose no Paraná, mas avalia alternativas de financiamento para ser capaz de complementar o montante a ser aplicado no projeto, afirmou o diretor-geral da empresa, Fabio Schvartsman.

Entre essas alternativas está a própria empresa aplicar mais recursos no plano ou a entrada de um investidor estratégico, que se interessaria, além do retorno financeiro, pelos negócios que o projeto pode propiciar.

Segundo o executivo, a Klabin já obteve licença prévia ambiental para o projeto e aguarda a definitiva para iniciar as obras. A fábrica foi anunciada mais cedo no ano e deve contar com investimentos de quase 7 bilhões de reais.

"Acreditamos que a melhor montagem para a Klabin para este projeto seja através de investidores financeiros... O levantamento de recursos com esses investidores continua indo bem, mas, por outro lado, não temos ainda a totalidade do que necessitamos", afirmou Schvartsman em teleconferência com analistas sobre os resultados do terceiro trimestre, nesta sexta-feira.

"Em primeiro lugar (queremos) é completar esse projeto, e em segundo a Klabin deveria avaliar colocar um pouco mais de recursos próprios se necessário para fechar a conta. A terceira possibilidade seria de buscar um investidor estratégico", afirmou o executivo.

"Você trazer um investidor estratégico para participar desta operação é uma solução pior que as outras duas, não obstante nós sempre somos realistas", disse.

Ele não nomeou potenciais investidores estratégicos e financeiros que se comprometeram com o projeto, e tampouco divulgou um prazo para o anúncio do arranjo financeiro, mas o cronograma começa a ficar apertado à medida que o ano chega ao fim --a fábrica, que terá capacidade para 1,5 milhão de toneladas de celulose por ano, estava prevista para iniciar as operações em 2014.

Em agosto, Schvartsman havia dito que a empresa buscava fundos soberanos como investidores financeiros no projeto.

CURTO PRAZO BOM

A companhia anunciou resultados trimestrais melhores do que os esperados na quinta-feira, atribuído pelo executivo, entre outros motivos, à retomada na atividade econômica, medidas de incentivo do governo e aumento na demanda por embalagens.

Para o próximo ano, Schvartsman vê um cenário "melhor do que o de 2012", embora considere cedo para falar em estimativas específicas já que a empresa ainda está elaborando o orçamento para 2013.

Já para o curtíssimo prazo, a expectativa é que o quarto trimestre seja "tão bom ou melhor" do que o trimestre passado.

"A Klabin deverá apresentar no quarto trimestre um resultado tão bom quanto o do terceiro, o que é interessante porque o quarto trimestre é sazonalmente pior que do que o terceiro", acrescentou o executivo.

A busca por melhora da eficiência e produtividade, com consequente reduções de custos, devem continuar nos próximos trimestres, inclusive com redução de 10 por cento nos custos das operações florestais a partir de agora.

As ações preferenciais da Klabin operavam em queda de 2,68 por cento, cotadas a 11,26 reais, às 13h35, em um movimento de realização de lucro, segundo operadores. No ano até o fechamento de quinta-feira, as ações acumulam alta de 48,5 por cento.

MÁQUINA DE RECICLADOS

A Klabin anunciou nesta sexta-feira que investirá aproximadamente 300 milhões de reais na implementação de uma nova máquina para produção de papéis reciclados, com capacidade de 110 mil toneladas por ano e previsão de operação em meados de 2014, segundo fato relevante.

A maior parte do desembolso para o projeto --que deve ajudar a Klabin a elevar sua capacidade total de produção em 10 por cento nos próximos anos-- será em 2014, mas "parte importante" acontecerá no ano que vem, com potencial financiamento do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).

"Esse programa é integralmente financiável e levaremos ao BNDES tentando enquadrá-lo nessa linha (de crédito) com custo de 2,5 por cento", disse o executivo.

Para ele, esse projeto é bastante rentável, com taxa de retorno desalavancado na faixa de 20 por cento e retorno sobre capital de aproximadamente 30 por cento.

A empresa atualmente trabalha em outros projetos "tão interessantes quanto" esse, mas que ainda não pode ser anunciados.

Fonte: Reuters Brasil