Economista, Especialista em Economia e Meio Ambiente pela Universidade Federal do Paraná e Graduando em Estatística, também, pela Universidade Federal do Paraná.

segunda-feira, 24 de junho de 2013

Aço barato da China inunda os EUA

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A ponte Verrazano-Narrows foi uma façanha da engenharia americana quando foi construída nos anos 60, cruzando a região portuária de Nova York. Agora ela está sendo reparada com aço produzido na China.

As importações de aço chinês pelos Estados Unidos aumentaram muito este ano, apesar das siderúrgicas americanas estarem inundadas com excesso de capacidade. O aço chinês também foi usado recentemente na ponte que liga San Francisco a Oakland, na Califórnia.

O motivo, em parte, é o fato de o aço chinês ser mais barato. Na verdade, as siderúrgicas americanas argumentam que o produto chinês recebe subsídios injustos e querem que o governo dos EUA restrinja as importações ao máximo. A China afirma que é, simplesmente, uma produtora mais eficiente.

Também pesa a relativa escassez de empreiteiras americanas com experiência em projetos especializados, como pontes.
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Juntos, esses dois fatores mostram por que os EUA provavelmente não abandonarão por completo o aço chinês.

Em 2012, o Departamento Metropolitano de Transportes de Nova York (MTA, em inglês) concedeu um contrato de US$ 235,7 milhões para uma empreiteira da Califórnia para reparar a Verrazano-Narrows, uma imponente ponte pênsil que ainda é a mais longa dos EUA.

A empreiteira, Tutor Perini Corp., TPC -3.81% subcontratou a China Railway Shanhaiguan Bridge Group. para a fabricação de plataformas de aço para a ponte e que, segundo o MTA, está usando 15.000 toneladas de chapas de aço fabricadas pela chinesa Anshan Iron & Steel Group. As plataformas vão substituir a via superior de concreto da ponte, que tem dois níveis.

O MTA informou que tentou encontrar uma empreiteira cuja proposta incluísse aço americano, mas houve uma só, da Structal-Bridges, e o preço pedido era o dobro do apresentado pela Tutor Perini.

Autoridades do MTA disseram que o preço não foi seu único critério, observando que companhias chinesas vêm se especializando em fabricar peças para pontes em todos os EUA.

Obras em pontes são uma das causas do aumento das vendas de aço chinês para os EUA. Nos primeiros quatro meses de 2013, elas saltaram 33% em relação a um ano antes, para 480.095 toneladas. O acréscimo é particularmente notável porque o total das importações de aço dos EUA no período caiu 17%, para 10,6 milhões de toneladas.

A Associação Chinesa de Ferro e Aço informou que o aumento é baseado na oferta e demanda e sugeriu que as exportações de aço chinês têm crescido porque seu produto é mais competitivo. "Por que podemos exportar mais? É devido à competitividade no preço e no serviço", disse Li Xinchuang, vice-secretário-geral do grupo.

Já as siderúrgicas americanas têm ficado cada vez mais inativas. Em 15 de junho, a produção do setor havia caído para 76,7% da capacidade, ante 78,8% um ano antes. Os EUA produziram 88,6 milhões de toneladas em 2012, 5,7% do total mundial.

A maior parte do aço chinês hoje vai para projetos de construção como pontes e edifícios — os pontos fortes da Nucor Corp., NUE -3.18% a terceira maior siderúrgica dos EUA, que vende metade do seu aço para o setor de construção.

"A construção é essencial para os nossos negócios", diz Dan DiMicco, presidente do conselho e ex-diretor-presidente da Nucor. Embora o aço para construção não seja tão caro como o aço automotivo, é um dos maiores mercados para a commodity em termos de volume.

E é esse mercado que as siderúrgicas americanas esperam que cresça, na esteira de vários desmoronamentos de pontes e apelos para um aumento nos gastos governamentais com infraestrutura. Muitos também esperam uma recuperação na construção de grandes edifícios não residenciais, como escritórios, shopping centers e hospitais, que consomem 70% do aço utilizado na construção nos EUA. As importações chinesas estão ameaçando essas esperanças.

Bill McEleney, da Aliança Nacional das Pontes de Aço, cujos membros fabricam pontes e peças para pontes, diz que muitas empresas americanas são capazes de construir pontes, mas poucas têm experiência com as plataformas planas de aço usadas hoje em dia para construir ou reformar pontes de tráfego intenso.

Na China, país em rápida urbanização, esse tipo de construção está em alta. "Como os chineses estão construindo muito mais pontes desse tipo, eles têm mais fabricantes", explica McEleney.

Leo Gerard, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos dos EUA, disse que "a suposta economia de custos do aço chinês não leva em conta o preço para o meio ambiente de transportar o aço centenas de milhares de quilômetros, contra apenas 100 ou 200 quilômetros, nem o custo para a nossa frágil recuperação econômica [dos EUA] e a perda de empregos americanos".

Fonte: The Wall Street Journal

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