O mercado futuro de juros, que baliza as operações de crédito, já embute no preço uma Selic de 9% ao ano. Bancos preparam repasse.
O mercado futuro de juros, que baliza as operações de crédito, está embutindo nos preços uma Selic de 9% ao ano e os bancos já preparam o repasse de custo para as linhas de crédito. A queda dos spreads, a diferença entre a taxa básica de captação dos bancos e a que efetivamente remunera os empréstimos, chegou a um limite e por isso a decisão, mesmo dos bancos públicos, é de repassar o custo do dinheiro.
A alta do crédito será maior do que a própria Selic, hoje em 8,25% ao ano, porque os mercados já estão considerando que o Banco Central fará novas elevações dos juros, em função da dura ata do Comitê de Política Monetária (Copom) divulgada ontem que revela que ainda há preocupação com a inflação. Na própria ata, os membros do Copom consideram "oportunas iniciativas no sentido de moderar concessões de subsídios por intermédio de operações de crédito", já que é um dos pilares para segurar a inflação.
A expectativa é de que o custo do crédito se eleve também para o crédito destinado ao investimento, de mais longo prazo. "Não dá para fazer omeletes sem quebrar os ovos", diz Marcelo Giufrida, diretor do BNP Paribas. "O governo teve de escolher entre segurar o crédito agora ou deixar a inflação seguir sua trajetória.
"A queda dos spreads chegou ao limite", diz Carlos Macedo, analista do Goldman Sachs. Ou seja, os bancos não estão mais dispostos a espremer mais suas margens de ganho. No caso das linhas comerciais, os maiores bancos brasileiros já admitiram ao Brasil Econômico que estão revendo suas taxas.
No caso dos empréstimos para investimento, o efeito pode até ser menor, mas igualmente inevitável. Boa parte dos financiamentos hoje são obtidos no BNDES - e, embora o presidente Luciano Coutinho tenha afirmado em São Paulo no dia 3 que a alta da Selic não influenciaria os custos das linhas do Programa de Sustentação do Investimento (PSI), cujas taxas estão definidas em 3,5% ao ano até dezembro, a TJLP, que corrige quase 90% dos empréstimos do banco, pode sofrer um ajuste no final deste mês, quando o Conselho Monetário Nacional (CMN) se reúne para definir a taxa válida até 30 de setembro.
Além da Selic, um dos componentes do cálculo da taxa é a própria inflação. As captações por meio de debêntures e de captações externas também já estão mais caras, influenciadas ainda pelo ajuste do fluxo global de moedas.
Segundo dados do Banco Central, o custo médio de captação de todos os empréstimos do sistema financeiro nacional (incluindo linhas do BNDES) subiu de 6,4% ao ano em janeiro para 6,8% em abril - e foi em maio que a deterioração das expectativas se acentuou. Já a taxa dos empréstimos está patinando - mas terminou abril em 18,5%, ante 18% registrado em dezembro.
Fonte: Brasil Econômico
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