SÃO PAULO, 10 Jun (Reuters) - Em meio à postura mais agressiva do Banco Central, economistas de instituições financeiras passaram a ver a Selic maior tanto neste ano quanto no próximo, mas não chegaram a mudar suas contas sobre a inflação, mostrou a pesquisa Focus do BC nesta segunda-feira.
O levantamento também mostrou que os analistas passaram a enxergar que o dólar fechará este ano mais alto, ao mesmo tempo em que voltaram a reduzir as expectativas sobre o crescimento da economia em 2013 e em 2014.
Segundo o Focus, os economistas agora veem a Selic em 8,75 por cento tanto no final de 2013 quanto de 2014, ante 8,50 por cento na semana anterior. Para a próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), em julho, pela mediana da pesquisa, a taxa básica de juros, hoje em 8 por cento ao ano, vai a 8,50 por cento e, em agosto, a 8,75 por cento.
Na semana passada, ao divulgar a ata da reunião do Copom ocorrida no final de maio e na qual elevou a Selic em 0,5 ponto percentual, o BC reforçou que trabalhará a política monetária brasileira com "a devida tempestividade" para garantir que a inflação entre em declínio, mantendo-se "especialmente vigilante" no combate à alta de preços.
A postura mais dura do BC corroborou entre analistas a percepção de que o ciclo de aperto monetário continuará forte.
No Top 5, instituições que mais acertam suas previsões no Focus, no médio prazo, os economistas veem a Selic em 9 por cento em 2013 e em 9,25 por cento em 2014, ante 8,25 por cento para ambos os casos.
INFLAÇÃO
O discurso do BC foi considerado por analistas mais agressivo, diante da tendência de apreciação do dólar norte-americano no mundo e dos danos que a persistência dos preços no país causaria no consumo e no investimento.
E mesmo vendo a Selic maior, os economistas no Focus mantiveram as projeções do IPCA tanto neste ano quanto no próximo em 5,80 por cento. Para os próximos 12 meses, entretanto, a perspectiva para a inflação foi ligeiramente reduzida a 5,65 por cento, ante 5,67 por cento anteriormente.
Na sexta-feira, o IPCA mostrou desaceleração da alta em maio a 0,37 por cento, menor patamar em quase um ano, mas nos 12 meses acumulados até o mês passado a inflação atingiu 6,50 por cento, exatamente no teto da meta do governo, de 4,5 por cento com tolerância de 2 pontos percentuais.
Mas diante da recente alta do dólar frente ao real, o Focus mostrou que os economistas elevaram pela quinta vez seguida a projeção sobre o câmbio no final deste ano, com o dólar a 2,10 reais, ante 2,05 reais.
Atualmente, a moeda norte-americana ronda o patamar de 2,15 reais. Para o final de 2014, as expectativas no Focus sobre o dólar subiram a 2,15 reais, ante 2,10 reais.
EXPANSÃO
Em relação ao Produto Interno Bruto (PIB), os economistas consultados no Focus reduziram a projeção da expansão neste ano pela quarta semana seguida, a 2,53 por cento, ante alta de 2,77 por cento e abaixo do desempenho econômico visto no primeiro ano da presidente Dilma Rousseff, com alta de 2,7 por cento em 2011.
Para 2014, a projeção foi cortada a 3,20 por cento, ante 3,40 por cento anteriormente. No ano passado, o PIB cresceu apenas 0,9 por cento.
Já a perspectiva de crescimento da produção industrial neste ano foi elevada a 2,53 por cento, contra 2,50 por cento na pesquisa anterior. Para 2014, a projeção foi mantida em expansão de 3,0 por cento.
Em abril, a produção do setor subiu 1,8 por cento frente a março, bem acima do esperado e marcando o segundo mês seguido de crescimento.
Os economistas consultados também reduziram suas contas para o saldo da balança comercial neste ano para superávit de 7,35 bilhões de dólares, ante 8,30 bilhões de dólares. Para 2014, a projeção é de 10,0 bilhões de dólares, após 9,80 bilhões de dólares na pesquisa anterior.
Com isso, as expectativas sobre o déficit em conta corrente do país apontaram 73,0 bilhões de dólares neste ano, ante 72,15 bilhões de dólares.
Fonte: Reuters Brasil
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