Termos "especialmente vigilante", e "intensificação do ritmo de ajuste", e declarações de diretor do Fed elevam prêmios embutidos nos DIs.
Embora o mercado já esperasse por um tom mais duro do Comitê de Política Monetária (Copom) sobre o controle da inflação na ata de sua última reunião, uma série de termos do documento chamou a atenção de economistas e analistas de corretoras, e a curva de juros futuros da BM&F teve um forte ajuste para cima.
Pela precificação da curva pós-Copom, os agentes, que no último Focus apostavam na Selic em 8,5% ao ano, agora estimam a taxa acima dos 9% até dezembro próximo. Quando o ciclo de aperto começou, com a Selic em 7,25%, a mediana do mercado indicava um ciclo total ao redor de um ponto percentual.
Entre os trechos da ata que contribuíram para a percepção de um ciclo de aperto monetário total mais amplo, o Itaú aponta os que dizem: "a inflação em doze meses ainda apresenta tendência de elevação", e "o balanço de riscos para o cenário prospectivo se apresenta desfavorável".
"A ata de hoje é consistente com nosso cenário de ciclo total de 1,5 p.p. na taxa Selic. Esperamos uma subida adicional de 0,50 p.p. na próxima reunião e uma última elevação de 0,25 p.p. em agosto", dizem Ilan Goldfajn, economista-chefe, e Caio Megale, economista do Itaú, em relatório.
O economista sênior do banco de investimento português Espírito Santo Investment Bank, Flávio Serrano, explica que, com a ata, cresceram as apostas por um aumento de 0,50 ponto também no encontro de agosto, já que o aumento nessa intensidade na próxima reunião, em julho, é dado como certo. Tal prognóstico embute uma possível alta, mais leve, de 0,25 ponto, no encontro de outubro, pondera Serrano.
André Perfeito, economista-chefe da Gradual Investimentos, está na ala dos que aguardam mais duas elevações de 0,50 ponto na Selic nos próximos encontros do colegiado.
"De maneira simples a diretoria do Banco Central deixou claro nos parágrafos 33 e 34 que irá sim subir a Selic, e pelo que nos parece do tom do documento serão mais duas altas de 0,50 ponto", diz Perfeito.
Embasa a estimativa do economista da Gradual o enxerto da ata no qual o colegiado afirma que "em momentos como o atual, a política monetária deve se manter especialmente vigilante".
A equipe de análise da LCA, por sua vez, elege como um dos trechos de maior destaque o que diz: "o Comitê entende ser apropriada a intensificação do ritmo de ajuste das condições monetárias ora em curso".
A consultoria, que passou a prever a Selic em 8,75% ao ano depois da elevação de 0,50 ponto da semana passada, nota que o conteúdo da ata indica a taxa em 9%, ou mesmo um pouco acima, e está revisando suas projeções.
Com essa série de indicações dos membros do BC, de que não haverá espaço para qualquer resquício que seja de inflação, o contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) com vencimento em janeiro de 2014, o mais líquido do dia, com giro de R$ 67,151 bilhões, avançou dos 8,49% da véspera para 8,57% nesta quinta, enquanto o para janeiro de 2015 avançou de 9,07% para 9,22%, com volume de R$ 63,340 bilhões.
Entretanto, conforme a ponta curta da curva sobe, a longa, em teoria, deveria cair, já que um ciclo menor e mais forte tende a aliviar o trabalho à frente. Mas não foi o que aconteceu.
O DI para janeiro de 2016 subiu de 9,53% para 9,68% (R$ 6,687 bilhões), e o para janeiro de 2017 passou de 9,78% para 9,93% (R$ 28,484 bilhões).
"Não dá para atribuir a abertura da curva intermediária e longa a uma ata mais conservadora", diz Luis Otávio de Souza Leal, economista-chefe do Banco ABC Brasil.
O especialista aponta zeragens de posições de grandes fundos, que acabam arrastando outras operações no mesmo sentido, e geram um movimento final com expressivas movimentações. As diversas incertezas que permeiam o mercado, tanto no âmbito doméstico como no internacional, são citados por Leal para justificar tais zeragens.
"Os ruídos do exterior tiraram a capacidade de isolar a leitura da ata na precificação da curva", fala Serrano, do banco português.
A curva de juros da BM&F tem sido influenciada internacionalmente pela perspectiva de que o Federal Reserve, o banco central americano, irá reduzir seus programa de compra de ativos para estimular a economia da região ainda em 2013.
Nesta quinta, o presidente do Fed da Filadélfia, Charles Plosser, defendeu que a diminuição aconteça já no encontro da autoridade que ocorre neste mês.
Fonte: Brasil Econômico
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