Economista, Especialista em Economia e Meio Ambiente pela Universidade Federal do Paraná e Graduando em Estatística, também, pela Universidade Federal do Paraná.

segunda-feira, 3 de junho de 2013

Ibovespa segue na contramão da euforia americana

O principal índice de ações brasileiro perdeu 4% de seu valor, enquanto nos Estados Unidos as ações valorizaram 2% em maio.

Mês após mês o cenário se repete: o Ibovespa começa o período com trajetória positiva, os investidores se animam e acham que chegou o momento da virada e, em dois pregões consecutivos, as expectativas são desfeitas.

Essa tem sido a tônica do principal índice acionário da bolsa brasileira há pouco mais de um ano, diferentemente dos índices acionários americanos, que renovam seus recordes na mesma velocidade do sobe e desce do Ibovespa.

Em maio, enquanto a bolsa brasileira recuou 4,3%, o índice S&P 500 avançou 2,06% e o Dow Jones subiu 1,85%, ambos da bolsa de Nova York. Esse descolamento deve-se, sobretudo, à melhora do ambiente macroeconômico americano e ao excesso de liquidez nos mercados financeiros, que geraram uma migração dos investidores de ativos mais seguros para ativos de maior risco.

"A liquidez injetada pela autoridade monetária americana em 2008 começou a fluir para ativos de maior risco, como ações. Nesse cenário, o Brasil ficou e ainda está em segundo plano", diz Willian Alves, analista da XP Investimentos.

E, ao que tudo indica, esse cenário deve perdurar enquanto os indicadores econômicos mostrarem robustez. "Não acredito que continuaremos a ver altas como as já registradas. Mas basta que os indicadores econômicos mantenham trajetória positiva para a bolsa americana manter os atuais patamares", diz Alves.

Quanto ao Ibovespa, a tendência negativa observada há mais de um ano é sustentada por três fatores: maior intervenção estatal em setores específicos da economia; dúvidas quanto ao desempenho econômico chinês, que já mostra sinais de arrefecimento; e deterioração do ambiente macroeconômico, uma vez que nem mesmo os incentivos dados pelo governo têm impulsionado a atividade econômica.

"Com esse pano de fundo, fica difícil os investidores apostarem em uma retomada da bolsa de valores", diz Alves, da XP Investimentos.

Gabriel Ribeiro, analista da UM Investimentos concorda que a falta de previsibilidade afasta os investidores da bolsa brasileira. Para se ter uma ideia, em maio, até o dia 28, o fluxo de recursos estrangeiros na bolsa brasileira era negativo em R$ 667,7 milhões. "Seria necessário alguma sinalização positiva, tanto interna quanto externamente, para fazer com os aplicadores voltassem ao mercado doméstico", diz Ribeiro.

Engana-se quem pensa que o desempenho negativo da bolsa brasileira a tornou "uma barganha", segundo Milton Wagner, diretor da consultoria Wagner Investimentos.

Wagner conta que o Ibovespa está sendo negociado a um preço/lucro de 12,8 vezes. Já a média das bolsas de valores de mercados emergentes é de 10,8 vezes.

"A verdade é que rentabilidade das empresas brasileiras caiu muito nos últimos dois trimestres. Esse dado incentiva os investidores a migrarem para outros mercados, tais como o mercado americano, onde 73% das companhias apresentaram lucro acima do projetado", diz o especialista.

Fonte: Brasil Econômico

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