SÃO PAULO, 3 Jun (Reuters) - A atividade do setor industrial brasileiro desacelerou em maio pelo quarto mês seguido e o ritmo de expansão atingiu o menor patamar em sete meses, também com redução de empregos, de acordo com a pesquisa Índice de Gerentes de Compras (PMI, na sigla em inglês) divulgada nesta segunda-feira.
Em maio, o PMI do instituto Markit caiu para 50,4, ante 50,8 em abril, mantendo-se pouco acima da marca de 50 que separa crescimento de contração pelo sétimo mês seguido.
De acordo com o Markit, cerca de 16 por cento dos entrevistados relataram produção mais elevada diante de volume maior de novos pedidos, mas 11 por cento mencionaram declínio.
"A entrada de novos trabalhos aumentou pelo oitavo mês consecutivo, mas a taxa de expansão foi modesta apenas e a mais lenta desde outubro do ano passado. Os entrevistados da pesquisa comentaram que a demanda permaneceu sólida, mas algumas empresas relataram um aumento na competição por novos contratos", informou o Markit em nota.
Além disso, os novos pedidos para exportação não registraram alteração, após a queda observada em abril. "As evidências indicaram uma demanda tênue por parte dos clientes europeus", trouxe o Markit.
Diante desse cenário, o número de funcionários foi novamente reduzido em maio, no ritmo mais acentuado em nove meses, como reflexo das tentativas de redução de custos. Cerca de 4 por cento das empresas monitoradas indicaram níveis mais baixos de emprego, enquanto 92 por cento mostraram estabilidade.
Houve, ainda, segundo o Markit, indicação de capacidade ociosa pelas empresas do setor industrial no Brasil, com os pedidos dos trabalhos em atraso diminuindo pelo terceiro mês seguido em maio. A taxa de redução se acelerou, atingindo o seu ponto mais rápido desde novembro do ano passado.
INSUMOS
Apesar da desaceleração da produção, a quantidade de itens comprados pelos fabricantes para uso na produção aumentou em maio pelo sétimo mês, com cerca de 12 por cento dos entrevistados citando aumento das compras de insumos.
Os custos dos insumos cresceram pelo 45º mês em maio, mas a taxa de inflação desacelerou, atingindo recorde de baixa de sete meses. Preços mais altos foram pagos especialmente por aço e plástico, de acordo com as empresas.
Os custos adicionais foram repassados aos clientes, com a taxa de inflação de preços cobrados ganhando força em relação a abril.
O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulga na terça-feira os dados de abril da produção industrial brasileira. Em março, a atividade mostrou recuperação ao subir 0,7 por cento frente a fevereiro, mas o resultado veio abaixo do esperado.
Apesar disso, a indústria registrou retração de 0,3 por cento no primeiro trimestre deste ano, quando o Produto Interno Bruto (PIB) mostrou expansão de apenas 0,6 por cento ante os três meses anteriores.
Mesmo diante da fragilidade da economia, o Comitê de Política Monetária (Copom) do BC acelerou o ritmo de aperto monetário na semana passada ao elevar a Selic em 0,5 ponto percentual, para 8 por cento ao ano, numa decisão unânime que endurece o combate à inflação.
Fonte: Reuters Brasil
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