Economista, Especialista em Economia e Meio Ambiente pela Universidade Federal do Paraná e Graduando em Estatística, também, pela Universidade Federal do Paraná.

quinta-feira, 1 de agosto de 2013

Summers suaviza opinião sobre política monetária do Fed

Lawrence Summers, um dos principais candidatos a ser o próximo presidente do Federal Reserve, o banco central americano, provavelmente não vai cancelar de imediato a política de relaxamento monetário adotada por Ben Bernanke, caso seja nomeado.

Uma leitura atenta de seus artigos e palestras, além de conversas com pessoas familiarizadas com seu modo de pensar e uma entrevista em junho mostram que Summers tem sido cético quanto aos benefícios dos enormes programas de aquisição de títulos do Fed, conhecidos como "flexibilização quantitativa"; mas ele também já disse que vê poucos efeitos colaterais nocivos gerados pelos programas.

As opiniões de Summers atraem grande interesse, tanto em Washington como em Wall Street, pois o próximo presidente do Fed provavelmente terá que administrar o encerramento dessas políticas de dinheiro extraordinariamente fácil, destinadas a estimular a economia. Os investidores têm dado sinais de insegurança quando há qualquer menção de que o Fed dará um fim à compra de títulos.

Analisando as declarações vê-se que tanto Summers como sua principal rival para a nomeação, Janet Yellen, a vice-presidente do banco, já disseram que o governo, de modo geral, deveria agir mais para dar apoio à debilitada economia do país. Summers tem defendido publicamente a necessidade de mais gastos federais, especialmente em infraestrutura, para impulsionar o crescimento. Sua opinião sobre política monetária é mais sutil.

Em abril, num encontro privado de investidores promovido pela Drobny Global Advisors, um grupo de consultoria de investimento, Summers disse: "Há menos eficácia na flexibilização quantitativa do que se supõe", de acordo com notas da reunião examinadas pelo The Wall Street Journal.

Mas Summers acrescentou: "O corolário disso é que se a flexibilização não tiver um grande efeito sobre a demanda, também não terá um grande efeito sobre a inflação. Portanto, esse não é um argumento convincente contra a política".

As autoridades do Fed concluíram ontem uma reunião de dois dias, indicando que continuará o programa de compras mensais de títulos de dívida de US$ 85 bilhões, já que a economia americana se expandiu de maneira modesta no primeiro semestre.

Andres Drobny, diretor da firma de consultoria, disse numa entrevista ao WSJ que Summers indicou acreditar que um estímulo baseado em impostos e gastos teria mais impacto sobre a economia do que a política monetária, uma vez que as taxas de juros já estão baixíssimas. "Foi uma visão keynesiana muito tradicional da política monetária", disse Drobny, referindo-se à teoria econômica de Keynes sobre o papel do governo para estimular a demanda em períodos de recessão.

Essas opiniões fazem eco às de Bernanke e outras autoridades do Fed, que argumentam que, embora os benefícios do programa de compra de títulos possam não ser grandes, os custos são pequenos e administráveis. Bernanke também pediu que o Congresso e a Casa Branca evitem aumentos de impostos no curto prazo e cortes de gastos que prejudicariam o crescimento econômico.

As declarações públicas de Summers também sugerem que ele iria apoiar o compromisso do Fed de manter baixo o juro de curto prazo até que o desemprego caia para 6,5% ou menos.

A disputa para comandar o Fed se aqueceu nas últimas semanas. O mandato de Bernanke termina em janeiro, e acredita-se que ele não esteja interessado em continuar. O presidente Barack Obama disse que reduziu a lista de candidatos ao cargo, embora a Casa Branca tenha anunciado na semana passada que a decisão só virá por volta de setembro ou outubro, no mínimo. Os republicanos têm suscitado dúvidas quanto aos candidatos, em parte porque temem que a inclinação dos democratas pelo estímulo financeiro causa inflação e bolhas de ativos.

Em seu mandato como secretário do Tesouro no governo de Bill Clinton e mais recentemente como conselheiro de política econômica da Casa Branca, Summers evitou, de modo geral, fazer comentários públicos sobre o Fed, como é o costume. Desde que voltou em 2011 a ensinar na Universidade Harvard, de onde já foi presidente, ele ocasionalmente falou e escreveu sobre o Fed.

Summers é próximo de autoridades da Casa Branca, que o veem como um economista inteligente com estatura global e experiência em crises financeiras, devido aos seus mandatos anteriores em distintos cargos no governo. Um grupo de senadores democratas apoiou Yellen, que tem um longo histórico no Fed e seria a primeira mulher a assumir o cargo econômico mais importante do país.

Ontem, em reunião a portas fechadas com deputados democratas, Obama defendeu Summers diante de preocupações em relação a sua nomiação, segundo pessoas que participaram do encontro. O presidente também citou como candidatos Yellen e Donald Kohn, ex-vice-presidente do Fed, e disse ainda que não está próximo de tomar uma decisão.

Fonte: The Wall Street Journal

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