SÃO PAULO (Reuters) - As siderúrgicas brasileiras provavelmente vão implementar um aumento nos preços de aços planos vendidos a montadoras de veículos que pode chegar a 5 por cento até o final do ano, escreveram analistas do Goldman Sachs em relatório a clientes nesta quarta-feira.
Segundo o analista Marcelo Aguiar e sua equipe, o aumento nos preços no Brasil anunciado entre março e abril, que variou de 6 a 8 por cento dependendo do produto, e o incremento de 5 a 6 por cento em agosto ainda não foram totalmente repassados às montadoras.
As fabricantes de veículos mantêm contratos de longo prazo com as siderúrgicas e o preço normalmente é negociado anualmente ou a cada seis meses, dependendo das condições do mercado.
"Nossas checagens indicam que o atual preço do aço pago pelas montadoras está 10 por cento abaixo do pago por outros clientes das siderúrgicas", afirma o relatório. "Isso é incomum", acrescentaram os analistas.
Em Brasília, o diretor de relações institucionais da General Motors e também presidente da associação de montadoras, Anfavea, Luiz Moan, disse que reajustes ainda não chegaram para o setor.
"Nós ouvimos na imprensa, na verdade, esse desejo das siderúrgicas (de aumentar os preços). Mas, até o momento, do ponto de vista das montadoras, esse reajuste ainda não chegou", disse Moan durante audiência na Comissão de Ciência e Tecnologia da Câmara.
"Se eventualmente chegou a alguma montadora, está no processo de negociação", acrescentou.
Um recente declínio do real contra o dólar pode disparar uma cláusula que acelera o reinício da negociações de preços, disseram os analistas do Goldman.
A companhia mais beneficiada por reajustes, segundo os analistas, seria a Usiminas, maior fornecedora de aço ao setor automotivo do país, que deve 35 por cento da receita às vendas para montadoras. A CSN também se beneficiaria de preços maiores às fabricantes de veículos, disse Aguiar no documento.
As siderúrgicas já anunciaram reajustes de preços de aços planos e longos no início de agosto para distribuidores do país, após a intensificação da desvalorização do real contra o dólar.
Às 11h18, as ações da Usiminas subiam 1,68 por cento enquanto o Ibovespa operava em alta de 0,36 por cento. A CSN, enquanto isso, avançava 0,58 por cento.
Fonte: Reuters Brasil
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