Embora permaneçam em patamares historicamente favoráveis, todos os principais indicadores de endividamento externo do Brasil pioraram de um ano para cá, o que representa uma pressão adicional sobre a cotação do dólar.
Esses indicadores, calculados pelo Banco Central, medem a capacidade de pagamento aos credores: comparam o volume da dívida e dos pagamentos de juros e amortizações com a evolução das exportações, das reser-vas em moeda estrangeira e das dimensões da economia do país.
No caso brasileiro, houve perda dessa capacidade de pagamento. Ainda que não haja risco visível de insolvência, trata-se de menos folga entre os compromissos e as receitas em dólares e outras divisas.
A dívida externa somou em junho US$ 321,7 bilhões, equivalentes a 14,1% do Produto Interno Bruto, ante 12,8% em junho do ano passado.
Não é um patamar comparável aos da década de 1980, quando a dívida chegou à metade do PIB e ficou impagável. Foi interrompida, porém, uma trajetória de redução contínua iniciada na administração petista.
Houve um endividamento adicional de US$ 100 bilhões nos últimos cinco anos, período em que o país voltou a ter deficit nas transações com o resto do mundo -ou seja, voltou a recorrer a empréstimos externos para consumir e investir mais.
A expansão foi puxada pelo setor privado, que hoje responde por cerca de dois terços da dívida. São, principalmente, bancos e outras empresas que aproveitaram os anos de dólar barato e juros internacionais baixos.
MAIS PAGAMENTOS
O volume de pagamentos aos credores cresce em ritmo ainda mais acelerado: somou US$ 61,2 bilhões no período de 12 meses encerrado em junho, quase 30% acima do montante apurado em junho do ano passado.
Essa conta tende a aumentar com a perspectiva de recuperação das economias dos Estados Unidos e da Europa, que vai significar o fim gradativo das políticas globais de estímulo monetário com juros baixíssimos.
Enquanto as despesas cresciam, o Brasil sofreu um revés do lado das receitas: a partir do ano passado, as exportações, principal fonte de dólares do país, entraram em declínio após um decênio de crescimento acelerado.
O motivo foi a deterioração -a mais aguda desde 1999- dos preços do comércio exterior, com o fim do ciclo de alta de produtos primários minerais e agrícolas, estratégicos na pauta brasileira.
Atualmente, as exportações são suficientes para pagar 87% da dívida externa, dez pontos percentuais a menos que em junho de 2012.
Fonte: Folha de S. Paulo
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