O governo, controlador da Petrobras, é cauteloso ao conceder reajustes aos combustíveis por conta do impacto na inflação.
A estabilização do câmbio se transformou em elemento chave nas negociações para um aumento dos preços do diesel e da gasolina no Brasil, e o ideal para a Petrobras seria aguardar o câmbio se estabilizar antes de qualquer reajuste, disseram à Reuters duas fontes próximas das discussões.
Como a Petrobras importa petróleo e combustíveis, a alta do dólar --que atingiu nesta semana o maior patamar frente ao real em quase cinco anos-- afeta negativamente as contas da estatal.
Por conta do salto do dólar, de mais de 20% desde maio, o Banco Central decidiu nesta quinta-feira (22/8) intervir diariamente no mercado de câmbio até o fim do ano.
Uma das fontes, que falou à Reuters sob condição de anonimato, disse que a defasagem dos preços de venda da gasolina pela Petrobras no mercado interno em relação aos valores do produto no mercado internacional está entre 20% e 22%.
"O dólar está variando todo o dia e o (petróleo) Brent também, a variação é quase diária... Isso varia muito e tem que ver um ponto de estabilização (do câmbio) para tomar uma decisão, e a sociedade não pode passar por isso, e a economia não resiste uma pancada dessa", afirmou a fonte, referindo-se ao impacto na inflação, no caso do repasse imediato da variação cambial e do petróleo.
Nesta quinta-feira, as ações preferenciais da Petrobras fecharam em alta de 5,3%, após os principais jornais do país terem informado que um reajuste havia sido decidido em reunião entre a presidente Dilma Rousseff e a presidente da estatal, Maria das Graças Foster, na quarta-feira. O Planalto negou que tal discussão tenha ocorrido, mas as ações tiveram mesmo assim fortes ganhos.
O governo, controlador da Petrobras, é cauteloso ao conceder reajustes aos combustíveis por conta do impacto na inflação, que está próxima do teto da meta.
"Acho que o dólar tem que estabilizar para ter uma perspectiva", disse a fonte, acrescentando, contudo, que a cúpula do governo poderia reverter a lógica de aguardar até o dólar se estabilizar em um novo patamar para conceder o reajuste.
Uma outra fonte próxima das discussões ouvida pela Reuters considera que é inapropriado um aumento dos combustíveis no momento, afirmando que é preciso esperar "a poeira baixar".
"Acho que hoje não tem como ter aumento... não combina ter uma aumento de gasolina neste momento, apesar da alta do dólar que está sufocando a Petrobras", afirmou a fonte.
"O cenário político está muito complicado e acho mais fácil a Petrobras ser penalizada do que ter um aumento agora", completou.
Procurada, assessoria de imprensa da Petrobras disse que não comentaria o eventual aumento ou a defasagem de preços.
Fonte: Brasil Econômico
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