Em um dia de queda generalizada das moedas emergentes em relação ao dólar, o real liderou a fila de perdas.
O dólar à vista (referência no mercado financeiro) fechou ontem em alta de 1,14%, a R$ 2,339, maior preço desde 10 de março de 2009 --apesar de o BC ter atuado para conter as cotações, negociando US$ 1,98 bilhão em contratos de swap cambial, que equivalem à venda de dólares no mercado futuro.
O dólar subiu ontem ante 15 das 20 principais moedas emergentes. No Brasil, acumula alta de 14,4% no ano.
A corrida por dólares foi mais uma vez justificada por apostas sobre quando os EUA vão começar a reduzir os estímulos econômicos: para injetar recursos na economia, o Fed (BC americano) recompra mensalmente, desde 2009, US$ 85 bilhões em títulos do governo --parte do dinheiro vira investimentos em outros países, inclusive o Brasil.
Com a redução desse incentivo, as aplicações tendem a diminuir e, com a perspectiva de menos dólares no mercado brasileiro, o preço sobe.
Além disso, investidores preveem que, encerrada a recompra de títulos, o próximo passo será o aumento do juro dos EUA, hoje quase zero.
Juro mais alto deixa os títulos do Tesouro americano, remunerados pela taxa, mais atraentes que aplicações de maior risco, como Bolsas, especialmente de emergentes.
A queda do número de americanos que fizeram novos pedidos de auxílio-desemprego na semana passada, para o menor nível em quase seis anos, pesou a favor das perspectivas de corte dos incentivos em breve.
O presidente do Fed em St. Louis, James Bullard, porém, voltou a dizer que a autoridade monetária deve aguardar mais evidências de aquecimento.
A tendência de alta do dólar, no entanto, é internacional e deve se manter mesmo que o BC injete dinheiro no mercado local, segundo o economista-chefe da consultoria Lopes Filho, Julio Hegedus, que projeta a moeda acima de R$ 2,50 em dezembro.
Para Ricardo Rocha, professor da FIA, entidade ligada à USP, o dólar pode ir a R$ 2,70 no fim do ano. Reginaldo Galhardo, gerente de câmbio da Treviso Corretora, destaca ainda que o mau desempenho das exportações favorece a alta da moeda.
Fonte: Folha de S. Paulo
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