Economista, Especialista em Economia e Meio Ambiente pela Universidade Federal do Paraná e Graduando em Estatística, também, pela Universidade Federal do Paraná.

sábado, 31 de agosto de 2013

Economia na Índia cresce ao nível mais baixo desde 2009

Pouco antes do anúncio da alta de 1,5% do PIB no Brasil, outro emergente que integra o grupo dos BRICS, a Índia, também divulgou o seu índice de crescimento no segundo trimestre. Se no Brasil a expansão da economia surpreendeu e ficou acima do esperado, o resultado indiano - apesar de mais expressivo - causou decepção.
A correspondente Nitin Srivastava, da BBC Hindi em Déli, analisa abaixo os desafios da economia na Índia.
O anúncio do crescimento de 4,4% no segundo trimestre decepcionou muitos indianos que esperavam que uma recuperação estava próxima. Mas por enquanto isso parece muito distante. O ritmo de crescimento indiano está em seu pior nível desde 2009 e os últimos dados do PIB (Produto Interno Bruto) confirmaram a apreensão de que a economia do país está sofrendo uma desaceleração ainda maior. As razões para isso são poucas e simples.
Primeiro, a Índia tem lutado com um déficit na conta corrente. Em termos simples, isso significa que a Índia está importando mais do que exportando. Quanto mais há esse tipo de desequilíbrio, o déficit ou a diferença aumentam.
A resposta para a questão de por que a Índia está dando ênfase à importação é muito simples e histórica.
Ouro e derivados do petróleo representam a maior fatia das importações da Índia. Investimentos em ouro são um conceito tradicional na Índia. Além do fetiche por jóias, muitos indianos têm carregado por muito tempo a noção de que o outro é uma commodity que pode ser guardada em casa.
Mas eles esquecem que investir em ouro não adiciona nenhum valor à economia. Apesar de repetidos avisos do governo no passado recente, a demanda por ouro tem aumentado.
Além do ouro, o petróleo cru é responsável pela outra grande fatia das importações. Mais de 70% dos produtos de petróleo consumidos na Índia são importados, e as petroleiras indianas têm que fazer esses pagamentos em dólares.
Essa é precisamente a razão do crescimento constante do custo do combustível, que lidera a alta dos preços das commodities básicas na Índia.
Com a crise na Síria, o preço internacional do petróleo cru deve aumentar e agravar as dificuldades das petroleiras indianas para fazer pagamentos em dólares.

Produtos básicos
Em segundo lugar, a Índia tem testemunhado um aumento nos preços das commodities básicas, como vegetais, cereais e bens de consumo.
Considere a cebola, por exemplo. Os indianos amam seu curry desde os tempos antigos. E qualquer curry indiano não está completo sem cebolas ou tomates. Apesar da Índia ter tido boas monções neste ano, o preço da cebola subiu mais de 300% no varejo.
Olhando para a desagradável história da cebola – que derrubou dois governos que falharam em reduzir seu preço – esses não são bons sinais para a saúde da economia indiana.
Até recentemente a Índia era considerada uma das economias com crescimento mais rápido do planeta. Entretanto, enquanto fatores globais certamente desempenharam um papel importante, muitos na Índia culpam o governo por não introduzir reformas corajosas para atrair investimentos.
Com eleições programadas para o próximo ano, há poucas chances de uma mudança de planos. O governo anunciou recentemente mais de US$ 20 bilhões em investimentos para garantir alimentos mais baratos para os pobres.
Porém, o que o governo ainda precisa mostrar é quanto destinará para melhorar a infraestrutura e reconquistar a confiança do indiano médio.

Fonte: BBC Brasil

Nenhum comentário:

Postar um comentário