Economista, Especialista em Economia e Meio Ambiente pela Universidade Federal do Paraná e Graduando em Estatística, também, pela Universidade Federal do Paraná.

sexta-feira, 30 de agosto de 2013

Cenário internacional ofusca expansão do PIB na Bolsa

Com crescimento de mais de 1% no início do pregão, as incertezas em relação à Síria geraram volatilidade ao índice.

O surpreendente crescimento da economia brasileira no segundo trimestre, registrando expansão de 1,5%, em relação ao primeiro trimestre, gerou um repique de alta no Ibovespa no início do pregão desta sexta-feira (30/8). O valor veio melhor do que as estimativas do mercado, que era de alta de 1%.

No entanto, uma releitura do indicador, atrelado ao cenário externo incerto, fez com que o principal índice da Bolsa passasse operar em campo negativo nesta manhã.

Em instantes, o Ibovespa exibia leve alta de 0,16%, aos 50 mil pontos. O giro financeiro estava em R$ 2,61 bilhões.

O grande destaque do resultado trimestral ficou para o desempenho do agronegócio, cuja taxa subiu 3,9%. "Uma releitura do resultado mostrou que o agronegócio segue forte e a indústria ainda está enfraquecida, contribuindo apenas às empresas ligadas ao setor agropecuário na Bolsa", aponta Mitsuko Kaduoka, diretora de análise de investimentos da BI&P- Indusval & Partners Corretora.

O Produto Interno Bruto (PIB) do segundo trimestre geralmente é melhor do que o do primeiro, uma vez que o período é de colheita. Desta maneira, os investidores ficam receosos em relação ao futuro. "Com certeza o PIB do terceiro trimestre virá pior, diante de um dólar em elevação e aumento da taxa de juros", completa Mitsuko.

Uma das empresas que devem mostrar fraco desempenho no terceiro trimestre é a Petrobras, que possui forte peso no Ibovespa. O dólar elevado e a falta de reajuste no preço do combustível no curto prazo deverão pressionar o balanço trimestral da petrolífera.

Diante deste cenário, a diretora de análise destaca ainda para o mau desempenho das empresas ligadas ao segmento de consumo e indústria. "Com a taxa de juros maior e o dólar alto, o poder de compra é reduzido. Além disso, o empresário do comércio está pessimista para os próximos meses, principalmente porque os estoques estão altos, o que levarão a menos pedidos para o final do ano. Este cenário preocupa os investidores", explica.

Apesar do PIB do segundo trimestre ter disseminado certo alívio, o cenário internacional, com as incertezas relacionadas à questão geopolítica na Síria, ainda pesa nas principais bolsas mundiais. Por aqui, o Ibovespa virou para o vermelho, puxado pelos mercados externos.

"Há vários pontos que contribuem para esta cautela. Por hoje ser sexta-feira, o volume de negociações está mais fraco. Além disso, os investidores não sabem o que pode acontecer em relação à Síria neste final de semana, por isso preferem não assumir muitas posições", pondera Márcio Cardoso, sócio-diretor da Easynvest Título Corretora.

O bom resultado do PIB também não é motivo para uma euforia futura. Para Cardoso, as incertezas em relação ao comportamento do governo nos setores têm sido mal recebido pelos investidores. "O investidor que temos aqui não é o investidor que entra para comprar posições. O que temos hoje é um dinheiro no curto prazo e isso não é bom", destaca o sócio-diretor.

Câmbio

Em relação ao dólar, o movimento foi o mesmo. No início do pregão, o movimento vendedor prevaleceu, diante de uma melhora no setor interno.

"Com as atuações da Banco Central no câmbio e a melhora do PIB, o mercado começa a analisar positivamente o momento, pois mostra que mesmo com o aumento da taxa de juros, o país está crescendo", analisa Reginaldo Galhardo, gerente de câmbio da Treviso Corretora.

Em meio a isto, os investidores que apostavam em um colapso do Real já refrearam suas posições, mas vale lembrar que a questão geopolítica na Síria ainda deve impactar mercado.

"Qualquer coisa que acontecer, o mercado vai responder. Mas acredito que as atuações do Banco Central devem segurar a moeda americana entre R$ 2,30 e R$ 2,40, que é um patamar confortável para importadores e exportadores", conclui Galhardo.

Fonte: Brasil Econômico

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