A alta do dólar, como ocorre com todos os indicadores desta inexata ciência chamada economia, suscita polêmica quanto aos seus efeitos na economia brasileira.
Para alguns, como os exportadores, é algo positivo, pois seus produtos ficam mais baratos no exterior. O fluxo contrário afeta os importadores e o turismo externo, além de encarecer mercadorias, máquinas e equipamentos nos quais haja componentes estrangeiros.
Contudo, além dessas variáveis corriqueiras, há uma consequência da depreciação do real mais preocupante: o aumento do endividamento externo. Segundo o BC, o setor privado tem compromissos de amortização de US$ 59 bilhões entre abril e dezembro de 2013 e mais US$ 38,6 bilhões em 2014. O serviço da dívida pública apresenta números bem menores: US$ 4,62 bilhões até o fim do ano e US$ 4,3 bilhões em 2014.
No total, a amortização do principal de nossa dívida externa deve chegar próximo de US$ 150 bilhões ao fim de 2014. Assim, o setor público e as empresas com dívida em dólar, normalmente de grande porte, terão expressivo aumento de despesa em real.
A grande questão, a rigor, é a seguinte: até que ponto essas variáveis comprometem a credibilidade dos investidores na economia brasileira? Manter a confiança não depende da variação cambial, mas, sim, da solução de velhos problemas, como carga tributária excessiva, insegurança jurídica e juros altos.
Mitigar esses gargalos significaria minimizar o impacto da alta ou desvalorização do dólar. Contudo, temos pouco tempo para concretizar a façanha, pois a pressão do câmbio torna nossas fragilidades superexpostas aos predadores globais.
Fonte: Folha de S. Paulo
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