Banco Central elevou nesta quarta-feira, (28/08), a taxa Selic para 9% ao ano
Sem surpresa, o Banco Central elevou pela quarta vez consecutiva a taxa básica de juros em 0,5 ponto percentual (p.p.) para 9% ao ano. A decisão dos integrantes do Comitê de Política Monetária (Copom) foi unânime, segundo comunicado divulgado após a reunião. "Dando prosseguimento ao ajuste da taxa básica de juros, o Copom decidiu, por unanimidade, elevar a taxa Selic para 9% ao ano, sem viés. O Comitê avalia que essa decisão contribuirá para colocar a inflação em declínio e assegurar que essa tendência persista no próximo ano", escreveu a autoridade monetária liderada por Alexandre Tombini. O comunicado é o mesmo usado nas duas últimas reuniões do Copom.
Com o novo patamar da Selic, o Brasil retoma a terceira colocação no ranking de juros reais - em março, o país estava em sexto lugar. Segundo levantamento elaborado pelo MoneYou com 40 países, a taxa de juros atual descontada a inflação projetada para os próximos 12 meses do Brasil é de 2,8%, o que o coloca atrás apenas de China e Chile com 3,3% e 3,1%, respectivamente.
Se, por um lado, o impacto da elevação da Selic para os cofres públicos será de R$ 2,13 bilhões nos próximos 12 meses, por outro, o bolso do consumidor quase não deve perceber a mudança. De acordo com estudo da Associação Nacional dos Executivos de Finanças Administração e Contabilidade (Anefac), o efeito da alta de 0,5 p.p. na Selic é de 0,04 p.p. nas operações de crédito. A explicação para esse descasamento é o abismo de 950% entre a Selic e as taxas de juros cobradas dos consumidores que, na média, atingem 89,69% ao ano.
Entre as modalidades de crédito, a mais impactada na comparação anual é o financiamento de veículos - alta de 2,76%. Na ponta do lápis, um carro que custa R$ 25 mil à vista ou R$ 38.877,82 a prazo vai ter uma elevação de R$ 397,06 no valor final do financiamento. Já quando o assunto são as taxas de juros para empresas, o maior efeito recai sobre o capital de giro - com uma diferença de 2,86% anual. Ou seja, em um empréstimo de R$ 50 mil por 90 dias, o tomador terá de pagar R$ 61,86 a mais.
"Devemos ter mais altas na Selic dada a pressão sobre os preços. Neste cenário, a poupança vai continuar rendendo mais que os fundos de renda fixa por não pagar imposto de renda nem taxa de administração", afirma Miguel de Oliveira, diretor-executivo de estudos e pesquisas econômicas da Anefac.
Com a Selic no atual patamar, a poupança - que tem seu ganho definido por lei em 6,17% ao ano mais a variação da taxa referencial (TR) - só perde para os fundos, quando a taxa de administração cobrada for a mais baixa (de 0,5% ao ano). Esse valor é normalmente destinado para aplicações de valores acima de R$ 50 mil. Mensalmente, a caderneta rende 0,54%, enquanto os fundos variam de 0,38% a 0,58% dependendo do prazo de resgate e da taxa.
Na ponta do lápis, isso significa que uma aplicação de R$ 10 mil (com a Selic estável em 9%) ao fim de 12 meses apresenta um ganho de R$ 668, enquanto um fundo com taxa de administração de 0,5% registra alta de R$ 693. Já um fundo com taxa de 1% tem ganho de R$ 655 e um com 2% rende R$ 579.
Considerando uma aplicação em Certificado de Depósito Bancário (CDB) o investidor teria uma rentabilidade de 6,47% em 12 meses, enquanto uma Letra Financeira do Tesouro (LFT) renderia 7,16%, mesmo com alíquota de imposto de renda de 17,5%, de acordo com levantamento feito pelo professor Fundação Getúlio Vargas Samy Dana.
Fonte: Brasil Econômico
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