Economista, Especialista em Economia e Meio Ambiente pela Universidade Federal do Paraná e Graduando em Estatística, também, pela Universidade Federal do Paraná.

domingo, 25 de agosto de 2013

Com alta do dólar, governo já prevê juro maior

A disparada da cotação do dólar nos últimos dias, em que chegou a bater em R$ 2,45, faz o Palácio do Planalto temer que o aperto na política monetária seja mais longo do que o desejado.

Antes das turbulências no mercado de câmbio, a expectativa de assessores presidenciais era que o Banco Central subisse a taxa de juros no máximo nas duas próximas reuniões do Copom (Comitê de Política Monetária) e parasse o processo de alta.

O cenário era de aumento de 8,5% para 9% na taxa Selic (que serve de referência para o mercado) na reunião do BC nesta semana. E uma nova alta, menor, para 9,25%, no encontro de outubro.

Agora, o receio do governo é que a valorização do dólar seja repassada mais fortemente aos preços, pressionando a inflação, o que pode forçar o Banco Central a subir os juros também na última reunião do Copom neste ano, que acontecerá nos dias 26 e 27 de novembro.

Neste caso, o governo trabalha com uma Selic de no máximo 9,75% ao fim deste ano, abaixo da casa dos dois dígitos - faz mais de um ano que ela está abaixo de 10%.

Politicamente, até pela chegada da campanha eleitoral de 2014, o governo prefere que os juros não voltem a ficar acima de 10% ao ano.

Um assessor presidencial diz, porém, que a presidente não vai pressionar a equipe de Alexandre Tombini, presidente do Banco Central, a encurtar o processo de aperto da política monetária.

Em suas palavras, Dilma teme mais repetir a má experiência do primeiro semestre, quando a inflação subiu.

A alta de preços foi um dos motivos da queda de popularidade da petista neste início de ano, algo que a equipe do governo quer evitar em 2014.

A aposta do governo é que o programa de leilão diário no mercado de câmbio anunciado pelo BC na semana passada funcione e faça o dólar recuar, desencorajando os empresários a repassar a valorização da moeda americana para os preços.

No primeiro dia da medida, ela foi aprovada no teste. O dólar registrou a maior queda em quase dois anos na sexta-feira, recuando mais de 3% e fechando o dia na casa dos R$ 2,35.
calibragem

A meta do BC, antes das turbulências no mercado cambial, era levar a inflação deste ano para um patamar abaixo do registrado no ano passado, quando ela ficou em 5,84%. Segundo assessores, a equipe do banco segue firme nesta linha.

A dúvida dentro do governo e no mercado é como o BC vai calibrar sua política monetária diante da nova realidade da economia para garantir que a inflação deste ano fique abaixo da de 2012.

A ação do BC está focada no controle da inflação, mesmo diante do ritmo fraco da economia. Na avaliação de técnicos do governo, o crescimento deste ano ficará na casa de 2%, o que é considerado um número bom diante do cenário de turbulências.

APERTO FISCAL

Segundo técnicos, a equipe econômica poderia dar uma ajuda ao BC na área fiscal, até aqui classificada pelo banco de expansionista, o que contribui para pressionar os índices de preços.
Neste ano não há espaço para um aperto fiscal, mas o governo pode enviar sinais positivos ao mercado na definição da meta de superavit primário do próximo ano.

A definição sai na próxima semana, quando o Planalto enviará sua proposta de Orçamento de 2014 ao Congresso. Espera-se que a meta de superavit seja de ao menos 2,3% do PIB, a mesma deste ano.

Fonte: Folha de S. Paulo

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