Economista, Especialista em Economia e Meio Ambiente pela Universidade Federal do Paraná e Graduando em Estatística, também, pela Universidade Federal do Paraná.

sexta-feira, 28 de junho de 2013

Economia do setor público em maio mais que dobra e fica em R$ 5,7 bilhões

Impulsionada por receitas extraordinárias, a economia do setor público para pagar juros da dívida (superavit primário) somou R$ 5,681 bilhões em maio, mais que o dobro do saldo do mesmo mês do ano passado (R$ 2,653 bilhões).

O valor equivale à economia dos governos federal (R$ 5,2 bilhões), estaduais e municipais (R$ 1,2 bilhão), menos o deficit de parte das estatais (de R$ 790 milhões) --Petrobras e Eletrobras não entram na conta.

Apesar do bom resultado do mês passado, o superavit registrado de janeiro a maio deste ano (R$ 46,7 bilhões) é menor do que o saldo do mesmo período de 2012 (R$ 62,9 bilhões).

Em 12 meses, o superavit acumulado é de R$ 88,8 bilhões, ou 1,95% do PIB (Produto Interno Bruto). A promessa do Ministério da Fazenda é que a taxa suba para 2,3% do PIB até dezembro.

O chefe do Departamento Econômico do BC, Tulio Maciel, disse que o bom resultado de maio reflete uma melhora na arrecadação ao longo do ano, mas que o dado isolado de apenas um mês não é uma boa referência para "extrair conclusões".

Segundo ele, o resultado mais fraco do ano reflete os desafios de enfrentar a crise mundial e elevar a competitividade da indústria nacional com desonerações.

Maciel destacou, porém, que a dívida líquida em proporção ao PIB continua recuando, o que é um "aspecto positivo da situação fiscal".

Em maio, essa relação ficou no menor patamar da série histórica iniciada em 2001 (34,8%) e a previsão do BC é que recue mais em junho, para 33,8%.

Segundo Maciel, essa queda recente foi puxada pela alta do dólar. Como o Brasil tem US$ 375 bilhões em reservas, a valorização da moeda americana tem o impacto de diminuir a dívida líquida do setor público.

PROJEÇÕES

Devido às incertezas que rondam as contas públicas do governo, o BC divulgou hoje projeções para a dívida líquida e outros indicadores considerando três cenários possíveis.

A novidade foi a inclusão do cenário em que o superavit primário será de 2,3% do PIB, conforme promessa do governo.

Segundo Maciel, esse é o cenário central considerado pelo BC hoje. Caso ele se confirme, a dívida líquida fechará o ano em 34,6% do PIB e o deficit nominal em 2,4% do PIB.O resultado nominal é saldo das contas públicas após o pagamento de juros da dívida.

Em outro cenário traçado pelo BC, em que considera um superavit primário maior do governo, de 3,2% do PIB, a dívida líquida e o deficit nominal seriam menores, de 33,7% e 1,5%, respectivamente.

Fonte: Folha de S. Paulo

Estatais roubaram o charme das economias emergentes

As economias emergentes perderam quase US$ 2 trilhões no mercado de ações desde que a crise financeira estourou, no fim de 2007. E a culpa toda por esse desastre pode ser dada às empresas estatais, que respondem por um terço dos US$ 9 trilhões do valor de mercado dessas economias.

Nos últimos cinco anos, o valor das empresas privadas nas economias emergentes — incluindo Brasil, Rússia, Índia e China, assim como México, Indonésia e Turquia — manteve-se praticamente estável. Enquanto isso, o valor das empresas estatais (definidas aqui como companhias em que o governo tem uma participação de pelo menos 30%) caiu mais que 40%. Hoje, existe apenas uma empresa estatal (a PetroChina 601857.SH +3.40% ) entre as dez empresas mais valiosas do mundo, contra cinco em 2008.

Essas perdas indicam que os mercados globais não seguem a sabedoria convencional dos anos pós-crise, quando as manchetes das revistas anunciaram "A Ascensão do Capitalismo de Estado" e os livros profetizaram "O Fim do Mercado Livre". A maioria destas previsões começou com a China, que respondeu à crescente crise financeira pressionando os bancos estatais para que emprestassem com juros baratos a setores prioritários. O governo chinês também orientou empresas estatais a emprestar e investir agressivamente, expandindo assim o controle estatal sobre o setor corporativo.

Quando a China escapou da recessão mundial relativamente ilesa, ela encorajou governos de mercados emergentes, da Rússia ao Brasil, a seguir o seu exemplo, e muitos ainda estão promovendo o capitalismo estatal. Agora, eles podem ser forçados a reconsiderar. Os investidores estão manifestando sua opinião e abandonando esses mercados. Mas não são apenas os preços das ações que estão em declínio. Lucros menores das empresas estatais significam menos dinheiro para os governos e menor crescimento da produtividade para a economia em geral.

Em meados dos anos 2000, uma onda crescente de liquidez estava saindo dos Estados Unidos e Europa e os investidores começaram a inflar indiscriminadamente o preço das ações de empresas dos mercados emergentes, tanto privadas como estatais. Apostando que a demanda da China continuaria elevando os preços das matérias-primas, os investidores injetaram dinheiro em qualquer empresa envolvida com energia ou matérias-primas — setores que no mundo emergente são geralmente controlados pelos governos.

Tudo isso mudou após a crise. Investidores tiveram que voltar a se concentrar na rentabilidade e mais uma vez eles passaram a ver as estatais como gigantes de raciocínio lento, propensas a investir e engordar demais. Segundo nossa pesquisa no Morgan Stanley Investment Management, os investidores agora avaliam empresas administradas pelo governo em cerca de metade do preço das empresas privadas no mesmo setor, do bancário até ao de telecomunicações.

No mundo todo, investidores estão transferindo seu dinheiro de commodities para a área de tecnologia. Isso ajuda a explicar porque os EUA — um centro de inovação tecnológica — abriga agora nove das dez empresas de maior valor de mercado do mundo. Enquanto isso, as companhias estatais no mundo emergente não estão sendo capazes de manter o mesmo ritmo. Inovação tecnológica nunca foi o forte dos burocratas.

Há algum tempo atrás, muitos governos do mundo emergente também viam as estatais como elefantes lentos que pesavam sobre as suas economias. Na década de 90, muitos começaram a vender as estatais que possuíam, na esperança de que as empresas privadas elevassem a lucratividade e produtividade do país — e muitas vezes isso funcionou. Na China, a reforma das empresas estatais ajudou a sustentar o "milagre econômico" ao demitir milhões de trabalhadores ineficientes e levar uma administração mais profissional a algumas de suas maiores empresas.

Na década seguinte, porém, a onda de privatizações acabou, desacreditada por tentativas fracassadas em países como a Rússia, onde a privatização se transformou numa liquidação de ativos valiosos do Estado para oligarcas ricos. Ao mesmo tempo, o boom descontrolado dos mercados emergentes fez com que crescer parecesse fácil tanto para as empresas privadas como para as estatais.

Agora, com os investimentos debandando, os países em desenvolvimento precisam retomar o caminho da reforma, o que inclui privatização e menor controle do governo sobre a economia. Nos últimos anos, a lucratividade das empresas estatais também vem caindo, e agora é o crescimento da receita que está declinando rapidamente. Curiosamente, a China parece estar sendo a primeira a reconhecer a necessidade de uma mudança.

Desde que assumiu o governo, em março, o premiê chinês Li Keqiang tem falado sobre a necessidade de uma revolução "autoimposta" para reduzir o poder do governo e promover "mecanismos de mercado" para crescer. No Ocidente, muitos analistas ainda se maravilham com a forma com que a China pareceu driblar a recessão global através da implementação de um programa de estímulo de meio trilhão de dólares, em 2009. Mas na China cada vez mais se acredita que os fundos foram mal direcionados para projetos dispendiosos e desnecessários como siderúrgicas. A agência de notícias estatal, Xinhua, até vem publicando editoriais sobre como outra rodada de estímulos seria maléfica.

Os líderes chineses reconhecem claramente que os empreendimentos estatais não fizeram um uso produtivo da onda de empréstimos bancários imposta pelo governo em 2009. De fato, de acordo com a pesquisa da minha firma, desde aquela época o retorno sobre o patrimônio desses empreendimentos caiu de 10% para menos de 6%.

Para recuperar o seu encanto, os governos dos países emergentes fariam bem em calcular igualmente o custo crescente do capitalismo estatal e começar a reduzir o papel do Estado, colocando mais empresas estatais nas mãos do setor privado. Caso contrário, essas companhias vão continuar destruindo a riqueza do estado e diminuindo as perspectivas de crescimento dos países emergentes.

Sharma é diretor de mercados emergentes da Morgan Stanley Investment Management e autor do livro "Breakout Nations: In Pursuit of the Next Economic Miracles" ("Países em Ascensão — Em busca dos próximos milagres econômicos", em tradução livre), editora Norton, 2012.

Fonte: The Wall Street Journal

Disparada de juros nos EUA pode ameaçar recuperação

Aumentos acentuados nos juros de longo prazo dos Estados Unidos, provocados por declarações do banco central americano, ameaçam as vendas de casas, carros e outros produtos de valor elevado que vêm ajudando a economia do país a se recuperar.

O aumento dos juros em setores sensíveis provavelmente não é grave a ponto de tirar a recuperação do rumo, dizem economistas. Mas eles ocorrem justamente quando o crescimento vagaroso da economia tinha dado sinais de melhora, deixando preocupados consumidores e líderes empresariais.
"Isso me torna um pouco mais cauteloso", disse Ron DeFeo, diretor-presidente da Terex Corp., TEX -1.50% uma firma do Estado de Connecticut que fabrica guindastes, equipamentos para pavimentação e outras máquinas para construção, um setor sensível às oscilações nos juros. "Estou hesitante porque realmente não acredito que a economia americana esteja numa fase de forte crescimento."

O juro das hipotecas convencionais de 30 anos estava em 4,71% ao ano ontem, acima dos 3,88% de um mês atrás, segundo a Bankrate.com. Já o juro sobre títulos de dívida corporativa com grau de investimento subiu de 2,86% para 3,42% ao ano, segundo o Barclays, BARC.LN -2.72% e o juro das notas do Tesouro dos EUA chegaram a 2,48% ao ano ontem, contra 2,13% um mês antes.

A economia dos EUA cresceu a uma taxa anualizada de 1,8% no primeiro trimestre, depois de ter crescimento quase nulo no quarto trimestre de 2012, informou o Departamento de Comércio. Boa parte do crescimento foi gerada por gastos com bens de consumo de alto valor e construção civil, dois setores sensíveis aos juros. Excluindo esses dois setores, a economia cresceu a uma taxa anêmica (anualizada) de 0,9% no primeiro trimestre e se contraiu nos últimos três meses de 2012.

As vendas de carros e caminhonetes, por exemplo, devem superar 15 milhões de unidades este ano, uma alta em relação aos 10,4 milhões de 2009. Embora concessionárias e economistas não vejam perigo no momento, há preocupação com a escalada dos juros.
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"Hoje, o mercado de carros no geral está saudável, mas ao mesmo tempo é muito frágil", disse William C. Fox, dono de quatro concessionárias de veículos novos e usados no interior do Estado de Nova York. "Somos afetados imediatamente se alguma coisa der errado."

Os juros devem subir em paralelo à aceleração do crescimento, o que pode representar uma tendência de boas notícias econômicas. Juros mais altos têm seus benefícios, como melhor rendimento na poupança.

Mesmo assim, as autoridades do Federal Reserve, o BC americano, ficaram surpresas com a velocidade e a dimensão com que os mercados aumentaram os juros após suas declarações de semana passada. Os juros vinham subindo desde o início de maio, mas dispararam após a entrevista coletiva do presidente do Fed, Ben Bernanke, em 19 de junho, quando ele disse que o banco pode decidir encerrar em meados de 2014 seu programa de compra de US$ 85 milhões mensais em títulos de dívida se a economia continuar melhorando. O programa foi iniciado ano passado para manter os juros de longo prazo baixos e elevar os preços de ativos como casas e ações. Ele também disse que o Fed abandonaria o plano de suspender as compras de títulos se o desempenho da economia for fraco.

"É muito cedo para formar uma opinião sobre o ritmo da reversão [do programa]", disse o presidente do Fed regional de Dallas, Richard Fisher. "Os mercados ainda estão processando os sinais que estão recebendo."

Economistas do Goldman Sachs GS -1.39% estimam que a combinação de aumento nos juros e baixa nas ações pode cortar 0,4 ponto percentual do crescimento do país nos próximos 12 meses.

Os juros mais altos reduzem a atração do refinanciamento das hipotecas, que ajuda as famílias a baixar as prestações mensais. A Mortgage Bankers Association, que representa o setor de financiamento imobiliário, informou na quarta-feira que os pedidos de refinanciamento diminuíram na semana passada para o seu nível mais baixo desde novembro de 2011.

Economistas do Bank of America BAC -1.07% Merrill Lynch projetam que um aumento de um só ponto percentual nas taxas de juros dos financiamentos, de 3,5% para 4,5% ao ano, elevou de US$ 80 para US$ 100 a prestação mensal de uma hipoteca de US$ 160.000.

Michelle Meyer, economista do Merrill, disse que o acesso à casa própria continua em níveis historicamente altos devido ao juro baixo e à queda no preço dos imóveis desde a crise financeira. Ela espera que a demanda por imóveis residenciais continue, em parte por causa da propensão a comprar que as pessoas já desenvolveram. "Creio que a economia conseguirá lidar com o aumento dos juros", disse Meyer.

As ações das construtoras caíram após as declarações do Fed, refletindo o temor de que o juro mais alto possa reduzir a demanda.

Mas Frederick N. Cooper, vice-presidente de finanças, desenvolvimento internacional e relações com investidores da Toll Brothers Inc., TOL -1.56% da Pensilvânia, tem uma visão mais otimista. O juro está subindo, disse ele, porque a economia está forte e o mercado de trabalho está melhorando. "São esses os fatores realmente importantes que beneficiam o setor imobiliário, e creio que superam em muito o impacto dos juros, considerando as taxas atuais", disse ele.

Há também uma demanda reprimida por compradores forçados a ficar à margem do mercado desde a recessão, disse ele. No fim de abril, a carteira de encomendas da empresa para casas em construção e sob contrato estava 52% maior em unidades e 69% maior em valor financeiro, comparado com um ano antes.

A Toll Brothers, porém, talvez não sinta o efeito da alta dos juros tanto quanto outras construtoras porque muitos clientes dos seus imóveis de luxo podem tranquilamente arcar com o custo, disse.

Fonte: The Wall Street Journal

Aperto de liquidez na China se espalha

Ainda que as autoridades chinesas estejam indicando que vão afrouxar seu rígido controle sobre o dinheiro em circulação, algumas empresas revelam problemas cada vez maiores de liquidez em algumas áreas e que seus clientes estão buscando alternativas.

Não está claro o quanto os problemas de liquidez na China já tiveram impacto além do setor financeiro, que foi atingido este mês por um aperto monetário amplamente atribuído a uma tentativa de conter a crescente onda de crédito. Mas há indícios de que outros setores podem ser prejudicados se os juros dos empréstimos interbancários continuarem altos.
Nas últimas duas semanas, as empresas chinesas usaram cada vez mais os aceites bancários — um tipo de garantia de curto prazo emitida pelos bancos para financiar o comércio — para pagar suas contas, em vez de dinheiro, segundo pessoas de vários setores no país.

Liu Jiang, gerente de compras de uma fábrica de cabos de cobre na província de Zhejiang, um polo industrial para pequenos e médios fabricantes e exportadores, disse que alguns de seus clientes vêm usando os aceites bancários porque não dispõem de caixa suficiente.

"Os aceites bancários são relativamente fáceis de obter, pois não aparecem no balanço dos bancos", disse Liu, cuja empresa consome cerca de 150.000 toneladas de cobre por ano. Ele acrescentou que os custos de financiamento da sua firma mais que dobraram desde o início do mês, apesar de "ainda não termos sentido o aperto".

Um executivo de uma grande empresa chinesa de alimentos e bebidas disse que seus clientes também vêm tentando pagar os fornecimentos com aceites bancários, embora sua empresa há muito adote a política de só aceitar pagamento adiantado em dinheiro. Ele também disse que os clientes estão com dificuldade para obter crédito.
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Os bancos ajudam a facilitar o comércio emitindo suas notas de aceite bancário, que garantem que a empresa receberá o pagamento em alguma data futura quando entregar os bens que concordou em produzir.

Uma vez que o banco promete pagar, seja quem for o detentor da nota no vencimento, o aceite pode passar por várias mãos, como substituto do dinheiro.

O aceite bancário é uma forma comum e relativamente barata de acesso ao crédito também nos Estados Unidos. Na China, existe um aquecido mercado secundário para esses papéis.

As emissões na China vêm se ampliando rapidamente nos últimos anos, com aumento de 22% em 2012 e de 27% em 2011, segundo dados do Nomura. Havia quase 6 trilhões de yuans (US$ 975,6 bilhões) em notas de aceite bancário em circulação no final do ano passado, informou a Nomura.

O detentor de um aceite bancário também pode resgatá-lo antes do vencimento, embora com desconto do valor de face. Nas últimas duas semanas, a taxa desse desconto subiu muito, pois os bancos tentam conservar seus fundos dissuadindo as pessoas de descontar os aceites, o que resulta em mais notas de aceite em circulação e menos dinheiro.

Segundo números da provedora de dados econômicos Ceic, a taxa de desconto dos aceites subiu para 9,3% ao ano na sexta-feira passada, depois de girar em torno de 3,5% na maior parte do mês de maio. Ontem, a taxa de desconto caiu para 7,5% ao ano, ainda o nível mais alto desde outubro de 2011.

Um negociador de cobre de Xangai disse que alguns bancos de médio e grande porte não estão dispostos a descontar essas notas de modo algum, tentando economizar caixa. O operador disse que sua firma está trabalhando com suas próprias reservas de caixa.

"Esse desconto efetivo nos pagamentos [...] vai elevar os custos de financiamento na economia real, principalmente nas áreas de manufatura que dependem muito [dos aceites bancários] para se financiarem", disse Anne Stevenson-Yang, fundadora da firma de pesquisas J Capital Research, de Pequim, num informe recente.

O banco central da China já sinalizou que quer acabar com o aperto de caixa interbancário, declarando na terça-feira que injetou fundos em algumas instituições financeiras e está disposto a fazê-lo novamente.

Isso pode aliviar as pressões sobre a economia real, mas, com os bancos já avisados pelo BC de que precisam refrear o crédito, os problemas podem persistir.

O dono de uma firma de transportes na cidade de Qingdao disse que alguns clientes já lhe informaram que pretendem atrasar o pagamento em cerca de um mês.

Fonte: The Wall Street Journal

Pela primeira vez, BC traça três cenários diferentes para contas públicas este ano

Brasília – A dívida líquida do setor público pode chegar ao final deste ano em 34,6% de tudo o que o país produz – Produto Interno Bruto (PIB). Essa é a projeção do Banco Central (BC), caso o setor público apresente, este ano, a meta de superávit primário (economia de recursos para pagar os juros da dívida pública), com abatimentos de R$ 45 bilhões de gastos com Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e de perda de receita com reduções de tributos.
A meta com esses abatimentos corresponde a 2,3% do PIB. No último dia 12, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, disse que o governo está comprometido com esta meta ajustada.
Neste cenário, a dívida bruta do governo geral (governos federal, estaduais e municipais), em que não são considerados os ativos em moeda estrangeira, mas apenas os passivos, ficaria em 60,2% do PIB.

O déficit nominal, formado pelo superávit primário menos o pagamento de juros, representará 2,4% do PIB, de acordo com esse cenário. A estimativa para os juros é 4,7% do PIB.
Além dessas projeções, o BC divulgou, pela primeira vez, outros dois cenários para as contas públicas. Caso o setor público cumprisse a meta cheia do superávit primário (3,1% do PIB), este ano, a dívida líquida ficaria em patamar bem menor: 33,7% do PIB. A dívida bruta ficaria em 59,7% do PIB, o déficit nominal alcançaria 1,5% e os gastos com juros, 4,7% do PIB.
As outras estimativas do BC foram feitas com base no superávit primário acumulado em 12 meses encerrados em maio, em 1,95% do PIB. Neste caso, a dívida líquida ficaria em 34,9% do PIB. A dívida bruta alcançaria 60,4% do PIB. O déficit nominal chegaria a 2,7% do PIB e os gastos com juros, 4,7% do PIB.
De acordo com o chefe do Departamento Econômico do BC, Tulio Maciel, o cenário central para autoridade monetária é a meta com abatimentos. “Estamos fazendo o cenário em linha com a comunicação do banco que menciona a meta cheia, com abatimento”, disse.
Para fazer essas projeções, também foi considerada a projeção do BC para o crescimento da economia em 2,7%, este ano. Também foram utilizadas as estimativas de instituições financeiras para o dólar, a R$ 2,13, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), em 5,86%, o Índice Geral de Preços – Disponibilidade Interna (IGP-DI), em 4,72%, e a média das expectativas para taxa Selic, em (8,19% ao ano).
Para Maciel, a condução da política fiscal no país tem desafios diante da crise econômica global. Ele citou a necessidade do governo de adotar medidas para estimular a economia, com redução de impostos e incentivo a investimentos.
Em maio, a dívida líquida do setor público chegou a R$1,583 trilhão, que corresponde a 34,8% do PIB, com redução de 0,7 ponto percentual em relação a abril. O principal fator que levou a essa redução foi a alta do dólar. Como o país é credor em dólar, ou seja, as reservas internacionais e outros ativos são maiores do que a dívida externa, a alta da moeda americana reduz a dívida.

Fonte: Agência Brasil

BC faz segunda intervenção do dia no mercado de câmbio

No segundo leilão, foram ofertados 40 mil contratos, com vencimentos em 1º de outubro e 1º de novembro deste ano.

O Banco Central (BC) atuou nesta sexta-feira (28/0) pela segunda vez no dia no mercado de câmbio. O BC anunciou leilão de swap cambial tradicional, equivalente à venda de dólares no mercado futuro, às 10h26 e às 11h15.

No segundo leilão, foram ofertados 40 mil contratos, com vencimentos em 1º de outubro e 1º de novembro deste ano. Para outubro, foram negociados 17,2 mil contratos, no total de US$ 855,1 milhões. Para a segunda data, foram 22,8 mil contratos, no valor total de US$ 1,13 bilhão.

No primeiro leilão, também com essas datas de vencimentos, foram negociados 28,9 mil contratos, com valor de US$ 1,43 bilhão, para 1º de outubro. No caso do vencimento em 1º de novembro, foram US$ 551,8 milhões, com 11,1 mil contratos negociados.

O BC tem feito intervenções no mercado de câmbio para suavizar a alta do dólar. Ontem, o diretor de Política Econômica do BC, Carlos Hamilton Araújo, disse que a autoridade monetária "não tem compromisso com nenhum patamar de câmbio", mas, sempre que julgar necessário, fará intervenções no mercado.

Fonte: Brasil Econômico

BC não vai acelerar aperto

"O ciclo de alta de juros pode ser mais longo do que o inicialmente esperado", diz o economista-chefe do Itaú, Ilan Goldfajn.

As taxas de juros finalmente caíram com mais desenvoltura ontem no mercado futuro da BM&F. Elas vinham relutando em acompanhar integralmente o declínio do dólar esta semana.

As baixas mais acentuadas nos CDIs estimados para os próximos meses vieram num dia em que, ao divulgar o seu Relatório Trimestral de Inflação, o Banco Central recusou-se a chancelar plenamente a curva futura de juros.

Após conhecer todas as projeções de inflação e crescimento da economia contidas no RI, o mercado se convenceu de que o Copom fará, no limite, mais três elevações de 0,50 ponto na Selic. Hoje em 8%, a taxa encerraria o ano em 9,5%.

Esperar mais do que isso, como estava embutido na curva dos DIs, significará assumir riscos desnecessários. "O ciclo de alta de juros pode ser mais longo do que o inicialmente esperado. No entanto, entendemos que a manutenção da avaliação do cenário, mesmo diante da maior volatilidade nos mercados nas últimas semanas, sugere que o Copom não vê urgência em acelerar o ritmo de aperto monetário", diz o economista-chefe do Itaú, Ilan Goldfajn, em relatório. 

Fundamentais na definição da curva de juros, os contratos longos recuaram com mais intensidade que os curtos. A taxa para a virada do ano cedeu de 8,93% para 8,87%. O contrato com vencimento em janeiro de 2015 desacelerou de 9,90% para 9,77%.

E a taxa para janeiro de 2017 recuou de 10,88% para 10,77%. Mesmo revendo para baixo sua expectativa de crescimento do PIB este ano, de 3,1% no Relatório de Inflação de março para 2,7% agora, o BC teima em uma previsão mais elevada que a do mercado - de 2,46%, segundo o último Boletim Focus.

Também nesse quesito, o BC discorda das instituições. Embora delimite um teto realista e revelador da disposição em promover o aperto monetário a despeito dos seus impactos negativos sobre a atividade, indica que não pretende, contudo, levar o arrocho às suas últimas consequências.

Mas há mais duas razões para a queda mais acentuada dos DIs, além das sinalizações do RI. A primeira é que, de fato, o mercado internacional acalmou-se após a bateria de declarações de dirigentes do Federal Reserve (Fed).

Convenceu-se de que vinha dramatizando suas aflições antecipatórias à normalização de médio e longo prazo da política monetária americana.

A segunda deriva do fechamento dos balanços semestrais dos fundos de investimentos. Termina hoje o primeiro semestre do ano e eles pretendem atenuar quanto puderem a rentabilidade negativa das carteiras recheadas de títulos públicos.

O IMA, índice criado pela Anbima para medir o desempenho dessas carteiras, vem se recuperando nesta semana de distensão dos mercados, mas ainda permanece negativo no acumulado de junho. Dia a dia, o declínio dos juros futuros vem reduzindo a perda do índice.

Os maiores prejuízos foram contabilizado no dia 19 - dia da reunião de junho do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc) do Fed -, quando o IMA apresentou variação negativa acumulada no mês de 3,4544%. Na segunda-feira, a cota dos fundos cujas carteiras são parecidas com a do IMA apresentavam rentabilidade negativa de 1,7588% no acumulado de junho.

Ela suavizou-se para 1,3426% na terça-feira e caiu a 1,2996%, último dado disponível, na quarta. As perdas sofridas em junho por causa da turbulência externa anularam o ganho havido nos primeiros meses do ano. O IMA relativo ao semestre mostra, até o dia 26, oscilação negativa de 2,4607%.

O IMA é composto de três índices principais. O primeiro é o IRF-M, que apura a performance de dois títulos prefixados emitidos pelo Tesouro Nacional, as LTN e as NTN-Fs. O segundo é o IMA-S, que captura a variação dos papéis atrelados à Selic, as LFTs. O terceiro é o IMA-B, que mensura o desempenho dos títulos pós-indexados ao IPCA, as NTN-B.

Dos três, apenas o IMA-S apresenta rentabilidade positiva em junho, de 0,5484%, e no semestre, de 3,5166%. O IRF-M perde 0,8867% no mês e 0,2271% no semestre. Os maiores prejuízos ocorreram no IMA-B: 2,2114% no mês e 7,2562% no ano. Os títulos que mais sofreram com a disparada dos juros futuros ocorrida às vésperas e logo depois da reunião do Fed foram os prefixados e os que, como as NTN-B, apesar da indexação ao IPCA, tem uma fatia do rendimento vinculada a juro. Esses títulos são "marcados a mercado": sempre que o juro sobe, o seu preço cai e a cota fica negativa. Quando o juro cai, como nos últimos dias, o preço sobe e a cota é valorizada.

Principalmente quem está carregando posições pesadas em NTN-B - títulos que viraram coqueluche dos investidores desde 2011 justamente por causa da queda do juro básico - precisa ter muito sangue-frio para não "realizar" os prejuízos. Quem entrou em pânico e vendeu o papel no dia 19, quando amargava perda no mês de 6,952%, pode ter-se arrependido depois.

A perda foi diminuindo de tamanho com a recuperação da sanidade pelos mercados. Ela caiu a 5,309% no dia 20, a 4,147% no dia 21, a 2,932% na segunda-feira, a 2,289% na terça e a 2,2114% na quarta. Se o aplicador não sair do papel, as perdas são meramente contábeis, não se "realizam" na prática.

O dólar descolou-se ontem do seu principal mercado de referência, as negociações com títulos do Tesouro americano. As taxas do T-Notes oscilaram ontem de 2,47% a 2,56%, ante 2,54% no fechamento anterior, ao sabor da enxurrada de indicadores sobre a economia americana.

E fecharam na mínima de 2,47%. Se tivesse acompanhado a calmaria dos treasuries, o dólar teria caído, mas fechou em alta de 0,38%, cotado a R$ 2,1970, interrompendo uma sequência de quatro pregões em queda.

Operadores atribuíram a alta a compras feitas por importadores e multinacionais interessadas em fazer remessas, mas, na verdade, ela decorreu da força demonstrada pelos "comprados" nos pregões de derivativos cambiais da BM&F.

Como o mês termina hoje, querem aumentar os seus lucros. Os "comprados", liderados pelos fundos de investimento, estão defendendo posições de US$ 30,92 bilhões. Desde sexta-feira, 21, os "comprados", a despeito das quedas sucessivas contabilizadas pelo dólar no mercado à vista, aumentaram suas apostas em US$ 4,03 bilhões.

Fonte: Brasil Econômico

quinta-feira, 27 de junho de 2013

Relatório projeta crescimento de 35% para agronegócio brasileiro nos próximos dez anos

Brasília – Projeções do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento indicam perspectivas positivas para o agronegócio brasileiro nos próximos dez anos. Além da ampliação das lavouras e do crescimento da produção de grãos, é destaque o aumento da produção de carnes – bovina, suína e aves. Segundo o relatório Projeções do Agronegócio - Brasil 2012/23 a 2022/23, lançado hoje (27), o setor deverá crescer 35% no período. De acordo com o estudo, o responsável pela expansão será o crescimento do consumo, sobretudo interno.



Pelas previsões, em relação aos números deste ano, mais 9,3 milhões de toneladas de carnes serão produzidas no país em dez anos, com o total passando de 26,5 milhões de toneladas para 35,8 milhões de toneladas. Quanto ao consumo de carnes, o relatório projeta aumento de 3,6% ao ano, no período 2013-2023.

As carnes fazem parte de uma cesta mais diversificada, que começa a se formar com o aumento de renda das populações, tanto da população mundial quanto da população local, disse o coordenador geral de Planejamento Estratégico do Ministério da Agricultura, José Garcia Gasques. "O produto está diretamente relacionado ao aumento da renda: se a renda aumenta, aumenta também o consumo de carne", explicou Gasques.

O relatório do Ministério da Agricultura estima papel importante do mercado interno no aumento da produção de carnes. Pelo estudo, 58,8% da produção de frango serão destinados ao consumo interno no período avaliado. Do total de carne bovina produzida, 75% irão para o mercado interno. Quanto à carne suína, 82,3% serão destinados ao consumo local.
No que diz respeito à exportação, as projeções indicam aumento de 13,7% a 59,5% para o frango, de 28,9% a 110,5% para a carne bovina e de 29,4% a 87,3% para suína. O relatório diz que os principais compradores deverão ser os Estados Unidos, seguidos de países africanos, da Rússia e do Japão.

O relatório vê possibilidade de crescimento nos demais setores do agronegócio: a produção de grãos deverá passar de 184,2 milhões de toneladas em 2012/13 para 222,3 milhões em 2023, com potencial de produção que pode chegar a 274,8 milhões de toneladas. Isso significa um acréscimo à oferta entre 20,7% e 49,2% na próxima década.

A área plantada de grãos deverá expandir-se entre 8,2% e 30,3%, passando de 53 milhões de hectares em 2013 para 57,3 milhões de hectares em 2023. De acordo com o relatório, no limite extremo, a área plantada iria para 69 milhões de hectares. Já a área total plantada com lavouras deverá passar de 67 milhões de hectares em 2013 para 75,5 milhões em 2023. A expansão está concentrada no crescimento da soja, 6,71 milhões de hectares, e de cana-de-açúcar, 2,2 milhões. O milho também deve ter expansão de área por volta de 1 milhão de hectares.
Arroz, mandioca, trigo, feijão e café mantêm-se praticamente sem alteração ou perdem área.

"Queremos superar o que está aqui nas projeções", disse o ministro da Agricultura, Antônio Andrade.

Segundo o ministro, o aumento na produção decorre principalmente pelo aumento da produtividade, e não das áreas de cultivo. Isso significa que o produtor está preocupado com a sustentabilidade, o que, para o ministro, é positivo. "Aumentamos pela produtividade, e não pelas novas áreas, isso nos dá uma tranquilidade muito grande", disse Andrade.

Fonte: Agência Brasil

Brasil precisará de 100 novas usinas de etanol até 2020

São Paulo – Nos próximos oito anos a procura por combustíveis leves, como etanol, gasolina e gás natural, crescerá 50%, segundo estimativa da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica). Na avaliação do setor sucroalcooleiro, para atender ao aumento da demanda serão necessárias pelo menos 100 novas usinas. O cálculo foi apresentado hoje (27), pela presidenta da entidade, Elisabeth Farina, durante a abertura do evento Ethanol Summit 2013.

"Vejo 2020 como oportunidades para serem aproveitadas, mas isso vai depender de vários fatores. Um deles é, de fato, uma clareza da nossa política de preço de combustível", disse Farina. Ela destacou que o setor tem condições de dar conta da expansão da demanda. "Nós temos que dobrar de fato a produção [de etanol] e isso significa ter que investir. A gente precisaria repetir o crescimento de 2006 a 2009", comparou.

De acordo com a presidenta da Unica, o carro com motor flex, que está completando dez anos no mercado nacional, é considerado o maior ativo da indústria sucroalcooleira. "São 20 milhões de veículos que não estão usando a potencialidade que poderiam em relação ao etanol hidratado. [A entrada dos motores movidos a álcool e gasolina] tem uma importância enorme, inclusive, porque funciona como regulador do mercado", declarou.

O vice-presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Wagner Bittencourt, informou que neste ano o banco deve voltar aos patamares históricos de desembolso para o setor, alcançando R$ 6 bilhões. O montante representa crescimento em relação ao ano passado, quando foram financiados R$ 4 bilhões. "De 2008 a 2012, o banco desembolsou cerca de R$ 30 bilhões. Os investimentos resultaram em modernização e expansão de fábricas e lavouras. Até o mês de abril foram cerca de R$ 3,3 bilhões", relatou.

O secretário de Petróleo, Gás Natural e Combustíveis Renováveis, do Ministério de Minas e Energia, Marco Antônio Martins Almeida, destacou que os próximos anos serão de grande oportunidade para investimentos, a partir do que está previsto no Plano Decenal de Energia. "Se nós dobrarmos a capacidade de produção de etanol no Brasil, ainda precisaremos colocar um volume correspondente a 14 bilhões de litros de gasolina em 2020. E isso pode ser o álcool", declarou

Fonte: Agência Brasil

Dólar sobe 0,3% ante real com ação de importadores

SÃO PAULO, 27 Jun (Reuters) - O dólar interompeu uma série de quatro quedas e fechou em alta frente ao real, com importadores e investidores aproveitando a recente depreciação da divisa norte-americana, que se estendeu durante boa parte deste pregão, para comprar dólares a preços mais baixos.

O efeito dessas operações foi intensificado pelo baixo volume de negociações típico nos finais de cada sessão e pela disputa pela formação da Ptax que, segundo analistas, deve somar volatilidade aos mercados até o próximo pregão.

A moeda norte-americana avançou 0,30 por cento, para 2,1959 reais na venda, atingindo 2,1760 reais na mínima do dia. Segundo dados da BM&F, o giro financeiro ficou em torno de 2,5 bilhões de dólares.

"Quando o dólar cai muito, o mercado fica comprador e o investidor aproveita o patamar", disse o gerente de câmbio da Treviso Corretora, Reginaldo Galhardo. "A gente tem que levar em consideração que até há pouco tempo o dólar estava em 2,22 reais".

Esse movimento, que já havia ocorrido durante a tarde mas havia perdido a força, também era influenciado por empresas que buscavam proteção das flutuações da divisa.

"Tem pessoal que quer fazer hedge porque a perspectiva para o cambio ainda está ruim. Por causa disso, empresas com exposição cambial buscam proteção", disse o diretor-executivo da NGO Corretora, Sidnei Nehme.

Sinais de que o Federal Reserve, banco central dos Estados Unidos, estaria prestes a reduzir seu programa de estímulo fizeram o dólar superar 2,25 reais na semana passada. Nos últimos dias, no entanto, declarações de autoridades do Fed e novos dados da economia norte-americana diminuíram as tensões nos mercados globais.

Nesta quinta-feira, três integrantes do banco central dos EUA voltaram a minimizar a perspectiva de menor liquidez mundial, levando o dólar a operar em queda ante o real durante a maior parte da sessão.

O chefe de Tesouraria de um grande banco nacional destacou ainda que a alta dos preços de commodities ajudava a impulsionar a moeda de países emergentes, com o dólar caindo 1,18 por cento em relação ao peso mexicano.

Analistas destavacam ainda que a disputa pela formação da Ptax, que é usada como referência na liquidação de diversos contratos de câmbio e derivativos, deve elevar a volatilidade do mercado de câmbio. A taxa de junho e do segundo trimestre do ano será conhecida por volta das 13h de sexta-feira.

Fonte: Reuters Brasil

Bovespa tem 3a alta seguida, mas deve ter pior semestre desde 2008

SÃO PAULO, 27 Jun (Reuters) - A Bovespa teve o terceiro dia consecutivo de recuperação nesta quinta-feira, ajudada pela melhora do cenário externo, mas ainda assim não deve conseguir escapar de registrar seu pior semestre desde o ápice da crise financeira em 2008.

O Ibovespa subiu 0,93 por cento na sessão, a 47.609 pontos. O giro financeiro do pregão foi de 6,6 bilhões de reais, abaixo da média diária de 2013, de cerca de 7,9 bilhões de reais.

Os mercados encontraram espaço para recuperação nos últimos dias após dados da economia norte-americana e declarações de autoridades monetárias aliviarem temores de retirada iminente de estímulos à recuperação econômica global.

Nos últimos três pregões, o Ibovespa acumulou alta de 3,6 por cento, mas ainda assim amarga perda de 11,02 por cento em junho e de 21,89 por cento no ano, faltando apenas um pregão para o fechamento do semestre.

Essa deve ser a pior baixa semestral desde o segundo semestre de 2008, quando o índice derreteu mais de 42 por cento, sofrendo com os efeitos da crise financeira global.

"Não chegamos necessariamente ao fundo do poço", avaliou o gerente de renda variável da H.Commcor Corretora, Ariovaldo Santos, em São Paulo.

"As companhias estão enfrentando muitos desafios, que só serão conhecidos quando saírem os resultados do segundo trimestre", acrescentou, citando como exemplo o impacto do enfraquecimento do real para empresas brasileiras.

O desempenho do Ibovespa neste ano se destaca também por ser o pior dentre os principais mercados acionários globais, diante das persistentes preocupações sobre as perspectivas para a economia brasileira.

Em seu Relatório Trimestral de Inflação divulgado nesta quinta-feira, o Banco Central indicou que vê a economia crescendo menos em 2013 e piorou seus cenários de inflação para este e o próximo ano, citando também riscos trazidos pelo dólar mais elevado.

"O cenário para a economia brasileira não é nada muito animador", disse o economista Silvio Campos Neto, da Tendências Consultoria em São Paulo.

"Além do baixo crescimento, outras questões, como o intervencionismo do governo, têm afugentado investidores. Isso compõem um panorama pouco animador e não permite contar com uma recuperação muito consolidada", avaliou.

Nesta quinta-feira, as ações da Gerdau Metalúrgica e da siderúrgica Gerdau lideraram os ganhos do Ibovespa, após o Goldman Sachs elevar para "compra" a recomendação para a empresa.

Light também ficou dentre as principais altas. A Itaú Corretora elevou a recomendação para a geradora e distribuidora de energia elétrica, citando que a forte queda no ano "parece exagerada".

Em sentido oposto, destaque para o tombo de ações de empresas do grupo EBX, de Eike Batista, com destaque para LLX e OGX, que devolveram parte dos fortes ganhos recentes, registrados após notícias de que o empresário busca compradores para ativos de empresas do grupo.

Fonte: Reuters Brasil

Brasil vai crescer abaixo de 3 em 2013 e inflação será maior, diz BC

SÃO PAULO, 27 Jun (Reuters) - Ao mesmo tempo em que vê a economia brasileira crescendo menos, o Banco Central piorou seus cenários de inflação para este e o próximo ano, citando também riscos trazidos pelo dólar mais elevado e reforçando os sinais de que manterá o ciclo de aperto monetário iniciado em abril.

Para este ano, a autoridade monetária prevê o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro crescerá 2,7 por cento, ante 3,1 por cento previstos até então, mesmo desempenho visto em 2011, primeiro ano de governo da presidente Dilma Rousseff. NO ano passado, o PIB cresceu apenas 0,9 por cento.

A previsão do BC para este ano ainda é melhor do que a colhida na pesquisa Focus, que aponta expansão de 2,46 por cento.

O BC argumenta que os indicadores de atividades já vistos no segundo trimestre sugerem continuidade da recuperação, como a retomada da indústria e a continuidade da expansão do consumo das famílias.

A perspectiva de inflação, no entanto, piorou na visão do BC. Segundo o relatório, o IPCA ficará em 6,0 por cento neste ano pelo cenário de referência, ante previsão anterior de 5,7 por cento, e em 5,4 por cento em 2014, ligeiramente acima da estimativa anterior, de 5,3 por cento.

O indicador voltará a estourar o teto da meta do governo no segundo trimestre deste ano no acumulado em 12 meses, chegando a 6,8 por cento, recuando a 6,2 por cento no terceiro trimestre e a 6 por cento no quarto trimestre. A meta de inflação é de 4,5 por cento, com tolerância de 2 pontos percentuais.

O BC destacou que a maior volatilidade e "tendência de apreciação" do dólar são riscos considerados, apesar de defender que na última década o repasse da depreciação cambial para a inflação diminuiu.

"Além disso, esse repasse tende a ser suavizado pelo ciclo de ajuste da política monetária ora em curso", trouxe o relatório, acrescentando que a inflação em 12 meses ainda apresenta tendência de elevação e que o balanço de riscos para o cenário prospectivo é desfavorável.

O dólar, até a véspera, acumulava alta de 2 por cento ante o real no mês, mas chegou a subir mais de 5 por cento no mês em seu pior momento, quando ultrapassou o patamar de 2,25 reais, sob a expectativa de que o Federal Reserve, banco central norte-americano, possa reduzir seu programa de estímulos e, consequentemente, diminuir a liquidez internacional.

O BC iniciou novo ciclo de aperto monetário em abril passado, quando tirou a Selic da mínima histórica de 7,25 por cento ao ano para 7,50 por cento, mas acelerou o passo em maio e já elevou a taxa básica de juros ao atual patamar de 8 por cento.

Os agentes econômicos acreditam que a autoridade monetária vai continuar o movimento e já há quem acredite que, em julho, o Comitê de Política Monetária (Copom) vai aumentar a Selic em 0,75 por cento, como mostra a maioria das apostas no mercado futuro de juros.

O IPCA de maio, em 12 meses, estava exatamente no teto da meta do governo.

Fonte: Reuters Brasil

Empresas dos EUA mantêm cautela diante de incertezas

A economia dos Estados Unidos passou quatro anos tentando se livrar dos estragos de uma brutal recessão. Mas as empresas americanas ainda não se livraram da cautela.

Apesar dos lucros estelares e das minguadas folhas de pagamento, as companhias dos EUA permanecem assustadas com a profunda crise. Seu apetite por investimentos é inconstante e as contratações estão lentas, um reflexo da turbulência global.

À medida que a recuperação dos EUA entra em seu quinto ano, uma nova rodada de turbulência no mercado financeiro está estimulando outro ataque de ansiedade em todo o setor empresarial. Os exportadores já começaram a cortar custos paralelamente ao crescimento das incertezas na Ásia, Europa e Oriente Médio. Os sinais recentes de que o Federal Reserve pode começar a desacelerar o ritmo de suas medidas de estímulo estão levantando dúvidas se a economia está suficientemente forte para acelerar o crescimento por conta própria.

A leitura mais recente mostra um cenário instável. Os investimentos das empresas americanas avançaram apenas 0,4% no primeiro trimestre, o que contribuiu para o relativamente lento crescimento geral da economia no período, de 1,8%.

O ritmo dos investimentos das empresas nos EUA permanece sendo 4% abaixo do período pré-recessão. A produção total das fábricas americanas no mês passado ficou 5% abaixo da média de 2007. A percepção das pequenas empresas está na média pré-2008, enquanto a confiança entre os diretores-presidentes de grandes empresas está pairando em níveis médios, à medida que as companhias procuram sinaisde uma maior demanda.

"Todos estão em compasso de espera", disse o economista Tim Quinlan, da Wells Fargo WFC +0.80% .
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As empresas deveriam ter muitos motivos para serem otimistas. Baixas taxas de juros as têm ajudado a obter empréstimos baratos, enquanto um forte crescimento na produção doméstica de combustíveis aumentou a competitividade dos EUA. Corporações não-financeiras dos EUA mantêm mais de US $ 1,8 trilhão em caixa e em ativos líquidos, valor 30% maior que em 2008, segundo estimativas do Federal Reserve, o banco central americano. Tudo isso ajudou a impulsionar os lucros corporativos nos EUA no ano passado para mais de 12% da economia global, o percentual mais alto após a Segunda Guerra Mundial.

Às vezes, as perspectivas da economia têm parecido brilhantes. Durante o primeiro ano da recuperação, um aumento na produção e na produtividade dos trabalhadores fez as exportações crescerem e turbinou os lucros. O forte desempenho inicial gerou esperanças de que a recuperação de uma recessão profunda seria mais rápida do que as recuperações após as recessões de 1990-1991 e de 2001.

A Rockwell Automation Inc., ROK +0.60% uma fabricante de equipamentos de automação industrial de Milwaukee, viu suas vendas caírem 20% entre 2008 e 2009 à medida que seus clientes cortaram gastos de capital e empregos na crise. Contudo, o estágio inicial da recuperação "foi surpreendentemente normal", disse Ted Crandall, diretor financeiro da empresa. "Esperávmos uma recuperação mais lenta."

Apesar do forte crescimento na América Latina e da expansão estável nos EUA, a desacelração da economia no exterior está agora pesando sobre a empresa e seus clientes.

"O que estamos ouvindo da maioria de nossos clientes é sobre a falta de clareza a respeito de onde estamos nesse ciclo", disse Crandall. "Não está claro se o que estamos vivenciando agora é uma pausa que será seguida de um crescimento contínuo ou se este é um ponto de inflexão."

Enquanto a demanda permanece como o problema chave das empresas americanas, os executivos suplicam aos legisladores para que forneçam um direcionamento por meio de políticas mais claras. As marcas deixadas ao longo dos três anos de batalha orçamentária continuam a pesar sobre os executivos ameircanos. Mas agora eles aguardam que outros desdobramentos no governo federal — avanços na legislação de imigração ou uma reforma tributária, por exemplo — os impulsione.

"As empresas precisam ter confiança para os investimentos de longo prazo e de certa previsibilidade ... porque são elas que precisam disponibilizar a maioria dos recursos tanto na forma de pesquisa e desenvolvimento como grandes despesas de capital", disse o diretor-presidente da Boeing Co., BA +1.37% Jim McNerney.

Fonte: The Wall Street Journal

Após fortes quedas em junho, Bolsa entra em liquidação

A forte redução dos preços dos títulos este mês levou pelo menos 10 companhias a comprar seus próprios papéis no mercado.

O mês de junho vai ficar marcado não só pela queda expressiva da bolsa de valores brasileira, como também pelos inúmeros programas de recompra de ações anunciados no período. Os papéis estão em uma verdadeira liquidação depois de o principal índice da Bovespa ter caído quase 15% em menos de um mês, sob pressão dos mercados internacionais.

O resultado é que somente neste mês, dez empresas anunciaram que recomprarão suas ações em circulação no mercado. Entre elas estão nomes como MRV, Cosan, Banco do Brasil, Bradesco e a própria BM&FBovespa. Se considerado as últimas semanas, foram dez ao todo os anúncios de recompra.

Um dos principais objetivos destas companhias ao comprar suas próprias ações é sinalizar aos investidores que a empresa acredita em sua capacidade de originar resultados no longo prazo e que os papéis não estão devidamente precificados. "Os fundamentos da companhia, em termos de solidez, capital, liquidez e perspectivas, não estão refletidos no preço da ação negociada na BM&FBovespa", diz Ricardo Gelbaum, diretor de relações com investidores (RI) do Banco Daycoval.

De acordo com o executivo, depois do processo de conversão de bônus em ações no valor de R$ 400 milhões do banco, o percentual de ações em circulação (free float) ultrapassou o limite mínimo de 25% exigido de empresas listadas em níveis diferenciados de governança corporativa, estabilizando entre 29% e 30%. Com isso, o banco pode fazer esse tipo de operação sem se preocupar com o desenquadramento à regra. "Mesmo se adquiríssemos todas as ações previstas no programa, 3 milhões, ainda assim nosso free float seria de 27%", diz.

Se mantida as condições de mercado, é provável que mais empresas anunciem programas de recompra de ações nos próximos dias. "Se o Ibovespa mantiver os atuais patamares de pontuação, mais empresas devem anunciar que recomprarão suas ações em circulação", diz Alexandre Marques Filho, analista da Elite Corretora, uma das casas que atua como intermediadora da operação.

A XP Investimentos também faz a intermediação da operação entre a companhia e o mercado - hoje, atua na recompra de ações da Anhanguera Educacional, BM&FBovespa, BR Malls, CSU CardSystem, Klabin, Banco Pine, Rodobens Negócios Imobiliários e Tarpon Investimentos.

Willian Alves, analista da corretora, também acredita que o número de empresas que pretende recomprar suas ações será ainda maior. "O mercado financeiro é irracional e não necessariamente precifica adequadamente as ações em momentos de crise, então um número maior de empresas deve anunciar em breve programas de recompra", diz ele.

Um dos maiores programas de recompra de ações anunciado recentemente, em termos nominais, foi o do Bradesco. O banco recomprará até 7,5 milhões de ações preferenciais e 7,5 milhões de ações ordinárias, que representam pouco mais de 5% dos papéis em circulação, para permanência em tesouraria e posterior alienação ou cancelamento. Em nota, o Bradesco explicou que é um "programa que o banco tem autorização para manter aberto e renova automaticamente."

O Banco do Brasil também recomprará um número grande de ações ordinárias em circulação: 50 milhões. No último programa, encerrado em janeiro deste ano e que também previa a recompra de até 50 milhões de papéis, a instituição financeira adquiriu 20,2 milhões de ações de sua própria emissão, pelo valor total de R$ 461,2 milhões, resultando no valor médio por ação de R$ 22,83.

Um ponto que os analistas destacam como negativo de um programa de recompra de ações é a redução da liquidez, que preocupa, principalmente, os acionistas das empresas de pequeno porte. "Se por um lado, com menos ações em circulação a distribuição de proventos por papéis é maior, por outro a redução da liquidez limita a entrada e a saída dos investidores no capital ", destaca Filho. "Além disso, a pressão compradora exercida pela empresa ajuda a segurar a cotação, ainda que a tendência, de alta ou de baixa, não seja alterada", diz ele.

Essa parece não ser uma preocupação dos acionistas do Daycoval, que viram a negociação das ações saltar depois da conversão dos bônus em ações. "De janeiro para até hoje, o numero de ações negociadas diariamente saltou de 1 milhão para 2,5 milhões", afirma o diretor de RI do banco.

"A tesouraria de uma empresa tem autonomia para fazer seus investimentos. Se o gestor julga que a ação está barata e que esse investimento apresentará remuneração melhor do que outros ativos, porque não recomprar seus próprios papéis?", questiona.

Fonte: Brasil Econômico

BC reduz previsão de expansão do Brasil para 2,7%

O IPCA ficará em 6,0% no ano pelo cenário de referência, ante previsão anterior de 5,7%.

Ao mesmo tempo em que vê a economia brasileira crescendo menos, o Banco Central piorou seus cenários de inflação para este e o próximo ano, citando também riscos trazidos pelo dólar mais elevado e reforçando os sinais de que manterá o ciclo de aperto monetário iniciado em abril.

Para este ano, a autoridade monetária prevê o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro crescerá 2,7%, ante 3,1% previstos até então, mesmo desempenho visto em 2011, primeiro ano de governo da presidente Dilma Rousseff. NO ano passado, o PIB cresceu apenas 0,9%.

A previsão do BC para este ano ainda é melhor do que a colhida na pesquisa Focus, que aponta expansão de 2,46%.

O BC argumenta que os indicadores de atividades já vistos no segundo trimestre sugerem continuidade da recuperação, como a retomada da indústria e a continuidade da expansão do consumo das famílias.

A perspectiva de inflação, no entanto, piorou na visão do BC. Segundo o relatório, o IPCA ficará em 6,0% neste ano pelo cenário de referência, ante previsão anterior de 5,7%, e em 5,45% em 2014, ligeiramente acima da estimativa anterior, de 5,3%.

O indicador voltará a estourar o teto da meta do governo no segundo trimestre deste ano no acumulado em 12 meses, chegando a 6,8%, recuando a 6,2% no terceiro trimestre e a 6% no quarto trimestre. A meta de inflação é de 4,5%, com tolerância de 2 pontos percentuais.

O BC destacou que a maior volatilidade e "tendência de apreciação" do dólar são riscos considerados, apesar de defender que na última década o repasse da depreciação cambial para a inflação diminuiu.

"Além disso, esse repasse tende a ser suavizado pelo ciclo de ajuste da política monetária ora em curso", trouxe o relatório, acrescentando que a inflação em 12 meses ainda apresenta tendência de elevação e que o balanço de riscos para o cenário prospectivo é desfavorável.

O dólar, até a véspera, acumulava alta de 2% ante o real no mês, mas chegou a subir mais de 5% no mês em seu pior momento, quando ultrapassou o patamar de R$ 2,25, sob a expectativa de que o Federal Reserve, banco central norte-americano, possa reduzir seu programa de estímulos e, consequentemente, diminuir a liquidez internacional.

O BC iniciou novo ciclo de aperto monetário em abril passado, quando tirou a Selic da mínima histórica de 7,25% ao ano para 7,50%, mas acelerou o passo em maio e já elevou a taxa básica de juros ao atual patamar de 8%.

Os agentes econômicos acreditam que a autoridade monetária vai continuar o movimento e já há quem acredite que, em julho, o Comitê de Política Monetária (Copom) vai aumentar a Selic em 0,75%, como mostra a maioria das apostas no mercado futuro de juros.

O IPCA de maio, em 12 meses, estava exatamente no teto da meta do governo.

Fonte: Brasil Econômico

quarta-feira, 26 de junho de 2013

Investimento estrangeiro cai, mas Brasil passa a ser 4º em ranking da ONU

O Brasil subiu uma posição, de quinto para quarto lugar, no ranking de países que mais receberam investimentos estrangeiros diretos (IED) em 2012, revelou nesta quarta-feira um estudo da Unctad, a Conferência das Nações Unidas para o Comércio e Desenvolvimento.
No entanto, na comparação com 2011, o volume de IED no país caiu 2%, totalizando US$ 65 bilhões (cerca de R$ 144 bilhões), segundo o relatório Investimento Mundial 2013.
Apesar da queda, a Unctad ressalta que o IED no Brasil "se manteve robusto, elevando o país para o quarto maior receptor mundial de investimentos".
No cenário global, os fluxos de investimentos estrangeiros diretos caíram 18% no ano passado, totalizando US$ 1,35 trilhão (R$ 3 trilhões), devido às incertezas no cenário econômico, principalmente nos países ricos, onde a queda no volume de IED recebido foi bem mais significativa e atingiu 32%.

Liderança emergente
Os investimentos estrangeiros diretos são aportes de capital vindos do exterior aplicados na produção de um país, na criação de empresas, em fusões e aquisições ou empréstimos entre matrizes e filiais.
Esse dinheiro é geralmente investido a longo prazo no país, diferentemente dos recursos destinados aos mercados financeiros.
Pela primeira vez, os emergentes receberam mais investimentos estrangeiros diretos do que as economias ricas.
Os países em desenvolvimento responderam por 52% do fluxo total de IED mundial no ano passado, atraindo US$ 703 bilhões (R$ 1,5 trilhão), enquanto os países ricos somaram US$ 561 bilhões (R$ 1,2 trilhão).
Segundo a Unctad, o volume de investimentos diretos destinados aos países em desenvolvimento registrou uma pequena queda de 4% em relação a 2011. Apesar disso, o resultado foi o segundo melhor de toda a história.

América do Sul
“Entre as regiões em desenvolvimento, os fluxos de investimentos estrangeiros diretos realizados na Ásia e na América Latina permanceceram em níveis historicamente elevados, mas seu crescimento se desacelerou”, afirma o relatório.
Na América do Sul, o volume de IED aumentou 12% no ano passado, totalizando US$ 144 bilhões (R$ 319 bilhões). Já na América Central e no Caribe, houve uma queda de 17% no fluxo de investimentos.
"A grande quantidade de recursos petrolíferos, de gás e minerais, além da expansão rápida da classe média são fatores que continuam a atrair investimentos estrangeiros diretos para a América do Sul", afirma a Unctad.
Apesar da redução de 2% no volume de IED no Brasil, principal receptor de investimentos na região, houve forte crescimento do IED em países como o Chile (+32%), Argentina (+27%), ou ainda o Peru, onde o aumento foi de 49%, atingindo US$ 12 bilhões (R$ 27 bilhões).
De acordo com o relatório, o IED na América do Sul se concentra nas indústrias extrativistas, onde companhias estrangeiras têm papel de destaque, com exceção do Brasil.
"O IED no setor industrial, como o automotivo, por exemplo, está crescendo no Brasil estimulado pelas novas medidas de política industrial", diz a Unctad.
"Em razão do novo regime para o setor automotivo, o IED nesse setor passou de uma média anual de US$ 116 milhões (R$ 257 milhões) entre 2007 e 2010 para uma média de US$ 1,6 bilhão (3,54 bilhões) em 2011 e 2012", afirma o relatório.
Já os investimentos externos realizados por países da América Latina, sobretudo em países da região e nas economias desenvolvidas, atingiram US$ 103 bilhões (R$ 228 bilhões) no ano passado, uma queda de 2%.
"No entanto, esses números não refletem o dinamismo das atividades das multinacionais latino-americanas no exterior", afirma a Unctad, destacando o aumento de 74% nas aquisições internacionais realizadas por companhias do continente em 2012, que totalizaram US$ 33 bilhões (R$ 73 bilhões).
"Essa tendência, que surgiu em 2006, foi em seguida freada pela crise financeira mundial, antes de ressurgir em 2010. Entre 2010 e 2012, as empresas latino-americanas gastaram US$ 67 bilhões em aquisições de companhias no exterior", diz o relatório.

Países que mais receberam IED em 2012

  1. EUA - US$ 168 bilhões
  2. China - US$ 121 bilhões
  3. Hong Kong (China) - US$ 75 bilhões
  4. Brasil - US$ 65 bilhões
  5. Ilhas Virgens Britânicas - US$ 65 bilhões
Crédito: Unctad

Investimentos de emergentes
A Unctad ressalta ainda que os países em desenvolvimento também estão investindo cada vez mais em outras regiões do mundo.
Os fluxos de IED oriundos dos países em desenvolvimento totalizaram US$ 426 bilhões (R$ 943 bilhões) em 2012, "um nível recorde de 31% do total mundial", afirma o relatório.
Os países asiáticos (sobretudo a China) representam três quartos do total de investimentos externos diretos realizados por países em desenvolvimento.
A China subiu da sexta para a terceira posição no ranking dos países que mais realizam investimentos diretos no exterior, atrás apenas dos Estados Unidos e do Japão.
O país também é o segundo que mais recebe investimentos estrangeiros no mundo, atrás dos Estados Unidos.
Embora o Brasil seja o quarto na lista entre os maiores receptores, não integra a lista dos 20 maiores investidores mundiais.
A Unctad prevê que em 2013 o fluxo de IED no mundo deverá ficar próximo ao volume registrado no ano passado (US$ 1,35 trilhão), e atingir no máximo US$ 1,45 trilhão (R$ 3,2 trilhões).
"Uma verdadeira retomada dos fluxos levará mais tempo do que o previsto em razão da fragilidade da economia mundial e do clima de incerteza geral", afirma a Unctad.

Fonte: BBC Brasil