Analistas veem aceleração na economia no segundo trimestre, mas projetam instabilidade no restante do ano.
Após um primeiro trimestre frustrante, o mercado demonstrou ânimo com a perspectiva apontada pelo Banco Central, ontem, de que o Produto Interno Bruto (PIB) do segundo trimestre deste ano deverá ser melhor do que o anterior. O Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br), uma prévia do PIB, sugere alta de 0,9% da atividade econômica no segundo trimestre, em relação ao primeiro.
Também animou os analistas o resultado do mês de junho, especialmente ancorado na melhora do desempenho da indústria e do comércio. Nesse caso, a perspectiva é igualmente de crescimento - de 1,3%, comparado a maio. Mesmo assim, há dúvida sobre a capacidade de a economia manter trajetória de crescimento, principalmente no terceiro trimestre de 2013.
"O IBC-Br veio em linha com a expectativa, apontando uma recuperação da economia no segundo trimestre. Mas os números antecedentes de julho não são tão positivos, por isso, o quadro ainda é de incerteza", afirma o economista-chefe do Banco Espírito Santo (BES), Jankiel Santos, que projeta crescimento de 0,8% no segundo trimestre ante o primeiro e de 2,3% no fechamento do ano de 2013.
A análise do economista é de um ano marcado por oscilações entre acelerações e desaquecimento daqui para frente. Ele afirma que é difícil fazer projeções para o terceiro trimestre, em decorrência do pessimismo retratado nos indicadores de confiança de empresários e consumidores do mês passado.
Também o economista da Opus Investimento e professor da PUC-Rio, José Márcio Camargo, está desanimado com o desempenho da economia no período de julho a setembro. Sua perspectiva é de crescimento nulo no período, sobretudo por causa da indústria.
Já a economista da consultoria Tendências Alessandra Ribeiro questiona a capacidade do IBC-Br de funcionar como indicador prévio do PIB. "A trajetória do IBC-Br reforça a expectativa de que o PIB do segundo trimestre não deve ser tão expressivo quanto o esperado por uma parte do mercado, considerando que o índice do Banco Central tem sistematicamente superestimado o PIB", afirma a economista. A projeção da Tendências "para o PIB entre abril e junho é de um crescimento de 2,1% na comparação com o mesmo período do ano passado e de 0,5% em relação ao primeiro trimestre, em termos dessazonalizados", informou.
Para Santos, do BES, embora o Banco Central não tenha acertado em suas projeções nos últimos trimestres, o indicador "caminha na mesma direção do PIB". Ele ressalta que "já houve casos em que o BC superestimou e, em outros, que subestimou. Cabe aos analistas fazer as suas próprias avaliações".
Camargo, da Opus, diz acreditar que o desencontro entre as previsões da autoridade financeira e os dados do PIB efetivamente divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) não é uma questão de má fé por parte do BC. Se assim fosse, disse ele, a consequência seria a perda de credibilidade por parte do mercado. "O porquê de ocorrer esse desencontro não sei explicar. Mas tenho certeza de que o Banco Central está avaliando isso", afirma o economista.
O Bradesco, em relatório, informa que as suas previsões para o PIB no segundo trimestre estão em linha com as projeções do IBC-Br. A expectativa, informa o banco, é de de aceleração na margem da economia brasileira no segundo trimestre. "Esperamos alta de 0,9% no período, após expansão de 0,6% registrada nos primeiros três meses deste ano". O Bradesco ressalta ainda um dado negativo do IBC-Br divulgado ontem. O Banco Central reviu para baixo o indicador de maio na margem, de -1,4% para -1,5%.
Fonte: Brasil Econômico
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