Economista, Especialista em Economia e Meio Ambiente pela Universidade Federal do Paraná e Graduando em Estatística, também, pela Universidade Federal do Paraná.

segunda-feira, 6 de maio de 2013

Invasão em progresso


Cinco bancos chineses chegam ao país para dar suporte aos pesados investimentos da indústria, que já aportou US$ 50 bilhões no Brasil, e também para atender aos executivos que migramcomsuas empresas.

Eles chegam silenciosos como os soldados de terracota. Aplicam alguns milhões aqui, gastam outros bilhões ali e quando alguém faz as contas já são US$ 50 bilhões em investimentos diretos. Carros, eletrônicos, aço, energia elétrica, petróleo, gás, minérios.

Eles seguem avançando. Nem tão em silêncio. Quando alguém se apercebe, um prédio inteirona rua Presidente Vargas, no Rio de Janeiro, começa a falar mandarim. 

Em São Paulo, um telefone toca na Rua Frei Caneca e do outro lado da linha um
expatriado consegue usar sua línguamaterna para abrir uma conta bancária. A migração se completa. Os chineses também estão trazendo seus bancos ao Brasil.

Comativos que superamo PIB brasileiro, os dois dos maiores bancos comerciais da  China, que são os maiores do mundo, possuem licença emitida pelo Banco Central Brasileiro para operarem como banco múltiplo, com as carteiras comercial e de investimento e operações de câmbio. 

O Banco da China (BOC) já está em funcionamento e figura na nonagésima posição do ranking que lista mais de 200 bancos que atuam no país. Multiplicou por cinco sua carteira de crédito em 2012 e investiu em uma agência bancária para atender o varejo.

O outro gigante, Banco Industrial e Comercial da China (ICBC),deve começar a operar em junho desse ano, segundo informações do BC.

No Rio, acaba de ser inaugurado o escritório de representação do Banco de Desenvolvimento da China (BDC), o poderoso banco de fomento do governo chinês, com ativos dequase US$ 1 trilhão e disponibilidade para financiar projetos de infraestrutura no Brasil. 

Além disso, pelo menos outras duas instituições já estão sondando o mercado brasileiro: o Banco da Construção e o Banco da Comunicação, segundo o presidente da Câmara de Comércio e Indústria Brasil China, Charles Tang, que assessora as instituições financeiras que buscam oportunidades de aquisições no país.

A própria área técnica do Banco Central confirma que mais chineses estão fazendo
consultas informais.

O desembarque das instituições financeiras chinesas tem como principal estratégia apoiar a ampliação da relação comercial entre os dois países e os investimentos de empresas chinesas. O comércio entre Brasil e China dobrou em cinco anos, chegando a US$75,4 bilhões. O plano para 2021 é ultrapassar os US$ 300 bilhões.

Na estratégiade competição, os bancos disputarão esse mercado com outras instituições estrangeiras já instaladas no Brasil e que focam os negócios entre brasileiros e chineses, como é o caso do HSBC, que atende cerca de 10%das operações comerciais entre os dois países.

O professor de Finanças da Escola de Economia de São Paulo da Fundação Getúlio Vargas (EESP-FGV), Hsia Hua Sheng, diz que a entrada dos bancos chineses temjustamente
o objetivo de viabilizar maior cooperação. 

"A relação dos países começou como comércio, em seguida vieram as indústrias e esses investimentos demandam muitos serviços financeiros", observou Sheng.

O economista Paulo Yokota, parceiro de Delfim Neto na Consultoria Ideias e que mantémo site "Ásia Comentada", diz que os bancos chineses vão tentar fazer o que o Brasil fez a décadas atrás, dando uma boa retaguarda para seus fornecimentos de equipamentos e serviços, como os voltados para a infraestrutura e construção pesada.

Estreia no varejo

Mas eles estão indo aléme a chegada dessas instituições permite um fato inédito na história do país: um cliente brasileiro já pode abriruma conta e ter cartão de crédito
de um banco 100% chinês. Isso é possível no Banco da China, que abriu agência comercial em São Paulo, oferecendo serviços bancários para clientes pessoa física e
pessoa jurídica.

Apesar de a estratégia ser a de atrair clientes entre o grupo de "funcionários e diretores das empresas chinesas que buscam produtos bancários que possam facilitar o gerenciamento diário de suas finanças pessoais", a atendente da agência explica que qualquer outra pessoa pode também abrir sua conta.

Vender a moeda chinesa, o RMB (renmimbi, o antigo yuan), para os comerciantes que vão à China embusca de produtos baratos também é um negócio potencial. No mercado
corporativo, o banco atende ainda empresas brasileiras como Vale, Petrobras, Braskeme CSN, em operações de comércio exterior.

De acordo como balanço financeiro do banco referente ao exercício de 2012, o ativo total da instituição é de R$ 505,9 milhões, com depósitos totais de R$ 190 milhões e
patrimônio líquido de R$ 130,6 milhões.

O volume de crédito concedido passou de R$ 31,31 milhões em 2011 para R$ 173 milhões no ano passado. O banco teve faturamento de R$ 25 milhões, mas fechou o ano com prejuízo, de R$ 7,4 milhões, em função dos investimentos para a operação, como explicam as notas explicativas de seu balanço trimestral encerrado em dezembro.

O enfraquecimento da economia mundial, entretanto, fez com que o banco adotasse uma postura não tão agressiva ao fazer a análise, avaliação e aprovação de limites de crédito para empresas tomadoras de recursos.

"O Banco da China tem expandido empréstimos via Cédulas de Crédito Bancário, alémde emitir volumes crescentes de garantias para empresas chinesas no Brasil com lastro em contra garantias emitidas no exterior pela matriz dessas corporações, o que reduz, consequentemente, os riscos de crédito", diz o relatório.

Fonte: Brasil Econômico

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