A maior dependência da venda de commodities principalmente para a China ajuda a explicar os recentes ventos desfavoráveis para as exportações brasileiras.
A demanda voraz do país asiático por produtos como soja e aço contribuiu de forma significativa para os bons anos da economia brasileira a partir de meados da última década.
No meio do caminho, a China desbancou os EUA e se tornou o principal parceiro comercial do Brasil.
Depois de décadas de crescimento econômico na casa de dois dígitos, a China, no entanto, pisou no freio.
A crise financeira global evidenciou a necessidade de uma mudança no padrão de crescimento do gigante asiático, hoje a segunda maior economia do mundo.
A forte expansão de investimentos ajudou a manter o alto ritmo de crescimento chinês, mas também levou à formação de bolhas em setores como construção.
Analistas martelaram repetidamente nos últimos anos sobre os riscos de uma desaceleração brusca da atividade econômica do país, em possível cenário de estouro de uma das bolhas.
O governo chinês se mostrou alerta ao perigo e vem tomando medidas para reduzir o ritmo de investimentos e estimular o aumento do consumo das famílias.
A mudança parece estar caminhando, mas a economia do país vem se desacelerando um pouco mais do que o previsto.
Projeções de crescimento próximo a 8,5% em 2013 têm cedido lugar a expectativas entre 7,5% e 8%.
Isso explica em boa medida a queda nos preços das commodities exportadas pelo Brasil recentemente.
Economistas acreditam que o risco de uma desaceleração mais brusca na China não é grande.
A principal aposta é que o país entrará em uma rota de crescimento sustentável em patamar menor.
Além disso, as economias dos EUA e do Japão ensaiam uma retomada.
Esses fatores podem contribuir para uma recuperação dos preços das commodities que dominam a pauta de exportações do Brasil.
Mas não necessariamente darão um grande impulso ao comércio exterior e, por tabela, à atividade econômica brasileira.
Ainda que os preços subam, o aumento deverá ser modesto se comparado ao boom da década passada.
A possibilidade de que a economia norte-americana retome o papel de principal motor do crescimento global nos próximos anos será bem-vinda por todos.
Mas a parcela das exportações brasileiras para os EUA caiu nos últimos anos, embora o país ainda seja um dos principais parceiros comerciais do Brasil.
Outro fator que influenciará os rumos do comércio exterior brasileiro é a Argentina, que passa por crise econômica e é destino de fatia expressiva das exportações de manufaturas do país.
Mesmo em cenário de preços mais favoráveis e recuperação da demanda, a perda de competitividade da indústria brasileira, que padece com a falta de inovação, pode afetar a capacidade do país de ganhar mercado no comércio internacional.
Fonte: Folha de S. Paulo
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