No entanto, o diretor do MBA da FAAP diz que os americanos continuarão poderosos em pesquisa, organização e armamento, mas "a economia da China irá ultrapassá-los na metade da próxima década".
A época de ouro vivida pelos Estados Unidos antes do início da crise econômica em 2008, não deverá mais voltar, de acordo com Tharcisio Souza Santos, diretor do MBA executivo da FAAP, especialista em economia internacional. A afirmação do diretor é pautada pela comparação com a economia britânica nos anos 20, após o Tratado de Versalhes, acordo de paz na Europa, que colocou fim oficialmente à primeira Guerra Mundial.
"O ano de 2008 nos Estados Unidos é o 1919 dos ingleses. Devagar, depois do tratado, o império financeiro do mundo, em Londres, foi passando para Nova York. O mesmo irá acontecer com os Estados Unidos, que deixará de ser a potência econômica para a China e nunca mais voltarão a ser como antes", explica o professor.
No entanto, ele destaca que os americanos continuarão a ser poderosos em pesquisa, organização e armamento, mas "a economia da China irá ultrapassá-los na metade da próxima década", pontua. A declaração veio após uma análise sobre o desempenho da economia dos Estados Unidos no primeiro trimestre.
A primeira estimativa do Produto Interno Bruto da maior economia do mundo teve expansão de 2,5%, contra crescimento de 0,4% no quarto trimestre de 2012, impulsionada pelo aumento de 3,2% no consumo das famílias (contra 1,8% no trimestre anterior), pela alta de 2,9% nas exportações (ante -2,8% no último trimestre de 2012) e pelo expressivo crescimento dos investimentos do setor privado (12,3%, contra 1,3% no trimestre imediatamente anterior).
No entanto, o valor ainda ficou abaixo das expectativas, que previam crescimento de 3,2%. A melhora foi limitada por causa dos gastos do governo com consumo e investimento, que caíram 4,1% (vindo de uma queda de 7% no quarto trimestre de 2012) por conta da forte contração dos gastos com a defesa, cuja queda foi de 11,5%.
"Esse resultado reflete o ajuste fiscal iniciado pelo governo norte-americano no ano fiscal de 2013, que prevê um corte de US$ 85 bilhões no orçamento, sendo metade desse total deduzido exatamente do orçamento destinado ao Departamento de Defesa", aponta o analista da Concórdia, Flávio Combat, em relatório.
Na opinião do professor, a presença militar americana nos outros países será cada vez menor, por conta da redução dos investimentos e também porque "o americano já está cansado deste cenário". Desta maneira, os gastos do governo já não serão mais uma das molas propulsoras do crescimento do país, mas sim os investimentos do setor privado. "Os americanos continuarão liderando as pesquisas de inovações, educação e saúde, mas manterão seu ritmo de crescimento entre 2,5% e 3%", diz Santos, que projeta expansão para este ano entre 1,5% e 2%.
No que se refere à questão fiscal, Barack Obama, presidente dos Estados Unidos, apresentou ao Congresso um plano de gastos de US$ 3,8 trilhões para o próximo ano, que já contempla uma série de medidas para conter o aumento de gastos com saúde e seguridade social.
No entanto, para conseguir esses cortes, a Casa Branca prevê aumento da tributação sobre as famílias mais ricas e sobre as empresas, propostas incisivamente combatidas pelos republicanos.
"O aumento de impostos sobre os mais ricos e empresas é parte fundamental do ajuste fiscal planejado pelos democratas, que enxergam as iniquidades tributárias entre as classes mais ricas e as mais pobres como um dos principais problemas a serem enfrentados durante a reforma fiscal", completa Flávio Combat.
Segundo estimativas da Casa Branca, a elevação dos impostos permitiria o aumento da arrecadação em US$ 1 trilhão na próxima década. Os republicanos insistem na manutenção dos benefícios fiscais e enfatizam a necessidade de cortes de até US$ 4,6 trilhões para os próximos dez anos, com severos ajustes nos programas sociais financiados pelo Estado.
O resultado mais imediato desse embate é o travamento da pauta de projetos que tramitam no Congresso, dificultando a aprovação de novos estímulos para sustentar a atividade nos Estados Unidos. "Essa questão é totalmente política, o que é super normal, mas no fim os republicanos sabem que os democratas são mais fortes, uma vez que têm apoio da população", enfatiza o diretor da FAAP.
Fonte: Brasil Econômico
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