Economista, Especialista em Economia e Meio Ambiente pela Universidade Federal do Paraná e Graduando em Estatística, também, pela Universidade Federal do Paraná.

segunda-feira, 13 de maio de 2013

Fed se prepara para reverter curso da política de estímulo


As autoridades do Federal Reserve, o banco central americano, elaboraram uma estratégia para reduzir gradualmente um programa sem precedentes de compra de títulos de dívida para estimular a economia — num esforço de preservar a flexibilidade e administrar as altamente imprevisíveis expectativas do mercado.

Os dirigentes do Fed dizem que planejam cortar o volume de compra de títulos, hoje em US$ 85 bilhões por mês, em etapas cuidadosas e possivelmente intermitentes, variando essas compras conforme a evolução da inflação e do mercado de trabalho. A hora de iniciar esse processo ainda está em discussão.

A estratégia do Fed de quanto e quando reduzir o programa é de grande interesse para o mercado financeiro. Embora o plano em discussão dê ao Fed bastante flexibilidade, ele pode não ser a trajetória clara e estável que os mercados esperam, com base em experiências passadas.

As autoridades estão se concentrando em esclarecer a estratégia para prevenir reações exageradas do mercado quanto às próximas ações do banco. Por exemplo, elas querem evitar a expectativa de que o recuo seja um processo contínuo e uniforme como em 2003 e 2006, quando o Fed aumentou as taxas de juros de curto prazo numa série de incrementos de 0,25 ponto percentual durante 17 reuniões de política monetária seguidas.

Richard Fisher, presidente da regional do Fed em Dallas, Texas, disse em entrevista ao The Wall Street Journal na sexta-feira que o banco não quer fazer uma mudança de curso muito radical. "Creio que temos que reduzir a marcha." Fisher é parte de um grupo de conservadores do Fed que se preocupa com as políticas de afrouxamento monetário da instituição.
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As bolsas e os mercados de renda fixa decolaram desde que o Fed anunciou, em setembro, que começaria a ampliar o programa de compra de títulos de dívida. Os principais índices fecharam com outro recorde de alta na sexta-feira. Um fim abrupto e surpreendente poderia reverter esta tendência, mas um fim prolongado talvez provoque um superaquecimento dos mercados. Algumas autoridades, por sua vez, acreditam que outros programas foram encerrados cedo demais e não querem repetir o erro.

A estratégia do Fed para reduzir o programa surgiu como uma fonte de incertezas nos mercados, na esteira da reunião de política monetária do início do mês. O Fed afirmou, num comunicado após a reunião, que estava "preparado para aumentar ou diminuir o ritmo das compras" de acordo com o comportamento da economia.

A sugestão de que o Fed poderia aumentar as compras de títulos de dívida marcou uma mudança de direção nos comunicados que foi interpretada por alguns como um reconhecimento de que a economia precisava de mais ajuda. Os dados do mercado de trabalho de abril foram desanimadores e a inflação caiu abaixo da meta do Fed de 2% ao ano, ambos indicadores que justificariam mais estímulo.

Mas muitas autoridades acreditam que a recuperação está no caminho certo e não estão preocupadas com a desaceleração da inflação. Essas últimas declarações parecem, na verdade, mais destinadas a sinalizar uma flexibilidade maior do Fed na condução dos programas.

Charles Plosser, presidente da regional do Fed de Filadélfia, disse ao WSJ na sexta-feira que a mudança no comunicado visou "lembrar todo mundo" que o Fed tem "uma balança que pode pender tanto para um lado quanto para o outro".

A balança também pode ficar equilibrada. Os dirigentes do Fed poderiam diminuir o volume das compras de títulos até certo ponto e esperar um pouco enquanto avaliam o resultado, ou poderiam tomar várias ações seguidas se acharem melhor. Eles poderiam ainda aumentar as compras caso percam a confiança no cenário econômico. Uma das metas da estratégia é garantir flexibilidade numa economia incerta.

Ainda assim, embora as autoridades aparentem estar cada vez mais determinadas a recuar no programa, elas ainda não decidiram quando começar.

Fisher disse que, na última reunião, ele foi a favor de começar imediatamente. Algumas autoridades talvez vislumbrem um início nos próximos meses, se os dados indicarem fortemente que a economia está resistindo aos aumentos de impostos e cortes de gastos do governo americano, que parecem emperrar o crescimento. Mas o Fed poderia esperar mais tempo, principalmente se a economia decepcionar, como ocorreu nos últimos anos durante os meses da primavera e verão no hemisfério norte.

Uma pesquisa do WSJ com economistas do setor privado mostrou que 55% esperam que o Fed comece a reduzir o programa de compras no terceiro ou quarto trimestre deste ano, enquanto 45% preveem que o banco vai aguardar até 2014 ou até mais. Nenhum deles acredita que o próximo passo do Fed será elevar as compras.

Os programas de compra de títulos de dívida têm o objetivo de baixar as taxas de juro de longo prazo e impulsionar os mercados financeiros ao incentivar mais crédito, gastos e contratações na economia como um todo. Desde setembro, a carteira de títulos do Fed subiu de US$ 2,58 trilhões para US$ 3,04 trilhões.

Sinais mais claros sobre os planos do Fed podem surgir nesta semana. Os presidentes das cinco regionais do banco, inclusive Fisher, Plosser e a diretora Sarah Bloom Raskin, têm discursos agendados. O presidente do Fed, Ben Bernanke, vai discutir as perspectivas da economia no longo prazo num discurso de formatura na Universidade Simon's Rock, em Massachusetts, no próximo sábado.

Os dirigentes do banco central americano querem ver melhoras substanciais no mercado de trabalho antes que os programas sejam completamente eliminados. E mesmo então o BC poderá levar meses ou anos para tomar iniciativas para aumentar as taxas de juros de curto prazo.

A taxa de desemprego caiu de 8,1% em agosto para 7,5% em abril, tanto devido a contratações quanto a pessoas que deixaram a força de trabalho. O número de empregos aumentou em média 193.000 por mês nos oito meses depois que o programa foi lançado, comparado com uma média mensal de 157.000 vagas antes. "Não dá para dizer que não houve uma melhora no mercado de trabalho", disse Plosser.

Fonte: The Wall Street Journal


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