Economista, Especialista em Economia e Meio Ambiente pela Universidade Federal do Paraná e Graduando em Estatística, também, pela Universidade Federal do Paraná.

sexta-feira, 17 de maio de 2013

Tombini dá indícios de que juros subirão novamente


Discurso do presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, sinaliza alta dos juros básicos da economia para conter escalada da inflação e mercado financeiro já conta com novo aumento da taxa Selic.

O Banco Central fez uma contra-ofensiva ontem às previsões pessimistas de descontrole da inflação e retração da economia e deu claros sinais, no entendimento do mercado financeiro, de que os juros básicos da economia devem subir na próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), que acontece no dia 29 de maio. 

Ao abrir o XV Seminário Anual de Metas para a inflação, na cidade do Rio de Janeiro, o presidente da instituição, Alexandre Tombini, deixou claro que o BC está comprometido com o regime de metas e que fará o que for necessário, "com a devida tempestividade", para colocar a inflação em declínio, pressionada nos últimos meses por choques de ofertas no segmento de alimentos.

Disposto a resgatar a confiança de empresários e consumidores na economia brasileira, Tombini ressaltou que o BC está preocupado com o nível da inflação e a dispersão dos aumentos de preços desde janeiro. 

Em seu discurso, uma das frases que mais soaram como um alerta ao mercado de que em um futuro próximo poderia ocorrer uma resposta da politica monetária, ou seja, uma elevação da taxa básica de juros foi a seguinte: "Ações também foram tomadas e a mais relevante foi o início de um ciclo de ajustes na taxa básica de juros da Selic", afirmou Tombini. 

Imediatamente a curva de juros futuros negociadas na Bolsa de Mercadorias e Futuros (BM&F) subiu e o mercado incorporou uma alta aos preços.

Para alguns economistas, Tombini reforçou com seu discurso o que outro diretor do BC, Carlos Hamilton Vasconcelos Araújo, havia dito em seminário realizado em São Paulo logo depois da última reunião do Comitê que tomou a decisão de retomar a alta de juros. 

Na oportunidade, Araújo foi enfático ao dizer que a inflação precisava ser controlada com os juros. Chegou a ser mais enfático do que a própria ata do Copom divulgada dias depois. 

Na platéia do seminário realizada ontem no Rio, o economista José Julio Senna, chefe do recém-criado Centro de Estudos Monetários da FGV/IBRE, resumiu sua impressão de que o Banco Central irá recorrer aos juros para manter o controle da inflação. 

"Em todos os ciclos de alta da taxa de juros do regime de metas da inflação, o BC sinalizou quando estava dando um princípio de alta e hoje o que ouvi foi uma sinalização clara de que realmente estamos num ciclo de alta. Então não há dúvida de que haverá um ajuste da Selic na próxima reunião do Copom", afirmou Senna.

Em sintonia com o ministro da Fazenda, Guido Mantega, que em Brasília comemorou o crescimento do Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-br) divulgado ontem com alta de 0,72% em abril e taxa positiva acumulada de 1,05% este ano, Tombini também ressaltou o entendimento que a economia brasileira retomou o crescimento.

"Os investimentos voltaram a crescer no quarto trimestre de 2012, e essa retomada se intensifica no primeiro trimestre. A recuperação do investimento se reflete, por exemplo, no crescimento da produção da importação de bens de capital. Na mesma direção também aponta a evolução da rubrica "aluguel de máquinas e equipamentos" do balanço de pagamentos", declarou Tombini.

O presidente do BC previu ainda que além da atual recuperação cíclica da formação de capital bruta, criam-se perspectivas de que nos próximos anos ocorra uma ampliação da taxa de investimento da economia. "Como parte relevante desse processo, destacaria o programa de concessão de serviços públicos em andamento".

Para o presidente do BC, no primeiro trimestre deste do ano a economia cresceu em ritmo mais intenso do que no último trimestre de 2012 e projeções indicam crescimento em 2013 ao redor de 3%. 

"Em relação à oferta, a produção do setor industrial se expandiu nos últimos meses: cresceu ao ritmo anualizado de 3,3% ao ano no primeiro trimestre e o crescimento tem paulatinamente se disseminado entre os diversos segmentos que compõem o setor", informou Tombini.

O executivo adiantou que as informações disponíveis para o segundo trimestre vão na mesma direção. "O mês de abril registrou recorde histórico de produção de automóveis e caminhões, com expansão de 6,8% em relação a março e de mais de 30% em relação a abril de 2012", disse. 

O economista-chefe da Gradual Investimentos, André Perfeito, no entanto, sugeriu cautela na comemoração dos índices de crescimento como IBC-br, que pressionam ainda mais o BC. 

"Estou mais preocupado com a atividade do que com a inflação. O IBC-br aponta a direção mas não necessariamente reflete a intensidade do próprio PIB. O mercado está muito histérico com a inflação mas acho que o cenário externo está cada vez pior e na minha opinião não há muito espaço para alta da Selic internamente", previu o economista da Gradual.

Fonte: Brasil Econômico

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