O Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom) elevou a taxa de juros básicos do país para 8% ao ano - uma alta de 0,5 ponto, em um dia de incertezas a respeito da economia do Brasil.
A decisão - que, segundo o Copom, "contribuirá para colocar a inflação em declínio" - resultou em um aumento superior ao esperado por analistas, já que o crescimento do país foi menor do que o antecipado. Muitos apostavam que a taxa de juros (Selic) subiria apenas 0,25.
Mais cedo, o IBGE divulgou que o PIB (Produto Interno Bruto, soma de tudo o que é produzido pela economia brasileira) subiu apenas 0,6% no primeiro trimestre de 2013, em relação aos três meses anteriores. As expectativas do mercado e do governo era de que a economia cresceria mais, em torno de 1%.
Altas na taxa de juros costumam frear a inflação e a economia como um todo, por encarecer os custos dos empréstimos.
"Um aumento de 0,5 ponto nos juros pode frear a retomada da economia brasileira, que ainda é incipiente", diz à BBC Brasil Pedro Rossi, professor de economia da Unicamp. "Além disso, a subida dos juros prejudica a indústria, que não está reagindo aos estímulos do governo."
Mas, para Marcio Salvato, professor de economia do IBMEC-MG, o Banco Central precisava agir contra a "inflação persistente".
"Apesar de o consumo ter cedido neste primeiro trimestre, a inflação futura ainda persiste", diz ele.
A respeito do baixo crescimento do país, Salvato cita um ponto positivo: "Houve uma recuperação dos investimentos. Isso é bom porque a ampliação da capacidade produtiva, com a compra de novas máquinas, por exemplo, satisfaz o apetite do consumo, gerando menos inflação".
'Patinando'
Mas a reação do mercado ao PIB não foi positiva. Na tarde desta quarta-feira, o Índice Bovespa fechou em queda de 2,5%, e o dólar subiu ao maior patamar em seis meses, cotado a R$ 2,106.
"A economia ainda está patinando e o consumo já mostra sinais de desaquecimento pelo alto endividamento das famílias", diz à BBC Brasil Rogério Sobreira, professor de economia e finanças da FGV-EBAPE.
"O resultado do PIB no 1º trimestre sugere uma leve recuperação da economia, mas ainda não podemos dizer que a retomada será concreta. A alta da taxa de investimentos (+4,6% em relação aos três últimos meses de 2012) é um indicador positivo, mas está longe de consolidar uma retomada da economia. O Brasil ainda investe menos de 20% do seu PIB, patamar necessário para permitir o crescimento sustentável", agrega o professor.
Os economistas consultados pela BBC Brasil divergem quanto a se a economia terá fôlego para crescer 3% no ano, evidenciando incertezas quanto à performance do Brasil e o panorama mundial.
"O resultado do PIB confirma o sinal de recuperação da atividade econômica, porém mais de forma mais lenta", diz Rossi, da Unicamp.
Fonte: BBC Brasil
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