Investidores ficarão atentos às novas indicações da autoridade sobre os próximos passos da política monetária - vendas no varejo, IBC-Br e IGP-10 podem contribuir para as apostas sobre a atuação futura do BC.
Nesta, o grande destaque da agenda doméstica para os investidores será a ata do Comitê de Política Monetária (Copom), ainda que o documento não traga nenhum impacto claro e direto ao desempenho do Ibovespa.
"Quando falamos de aumento dos juros em um momento de recuperação da atividade, alguns segmentos mais dependentes do consumo podem ser afetados negativamente", pondera Maurício Nakahodo, consultor de pesquisas econômicas do Banco de Tokyo-Mitsubishi.
Ainda assim, o especialista não acredita que o colegiado irá explicitar na ata sua estratégia de curto prazo, até porque no 'statement' desta quarta (6/3), já disse que "irá acompanhar a evolução do cenário macroeconômico" para então tomar a decisão no próximo encontro.
Mesmo no caso dos segmentos que têm uma relação maior com mudanças na taxa básica de juros, como é o caso do bancário, é difícil fazer previsões sobre qual será o real impacto de um aperto monetário, nota Nakahodo.
Isso porque, ao mesmo tempo em que as instituições se beneficiam dos juros mais altos em suas operações, esse aperto tem, dentre seus reflexos, o de retrair a procura por crédito.
"Não sei qual dos dois lados seria preponderante", fala Nakahodo.
Os dados das vendas no varejo de janeiro, que também serão conhecidos na semana que vem, podem contribuir para as apostas sobre quando será a elevação da Selic - após o 'statement', ganharam força as apostas por uma alta, senão em abril, em um dos próximos encontros do colegiado.
O que trabalha contra o aperto é justamente o ritmo de retomada no nível da atividade - após retrair 0,5% em dezembro, as casas preveem uma melhora do varejo no primeiro mês de 2013, no entanto, suficiente apenas para corresponder a uma estagnação das vendas.
"Os economistas estão muito divididos em relação ao 'timing' da elevação dos juros", nota o consultor do banco japonês.
O cenário-base do Banco de Tokyo-Mitsubishi, hoje, prevê uma alta de 1,25 ponto percentual no juro, a ser iniciada em outubro com uma de 0,50 ponto. Nakahodo ressalta, porém, que a ata poderá levar a alguma alteração nesse cenário previsto.
Ainda entre os indicadores no âmbito doméstico, valem destaque o IGP-10 - a projeção da Concórdia indica aceleração para 0,40% em março, ante 0,29% em fevereiro, ou seja, com potencial para jogar mais pressão em cima do Banco Central (BC) por uma alta dos juros - e o IBC-Br, que deve passar de 0,26% em dezembro para 0,70% em janeiro, e, consequentemente, trabalhar no mesmo sentido do índice de preços.
Além dos indicadores, aqui seguirá a temporada de balanços corporativos, com a predominância de empresas do setor da construção civil - Gafisa, Direcional, Brookfield, Eternit, EzTec e Helbor.
Também divulgarão seu desempenho JBS, International Meal Company (IMC), Suzano Papel e Celulose, Amil e CPFL Energia.
No ambiente internacional, a agenda de indicadores estará concentrada nos Estados Unidos. Os bons números reportados nesta semana levaram seus índices acionários de Wall Street a renovarem as máximas históricas.
Para as vendas no varejo americano, o consenso aponta alta de 0,50% em fevereiro, frente aos 0,10% de janeiro, enquanto para a produção industrial, as estimativas apontam avanço de 0,40%, após a queda de 0,10%, na mesma base de comparação.
Para a confiança do consumidor da Universidade de Michigan, as projeções também indicam melhora, de 77,6 em fevereiro para 77,8 em março.
Análise gráfica
A boa performance registrada nos últimos dias pelas ações da Petrobras, e das empresas do grupo EBX, levaram o Ibovespa a romper a resistência nos 57,8 mil pontos - o índice encerrou nesta sexta-feira (8/3) aos 58.432 pontos, com uma queda de 0,70%, mas com alta de 2,72% acumulada na semana.
Para os pregões seguintes, diz Leandro Klem, grafista da Trader Brasil, os investidores precisam ficar atentos para saber se o Ibovespa vai romper a próxima resistência, nos 59 mil pontos, ou se volta a cair, até o suporte, agora nos 57,8 mil pontos.
A alta expressiva desta semana pode levar a correções adicionais nas próximas sessões, nota Klem.
"O papel só não pode tocar o suporte em 57,8 mil. Se isso acontecer, o movimento vendedor prevalecerá e o investidor deve ficar preocupado, pois o Ibovespa entrará em tendência de baixa", atenta o grafista.
Fonte: Brasil Econômico
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