Economista, Especialista em Economia e Meio Ambiente pela Universidade Federal do Paraná e Graduando em Estatística, também, pela Universidade Federal do Paraná.

quinta-feira, 14 de março de 2013

Ata traz dúvidas sobre o rumo da política monetária


Apostas dos analistas ficam cada vez mais dissonantes - variam de uma alta inicial de 0,25 ou 0,50 ponto, em abril, maio, ou apenas no segundo semestre, além de estabilidade da Selic.

Conforme o trecho da ata do Copom que cada casa se atenta com mais atenção, uma leitura emerge sobre o rumo da política monetária que poderá vir a ser adotado pelo Banco Central (BC).

O movimento da curva de juros futuros da BM&FBovespa indica que, a interpretação que prevaleceu entre os operadores, foi a de que uma alta eminente da taxa Selic, que ganhava força conforme saíam os mais recentes índices de inflação, não é mais visto com tanta segurança.

Mais negociado, com giro de R$ 75,952 bilhões, o contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) com vencimento em janeiro de 2014 teve uma expressiva queda, de 7,94% para 7,84%. O para julho próximo por sua vez, caiu de 7,26% para 7,17%, com volume de R$ 72,078 bilhões.

Entre os economistas, a avaliação que mais se aproxima desse fechamento da curva é o de Darwin Dib, da CM Capital Markets, que entende que a Selic seguirá estável nos próximos meses, ainda mais após a manutenção na ata do trecho abaixo.

"(...) O Copom pondera que o ritmo de recuperação da atividade econômica doméstica - menos intenso do que se antecipava - se deve essencialmente a limitações no campo da oferta. Dada sua natureza, portanto, esses impedimentos não podem ser endereçados por ações de política monetária, que são, por excelência, instrumento de controle da demanda. (...)".

"Não caiam na conversa - que certamente virá - de que essa ata não reflete os últimos desdobramentos do mood [humor]  do BCB. Até as formigas sabem, a ata de qualquer comitê de política monetária é escrita na véspera de sua divulgação", diz Dib, em seu boletim.

"A manutenção do trecho acima é um sinal relevante", emenda o especialista.

Leitura completamente diferente tem os economistas do Barclays, Marcelo Salomon e Guilherme Loureiro.

Ao dizer que taxas de inflação elevadas deprimem os investimentos, e, consequentemente, o crescimento da economia doméstica, os economistas do banco inglês enxergam na ata a sinalização de que a autoridade fará sim uso da Selic para controlar a alta dos preços.

A discussão que deve se seguir agora, segundo Salomon e Loureiro, é se os juros serão elevados em abril ou maio, e se o primeiro aumento será de 0,25 ponto ou 0,50 ponto percentual.

"Mantemos nossa previsão de uma alta de 0,50 ponto em abril", pontuam os economistas do Barclays.

A leitura do Itaú Unibanco é mais próxima a do Barclays que a do CM Capital, mas a aposta deles é por uma primeira elevação de 0,25 ponto, em maio.

"O Comitê pondera que incertezas remanescentes - de origem externa e interna - cercam o cenário prospectivo e recomendam que a política monetária deva ser administrada com cautela".

Esse trecho foi citado pelo Itaú para justificar sua expectativa por um aperto, porém não imediato.

"Nossa leitura é que a referência a tais incertezas, apesar do nível corrente de inflação, sugere que a autoridade monetária não esteja na iminência do início de um ajuste na Selic", afirma a equipe da Votorantim Corretora, em linha com o esperado pelo Itaú.

No entanto, para o Votorantim, o início do ciclo de aperto acontece apenas a partir do segundo semestre, e deve levar a Selic a 8,50% até o fim do ano, o que embute um aumento de 1,25 ponto percentual.

Fonte: Brasil Econômico

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