O maior problema é a inflação estourar, principalmente na China. No entanto, a guerra cambial pesará sobre os países emergentes, como já tem acontecido no Brasil e no Chile.
O excesso de liquidez na economia europeia, americana e chinesa levará os investidores a uma onda de pessimismo ainda não precificada. A intenção, com todo esse dinheiro, é aumentar o consumo, estimular a produção para movimentar a economia. Neste sentido, especialistas alertam que, em longo prazo, o mundo pode não suportar.
O maior problema é a inflação estourar, principalmente na China. Já a guerra cambial pesará sobre os países emergentes, como já tem acontecido no Brasil e no Chile, com as indústrias locais sofrendo com a enxurrada de produtos importados com custos bem mais baixos.
Em relação à China, o professor de economia da PUC, Antonio Carlos Santos, aponta para o dilema que o gigante asiático está vivendo. "Quando há pressão inflacionária, o governo faz política para controlar e isso gera um desaquecimento na economia. Não está havendo um equilíbrio", explica.
Uma das principais medidas para controlar a inflação é frear a expansão do crédito e, consequentemente, o crescimento habitacional, que estava sob risco de bolha imobiliária. "No entanto, se comparar com o ano passado, a situação está controlada, porém, com a economia desaquecida", pondera Santos.
Já na opinião de Silvio Campos Neto, economista da Tendência Consultoria, o risco de inflação na China é pequeno. "A tendência é que a China tenha um ritmo mais baixo, mas a forma como o governo está conduzindo o processo está correto. A expectativa de crescimento para este ano é de 7,5%, leve abaixo da expansão de 2012. A inflação ainda não mostra preocupação, mas merece acompanhamento", mostra o economista.
Atualmente, a inflação vista na China está pressionando principalmente os preços dos alimentos. A projeção é que feche este ano com alta de 3,5%.
Estados Unidos
Por outro lado, nos Estados Unidos, a questão está amenizada, uma vez que a única saída para a crise por lá é a injeção de liquidez. "Nos Estados Unidos a questão é mais flexível, já que há pouco tempo eles estavam correndo o risco de ter deflação", diz Santos.
A inflação americana ainda está sob controle, abaixo de 2%. Para Campos Neto, o cenário econômico em recuperação gradual não cria percepção de risco. Desta maneira, ele acredita na continuidade de estímulos na economia. "Já houve rumores de redução da liquidez e afirmação de Ben Bernanke [presidente do Federal Reserve, o banco central americano] de que o programa irá continuar. Para mim, até o final do ano nada deverá ser alterado", estima o economista.
Europa
Já a liquidez na Europa não possui a mesma magnitude que a dos Estados Unidos. Para o professor, o único país com excesso é a Inglaterra, que está na mesma situação dos Estados Unidos, ou seja, "a única saída para reativar a economia. Estamos vivendo em um momento de anormalidade", destaca Santos.
Com o desemprego elevado e cenário de recessão, os estímulos precisam continuar. O economista aponta que o risco inflacionário na Zona do Euro ainda está muito contido e que apenas se ocorrer um choque de oferta com preços agrícolas, como a questão climática, poderá influenciar no curto prazo.
Já no futuro, caso a inflação fique desenfreada, os bancos centrais terão que agir de forma correta para controlar e evitar uma nova recessão. "Esse será o desafio daqui alguns anos", completa Campos Neto.
Fonte: Brasil Econõmico
Nenhum comentário:
Postar um comentário