Embora o ministro Mantega tenha reafirmado nesta quinta que a inflação está sob controle, os dados que serão divulgados amanhã pelo IBGE vão na direção contrária.
O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo - 15 (IPCA-15) de março, que será conhecido na sexta-feira (22/3), deve desacelerar para 0,63%, segundo a projeção do Espírito Santo Investment Bank, ante os 0,68% de fevereiro.
O arrefecimento, entretanto, não será suficiente para impedir que, em 12 meses, o índice que funciona como uma prévia da inflação oficial do país rode acima do teto da meta do governo em 6,5% - caso a estimativa do banco se confirme, o IPCA-15 deste mês alcançará o patamar de 6,58%.
Justamente nesta quinta-feira (21/3), um dia antes da divulgação, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, disse em audiência no Senado que a trajetória de elevação dos preços está sob controle.
O ministro falou que governo seguirá trabalhando para que a inflação "não venha a atrapalhar o consumo e o crescimento do país e traga alguma intranquilidade".
"Apesar de todo o esforço do governo para evitar, acabará acontecendo, o que reforça a visão negativa do mercado em relação à inflação. O fato de estourar o teto da meta é muito ruim para o investidor, que enxerga uma má gestão da política monetária", afirma Flávio Serrano, economista sênior do Espírito Santo Investment Bank.
Na avaliação do especialista, a tendência é que o governo minimize o ocorrido, e aponte o recente histórico de cumprimento para dizer novamente que neste ano não será diferente.
O resultado do IPCA-15 ainda não incorporou os reflexos decorrentes da desoneração da cesta básica, até porque a medida foi anunciada no último dia 8 de março, uma sexta-feira, e a coleta para o índice terminou no dia 14.
A projeção do Espírito Santo para o grupo alimentos indica alta de 1,45%, contra 1,74% na aferição anterior.
Por conta desses impactos vindouros, a inflação, já no IPCA fechado de março, e também nos meses subsequentes, tende a ficar um pouco abaixo dos 6,5%.
"Essa descompressão vai acontecer não só por conta da cesta, a maior parte na verdade será pela sazonalidade do período", pondera o economista do banco de investimento.
O impacto da desoneração da cesta, se fosse em sua integralidade, seria de aproximadamente 0,50 ponto percentual, mas a demanda aquecida deve levar os varejistas a recompor suas margens, o que deve resultar em uma queda real de 0,20 ponto, estima Serrano.
Embora o cenário possa ser relativamente mais tranquilo em abril e maio, em junho está programado o reajuste na tarifa do transporte público de São Paulo, postergado no início de 2013 a pedido do governo, que já deve recolocar o IPCA acima dos 6,5%.
Fonte: Brasil Econômico
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