Economista, Especialista em Economia e Meio Ambiente pela Universidade Federal do Paraná e Graduando em Estatística, também, pela Universidade Federal do Paraná.

quarta-feira, 27 de março de 2013

Bolsa brasileira ganha só do Chipre e da Jamaica


Ibovespa registra queda de 8,66% de janeiro até ontem, e pode ser ainda mais penalizado por alta do juro básico.

A ingerência política, o receio dos estrangeiros, a fuga das pessoas físicas, além da expectativa de aumento da taxa básica de juro têm penalizado a bolsa de valores brasileira, que apresentou desvalorização de 8,66% no acumulado do ano até ontem. 

O resultado só não foi pior do que o da bolsa da Jamaica, que teve queda de 10,70% no período, e a do Chipre, que caiu 11,14% - sem negócios desde 15 de março. O melhor desempenho, por sua vez, fica com a bolsa da Venezuela, de 31,48%, seguida da bolsa do Japão, de 19,98%. 

O desempenho da BM&FBovespa afasta os pequenos poupadores. Em fevereiro deste ano, a participação da pessoa física no movimento financeiro da bolsa era de 15,86% e, no mesmo mês de 2009, estava em mais de um terço (32,74%), segundo dados da BM&FBovespa. 

"O problema que estamos vivendo aqui no Brasil é que está havendo ausência de interesse de pessoas físicas, que desconfiam da bolsa", diz Ricardo Torres, professor da BBS Business School. 

Em fevereiro deste ano, o número de aplicadores desta categoria chegou a 586.211 na bolsa, menor do que os 587.165 de dezembro passado e longe do recorde de 610.915 de dezembro de 2010. 

Não à toa, o presidente da BM&FBovespa, Edemir Pinto, que costumava dar projeções para o número de investidores na bolsa todo o ano, resolveu não dar palpites em 2013. A última projeção, feita em 2011, era de alcançar 5 milhões de aplicadores em 2018. 
A expectativa estava muito longe da realidade. 

O educador financeiro Mauro Calil aponta que dos investidores de varejo cadastradas na bolsa, apenas 124 mil fazem ao menos uma movimentação por ano. "A lógica do mercado é entrar em momento ruim e sair no bom e isso é pouco intuitivo, o que a pessoa só passa a entender quando tem conhecimento necessário", aponta.

O economista Ricardo Amorim acredita que o motivo desta fuga de investidores seja a interferência política em companhias listadas. "As pessoas estão com medo de que o governo faça alguma interferência e as empresas em bolsa tenham prejuízo, como aconteceu com o setor elétrico e bancário."

O movimento deve ser acentuado, de acordo com ele, com a perspectiva de alta da Selic na próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) em abril - ou em maio. "Isso atrapalha porque alguns setores dependem da expansão de crédito, que freia com o aumento dos juros."

Bernardo Mariano, analista de bolsas da Equity Research Desk, acrescenta ainda que os investidores estrangeiros têm a impressão de que o Brasil está muito caro, ainda mais diante do risco que se corre no país pela influência do governo. "O apetite dos estrangeiros caiu um pouco, mas acredito que a euforia com relação ao país deve ser retomada, não no mesmo nível do que antes", completa.

Clodoir Vieira, economista-chefe da corretora Souza Barros, afirma que o fraco desempenho do Ibovespa se dá também por sua composição, com peso de empresas do setor energético e do grupo de Eike Batista, que tem sofrido com uma crise de confiança.

"Se tirarmos esses papéis, a bolsa não caiu tanto. O problema é que hoje nosso índice só seleciona as ações por liquidez e não considera itens importantes como receita e valor de mercado. Assim, as empresas pré-operacionais ficariam fora", defende. 

Uma forma da bolsa se recuperar, de acordo com o economista-chefe, é voltar a credibilidade dos investidores estrangeiros e, além disso, entrar dinheiro novo, ou a bolsa brasileira atrair pessoas que não estavam no mercado. "Mas isso fica difícil com a atuação recente do governo."

Fonte: Brasil Econômico

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