Economista, Especialista em Economia e Meio Ambiente pela Universidade Federal do Paraná e Graduando em Estatística, também, pela Universidade Federal do Paraná.

sexta-feira, 2 de novembro de 2012

Investimentos na indústria estão longe da recuperação

Além de registrar a maior queda desde janeiro, a produção da indústria sinalizou, em setembro, que os investimentos na economia estão longe de reagir --apesar das medidas de estímulo do governo, como financiamentos de máquinas e equipamentos com juros abaixo da inflação.

De agosto para setembro, o setor registrou queda de 1%, a mais intensa desde janeiro deste ano, segundo o IBGE. A produção da indústria inverteu, em setembro, uma sequência de três meses consecutivos de resultados positivos, período no qual acumulou alta de 2,2%.

Setores incentivados com a redução de IPI, como veículos, eletrodomésticos de linha branca e móveis, tiveram fraco desempenho em setembro, sob reflexo de uma antecipação de consumo, que impulsionou a produção desses bens em agosto.

"Setembro ficou caracterizado pelo menor dinamismo do setor industrial e, em parte, isso foi reflexo de uma antecipação de consumo diante da previsão do fim do IPI reduzido", disse André Macedo, economista do IBGE.

Para Alessandra Ribeiro, da Tendências Consultoria, o resultado do mês surpreendeu negativamente, pois era esperado um recuo menor e menos disseminado da produção --16 dos 27 setores pesquisados tiveram retração de agosto para setembro.

"Foi uma queda muito intensa e bastante generalizada, devolvendo o crescimento de agosto e mostrando queda do investimento."

Diante do resultado de setembro, a economista prevê que a indústria tende a cair mais do que os 2% projetados neste ano pela Tendências. Em 2012, a indústria acumula queda de 3,5%. Em 12 meses, a perda ficou em 3,1%.

"Há uma retomada em curso nos três últimos meses do ano, mas ela não evitará a retração da indústria."

ACOMODAÇÃO

Para a LCA, porém, a queda em setembro deve ser "interpretada como uma acomodação em relação ao forte resultado de agosto". A consultoria ressalta que a retração foi muito difusa entre os setores e decorreu num cenário de aumento dos estoques.

Um dos pontos negativos dos dados de setembro, diz Ribeiro, foram os investimentos, que registram a segunda queda seguida e devem apontar retração também no PIB do terceiro trimestre.

A produção de bens de capital recuou 0,6% de agosto para setembro.

Segundo Macedo, o maior número de dias úteis em agosto --quatro a mais do que setembro-- também explica a "maior intensidade" da queda em setembro. O economista ressalva, porém, que de todo modo a produção seria mais baixa em setembro, apesar desse efeito. Para ele, a crise externa e a confiança reduzida de empresários limitaram a expansão.

Fonte: Folha de São Paulo


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