A Alemanha, que também está perto de entrar em recessão, pode ser a principal credora. Caso o modelo de austeridade seja continuado, a região pode vir a piorar, dizem especialistas.
A recessão oficializada na Zona do Euro pode trazer mais consequências para a região do que o imaginado, uma vez que os países estão interligados comercialmente. Por conta disso, um possível perdão de parte das dívidas dos países pode ser a solução para a volta do crescimento.
A recessão da Zona do Euro foi confirmada na quinta-feira (15/11), após o Produto Interno Bruto (PIB) recuar 0,1% no terceiro trimestre e 0,2% no segundo trimestre.
A Alemanha, que possui a economia mais forte da Europa, pode entrar também em retrocesso. O país teve expansão de 0,2% entre julho e setembro. De acordo com o professor da Pontifícia Universidade Católica (PUC), Antonio Corrêa de Lacerda, a Alemanha já está numa estagnação.
"É impossível que a Alemanha se isole, pois existe uma relação muito forte com os outros países. Por enquanto, a Angela Merkel [chanceler da Alemanha] está com um discurso que pega bem para os eleitores, pois isso é uma guerra política, mas não se sabe até quando", explica o professor.
Na opinião dele, a única maneira da Zona do Euro sair da recessão é reestruturar as dívidas e buscar financiamentos para criar condições para acelerar os gastos e melhorar o emprego.
"Há um equívoco de diagnóstico no processo ao exigir maior austeridade porque isso só tem agravado a situação da economia, que já está debilitada. A única saída é o perdão das dívidas, financiamentos em novas bases, além de estimular o gasto público", pontua Corrêa.
No mesmo sentido, Nastássia Romanó, economista da Omar Camargo Corretora, também aposta em uma ação mais coordenada em cada país. "Como eles não podem desvalorizar o euro para ganhar competitividade, precisam evitar que algo pior aconteça lá na frente".
Ela lembra que a Alemanha ganhou muito com as exportações logo no início do euro e que agora é a hora dela ceder um pouco, destacando também que o desemprego do país encontra-se na faixa dos 7%, enquanto na Zona do Euro o valor supera os 10%. Já na Espanha, 50% dos jovens estão desempregados.
"Com o diagnóstico atual, a região não vai sair da recessão. Se mudarem de estrutura, podem sair em alguns anos. Enquanto isso, o desempenho vai se agravando", completou o professor.
Em relação à recessão de 2009, ele diz que as duas são "pernas" de um mesmo processo. "Esta recessão de agora é algo mal resolvido que não gerou uma recuperação em 2010 e 2011. As melhoras nestes dois anos foram apenas por causa dos estímulos momentâneos que, hoje, vemos que foram insuficientes".
O caso da Grécia não é diferente. Muitos estímulos e financiamentos foram liberados e um problema, que parecia ser pequeno, acabou contagiando um bloco inteiro.
"Nova parcela de ajuda pode até sair agora em 20 de novembro, mas tudo vai continuar como está, pois é assim que acontece há alguns anos. A Grécia precisa ter parte da dívida perdoada porque ela não vai conseguir pagar e se ela sair do euro, o contágio com a Espanha e em seguida a Itália será dado como certo", complementa Nastássia Romanó, que aposta que a Espanha está esperando a Itália para juntas pedirem o pacote de resgate e assim uma tirar o foco da outra.
Com este problema, a França já está perdendo investimentos. "Essa crise de confiança pode ser pior do que já estamos vivendo, pois não há ganho de competitividade pela frente", conclui a economista.
Catherine Stephan, economista do BNP Paribas, afirma, em relatório, que as perspectivas não são boas e a deterioração da confiança pode acentuar ainda mais a fraca demanda nos próximos meses.
Fonte: Brasil Econômico
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