Economista, Especialista em Economia e Meio Ambiente pela Universidade Federal do Paraná e Graduando em Estatística, também, pela Universidade Federal do Paraná.

quinta-feira, 22 de novembro de 2012

Excesso de máquinas nos EUA atrai compradores globais


De Raleigh, Carolina do Norte—Uma vantagem da crise da mineração: pode-se comprar baratíssimo um caminhão de cem toneladas de transporte de pedras.

Peter Turner, que opera minas de carvão em Brisbane, na Austrália, era um dos que procuravam pechinchas em um leilão de equipamentos industriais em Raleigh, e de bom grado gastou quase US$ 1 milhão por três máquinas tipo trator fabricadas pela Caterpillar Inc. Se comprasse máquinas novas, gastaria quase US$ 3 milhões, disse ele.

"Nós só usamos equipamentos Caterpillar, e eles têm algumas máquinas muito raras por aqui", disse Turner, sentado entre os outros ofertantes em uma nova e espaçosa sala de leilões. "Os americanos estão fechando muitas minas de carvão", acrescentou.
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O leilão, realizado pela Ritchie Bros. Auctioneers Inc., empresa de leilões especializada em equipamentos industriais, revela a dimensão da queda na demanda e no preço dos recursos naturais, como carvão e minério de ferro. Os fabricantes dos equipamentos industriais utilizados pelas mineradoras enfrentam um excesso de estoques, em parte devido à desaceleração da atividade econômica na China, que reduziu a demanda por carvão e outras matérias-primas — e também pelos equipamentos que as retiram da terra.

A Caterpillar, maior fabricante mundial de máquinas de terraplanagem, como tratores de esteira e escavadeiras, observou em outubro que as concessionárias reduziram as encomendas e cortaram estoques, o que levou a empresa de Peoria, no Estado americano de Illinois, a reduzir mais uma vez suas previsões de receita para 2012 e 2013.

Nos Estados Unidos, as empresas de carvão estão fechando minas porque as concessionárias de energia têm reduzido o uso de carvão para investir em termelétricas a gás natural, combustível que está barato no país. O preço do carvão no leste dos EUA está 30% abaixo do ano passado, enquanto a produção na região dos montes Apalaches caiu cerca de 9%. Várias empresas de carvão divulgaram prejuízo no terceiro trimestre, e continuam a reduzir a produção. E algumas estão vendendo equipamentos para gerar caixa e evitar os custos de manutenção e outros.

Um dos resultados foi um grande leilão de equipamentos de mineração de grande porte, conhecidos como "big iron" — o maior leilão jamais visto por muita gente do setor. A venda de 27 de setembro tinha 1.750 lotes, ou grupos de determinados tipos de equipamentos, e gerou US$ 76 milhões. Entre as grandes atrações estavam 60 tratores de esteira Caterpillar D11, que são escavadeiras amarelas de 10 metros de comprimento e 120 toneladas. Também estavam à venda caminhões de despejo de 100 toneladas e enormes brocas usadas na mineração de superfície.

No caso da maioria das máquinas, o transporte até a sala de leilões na Carolina do Norte seria muito caro, e assim fotografias foram projetadas numa tela. "Não é nenhum segredo. A indústria de carvão na América do Norte e na Austrália está desacelerando um pouco, e assim há alguns equipamentos excedentes por aí", disse Rob Mackay, presidente da Ritchie Bros.

Grande parte do equipamento estava sendo vendida pela Trinity Coal Corp., empresa do Estado de Virgínia Ocidental que está em meio a uma reestruturação, esperando evitar a concordata. No início do ano, a empresa fechou suas operações no Estado do Kentucky, depois de perder seu maior contrato com uma concessionária de energia, e desde então tem visto queda na demanda de outros clientes.

"Era uma quantidade de equipamentos muito trabalhosa para se manter", disse David Stetson, diretor de reestruturação da Trinity. Stetson disse que a empresa, que pertence à Essar Group, sediada na Índia, pretende se concentrar no carvão metalúrgico, vendido para as siderúrgicas, que tem maior margem de lucro.

Apesar dos problemas da indústria de mineração, o leilão atraiu candidatos de lugares distantes como Egito, Jordânia e Japão, e também próximos como os Estados americanos de Virgínia Ocidental e Kentucky.

Compradores de países latino-americanos também participaram, segundo a Ritchie Bros. "Tivemos compradores do México, Bolívia, Chile, Colômbia, Equador e Peru", informou a empresa, acrescentando que Bolívia e Equador foram representados em pessoa no leilão, enquanto os demais participaram on-line.

No meio da venda, com o leiloeiro recitando sua ladainha em ritmo acelerado, Eddie Asbury, operador independente de carvão de Bluefield, em Virgínia, fez um aceno de cabeça para indicar que queria comprar três caminhões de 100 toneladas de transporte de rochas, por pouco mais de US$ 300.000 cada.

"Fiz um bom negócio", disse ele depois, durante um intervalo. Usou um palavrão para descrever a situação do mercado de carvão, mas disse que espera utilizar os caminhões em projetos de construção. "Vou tentar construir algumas estradas", disse.

Outros disseram que, se conseguissem comprar a preço baixo, poderiam desmontar as máquinas para aproveitar peças, ou então conservá-las por um ano até a demanda voltar, que é o que se espera.

"Esperamos comprar por 10% a 20% do valor real", disse Phil Southern, que tem uma empresa de montagem e venda de equipamentos e estava no leilão. Ele disse que estava à procura de boas ofertas em equipamentos pesados para mineração subterrânea de carvão — como máquinas de mineração de esteira contínua, veículos de transporte e escavadeiras.

"Você tem que especular, sentar e esperar" por um comprador, disse. "No momento, há uma quantidade descomunal de máquinas usadas no mercado."

Turner, que viajou 22.000 quilômetros, via Europa, para dar seus lances, disse que não estava preocupado com o transporte do equipamento para a Austrália, e que a viagem valeu a pena. "É o maior leilão de máquinas grandes que eu já vi", disse ele.

Fonte: The Wall Street Journal


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