Economista, Especialista em Economia e Meio Ambiente pela Universidade Federal do Paraná e Graduando em Estatística, também, pela Universidade Federal do Paraná.

quarta-feira, 21 de novembro de 2012

Contribuição da agricultura no PIB do Brasil está no limite


Para especialista, a recessão na Europa e a questão do abismo fiscal nos Estados Unidos serão fatores cruciais, além da desaceleração da China.

Os recordes na safra 2012/2013 podem não ser suficientes para garantir um bom desempenho do Produto Interno Bruto (PIB) no ano que vem. O valor de produção das principais lavouras (VPP) para 2013 deve atingir o recorde de R$ 297,93 bilhões, montante 27,4% superior ao estimado para este ano.

Na opinião de Fábio Silveira, economista da RC Consultores, a queda nos preços das commodities e a piora na crise internacional serão os principais motivos para uma estabilidade ou até retração no desempenho do PIB do setor.

"A receita agrícola vai crescer em função do aumento do volume da safra e por conta de bons preços da soja e do milho, mas a queda no preço do café, algodão e açúcar irá penalizar", aponta. A projeção é que a receita alcance R$ 260 bilhões, alta de 7% em relação à 2012.

Para ele, a recessão na Europa e a questão do abismo fiscal nos Estados Unidos, limitando o seu crescimento, serão fatores cruciais. "A diminuição do crescimento americano irá afetar diretamente a China, que terá retração também em seu PIB. Diante disso, a perspectiva para as exportações é de estabilidade para queda", estima Silveira.

Além disso, a falta de resolução em relação à dívida fiscal dos Estados Unidos já tem diminuído a confiança dos investidores, penalizando o desenvolvimento do país no primeiro semestre de 2013. Com este cenário e o arrefecimento na China, haverá acomodação nos preços das commodities.

Em meio a esta perspectiva, o saldo comercial irá reduzir. Neste ano, a agricultura terá contribuição de US$ 18 bilhões. "Em 2013, a contribuição será positiva, mas o Brasil não pode ficar esperando que o agronegócio tenha um bom resultado", diz Silveira.

Por outro lado, Edílson Guimarães, secretário interino de Política Agrícola do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, diz que as expectativas para o ano que vem são muito boas. Segundo ele, o crédito rural para a agricultura comercial já teve aumento de 7,5% em julho desde ano até julho do ano que vem, em comparação ao mesmo período do ano anterior, somando R$ 115,2 bilhões.

"Os produtores estão animados e incentivados com os lucros. Este ano foi ótimo, chegando a 19 milhões de toneladas. Para o ano que vem a Conab [Companhia Nacional de Abastecimento] estima 15 milhões de toneladas, enquanto o normal é de 14 milhões. Mas esse número vai depender do mercado internacional", explica Guimarães.

Entre os problemas internos, o analista destaca as deficiências no transporte, carga tributária, que afeta algumas cadeias produtivas, como a de alimentos e a alta taxa de juros. "Nossa taxa de juros em 7,25% é muito se olharmos para o resto do mundo, o que torna alto o custo do financiamento do capital de giro. Em relação à logística, já estão sendo feitos investimentos, mas ainda levarão três anos para as melhorias".

Em relação ao peso do agronegócio no PIB brasileiro, o economista da RC Consultores afirma que a situação está no limite e que chegou a hora da infraestrutura dar sua contribuição. "Se o Brasil tivesse escoação melhor, daria para exportar 20 milhões de toneladas de milho por ano, o que seria excelente para o país", conclui.

Neste contexto, o maior desafio que o país enfrentará será transportar 81 milhões de toneladas de soja, outras 73 milhões de toneladas de milho e mais 28 milhões de toneladas de outros grãos para os centros de consumo e portos de exportação.

Fonte: Brasil Econômico

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