Após 10 cortes consecutivos da Selic, o colegiado opta por deixar juro básico inalterado na última reunião do ano.
Os membros do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) optaram nesta quarta-feira (28/11) por interromper a trajetória de queda da taxa básica de juros (Selic), mantendo-a em 7,25% ao ano.
Decisão
Nome | Voto |
Alexandre Tombini | manutenção |
Aldo Luiz Mendes | manutenção |
Altamir Lopes | manutenção |
Anthero de Moraes Meirelles | manutenção |
Carlos Hamilton Vasconcelos Araújo | manutenção |
Luiz Awazu Pereira da Silva | manutenção |
Sidnei Corrêa Marques | manutenção |
Luiz Edson Feltrim | manutenção |
Sem viés, a última decisão de política monetária do ano foi unânime pela estabilidade da Selic.
Para argumentar a medida, o BC repetiu o discurso de 10 de outubro ao considerar o balanço de riscos para a inflação, a recuperação da atividade doméstica e a complexidade que envolve o ambiente internacional.
"O Comitê entende que a estabilidade das condições monetárias por um período de tempo suficientemente prolongado é a estratégia mais adequada para garantir a convergência da inflação para a meta, ainda que de forma não linear", afirma a autoridade monetária, em nota.
Após 10 cortes consecutivos da Selic, o país deixou para trás 5,25 pontos da taxa de juros, mantendo o mínimo histórico. O BC começou a reduzir a Selic em 31 de agosto de 2011, quando o juro estava em 12,5% ao ano.
Diferentemente do observado na última reunião do Copom, em que não havia unanimidade, o consenso de economistas e analistas apontava para a interrupção do ciclo de afrouxamento monetário.
A medida ocorre em um ambiente de redução da expectativa de crescimento no próximo ano e aumento da inflação.
O boletim Focus, relatório do BC que compila a opinião das principais instituições financeiras, elevou nessa semana a projeção para o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) a 5,40% e reduziu o Produto Interno Bruto (PIB) para 3,94% em 2013.
O economistas consultados pelo BC também aumentaram a previsão para a taxa do câmbio, a R$ 2,03, o que pode contribuir para uma pressão nos preços.
Com isso, as discussões centram-se no momento em que a autoridade promoverá um novo ajuste no juro.
A equipe de pesquisa macroeconômica do Itaú, chefiada pelo economista Ilan Goldfajn, não enxerga mudanças na taxa básica de juros em 2013, dado o nosso crescimento moderado e as projeções de inflação, destaca o relatório da instituição financeira.
A Austin Rating, por sua vez, prevê estabilidade da Selic até meados de 2013 e considera que uma alteração na taxa básica de juros, passando de estabilidade para novos cortes no próximo ano, somente ocorrerá caso se constate um aprofundamento da retração na produção industrial que tenha impactos mais graves no mercado de trabalho.
Em setembro, a produção industrial caiu 1,0% em relação ao mês anterior, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE).
"Há também a necessidade de realizar a 'parada técnica' para avaliar os impactos dos cortes sobre a atividade econômica, bem como a reação dos setores beneficiados pelas recentes políticas fiscal e creditícia", destaca a agência de classificação de risco.
Por outro lado, a Concórdia Corretora pondera que em uma eventual necessidade de aperto monetário em 2013, o BC lançará mão de instrumentos não convencionais, tais como as medidas macroprudenciais já utilizadas em passado recente, com impacto relevante sobre a liquidez e o crédito.
"O BC pode recorrer também à política cambial como instrumento de controle da inflação, permitindo uma suave valorização do real frente ao dólar a fim de cobrir o excesso de demanda interna com importações", conclui Flávio Combat, economista-chefe da Concórdia Corretora, em relatório.
A expectativa agora fica em torno da ata de política monetária, que será publicada na próxima quinta-feira (6/12), e justificará mais claramente a decisão do BC.
O próximo encontro do Copom ocorrerá nos dias 15 e 16 de janeiro de 2013.
Fonte: Brasil Econômico
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