Economista, Especialista em Economia e Meio Ambiente pela Universidade Federal do Paraná e Graduando em Estatística, também, pela Universidade Federal do Paraná.

quinta-feira, 1 de novembro de 2012

Prejuízos bilionários levam gigantes tecnológicos japoneses a se reinventar

Companhias como Sony, Sharp e Panasonic fecharam no vermelho o primeiro semestre fiscal no Japão, refletindo as dificuldades do setor de tecnologia.

As multinacionais Sony, Sharp e Panasonic fecharam com números vermelhos o primeiro semestre fiscal no Japão - um reflexo das dificuldades deste setor no país asiático em relação à força do iene e à crescente concorrência de Coreia o Sul.

No caso da Sony, o agressivo plano de reestruturação de seu novo presidente, Hazuo Kirai, começa no entanto a dar resultados, e já conseguiu diminuir seu prejuízo de abril a setembro em 5,7% anualizado, para US$ 500 milhões.

Desde que, no ano passado, a companhia reportou mais de US$ 5,7 bilhões de perdas - e teve seu quarto ano consecutivo em negativo -, a Sony iniciou uma estratégia que prevê 10 mil demissões durante 2012 (cerca de 6% de sua força de trabalho), cortes de despesas e o reforço de suas divisões de eletrônica.

Com o plano, o grupo tenta fugir dos números vermelhos neste mesmo ano e conseguir um lucro de US$ 246 milhões. Nos primeiros seis meses do ano fiscal de 2012, a Sony viu cair as vendas de suas divisões tradicionais, como videogames (-15,2%), imagem digital (-5,7%) e televisores e outros dispositivos audiovisuais (-25,6%), o que a levou a buscar melhores resultados em outros segmentos e se reinventar.

Deste modo, destacaram-se outros setores menos conhecidos, como o de serviços financeiros, bancários e de seguros, que cresceu nestes seis meses 10,4% (anualizado), e, sobretudo, o de dispositivos móveis e comunicação, que impulsionado pelas vendas de telefones celulares cresceu 121,7%.

Além disso, a Sony olha com otimismo para um futuro próximo no qual sua aliança com a Olympus, empresa da qual é a maior acionista, lhe permitirá entrar totalmente no setor de instrumentos médicos, que o próprio Hirai espera se transforme em "fundamental" para a companhia.

O complexo cenário de negócios pela crise na Europa e a desaceleração econômica, unido à persistente apreciação do iene, afetaram gravemente as principais empresas exportadoras japonesas, um pilar que sustenta 40% do PIB do país.

Os casos da Sharp e da Panasonic também são claros exemplos da complexa situação pela qual passam as empresas tecnológicas japonesas, já que ambas apresentaram perdas multimilionárias nos primeiros seis meses do ano fiscal e não têm perspectivas de se reerguer, pelo menos ainda neste ano.

A Sharp anunciou nesta quinta-feira um prejuízo, entre abril e setembro, de US$ 4,8 bilhões, quase dez vezes a mais que no mesmo período de 2011, e sua previsão para o final de ano é sofrer mais de US$ 5,57 bilhões em perdas, o pior resultado de sua história.

A empresa, que em setembro completou seu centenário, se viu "traída" pelos televisores, aparelho que introduziu nos lares japoneses em 1953 e cuja deterioração a levou a iniciar medidas severas de reestruturação e a apostar, em seu lugar, pelo prolífico ramo de telas para "smartphones".

Em seu passo rumo ao ocaso, o setor de televisores LCD da Sharp caiu no primeiro semestre 43,4%, ante o retrocesso da demanda doméstica e do mercado chinês, maior destino das exportações japonesas e cujos intercâmbios diminuíram ultimamente devido a uma histórica disputa territorial.

Além disso, a companhia baseada em Osaka deverá ter neste ano fiscal custos extraordinários pela redução de seu quadro de funcionários - mais de US$ 1,62 bilhão. Já a Panasonic viu suas ações desabarem hoje quase 20% na Bolsa de Tóquio após anunciar ontem que multiplicou por cinco sua perda líquida entre abril e setembro, e que espera um prejuízo de mais de US$ 9,57 bilhões em 2012.

A gigante, imersa da mesma forma que suas concorrentes em um estrito plano de reestruturação, também sofre com o saturado segmento de televisões, e projeta uma iminente e forçada aposta nos setores de produtos de baixo consumo e painéis solares.

Fonte: IG Economia

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