A moeda americana e o ouro foram os dois ativos que tiveram o melhor rendimento no mês que termina nesta sexta-feira - o dólar subiu 4,98%, e o ouro, 3,82%.
Em tempos de crise, onde os maiores blocos econômicos do planeta se encontram em dificuldades, os investidores voltam seus olhares para os ativos mais seguros possíveis.
O dólar, mesmo com os Estados Unidos em uma dura batalha política para que o abismo fiscal seja evitado, ainda é visto pelos investidores como uma mercadoria que traz conforto a seus detentores.
Além da moeda americana, outro ativo que desperta o interesse dos agentes quando o pessimismo prevalece é o ouro.
Em novembro foram esses os dois ativos que tiveram as maiores valorizações no mercado brasileiro.
A divisa dos Estados Unidos teve ganhos de 4,98%, enquanto o ouro registrou um aumento de 3,82%. No ano, a moeda aprecia 14,02%, e o metal, 23,16%.
Investimentos | Outubro |
Dólar | 4,98% |
Ouro | 3,82% |
Ações Livre | 1,07% |
Ibovespa | 0,71% |
Renda Fixa | 0,59% |
CDB | 0,55% |
CDI | 0,54% |
Poupança | 0,50% |
Fonte: Brasil Econômico
Como a questão política americana ainda deve demorar mais algumas semanas para ser equacionada, e com a fragilíssima situação econômica, e social, do bloco europeu, dificilmente veremos os mercados de renda fixa ou de ações com fundamentos suficientemente atraentes para conseguir superar o dólar ou o ouro quando os agentes forem às compras.
Nesse sentido, a tendência de maior probabilidade no momento é que ambos os ativos sigam com uma forte demanda durante o mês de dezembro.
"À medida que o debate sobre o abismo se intensifica, com as propostas dos dois lados não sendo aceitas, a demanda por ouro aumenta", explica Juliano Ferreira, operador de commodities da ICap Brasil.
"Como o debate continua, os fundos vão continuar olhando um pouco mais para o ouro", complementa o especialista.
Mesmo durante o ano que vem, quando se espera uma retomada no nível de atividade do gigante chinês, o operador da ICap acredita que o metal precioso irá continuar entre as principais compras dos investidores.
Isso porque, explica Ferreira, o ouro é um ativo mais defensivo que o dólar quando a inflação mundial está em ritmo de aceleração, cenário factível para 2013 com a retomada esperada para o crescimento da China.
"O ouro é um ‘hedge' para a inflação. Sei que ele não vai perder seu poder de compra frente às outras moedas", pondera o especialista.
Em relação ao dólar, o consultor de pesquisas econômicas do Banco de Tokyo-Mitsubishi, Maurício Nakahodo, acredita que a moeda pode voltar a ganhar valor frente ao real no último mês de 2012, ainda que não na mesma intensidade verificada em novembro.
A valorização da moeda deve seguir por conta da postura do governo, que, na avaliação de Nakahodo, sinaliza para uma preocupação maior com o nível da atividade do que com a pressão que o movimento cambial gera na inflação, principalmente depois do decepcionante PIB do terceiro trimestre.
"O mercado esperava que o BC poderia fazer um novo leilão de swap, para liquidar sua posição comprada, mas não foi o que aconteceu, o que sinaliza que ele pode deixar o dólar subir um pouco mais", diz o consultor.
A alta da moeda em dezembro não deve ser na mesma magnitude ocorrida neste mês devido ao acordo que todos torcem para que seja alcançado entre os congressistas americanos, e que tende a diminuir o sentimento de aversão.
"O governo tem interesse que a banda suba gradativamente. Antes era de R$ 2,00 a R$ 2,10, e agora talvez esteja indo para algo entre R$ 2,05 e R$ 2,15", palpita o especialista.
Fonte: Brasil Econômico