Economista, Especialista em Economia e Meio Ambiente pela Universidade Federal do Paraná e Graduando em Estatística, também, pela Universidade Federal do Paraná.

terça-feira, 9 de julho de 2013

Protestos, real fraco e subsídios põem mais pressão sobre a Petrobras

Isto não é a maneira de se administrar uma empresa petrolífera – a não ser, é claro, que o objetivo seja arruiná-la.

A Petróleo Brasileiro, PETR4.BR -1.12% que domina o setor de energia na maior economia da América Latina e tem o controle da maior descoberta de petróleo em décadas, deveria estar vislumbrando um futuro brilhante. Mas o aumento da demanda local de combustível, estimulado em parte pelo rígido controle estatal dos preços no mercado interno, está mordendo os lucros da empresa.

E a súbita crise brasileira vai aumentar ainda mais o problema.

A Petrobras precisa pagar preços internacionais em dólares para importar combustível, mas o vende no mercado interno em reais a preços artificialmente baixos. Só nos últimos dois anos, as operações domésticas de refino e comercialização tiveram perdas depois dos impostos de US$ 17,4 bilhões.

A série de aumentos nos preços do combustível que o governo iniciou em meados do segundo trimestre parecia ter ajudado. Mas o tombo do real, de quase 12% em relação ao dólar em apenas dois meses, reverteu tudo. Enquanto isso, uma teimosa inflação e os recentes protestos significam que o governo provavelmente não vai ajudar com mais aumentos nos preços do combustível, possivelmente até depois das eleições de outubro de 2014.

Essas perdas, além da produção em queda nos campos existentes e os estouros de orçamento em projetos gigantescos em alto-mar, deixaram sua marca. Os investidores em dólar da Petrobras tiveram os piores retornos em relação aos de qualquer outra grande companhia integrada de petróleo em 2011 e 2012. E parece que isso vai se repetir por mais um ano.

Uma comparação com a gigante americana Chevron CVX +1.81% pode ser instrutiva. Em termos de reservas comprovadas e capacidade de refino, as duas são muito semelhantes. Mas o valor de mercado de US$ 82 bilhões da Petrobras é apenas um terço do da Chevron.

O nervosismo dos investidores em relação aos mercados emergentes e especificamente ao crescimento insatisfatório do Brasil – o produto interno bruto ficou abaixo das estimativas por cinco trimestres consecutivos – não vai ajudar na recuperação do real em relação ao dólar.

Um lado positivo do crescimento mais lento do país é que demanda doméstica por combustível também deve subir mais lentamente. Isso deve proporcionar algum alívio nos prejuízos com refino e comercialização. E há uma luz no fim do túnel. Por volta de 2015, o Brasil deve se tornar um exportador líquido de petróleo e a Petrobras poderá ser muito mais lucrativa. Isso, somente se o Brasil não estrangular ainda mais sua galinha de ovos de ouro.

Fonte: The Wall Street Journal

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