Consumidores da zona do euro estão se tornando cada vez menos pessimistas com relação às suas perspectivas, o que pode motivar um ligeiro aumento nos gastos e ajudar a região a emergir da mais longa recessão do pós-guerra.
A Comissão Europeia informou ontem que seu indicador preliminar da confiança do consumidor nos 17 países que adotam a moeda única passou de -18,8 em junho para -17,4 em julho, o oitavo mês consecutivo de melhora e o nível mais alto desde agosto de 2011.
Apesar do avanço, os consumidores continuam pessimistas de acordo com os padrões históricos: a média desde 1990 é de -13,3, o que sugere que qualquer aumento nos gastos do consumidor será modesto.
"A melhora na confiança do consumidor […] gerará um estímulo crescente no consumo e ajudará [...] a atividade econômica a se estabilizar e, finalmente, começar a crescer ao longo dos últimos meses de 2013", previu Howard Archer, economista da consultoria IHS Global Insight. "Mesmo assim, um aumento geral significativo nos gastos dos consumidores da zona do euro ainda parece improvável, pelo menos no curto prazo."
Um estudo mais abrangente, feito duas vezes por ano e também divulgado ontem, mostrou que há grandes diferenças na forma como os europeus enxergam suas economias nacionais.
De acordo com a pesquisa Eurobarometer, 77% dos consumidores alemães descrevem a situação econômica como "boa", enquanto em cinco países — Grécia, Espanha, Eslovênia, Portugal e Chipre — menos de 5% das pessoas ouvidas expressaram essa mesma opinião. Na Irlanda, Itália e França, menos de 10% compartilham o sentimento dos alemães.
Mas há realmente sinais de que há um ressurgimento econômico a caminho, à medida que diminuem os temores de uma ruptura catastrófica da zona do euro.
Foi a primeira vez em um trimestre desde que a recessão começou, no fim de 2011, que os consumidores não cortaram gastos no início do ano. E há indícios de que eles podem ter aberto mais a carteira no segundo trimestre, com as vendas no varejo tendo registrado alta de 1% em maio em relação abril.
Certamente, os varejistas ainda precisam ter confirmações claras dessa mudança. Na semana passada, a gigante supermercadista francesa Carrefour AS informou que seus negócios continuaram a melhorar na França no segundo trimestre, enquanto que suas operações na Espanha tiveram um desempenho melhor do que nos trimestres anteriores e as lojas na Itália continuaram a apresentar dificuldades. As vendas totais na Europa, excluindo a França, caíram 4,1%, para US$ 6,9 bilhões.
Um aumento no consumo tornou-se ainda mais essencial para que a zona do euro volte à rota de crescimento num momento em que as exportações estão caindo devido à desaceleração nos EUA e na China.
A economia da zona do euro encolheu no primeiro trimestre do ano, à medida que as empresas reduziram os investimentos. A Eurostat só vai divulgar sua primeira estimativa do produto interno bruto da região para o segundo trimestre em meados de agosto, mas pesquisas com empresas e dados econômicos sugerem que a produção pode ter caído novamente.
O banco central da Espanha informou ontem que a economia do país provavelmente se contraiu 0,1% no segundo trimestre em relação ao primeiro, o mais recente sinal de que o país pode estar perto de sair de uma contração que começou no fim de 2011.
Em sua primeira estimativa oficial do desempenho econômico trimestral, o Banco da Espanha havia informado que o PIB provavelmente teve uma contração de 1,8% em relação ao segundo trimestre de 2012. No primeiro trimestre deste ano, a economia recuou 0,5% no trimestre e 2% no ano.
Em outro sinal positivo para a economia da zona do euro, empresas francesas se mostraram em julho menos pessimistas sobre suas perspectivas. O sentimento empresarial medido pelo instituto nacional de estatísticas Insee subiu para 95 pontos ante os 93 pontos de junho, mas permaneceu abaixo da média de longo prazo de 100 pontos.
Na Irlanda, os preços dos imóveis residenciais subiram em comparação com o mesmo mês do ano anterior pela primeira vez desde janeiro de 2008, fase que marcou o início de uma das crises mais fortes no mercado imobiliário já vista em uma economia desenvolvida.
Os preços subiram 1,2% em junho, depois de aumentos de 0,3% em maio e 0,8% em abril, informou ontem o Escritório Central de Estatísticas irlandês. Eles também ficaram 1,2% acima do registrado em junho de 2012.
Os preços de imóveis em todo o país permanecem 50% abaixo do pico de 2007. E com uma grande quantidade de famílias ainda lidando com enormes volumes de dívidas, poucos economistas esperam uma forte recuperação dos preços de imóveis residenciais.
Apesar do aumento na confiança dos consumidores e de alguns indicadores econômicos melhores, em muitas partes da zona do euro ainda há um longo caminho a percorrer antes que o consumidor se sinta otimista sobre as perspectivas econômicas da região.
Fonte: The Wall Street Journal
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